Será que existe a Providência Divina?
“Se lhe ensinassem que os elfos causam a chuva, todas as vezes que chovesse, você veria a prova dos elfos.”
Ariex
Quando estamos passando por muito sofrimento, é comum que ouçamos que Deus nos fará justiça, que a Providência Divina nunca falhará, que Deus tem um plano para todos nós, não nos deixará desamparados e tudo se resolverá. Entretanto, muitas pessoas têm passado por situações que as fizeram se perguntar se existe mesmo a Providência Divina. Vejamos a questão da suposta Onisciência. Segundo a questão da Onisciência, Deus sabe tudo que precisamos e tudo que fizer será o melhor para nós. Se orarmos, pedirmos sabedoria e tivermos fé, Ele nos dará sabedoria e não nos desamparará.
Analisemos a tão propalada Onisciência. Nós não podemos prever o futuro e, como não somos oniscientes, não sabemos se os caminhos que escolhemos serão mesmo os melhores, se darão os resultados esperados. Entretanto, Deus sabe. Foi o que aconteceu com muitas pessoas. Aqui, vai ser falado o caso de uma que lutava por emprego. Ela sacrificou muito sua vida social para só estudar, pois acreditava piamente que haveria justiça e Deus a recompensaria por seus esforços, pois ela foi criada por um pai que sempre disse que ela nunca seria ninguém na vida e era uma lástima. Na igreja, essa pessoa ouviu muito que Deus providenciaria o melhor para ela e, devido a isso, orou muito pedindo que Deus sempre a guiasse e lhe desse sabedoria para fazer as melhores escolhas. Crendo que era o melhor caminho, dedicou-se com afinco aos concursos públicos, chegando a fazer três por ano. A vida dessa pessoa era estudar e sua mãe, que era evangélica, dizia-lhe que tivesse fé que Deus a guiaria pelo caminho da vitória.
Entretanto, ou essa pessoa não passava ou passava e não era chamada(o que acontece muito) e, embora muitas pessoas aconselhassem seu pai a lhe dar assistência, colocando-a em cursinhos, esse pai nunca a ajudou com uma apostila e ainda a humilhava, falando do sucesso dos filhos dos outros e dizendo que ela puxaria carroça quando ele morresse. A mãe lhe disse que tivesse fé pois Deus calaria a boca do pai. Vejamos: não dizem que, se pedirmos, Deus dá sabedoria, toca o coração das pessoas? Estranho que Deus nunca tenha tocado o coração desse pai, fazendo-o ver que tal pessoa queria estudar, vencer de maneira honesta e estava dando o melhor de si. E tal história é mais triste quando comparamos a vida dessa pessoa à de outras cujos pais tiram dinheiro até de onde não têm para investir no futuro dos filhos.
Se há justiça divina, não seria para Deus agir de forma a mostrar a esse pai que ele estava errado, coroando o esforço de alguém que estava fazendo todos os sacrifícios possíveis? Porém, esse pai hoje usa o fato dessa pessoa não ter conseguido emprego como pretexto para chama-la de lástima e inútil. Não parece que o destino providenciou para que o pai pudesse confirmar que sempre teve razão? Infelizmente, hoje essa pessoa está numa situação muito difícil e isso nos leva a pensar: Deus sabia como ela ficaria se não conseguisse sua independência financeira e, mesmo assim, supostamente não a auxiliou. Cadê a justiça divina? Parece muito triste e injusto que alguém tenha lutado tanto em vão.
Um outro fator que torna essa história mais triste é que essa pessoa cogitou tentar outros caminhos, mas sua mãe, que dizia que sempre orava pedindo que Deus a aconselhasse, disse-lhe que continuasse apenas estudando para concursos porque esse era o caminho e Deus, no tempo certo, faria justiça. Entretanto, o tempo passou e essa pessoa, por apenas ter se focado num caminho, não tentou outras alternativas. Se Deus é onisciente, Ele não poderia, sabendo que a vida dessa pessoa ficaria em situação difícil, ter tocado o coração da mãe, dando-lhe um sinal para que a estimulasse a buscar outros empregos, sem deixar de tentar concursos? Estranho que muitas pessoas que dão testemunhos em igrejas falam de como Deus lhes deu sinais para que seguissem por determinados caminhos e não deu nenhum sinal para a mãe, o pai nem para ela, aconselhando-a a não seguir o conselho da mãe, que se provou bastante errado.
Além do fato de Deus não ter dado sinais a ninguém nessa história, podemos considerar o fato de nunca ter dado sinais aos padres da Santa Inquisição para que não queimassem pessoas na fogueira, não? Deus, onisciente, poderia ter lhes mostrado que estavam matando inocentes, que tortura não era o melhor método de se provar algo e que, por exemplo, os gatos não eram bruxas disfarçadas, pois foi por essa época que muitos gatos foram mortos, o que inclusive facilitou que a peste bubônica se espalhasse.
Se alguém, vendo a história dessa pessoa, vier falar que Deus não interfere no livre arbítrio de ninguém, lancemos a seguinte contestação: onde está o livre arbítrio na Bíblia? O próprio livro sagrado tem histórias que provam que não há livre arbítrio. Vejamos a história de Jonas, que não queria pregar em Nínive mas Deus o obrigou. O próprio Moisés não queria a responsabilidade de guiar seu povo, porém Deus não lhe deu escolha.
Quando pensamos em Divina Providência, é comum que falemos em casos de pessoas salvas por outras, dizendo que Deus enviou alguém para salvar tal pessoa. Agora, seria bom que nos perguntássemos: que Deus é esse que, tão onipotente, precisa que outras pessoas façam o que Ele poderia fazer com um mero piscar de olhos? Vejamos o caso de pessoas que tentam cometer suicídio e são salvas por outras pessoas. Falam que os salvadores são enviados de Deus. Mas, e se não aparecer ninguém? Por que Deus não envia um anjo para impedir que alguém salte de um prédio? Na Bíblia, Ele faz chover maná do céu, abre o Mar Vermelho, manda tempestades, um Dilúvio e, na vida real, não faz coisas tão simples.
Obviamente, essas reflexões citadas não farão com que todos deixem de acreditar cegamente e passem a questionar. Mas é preciso que passemos a observar a realidade e perguntar se ela realmente é o que nos ensinam desde pequenos.