Aborto em Êxodo 21:22-23
Grande parte das versões brasileiras usam em Êxodo 21:22-23 o termo "aborto" para traduzir a expressão "veiatzeu ieladeiha". Considerando que aborto geralmente é uma interrupção de gravidez que causa morte fetal, essa tradução implicaria que a criança no útero não tem o mesmo direito à vida que sua mãe, já que, segundo ela, se alguém ferisse uma mulher grávida, mesmo por acidente, e ela viesse a morrer, o agressor pagaria com a vida; mas se houvesse apenas o aborto, sem maiores danos, o sujeito só pagaria uma multa.
A mesma Almeida Corrigida Fiel que traduz veiatzeu ieladeiha como "aborte", traduz veiatzeu como "sairão" (Ex 17.6, Dt 21.7, Is 66.24, Ez 39.9), "sair" (Js 8.6) e "saí" (Ez 9.7). Isso porque essa palavra vem de um verbo que significa simplesmente ir ou sair. Já o termo "ieladeiha" é traduzido pela ACF em outra parte como "filhos" (Rute 1.5), referindo-se a pessoas adultas; o termo vem de uma raiz que significa algo que nasceu ou foi gerado. Portanto, uma tradução literal da expressão poderia ser "e sair a criança", ficando assim (ainda usando a ACF): "Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e sair a criança, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes. Mas se houver morte, então darás vida por vida".
Talvez não fosse intenção do tradutor usar "aborto" no sentido de morte da criança, mas uma vez que essa palavra tem tal conotação, ela não é adequada, pois pode levar a um mal entendido. Portanto, são mais acertadas as traduções que indicam simplesmente que a criança nasceu, como a NVI: "e ela der à luz prematuramente". Se o feto morrer - ou seja, se houver um aborto -, o agressor deve pagar com a vida.
O Espírito Santo está nos ensinando que o feto tem o mesmo direito à vida que sua mãe, ou o bebê nascido, ou qualquer outra pessoa. Aquele que intencionalmente tira a vida de uma criança, dentro ou fora do ventre, não pode sofrer outra punição que não a morte. Um país que não obedece esse princípio já caiu em barbárie, pois faz com que uma pessoa não esteja segura antes mesmo dela nascer.