Santa Helena, pioneira da Arqueologia
SANTA HELENA, PIONEIRA DA ARQUEOLOGIA
Miguel Carqueija
Tive ocasião de ler, aos 14 anos, e reli depois várias vezes, a grandiosa obra do alemão C.W. Ceram intitulada “Deuses, túmulos e sábios” (subtítulo “O Romance da Arqueologia”) numa primorosa edição da Melhoramentos de São Paulo, dentro da alentada coleção Cultura e Ciência — exemplar comprado para mim por minha mãe, e quantos livros ela me comprou!
Entretanto, ao historiar a ciência da Arqueologia — a pesquisa dos povos antigos pelos vestígios materiais deixados — Ceram começa no século 18 e nos estudos da cidade de Pompéia, soterrada pela erupção do Vesúvio no ano 79 D.C e dá ênfase ao cientista alemão Winckelmann como grande pioneiro da Arqueologia científica, nas pesquisas de Pompéia. O autor concentra sua atenção nos estudos da civilização helênica, na do Egito, na da Assíria e finalmente na do México (maias e aztecas). Viria depois, em volume separado, “O segredo dos hititas” (império que existiu na atual Turquia).
Porém, 1.500 anos antes das descobertas de Pompéia e Herculano, uma corajosa mulher já idosa supervisionava trabalhos arqueológicos na Terra Santa: Helena, imperatriz-mãe do Império Romano, que, como seu filho Constantino, converteu-se ao Cristianismo. Todavia, ao invés de Constantino, que só fez se batizar pouco antes de morrer, Helena o fez de imediato, após os acontecimentos de 312, quando um sinal celeste com a Cruz convenceu o imperador a cessar a perseguição do Império Romano aos cristãos. O sinal era uma cruz com a inscrição “In hoc signo vinces” (com este sinal vencerás) e as letras XP, que em grego são as iniciais de Cristo. Constantino venceu a batalha que o confirmou imperador de Roma e no ano seguinte, pelo Édito de Milão, deu liberdade ao culto cristão.
Constantino não é considerado um personagem edificante e jamais foi reconhecido como santo pela Igreja Católica. Seu grande mérito foi dar liberdade aos cristãos, até então perseguidos com requintes de crueldade durante mais de dois séculos; ele próprio só se fez batizar perto da morte. Sua mãe, porém, tornou-se logo uma cristã fervorosa e ativa. Mandou construir diversas igrejas, tornando realidade assim o culto público de Jesus Cristo, e dedicou-se aos pobres, às obras de caridade. Depois, embora já idosa, viajou à Terra Santa, onde o bispo São Macário iniciara escavações no Santo Sepulcro. Conforme atestado pelos escritores do século IV Sulpicius Severo e Rufinus, ela supervisionou escavações e identificou a Cruz de Cristo. São Macário testou as três cruzes escavadas com mulheres gravemente doentes e uma delas ficou curada. As outras cruzes, portanto, seriam dos dois ladrões.
Santa Helena também encontrou os cravos. Dividiu a cruz em relíquias e faleceu anos depois, já bastante idosa pelos padrões da época. Helena ainda mandou construir as basílicas da Natividade, em Belém (que ainda existe) e da Ascensão de Jesus, no Monte das Oliveiras.
Ela poderia ser considerada a Padroeira da Arqueologia.
Santa Helena, Imperatriz-Mãe do Império Romano, rogai por nós.
Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2019.
imagem da internet
SANTA HELENA, PIONEIRA DA ARQUEOLOGIA
Miguel Carqueija
Tive ocasião de ler, aos 14 anos, e reli depois várias vezes, a grandiosa obra do alemão C.W. Ceram intitulada “Deuses, túmulos e sábios” (subtítulo “O Romance da Arqueologia”) numa primorosa edição da Melhoramentos de São Paulo, dentro da alentada coleção Cultura e Ciência — exemplar comprado para mim por minha mãe, e quantos livros ela me comprou!
Entretanto, ao historiar a ciência da Arqueologia — a pesquisa dos povos antigos pelos vestígios materiais deixados — Ceram começa no século 18 e nos estudos da cidade de Pompéia, soterrada pela erupção do Vesúvio no ano 79 D.C e dá ênfase ao cientista alemão Winckelmann como grande pioneiro da Arqueologia científica, nas pesquisas de Pompéia. O autor concentra sua atenção nos estudos da civilização helênica, na do Egito, na da Assíria e finalmente na do México (maias e aztecas). Viria depois, em volume separado, “O segredo dos hititas” (império que existiu na atual Turquia).
Porém, 1.500 anos antes das descobertas de Pompéia e Herculano, uma corajosa mulher já idosa supervisionava trabalhos arqueológicos na Terra Santa: Helena, imperatriz-mãe do Império Romano, que, como seu filho Constantino, converteu-se ao Cristianismo. Todavia, ao invés de Constantino, que só fez se batizar pouco antes de morrer, Helena o fez de imediato, após os acontecimentos de 312, quando um sinal celeste com a Cruz convenceu o imperador a cessar a perseguição do Império Romano aos cristãos. O sinal era uma cruz com a inscrição “In hoc signo vinces” (com este sinal vencerás) e as letras XP, que em grego são as iniciais de Cristo. Constantino venceu a batalha que o confirmou imperador de Roma e no ano seguinte, pelo Édito de Milão, deu liberdade ao culto cristão.
Constantino não é considerado um personagem edificante e jamais foi reconhecido como santo pela Igreja Católica. Seu grande mérito foi dar liberdade aos cristãos, até então perseguidos com requintes de crueldade durante mais de dois séculos; ele próprio só se fez batizar perto da morte. Sua mãe, porém, tornou-se logo uma cristã fervorosa e ativa. Mandou construir diversas igrejas, tornando realidade assim o culto público de Jesus Cristo, e dedicou-se aos pobres, às obras de caridade. Depois, embora já idosa, viajou à Terra Santa, onde o bispo São Macário iniciara escavações no Santo Sepulcro. Conforme atestado pelos escritores do século IV Sulpicius Severo e Rufinus, ela supervisionou escavações e identificou a Cruz de Cristo. São Macário testou as três cruzes escavadas com mulheres gravemente doentes e uma delas ficou curada. As outras cruzes, portanto, seriam dos dois ladrões.
Santa Helena também encontrou os cravos. Dividiu a cruz em relíquias e faleceu anos depois, já bastante idosa pelos padrões da época. Helena ainda mandou construir as basílicas da Natividade, em Belém (que ainda existe) e da Ascensão de Jesus, no Monte das Oliveiras.
Ela poderia ser considerada a Padroeira da Arqueologia.
Santa Helena, Imperatriz-Mãe do Império Romano, rogai por nós.
Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2019.
imagem da internet