NAS TRILHAS DO SUICÍDIO
Costumamos dizer que quem passa por esta vida sem nenhum tipo de sofrimento, viveu ou ainda vive em estado vegetativo, pois para nós, criaturas que em geral, não evoluímos pelo amor, só nos resta mesmo evoluir através da dor. Ou seja, não é o ideal, mas, por sermos tão resistentes a mudanças, o sofrimento chega para todos nós como consequência natural dessa nossa relutância em renovar nossos conceitos, sentimentos e atitudes, porque o progresso dos seres e dos mundos é uma lei Divina da qual não podemos fugir. Dessa maneira, repetimos: quem não aprende pela ação do amor, fatalmente terá de despertar pela reação da dor.
O suicídio é uma tentativa desesperada e derradeira de colocar um ponto final em todas as mazelas do indivíduo. A crença materialista de que tudo termina com a morte, e a falta de fé, são os principais fatores que detonam esse mecanismo mental (doença psíquica) de autodestruição.
Há também criaturas depressivas e solitárias que desejam a morte na tentativa de reencontrarem, do outro lado, seres amados que tenham partido. Outros cultivam a ideia do 'paraíso' onde nenhum tipo de dor poderá mais lhes alcançar.
Antigos credores desencarnados, unidos ao ser encarnado por atos infelizes, podem agravar-lhe o quadro de desequilíbrio mental, inspirando a funesta ideia do suicídio, a fim de intensificar-lhe no outro plano os suplícios físicos e morais.
Sendo a morte uma ilusão, ser-nos-á fácil compreender que os sofrimentos não cessam após a desencarnação prematura, muito pelo contrário, os padecimentos frequentemente se multiplicam depois do infeliz ato do suicídio.
O Espírito não está encerrado no corpo como muitos pensam, ele se liga ao envoltório carnal por meio de laços fluídicos (perispírito). Quando a pessoa é jovem, esses laços se encontram bem apertados. Durante o processo de envelhecimento ou quando a pessoa adoece para morrer, esses laços vão se enfraquecendo, desatando; com a morte do indivíduo o desligamento por fim se completa, ocorrendo então a separação do corpo e da alma. É um processo mais ou menos lento, e quanto maior for o apego da pessoa ao corpo, mais prolongado será essa etapa final do desligamento dos liames. Mas, no caso da desencarnação em decorrência do suicídio ou de um acidente violento, os laços que unem a alma ao corpo se rompem de uma vez, causando dores e perturbações mentais ao desencarnado.
Temos como exemplo, pessoas que mesmo depois de terem suas pernas ou braços amputados, relatam que ainda estão sentindo seus membros (membro-fantasma). Isso ocorre, em nossa opinião, porque não houve um desligamento perispiritual desses membros e o cérebro físico continua enviando-lhes impulsos, até que o processo de desligamento seja efetivado, mas, isso é algo bem corriqueiro. O que acontece com o suicida é mais doloroso.
Observem o que diz Allan Kardec no livro O CÉU E O INFERNO ao comentar sobre o caso de um infeliz miserável que se atirara de uma torre.
"Seis anos fazia que esse homem morrera e ele se via ainda cair da torre, despedaçando-se nas pedras…Aterra-o o vácuo, horroriza-o a perspectiva da queda… e isso há seis anos! Quanto tempo durará esse estado? Ele não o sabe e essa incerteza lhe aumenta as angústias".
A literatura mediúnica registra episódios tão ou mais pungentes quanto este, como nos casos de indivíduos que permanecem durante muito tempo junto ao túmulo, assistindo tomados de horror à decomposição do próprio corpo. Cremos que a essa altura o leitor já consegue dimensionar a gravidade da ação e reação do suicídio.
O corpo que reveste o espírito depois da morte pode experimentar as mesmas sensações daquele que ficara na sepultura: calor, frio, dor, náuseas, fome, sede etc. Pode sangrar e até sofrer mutilações. Assim, se o suicida toma um veneno, permanece sentindo o agente letal a corroer-lhe as entranhas; se atira contra o próprio peito, observa, com muitas dores, o sangue escorrendo de seu peito. Eis o porquê do desespero e da perturbação do suicida, pois apenas conseguira aumentar suas misérias com a morte planejada. Isso sem falar no remorso que aos poucos lhe solapa a mente inquieta. Que ilusão! Buscara a morte pela porta do suicídio e encontrara a vida, ainda mais intensa.
O Espiritismo esclarece que o suicídio não é uma porta de saída, e sim um caminho para novos tormentos. A destruição gradual do organismo mediante o uso de drogas ilícitas, tabaco, álcool em excesso etc., é considerada uma forma indireta de suicídio (quando não há a intenção consciente de se matar), porque degrada o instrumento utilizado para suportarmos nossas provas. O corpo físico é uma concessão Divina para a nossa evolução na Terra. Dessa maneira devemos cuidar bem desse abençoado escafandro.
Como Deus é bondade e justiça absoluta, e não permite que haja sofrimento eterno, cada caso tem seus atenuantes ou agravantes.
Esclarecemos ainda que não se trata de julgar os motivos que levam alguém a cometer suicídio, mas apenas mostrar as consequências que esse ato pode trazer à vida presente e futura desse ser, que pode inclusive ser portador de deficiências físicas e mentais quando vier a reencarnar novamente.
Nossas preces podem ajudar muito no reequilíbrio de nossos irmãos suicidas. A luz do amor dissipa as trevas. Ao tomarem consciência do seu erro, começam finalmente a enxergar o socorro, que a todo instante lhes é oferecido pela Providência Divina.
Deus não desampara seus filhos, todavia, existem sofrimentos _ dos quais o suicídio faz parte _ que podemos perfeitamente evitar.
Cabe uma derradeira recomendação: para quem exprima o desejo de ter seus restos mortais cremados, o benfeitor espiritual Emmanuel recomenda (por ocasião do desligamento perispiritual) um prazo de 72 horas. Em se tratando, porém, de um suicida, a cremação não é recomendada, pois tendo este a indumentária carnal ainda saturada do fluido vital, o Espírito poderá permanecer por tempo indefinido ligado ao antigo corpo, sendo então o ato da cremação dos despojos causa de novos suplícios.
"Não matarás" vos fala um dos mandamentos da Bíblia. Pois bem, assim como não vos é lícito tirar a vida de nenhum homem, do mesmo modo não deveis jamais atentar contra a vossa própria vida.
1) Perispírito: designação genérica do corpo que o Espírito conserva após a morte.
2) Fluido Vital: o mesmo fluido que é doado no ato do passe.
3) O presente artigo é uma republicação revisada.