A tipologia de cristo
O QUE É UM TIPO ?
A palavra vem do grego : tipos. Significa molde ou sinal. Aquilo que inspira fé como modelo. Personagem paradigmático.
Os tipos de Cristo são personagens, animais ou objetos, nesse caso, de Gênesis, que possuíram características "messiânicas". Eram profecias vivas,ou visíveis, a respeito de Cristo. Estudando a respeito desses personagens, entendemos um pouco mais sobre o caráter de Jesus e do seu ministério. Tais pessoas e fatos, abordados na seqüência, eram sombras da realidade, que é Cristo.
ADÃO
Este foi o primeiro homem. Talvez não o associássemos à pessoa de Cristo se Paulo não o tivesse feito. O apóstolo traça tal paralelo em Romanos 5:12-21 e em I Coríntios 15:21,22,45-49. A semelhança entre Jesus e Adão está no fato de ambos terem sido os primeiros de suas respectivas "espécies". Adão foi o primeiro da raça humana. Jesus foi o primogênito dos filhos de Deus (Rm.8:29). Seus atos foram determinantes na formação da natureza de seus descendentes (Rm.5:19 Is.53:10). Tanto o pecado de Adão quanto a salvação em Cristo podem ter conseqüências eternas, dependendo, para isso, da escolha que se faz pelo lívre-arbítrio. Além desses pontos, a comparação entre os dois é feita com ênfase no contraste:
O ANIMAL SACRIFICADO PARA VESTIR ADÃO E EVA
O pecado trouxe a consciência da nudez e, consequentemente, a vergonha. Eles tomaram a iniciativa de fazer algo que os cobrisse. Usaram folhas de figueira para fazer aventais, ou cintas. Tanto o material era inadequado quanto insuficiente a extensão da roupa produzida. Deus então lhes fez túnicas de peles (Gn.3:21). A pele iria cobri-los convenientemente, além de aquecê-los. Para que Deus utilizasse peles, entendemos que pelo menos um animal deveria ser morto.
A iniciativa humana para cobrir os danos do pecado é totalmente ineficaz. Só Deus podia fazê-lo. Para isso, ele enviou o seu filho, o Cordeiro de Deus, que, tendo sido morto, nos cobre, nos protege e nos torna dignos de chegar à presença de Deus sem constrangimento.
ABEL
Abel foi morto sem que fosse digno de morte. Seu sangue clamava a Deus desde a terra. Jesus também foi morto sem haver cometido nenhum crime e seu sangue fala melhor que o de Abel. Vemos um paralelo simples entre Abel e Jesus, conforme descrito em Hebreus 12:24.
A ARCA DE NOÉ
Quando Deus decidiu destruir os homens perversos e pecadores, ele mandou que Noé construísse a arca. Este seria o único meio de salvação. Este é um símbolo perfeito para a obra de Cristo. Ele é o único meio de salvação neste tempo que antecede a destruição final. Noé "pregava a arca" como a última chance. Nós pregamos a Cristo. Evidentemente, só entraria na arca quem cresse na palavra de Noé, na segurança da embarcação e se arrependesse de sua condição de pecado. Entrar na arca era um ato público e subentende renúncia ao que ficava para trás. Tudo isso encontra paralelo na conversão a Cristo. Finalmente, cabe lembrar que a salvação pela arca foi comparada ao batismo pelo apóstolo Pedro em sua primeira epístola (3:20-21).
JOSÉ
José foi um dos 12 filhos de Jacó. Foi invejado pelos irmãos que o venderam por 20 moedas de prata. Jesus foi vendido por 30 moedas. José foi tirado da casa de seu pai e foi viver no Egito como servo. Jesus também deixou a casa do Pai celestial e veio ao mundo em forma de servo (Fp.2:7). José foi o meio de salvação para o Egito e para sua própria família no tempo da fome. Da mesma forma, Jesus é o
único meio de salvação para a humanidade. Ele é o pão para a fome espiritual. Em Gênesis, José é o tipo mais evidente de Cristo. O próprio Faraó lhe deu o nome de Zafenate Panéia, que significa "Salvador do Mundo". Aí então, ele foi elevado à posição de governador do Egito. Assim como Jesus foi exaltado pelo Pai e recebeu um nome que é sobre todo nome, passando a ter todo o poder nos céus e na terra (Fp.2:9 Mt.28:18). Acima de José só havia Faraó. Acima de Cristo, só o Pai. José comprou para Faraó toda a terrra do Egito. Jesus comprou com o seu sangue todos aqueles que serão salvos. "Porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua ,e povo e nação." (Ap.5:9).
ISAQUE
Sua semelhança com Cristo se deve a dois episódios de sua vida :
1) A experiência de Moriá
A cena de Abraão levando Isaque, seu único filho, para ser sacrificado, nos lembra que Deus entregou seu filho unigênito, Jesus, para ser morto em sacrifício. Isaque aceitou resignadamente a decisão de seu pai e carregou a lenha que serviria para queimá-lo. Jesus aceitou seu sacrifício e carregou a própria cruz. Ambos subiram um monte para serem mortos. A diferença se dá no desfecho das histórias. Isaque foi poupado. Jesus foi morto de fato.
2) Casamento
Em Gênesis 24 temos um relato que serve como base para se pregar sobre a trindade divina. Abraão representa o Pai; Isaque, o Filho; Eliezer simboliza o Espírito Santo. Eliezer foi enviado à terra natal de Abraão para buscar a esposa de Isaque - Rebeca - que tipifica a igreja, noiva de Cristo.
O CARNEIRO QUE SUBSTITUIU ISAQUE NO HOLOCAUSTO
Quando Abraão ia sacrificar Isaque, Deus não o permitiu. Ao levantar seus olhos, Abraão viu um carneiro embaraçado pelos chifres. Tomou-o e o sacrificou em lugar de seu filho (Gn.22:13). Conforme o texto nos mostra, o carneiro foi providenciado por Deus para que Isaque fosse poupado e, ainda assim, o sacrifício fosse realizado.
A justiça divina exige que todo pecado tenha a devida punição. O sacrifício pelo pecado da humanidade não poderia deixar de ser efetuado. Todos nós morreríamos eternamente em conseqüência do nosso pecado. Entretanto, a providência divina preparou um cordeiro, Jesus, que foi morto em nosso lugar a fim de nos dar a vida eterna (Jo.1:29).
MELQUISEDEQUE
Este era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo. O escritor da carta aos Hebreus traça uma analogia entre Melquisedeque e Cristo. O paralelo se faz em torno da questão do sacerdócio de ambos e principalmente pelo fato de que nem um nem outro pertencia à tribo de Levi, que ainda não existia e de onde, deveriam, segundo a lei, vir os sacerdotes. Além disso, a omissão sobre origem, genealogia e morte de Melquisedeque, dá uma impressão de eternidade do personagem, relacionando-o, assim, à eternidade de Cristo. Melquisedeque era rei de Salém, que era o antigo nome de Jerusalém. Jesus é o Rei dos reis e a sede do seu governo será a Nova Jerusalém. Melquisedeque ofereceu a Abraão pão e vinho. Jesus ofereceu aos discípulos pão e vinho quando instituiu a ceia.
JUDÁ
Ao abençoar seus filhos, Jacó disse que Judá é um leãozinho e dele não se arredará o cetro. Ele amarrará o seu jumentinho e lavará suas vestes no vinho. Tal pronunciamento foi uma profecia surpreendente em forma poética. No Novo Testamento, Jesus se encaixa nessa profecia como a mão que entra numa luva feita sob medida. Ele é o Leão da tribo de Judá (Ap.5:5) que regerá as nações com cetro de ferro (Ap.12:5). Cristo entrou em Jerusalém montado em um jumentinho. Quanto a lavar as vestes no vinho, isso representa sua morte e o derramamento do seu sangue. O lavar nos dá margem para pensar no poder purificador do sangue de Jesus. Aí poderíamos questionar : por quê suas vestes precisariam ser lavadas ? Teriam elas alguma impureza ? A única explicação que encontramos foi relacionar as vestes ao corpo, ou seja, o sangue foi derramado para purificar aqueles que fariam parte da igreja, que é o corpo de Cristo.
No texto de Gênesis 49, há um trecho misterioso : "... até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos." O nome Siló parece ser uma referência a Cristo. Na parte que diz "a ele se congregarão os povos", não está bem claro se o pronome reto "ele" se refere a Judá ou a Siló. De qualquer forma, não temos dúvida de que a Cristo se congregarão os povos, "segundo o beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra." (Ef.1:9-10).