A Arte de Pregar

O pregador é um porta-voz de Deus entre os homens. Percebe-se no seio de nosso Brasil um certo descontentamento no que diz respeito à qualidade das mensagens e sermões proclamados. Há algum tempo ouço reclamações de que muitos pregadores proferem discursos cansativos e monótonos ou até mesmo, pela falta do que falar gastam todo o tempo desenvolvendo-se na arte de contar estórias e anedotas. Esta situação, que é agravante, obriga aqueles que se preocupam com a arte de pregar a pensarem em alguns recursos essenciais para a proclamação eficiente da mensagem do Evangelho.

I – Um Primeiro Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Conhecer a Mente de Deus.

O pregador é aquele que conhece a mente de Deus. A arte da homilética ou o ato de saber fazer um sermão torna o pregador um porta-voz de Deus. A pregação não é algo que se faz ou se prepara no dia anterior. O pregador pode conhecer a mente de Deus através da comunhão com Ele. Esta comunhão implica andar com Deus, ter o companheirismo com o Senhor, manter uma intimidade com Ele, sondá-lo através da oração sincera e efetiva.

O pregador pode conhecer a mente de Deus através de uma vida de meditação. Para os ocidentais é muito difícil a prática da meditação. Meditar então é um verdadeiro desafio para a proclamação eficaz, pois grandes são as obras e as realizações divinas. A meditação é uma disciplina devocional que exige, e muito, dos pregadores, mas que lhes proporciona momentos de intensa inspiração e recursos fantásticos para a proclamação da mensagem. Pois da contemplação surgem ideias e considerações profundas acerca das verdades bíblicas e de seus ensinos. Quando começamos a meditar iniciamos um melhor conhecimento de Deus, de seus desejos e de sua mente.

O pregador pode conhecer a mente de Deus através de uma vida de estudo e pesquisa sobre a Palavra de Deus. As pessoas não querem ouvir suas opiniões sobre os vários assuntos ou temas possíveis. Elas querem ouvir Deus falar através do pregador. A Palavra deve ser lançada sobre o povo e nunca voltará vazia. O pregador poderoso nas Escrituras tem às mãos excelente equipamento de trabalho. A essência e centro das Escrituras é Cristo, e a proclamação baseada no bom conhecimento da mente de Deus é poderosa e cristocêntrica. O pregador deve ser fortalecido no conhecimento da Palavra de Deus, e isto depende de pesquisa, estudos e muita reflexão. O conhecimento apurado da mente de Deus, faz com que a mensagem seja bibliocêntrica e, desta forma, pela sua inerrância, isenta os pregadores de correrem o risco de se apoiarem em argumentos infundados.

II – Um Segundo Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Estar Cheio do Espírito Santo de Deus.

A questão do Espírito Santo precisa ser entendida de modo que como profeta você não oprima ou limite à atuação do Espírito Santo de Deus. Há uma necessidade de vibração, mas sem qualquer ligação com o Pentecostalismo. O importante é que podemos vibrar, pois conhecemos a Deus e estamos plenos de seu Espírito. Esta é a condição pessoal de sucesso na proclamação. Um homem pode derrubar a importância do que ele prega, tanto quanto ser capaz de pregar com entusiasmo. Se um homem não é tocado pela graça maravilhosa de Cristo em sua própria alma, por certo ele falará de forma fria e vazia acerca da mais tremenda realidade.

E se um homem não for fervoroso de espírito, certamente discursará a respeito da salvação como se ela fosse um assunto de pequeno interesse. Este enchimento ou plenitude do Espírito Santo se alcança através da busca da pureza e da santidade. Quando o pregador começa a buscar a Deus, a primeira reação é a noção de pecado. A entrada na presença de Deus permite que o Espírito Santo inicie uma operação limpeza onde os pecados são revelados, confessados, perdoados e abandonados. E a comunhão com o Espírito Santo se torna íntima e o desejo de conhecer a Deus mais intenso.

O pregador cheio do Espírito Santo prega com entusiasmo aquilo que ele crê, sua mensagem toca os corações dos que o ouvem e lhes permite aplicá-la às suas vidas. Nestes tempos de provas a necessidade sentida é exatamente de pregadores que abram os seus corações e permitam ao Espírito Santo de Deus aquecê-los, dando-lhes zelo, entusiasmo e paixão, pois um pregador sem entusiasmo não fará muito em favor da obra da proclamação do Evangelho. Porém, se o pregador equacionar o entusiasmo com a convicção de que, pelo poder de Deus, tem a fé que vence o mundo, conseguirá falar de uma forma tão fervorosa que não haverá espaços para possíveis contestações.

O pregador cheio do Espírito Santo não é um entusiasta ou um artista que encena textos e lhes dá vida. O seu entusiasmo é natural, sem exageros, pois reflete genuinamente aquilo que a mensagem proclamada tem feito na vida do próprio pregador, e envolve os ouvintes que por sua vez sentem o desejo de experimentá-la na extensão de sua eficácia. O pregador eficiente depende de sua relação com o Espírito Santo que lhe proporciona a inteligência necessária, a convicção bem dosada, a alma devidamente aquecida pela paixão em relação aos perdidos, e a dedicação constante no ato de proclamar a mensagem.

III – Um Terceiro Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Preparar Bem Suas Mensagens.

Uma boa mensagem precisa de tempo hábil para ser preparada de modo que este tempo capacite o pregador. Uma mensagem bem preparada contextualiza a Bíblia atendendo as necessidades do povo. E para tanto o pregador deve conhecer a vida do povo. O ofício de atualizar a mensagem reflete a capacidade do pregador em transmitir as verdades eternas do Evangelho dentro de níveis alcançáveis segundo a realidade de cada povo em cada época.

Stafford North em seu livro Pregação: homem e método, diz o seguinte: “todo homem deve levar para o seu trabalho certo equipamento básico. O campeão de pulo deve ter pernas ágeis, o violinista dedos hábeis, o estivador braços robustos, e o salva-vidas olhos argutos”1. A cultura não é tudo mais um pregador fiel e dedicado no preparo de seus sermões será muito útil para a causa de Deus, se cuidar também de seu preparo intelectual. Desde que o trabalho do pregador é praticamente mental, ele precisa ter facilidade para aprender ideias e retê-las. Mas nenhum pregador que não goste de estudar poderá alcançar sucesso.

O pregador precisa, pois como porta-voz do Senhor Deus se apropriar de tal tarefa, saltando com pernas ágeis os montes da preguiça, dedilhando e folheando as páginas do saber a fim de que levante os braços da competência e com os olhos espirituais enxergue os momentos certos e as mensagens apropriadas. O pregador não deve ser apenas acima da média quanto à sua capacidade mental, mas deve interessar-se pelas pesquisas intelectuais. Sua mente é a sua ferramenta básica, e ela deve ser suprida com amplo conhecimento e ajustada com uma compreensão perceptiva da Palavra de Deus, de modo que lhe seja possível comunicar bem a mensagem ao receptor.

A boa comunicação, utilizando-se dos métodos escolásticos e vivenciais, surge como um grande requisito para que o pregador seja entendido quando fala. Uma boa mensagem implica o bom uso da voz e também a utilização correta do veículo de comunicação, a linguagem, de modo correto. Uma boa mensagem se destina a toda a comunidade e nunca a uma pessoa somente. Uma boa mensagem não é bonita e sim tocante. Não é composta de plástica e formas agradáveis, mas de poder espiritual. Não é proclamada para distrair cérebros, mas transformar vidas. O pregador deve construir uma boa mensagem de joelhos e não nos joelhos. A oração é a ligação que podemos ter com o canal ilimitado de experiências com Deus e por certo inspirações valiosas.