Na graça e no amor de Cristo não há mistérios.

E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam, para que se não convertam, e lhes sejam perdoados os pecados. (Mar 4:11,12). Estes versículos se lidos de forma leviana ou literalmente, nos levará e entender que Jesus ensinava algo somente a um povo escolhido, mas não é verdade.

Em grego, (μυστηριον musterion), o mistério do Reino de Deus tem um sentido que vai além do sentido direto da tradução comum, e não significa algo complicado e misterioso como acontece em nosso idioma. Mas sim são os conselhos de Deus, uma vez escondidos, mas agora revelados no Evangelho do amor que Jesus nos trouxe.

E quando estudamos um pouco mais profundo o funcionamento da nossa psique entenderemos que um ensinamento em forma de história, piada ou parábolas fixam melhor em nossa mente. Isso os psicólogos chamam do efeito (VON RESTORFF). E aqui entendemos que Jesus revelava abertamente tudo o que o Pai havia lhe revelado, mas ele ensinava de maneira diferente dependendo do público que o ouvia.

E mais na época haviam várias religiões de mistérios cujo somente um iniciado entendia o que o outro dizia. Acontecia que nas religiões de mistérios era o seguinte. O candidato passava por um longo período de purificação, jejum, ascetismo e instrução acerca do mais recôndito significado da história. E só depois disto ele era aceito.

Mas Jesus trouxe ao mundo uma via direta a Deus cuja a única exigência era reconhecer o erro, arrepender-se e se entregar ao gracioso amor. Jesus abriu um caminho no qual não se necessitava de profeta, de sacerdotes ou de magos para conversar com o Pai (Deus). Bastava entrar em seu quarto e abrir o coração ao seu amor e então em oração conversar com Ele.

Somente um coração endurecido e uma mente perdida nas superstições que não entenderia os ensinamentos que o Mestre dos Mestre ensinava abertamente. E ainda hoje muitos de nós agimos assim, corremos atrás das superstições, quando na realidade Deus está a nossa porta só esperando que digamos entre, e Ele entrará trazendo a luz da verdade que nos liberta da corrente das superstições humanas.

E aqui entendemos que quando Jesus disse isto não o fez com raiva, irritação, amargura ou como quem esconde algo. Disse-o com o desejo do amor que grita. Como se o seu coração doesse por ter trazido e revelado algo grandioso, e um dom valoroso, mas que muitos não recebiam por sua cegueira. Jesus jamais nos escondeu nem tão pouco nos cegou aos seus ensinamentos, Ele usou de ferramenta que ainda hoje no mundo moderno é desconhecida por muitos, porque não buscam a entender.

Se faz triste entender que, somos nós que em nossa incompreensibilidade, nos perdemos em pseudo enigmas, quando na realidade o amor se faz claro e vívido em seu viver. Então resta-nos a seguinte afirmação: “Não permita Deus que escutemos sua verdade dessa maneira!” Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.

(Molivars).