Que o amor fraternal nos leve a acudir os que tropeçam. (Parte 1)
Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo. (Gál 6:1,2). Aqui Paulo ensina os da igreja como lidar com aqueles que tropeçam na caminhada Cristã.
O apostolo por ser um líder guiado pelo Espírito santo conhecia e entendia os problemas que surgem no meio Cristão, ou em qualquer irmandade. A melhor das pessoas corre o risco de na caminhada dar um tropeção. A palavra que ele usa aqui é (παραπτωμα paraptoma), que traz consigo o significado de um tropeço por não se manter em alerta a si mesmo. Ou seja, não assinala o pecado deliberado ou arquitetado, mas sim o escorregão.
Na caminhada do amor estamos sempre caminhando sobre um gelo escorregadio onde qualquer distração nos levará ao chão, ou ainda na pressa de acertar tomamos atalhos convidativos, mas perigosos. E isto acontece porque as circunstancias, as pessoas, os nossos próprios desejos e necessidades podem falar mais alto que a verdade do amor. E quando damos ouvidos ao nosso si mesmos fatalmente seremos atraídos por escorregadios atalhos.
E ainda todos nós carregamos dentro de si o orgulho espiritual, que nos leva a julgar duramente os tropeços alheios. Se faz triste saber que muitos crentes sinceros, diante do erro alheio tomam uma atitude de dureza e de frieza, que jamais coadunou ou coaduna com o amor e o perdão ensinado por Cristo Jesus. Relegando muitos corações a mortífera solidão por não poderem ir em busca de desabafo mediante o relato dos próprios fracassos, defeitos e enganos, pois o receberiamos com fria antipatia. E invés de oferecermos a taça da misericórdia oferecemos o frio metal do martelo de um julgamento, e o fio do machado de verdugo.
Mas o dever Cristão é o de restaurar, a palavra aqui usada é (καταρτιζω katartizo), que traz consigo o significado de reparar, restaurar completar. Esta palavra também nos remete ao trabalho do cirurgião que remove algum tumor do corpo ou engessa um membro quebrado, devolvendo a vontade de viver e colocando alguém em pé e de volta no caminho. Então entendemos que Paulo diz que o Cristão verdadeiro tem a obrigação de levantar aquele que dá um tropeção.
Paulo põe a ênfase não no castigo, mas na cura; a correção não se pensa como tristeza, mas sim como emenda. E ele continua dizendo que quando vemos que alguém cai numa falta ou pecado faríamos bem em dizer: "Se não fosse pelo amor, pelo perdão e pela graça de Deus, eu estaria na mesma situação." É tola vaidade nos reputarmos de impolutos quando na realidade estamos sujeitas as mesmas situações. Vemos João afirmar: Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. (1Jo 1:10).
Paulo continua reprovando a vaidade. E ele dá uma receita para evitá-la. Devemos manter nossos ouvidos atentos ao guiar do Espirito. E não nos deixemos levar por nossos êxitos deste mundo passageiro. Como disse o autor de Eclesiastes: Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade. (Ecl 1:2). Pois quando nos comparamos com o ideal do amor desaparece todo motivo de vaidade. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars).