Revelação do Cordeiro de Deus
Padre Geovane Saraiva*
A criatura humana que, mergulhada na escuridão, acolhe as maravilhas de Deus através de seus mensageiros é concreta na pequenez e humildade de São João Batista. Ele, longe de toda e qualquer postura ambiciosa, dizia: “Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Mas, vede, depois de mim vem aquele, do qual nem mereço desamarrar as sandálias” (At 13, 24). Ele está no meio de nós, alimentando-nos e chamando-nos a segui-lo, mas na alegria de reconhecê-lo numa busca de coerência, como no anúncio do precursor.
Outrora, em tempos messiânicos, descreveu o profeta Zacarias como Deus suscitaria sobre Jerusalém “um espírito de graça e de consolação” (Zc 11, 10), consolação essa, entendida pelos tempos, que chega depois por outro Zacarias, muito mais conhecido, não por ser simplesmente um sacerdote, mas favorecido por ter recebido a visita do Anjo Gabriel, enquanto executava suas funções sacerdotais no templo. O Anjo lhe trouxe a notícia de que seria pai, porém sua primeira reação foi de incredulidade. Como consequência, Zacarias ficou temporariamente mudo, e provavelmente surdo, até que Isabel deu à luz um filho.
É a salvação da humanidade em São João Batista, que, na alegria do seu nascimento, já deixa óbvios os caminhos do Senhor, aos quais somos chamados a percorrer. Na alegria de sua vinda ao mundo, por nós comemorada, na atenção de que, desde o ventre de sua mãe Isabel, Deus o tinha consagrado como o maior entre os nascidos de mulher, o filho do sacerdote Zacarias e Isabel é também conhecido como aquele que mostrou o Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É a luz dadivosa e misteriosa, de tão bela e fulgurante que foi e que é, que não podemos jamais esquecer daquele que preparou um povo inclinado aos propósitos de Deus. Numa jubilosa gratidão ao nosso Deus, não nos cansemos de nos pasmar na alegria pelo nascimento de São João Batista!
O maior entre os nascidos de mulher nos ensina, indignado, o valor do que é essencial à fé, diante do clamor por justiça e paz, nos empobrecidos e nos desfigurados por extensão da terra. Sendo assim, seu nascimento é prenúncio de tempos novos e messiânicos, no anúncio da instauração do reino de Deus, em que a humanidade é chamada a travar um forte duelo, de sair das trevas e experimentar a luz verdadeira. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza