Eis Que Estou à Porta e Bato.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. (Apo 3:20). Ao ler esta passagem o meu coração chega a tremer, mas não de medo, e sim de amor. Porque diante de tão linda expressão de amor só podemos ficar maravilhados e com os olhos marejados. Aqui Jesus nos mostra duas coisas:
1 – A primeira nos mostra algo diferente da maneira que alguns teólogos tratam esta passagem, eles a tratam como uma advertência ameaçadora de um juiz que bate à porta. Mas o contexto desta passagem nos revela algo diferente, ele nos revela a expressão de uma graciosa oferta de amor que um amigo nos traz à porta. De um Deus que é o amor, e sendo o Amor Jesus amorosamente bate a nossa porta pedindo para entrar. Na bíblia encontramos um paralelo no livro de cantares: Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, (Cantares 5:2). Esta é também uma das porções mais cara da bíblia quando o noivo está à porta da habitação de sua amada e pede que o deixe entrar. Aqui o amante é Cristo, que bate na porta dos corações dos seres humanos. Nesta imagem percebemos algumas das verdades mais cara e importantes do ser, Cristão.
– Vejamos que o bater e o ofertar é de Cristo. Cristo está à porta do coração humano e bate pedindo para entrar. Aqui neste ato fica implícito uma verdade, que todo o ensinamento Cristão, mostra ao mundo um Deus que busca o ser humano para ofertar a ele graciosamente o seu amor. Não há pensamento religioso ou filosófico que mostre ou possua tal noção. Aqui temos a imagem do Deus que busca, do Cristo que chama, do Cristo amante que solicita acesso, do Cristo que pede para entrar no coração do ser humano pecador, e Ele o faz até mesmo para aquele que não quer recebê-lo. E aqui entendemos que somente o amor pôde e pode chegar tão longe.
– Vemos qual é a oferta de Cristo. A ceia era a refeição que segundo os historiadores era a mais íntima e importante do dia, e também era a mais significativa. O povo da época geralmente fazia três refeições por dia. O café da manhã consistia num pedaço de pão seco molhado em vinho. O almoço, ou refeição do meio-dia, em geral não se tomava necessariamente em casa; consistia de algum bocado frio que se consumia ao ar livre, geralmente no trabalho ou à beira do caminho ou ao pé de uma colunata ou em qualquer lugar que se estivesse. Já ceia era à refeição da noite, ou jantar, era a principal refeição do dia.
Então os comensais dela participavam à vontade, sem preocupação, pois o trabalho do dia já havia terminado. Então podiam dedicar-se a dar atenção as conversas amigáveis e ao trato amável com os que ali estavam, pois não havia nada para fazer depois. Então entendemos que Cristo ao entrar fica para uma ceia onde a intimidade se faz presente onde o banquete de amor (αγαπη ágape), se fará farto, Ele entra para ficar e não para um rápido lanche.
2 – Vemos também que o abrir e o aceitar, é do ser humano. Cristo bate na porta; Nós podemos responder a esse chamado ou ignorá-lo. Cristo não entra sem que se abra a porta, pois o amor não é invasor. O amor deve ser convidado e aceito em nossos corações para que seu agir seja pleno. Jesus não invade Ele bate à porta e pede para entrar, Cristo não impõe a sua presença Ele sendo Deus onipotente, pede licença para entrar em nossas vidas e vemos isso representado no caminho de Emaús: Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante. (Luc 24:28). Ele aqui faz menção de segui em frente, ou seja, Jesus Cristo jamais impõe a sua companhia, Ele nunca nos vai obrigar a que o recebamos ou aceitemos: espera até que nós estejamos em condições de pedir-lhe para entrar.
Deus nos dotou do livre arbítrio, mas em sua misericórdia infinita Ele jamais nos deixou a própria sorte. Ele sempre bate à porta do nosso coração pedindo para entrar e enchê-lo do mais gracioso amor. E, é isto que Cristo nos oferece; Amor eterno numa vida eterna. Existe um quadro do pintor “Holman Hunt” intitulado a luz do mundo, onde ele retrata uma cena de uma porta no coração humano, e está porta pelo lado de fora não tem maçaneta, dando a entender que o coração só pode ser aberto pelo lado de dentro.
E isto nos leva a entender, que toda a obra da cruz só pode atingir o seu maior auge, quando abrimos o coração e recebemos para cear conosco Cristo Jesus e seu gracioso amor. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars).