ARMINIANISMO X CALVINISMO
Calvinismo e Arminianismo são (dois sistemas teológicos) que tentam explicar a relação entre “a soberania de Deus e a responsabilidade humana em relação à salvação”. O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma Protestante, exposto e defendido por João Calvino, teólogo francês que viveu de 1509 a 1564. O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius, teólogo holandês que viveu de 1560 a 1609. Ambos os sistemas podem ser resumidos com cinco pontos como veremos nas próximas linhas! “Parte desse artigo foi extraído de um (Esboço Interpretativo de Romanos) – David N. Steele e Curtis Thomas”.
1. Livre-Arbítrio ou Capacidade Humana (Arminianismo)
O Arminianismo afirma que embora a natureza humana tenha sido gravemente afetada pela (queda de Adão), o homem não foi deixado em um estado de total incapacidade espiritual, ou seja, os homens ainda são “livres” para aceitar ou recusar a salvação que Cristo oferece. Segundo o pensamento arminiano, Deus graciosamente através da “graça previniente” capacita cada pecador a se arrepender e crer, mas Ele não interfere na liberdade do homem. Cada pecador possui uma vontade livre e seu eterno destino depende de sua escolha. A liberdade do homem consiste em sua capacidade de escolher o bem, em lugar do mal, nos assuntos espirituais sem nenhuma intervenção externa porque a vontade do homem não está escravizada à sua natureza pecaminosa. O pecador, portanto, tem a capacidade de cooperar com o Espírito Santo para serem regenerados ou de resistir a graça de Deus e perecer eternamente. Os arminianos admitem que o pecador precisa da ajuda do Espírito de Deus; todavia, o homem só é regenerado depois de crer, porque “a fé é um ato humano” que precede o novo nascimento, ou seja, a fé é do pecador para Deus, é a contribuição do homem para a sua salvação.
1. Depravação Total ou Incapacidade Total (Calvinismo)
Por causa da (queda de Adão), o homem é incapaz de crer de maneira salvífica no Evangelho. O pecador está morto, cego, surdo e incapaz de compreender as coisas de Deus, porquanto elas são discernidas espiritualmente (1Co 2.14). Sua vontade não é livre, a corrupção de sua natureza é total, e isso afetou completamente todas as faculdades do homem; por isso ele não escolhe e realmente não pode escolher o bem, ao invés do mal (Jr 13.23). A Bíblia deixa muito claro que homem natural, ou seja, não regenerado é incapaz de buscar a Deus (Rm 3.10-12). Ele é um leproso espiritual, morto em seus delitos e pecados, (insensível a graça comum) de tal maneira que o homem é escravo do pecado que habita nele (Sl 51.5). Consequentemente, se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe a fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente (Ef 1.3-12; 2.5,6; Cl 2.11-13). Os calvinistas ensinam que a fé não é do homem para Deus; é de Deus para o homem; a fé não é algo que o homem contribui para a sua salvação; pelo contrário, é dom de Deus (Ef 2.8; Hb 12.2) concedido ao pecador para a sua salvação.
2. Eleição Condicional (Arminianismo)
Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Deus previu (no futuro) quem aceitaria livremente a salvação pelo Evangelho e predestinou os salvos. A eleição, portanto, foi determinada ou condicionada ao que o homem faria. Para os arminianos, a salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo; não é Deus quem escolhe o pecador. O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e ser salvo. Os que se perdem, perdem-se por livre escolha, ou seja, não quiseram crer em Cristo. Assim a escolha do pecador por Cristo, e não a escolha de Deus pelo pecador, é a causa essencial da salvação.
2. Eleição Incondicional (Calvinismo)
Eleição Incondicional é a doutrina que ensina que Deus escolhe certos indivíduos para serem objetos de Sua graça salvadora (Sl 65.4; 78.67-70; Pv 16.4; Is 41.8,9; Mt 24.22,31; Mc 4.11,12; Jo 8.46,47; 17.2,24; At 13.48; Rm 9.11-24; 11.5-10; Ef 1.4-12; 2Ts 2.13; 2Tm 1.9; 1Pe 1.1,2). Deus elegeu, ou seja, escolheu algumas pessoas para a salvação em Cristo, antes da fundação do mundo, “fundamentado tão-somente em sua vontade soberana”. Deus decidiu soberanamente, livremente salvar algumas pessoas (reprovando as demais). A escolha divina de alguns pecadores em particular não se baseou em qualquer resposta de obediência por parte do pecador, vista por antecipação tal como a fé e o arrependimento; pelo contrário, é Deus quem concede a fé e o arrependimento a cada pessoa que Ele mesmo escolheu (Jo 16.8-11). Esses atos são o resultado e não a causa da eleição divina. A eleição, portanto, não foi determinada pela escolha humana ou condicionada a qualquer “qualidade virtuosa” vista de antemão no homem. Aqueles que Deus escolheu soberanamente, Ele os traz a receberem voluntariamente a Cristo, por intermédio do poder do Espírito Santo. Desta maneira, a escolha do pecador por parte de Deus, e não a escolha de Cristo por parte do pecador, é a causa essencial da salvação.
3. Expiação Geral ou Redenção Universal (Arminianismo)
O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura realmente a salvação de ninguém. Embora Cristo tenha morrido por “todos” os homens e em favor de “cada” indivíduo, somente aqueles que crerem nele serão salvos. Isso significa que o sacrifício de Cristo foi geral e que Ele não morreu por nenhum homem em particular. Cristo morreu na cruz para aqueles que resolverem o aceitar a fim de que sejam salvos. “Se a teoria arminiana estivesse certa, a obra redentora de Cristo na cruz não salva ninguém, ou seja, (ninguém foi salvo na cruz) porque a salvação só vai ocorrer eficazmente a partir do momento que o homem exercer o seu livre-arbítrio e aceitar a Cristo”. Segundo o pensamento arminiano, Cristo então teria morrido por bilhões de pessoas em vão de modo que sua morte na cruz não teria efeito algum para pagar os pecados da humanidade porque se o homem não o aceitar irá pagar a conta pelos mesmos pecados duas vezes: (Uma vez na cruz), quando Cristo morreu por Ele para pagar os seus pecados, mas ele o rejeitou; então, ele (irá para o inferno pagar pela segunda vez) os mesmos pecados que Cristo levou. Dessa forma, segundo o arminianismo, a morte de Cristo capacitou Deus a perdoar pecadores sob a condição de que creiam, mas realmente não remove os pecados deles. A redenção realizada por Cristo torna-se eficaz apenas se o homem decidir aceita-lo.
3. Expiação Limitada ou Redenção Particular (Calvinismo)
A obra redentora de Cristo tinha o propósito de salvar apenas os eleitos e realmente assegurou a salvação para eles. Os calvinistas creem que Jesus Cristo morreu por todos no sentido de que há virtude e poder no sangue dele para salvar a humanidade toda; porém Cristo morreu na cruz eficazmente pelos pecados dos eleitos, ou seja, (morreu por aqueles que Ele escolheu) antes da fundação do mundo predestinando para a vida eterna, de modo que, nenhuma gota do sangue de Cristo foi derramado em vão (Mt 26.28). Agostinho de Hipona, um dos pais da igreja explica que a graça de Deus é “suficiente para todos; mas, eficiente para os eleitos”. Cristo foi sacrificado para redimir o Seu povo, não para tentar redimi-lo. De fato, Ele abriu a porta da salvação para todos (Mt 11.28), porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente entram para salvação eterna (Jo 17.6,9,10; At 20.28; Ef 5.15; Tt 3.5).
4. Graça Resistível ou pode-se Eficazmente Resistir ao Espírito Santo (Arminianismo)
O Espírito Santo chama exteriormente a todos aqueles que ouvem o Evangelho. Deus faz tudo o que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir efetivamente a graça, (aos apelos do Espírito Santo). Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito Santo não pode regenerá-lo porque “enquanto este não crer, não pode ter vida”. Portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. Segundo a teoria arminiana, a vontade do homem limita a ação do Espírito Santo na aplicação da obra salvífica de Cristo. Dessa maneira o homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação. Segundo os arminianos, Deus ama salvíficamente a humanidade toda, mas, respeita a decisão do homem por causa do “livre-arbítrio”.
4. Graça Irresistível ou A Vocação Eficaz do Espírito Santo (Calvinismo)
Em complemento da chamada externa e geral para a salvação, chamada dirigida a todos que ouvem o Evangelho, o Espírito Santo estende aos eleitos (uma chamada interior e especial) que inevitavelmente os traz à salvação. A chamada interior (dirigida tão-somente aos eleitos) não pode ser resistida; sempre resulta em conversão. Por intermédio dessa chamada especial, o Espírito Santo atrai de maneira irresistível o pecador a Cristo. Conforme o pensamento Calvinista, Deus não é limitado pela vontade humana em Sua obra de aplicar a salvação; tampouco depende da cooperação do homem para ser bem-sucedido. O Espírito Santo leva graciosamente o pecador eleito a cooperar, a crer, a arrepender-se, a vir espontânea e livremente a Cristo. A graça de Deus, portanto, é invencível; ela nunca falha em resultar na salvação daqueles a quem ela é estendida. Os calvinistas admitem que quem se perde tem consciência de que está livremente rejeitando a salvação. Alguns escarnecem de Deus, outros se enfurecem, outros adiam a decisão, outros demonstram total indiferença as coisas espirituais. Todos, porém, agem livremente. (Jr 3.3; 5.24; 24.7; Ez 11.19,20; 36.26,27; 1Co 4.7; 2Co 5.17; Ef 1.19,20; Cl 2.13; Hb 2.2,3).
5. Cair da Graça (Arminianismo)
Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer em santificação, ele poderá cair da graça. O pecador pode cair e perder a salvação porque é o homem que decide ser salvo e depois pode decidir a não mais quere ir para o Céu e ir para o inferno. Só quem perseverar até o fim é que será salvo. Porém, nem todos arminianos concordam nesse ponto; alguns afirmam que os crentes estão eternamente seguros em Cristo e que, tendo sido regenerados, eles não podem perder a salvação. Aliás, o próprio Jacobus Arminius, fundador do sistema teológico Arminiano, não cria na perda da salvação daqueles que uma vez foram regenerados por Cristo!
5. Perseverança dos Santos (Calvinismo)
Todos os que são eleitos por Deus, redimidos por Cristo e recebem a fé por intermédio do Espírito Santo são (eternamente salvos). Eles são guardados na fé pelo poder do Deus Todo-Poderoso e, deste modo, preservados até o fim. Todo o processo de salvação é obra de Deus, portanto, o homem redimido por Cristo não pode perder a sua salvação. Segundo a Bíblia, é impossível que o crente regenerado venha a perder sua salvação. Poderá até pecar e morrer fisicamente (1Co 5.1-5), mas jamais perderá a salvação que Deus operou nele (Jo 10.2-5; 25-29). Os apóstatas nunca nasceram de novo, jamais se converteram (Is 54.10; Jo 6.51; Rm 5.8-10; 8.28-32,34-39; 11.29; Fp 1.6; 2Ts 3.3; Hb 7.25). Os eleitos estão sujeitos a pecar, afastar-se por um período da presença de Deus, da comunhão com a Igreja, mas pela ação do Espírito Santo irão se arrepender e voltar para Deus. Estes nunca perderão a sua salvação.
A Salvação do Ponto de Vista Arminiano:
De acordo com o Arminianismo, a salvação é um resultado da combinação dos esforços de Deus (que toma a iniciativa) e do homem (que tem de responder à iniciativa divina), por meio do seu “livre-arbítrio”, mas a resposta do homem é o fato determinante. Deus providenciou a salvação para todos; essa provisão, porém, se torna efetiva somente para aqueles que, por sua própria vontade, escolherem cooperar com Deus e aceitarem o Senhor Jesus Cristo. Nesse ponto crucial, a vontade do homem desempenha um papel decisivo. Assim, o homem, e não Deus, resolve quem serão os recipientes da salvação.
A Salvação do Ponto de Vista Calvinista:
De acordo com o Calvinismo a salvação é realizada pelo poder do Deus triúno. O Pai escolheu um povo, o Filho morreu por esse povo, e o Espírito Santo torna a morte de Cristo eficaz, (ao trazer os eleitos à fé e ao arrependimento), levando-os a obedecerem voluntariamente ao Evangelho. Todo o processo (eleição, redenção e regeneração) é uma obra de Deus, realizada tão-somente pela graça. Assim, Deus, e não o homem, determina quem serão os recipientes do dom da salvação.
Considerações Finais!
Podemos notar claramente que a salvação do ponto de vista arminiano, é o homem quem decide o seu destino eterno e não Deus. É o homem quem escolhe ir para o céu, ou ir para o inferno. Deus pode até querer salvar a pessoa, mas se ela não quiser ser salva, o que prevalece é a vontade da pessoa e não a vontade de Deus. Isso significa que a vontade de Deus está sujeita ao “livre-arbítrio” humano, ou seja, os planos de Deus podem ser frustrados, a Sua graça é falível e pode efetivamente ser resistida pelo pecador. Então, segundo a teoria arminiana, o homem pode ser salvo e perder a salvação quantas vezes ele quiser (vai depender da sua decisão)! Dessa maneira não podemos chegar a outra conclusão senão essa: A salvação depende da escolha do homem, dos atos do homem, não da eleição e predestinação divina; é o homem que se salva e não Deus que salva o homem!
Como calvinista, acredito conforme a Bíblia ensina que “a salvação é dom de Deus e não depende do mérito (esforço) humano, ou das obras de ninguém, mas exclusivamente da graça divina” (Ef 2.8,9). Não foi eu, não foi você que escolhemos a Cristo, ao contrário, foi Ele que nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor (Ef 1.4; Jo 15.16,19), e nos predestinou para sermos dele (Ef 1.5; Rm 8.29,30). Por causa do pecado, eu, você (toda a humanidade), merecíamos o inferno, mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, (decidiu soberanamente, livremente) escolher um povo, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios para a redenção. A salvação, portanto, é um ato exclusivo de Deus do início ao fim sem participação do homem. Deus não tem a obrigação de salvar ninguém”. Ele quis salvar alguns e rejeitar os demais. Simples assim!
Contudo, antes mesmo que os gêmeos nascessem ou realizassem qualquer obra boa ou má, para que o plano de Deus segundo a eleição permanecesse inalterado, não por causa das obras, mas sim por aquele que chama, foi-lhe dito: O mais velho servirá ao mais novo! Como está escrito: “Amei a Jacó, mas rejeitei a Esaú”. Que conclusão podemos tirar? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois Ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem Eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem Eu desejar ter compaixão. Assim, claro está que isso não depende da vontade, tampouco do esforço do ser humano, mas da maneira como Deus focaliza sua misericórdia. Pois diz a Escritura ao faraó: Eu o levantei exatamente com esse propósito: revelar em ti o meu poder, e para que o meu Nome seja proclamado por toda a terra. Portanto, Ele tem misericórdia de quem deseja, e endurece o coração de quem quer. Certamente me perguntarás: Por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem pode se opor à sua vontade? Todavia, quem és tu, ó homem, para questionares a Deus? Acaso aquilo que é criado pode interpelar seu criador dizendo: ‘Por que me fizeste assim?’ Ou o oleiro não tem todo direito de produzir do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para usos menos honrosos? Mas o que tens a dizer se Deus suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a destruição, porque desejava manifestar a sua ira e tornar conhecido seu poder, a fim de que fossem conhecidas as riquezas da sua glória para com os vasos de sua misericórdia, que preparou com grande antecedência para glória, quero dizer, a nós próprios, a quem convocou, não apenas dentre os judeus, mas igualmente dentre todos os gentios? (Romanos 9.14-24).
“A Salvação, vem do Senhor”. (Jn 2.9).
JESUS FAZ A DIFERENÇA.