A MARCA DA BESTA
Voltou às minhas mãos o livro de Robson Pinheiro/Ângelo Inácio, “A Marca da Besta”, e por sinal, descobri que tenho dois, um deles no apartamento. Dentre todos que estou lendo, será que este tem um significado especial? Pois este é um canal de comunicação que o Pai tem comigo, mandando recado através de livros.
Comecei a ler e cheguei num ponto que achei interessante, que faz conexão com minhas preocupações do caminho que devo seguir para melhor fazer a Sua vontade.
Vejamos o trecho que chamou a minha atenção, apesar de longo. Se refere a fala do maioral das Trevas, o número 1, que vive bem próximo ao núcleo da Terra, mas que comanda todas as forças do mal, dentro de uma cadeia hierárquica.
- Ouça a minha ordem – falou uma voz que soava mecânica. Não se podia dizer se a voz era masculina ou feminina; era modulada de tal maneira que o som produzido não se percebia como natural. Fora propositadamente transformada, distorcida pelo número 1 no poder, aquele considerado o soberano, a “serpente original”, como diriam alguns dentre os povos do degredo.
O daimon parecia petrificado, com as feições sérias, o olhar impenetrável, enquanto a mulher atrás de si, curvada como um servo obediente, balbuciava palavras num idioma incompreensível, numa língua morta há milênios.
Como gostaria que a identidade do maioral lhe fosse revelada. O daimon refletia sobre essa questão toda vez que escutava aquele som quase metálico reverberando no ambiente. Quem seria o dono da voz insensível que em nenhum momento ao longo desses milênios se deixara reconhecer? Não se sabia se era homem ou uma mulher. Sabia-se apenas que esse ser medonho, o mais poderoso dos seres da escuridão, fora o arquiteto de todo o plano de rebelião que levara os dragões a serem expulsos de seu mundo original. Mas, mesmo lá, esse ser nunca se deixara trair; jamais se mostrara abertamente. Havia uma aura fustigante de mistério em torno de sua presença, de sua pessoa.
Ainda que essas questões passassem pelas trilhas de seu pensamento, o daimon não as externava – embora algo no ar sugerisse que o maioral, em verdade, tinha ciência do que ele, o segundo no comando, realmente pensava. Talvez soubesse cada detalhe, cada artifício que o segundo poder usava para esconder seus mais secretos devaneios. Como era de esperar, ele não fez qualquer menção a suas indagações perante o maioral, o poderoso dragão, o espírito da discórdia – ou, como alguns ousariam dizer, com outras palavras – o próprio diabo.
O daimon sabia que o maioral tinha condições de implodir seu corpo artificial com um só impulso mental que enviasse de sua base secreta, cuja localização nenhum dos dragões conhecia, inclusive ele próprio, o segundo. Tinha certeza disso, pois, como perderam a conformação humanoide no decorrer dos milênios, o primeiro no comando facultou aos demais, certas criações mentais artificiais extremamente semelhantes a aparência que ostentavam quando em seus mundos de origem. Mas a oferta, que visava privar as mentes rebeldes da degeneração total, preservando-lhes a lucidez, trazia consigo alto preço a pagar. O Maioral os controlava, mesmo à distância, onde quer que se encontrassem. Os corpos quase espirituais, quase materiais estavam sujeitos a receber fraco impulso mental ou mesmo mecânico, produto de algum instrumento desconhecido, e simplesmente diluir-se ou explodir. Caso isso acontecesse, o resultado não era novidade para o daimon, que já presenciara o fato noutras ocasiões. Degenerado ao extremo, o corpo mental, há longo tempo apartado da forma humanoide – assegurada até então de modo artificial -, acabaria por enlouquecer, perdendo o dom da razão. Perderia, enfim, a consciência e, com ela, toda a capacidade de administrar o conhecimento arquivado nos últimos milênios transatos.
Tudo isso cruzou sua mente numa fração de segundo, como se o tempo houvesse se congelado. Um imortal relativo – como eles eram, na verdade – não podia abdicar dos conhecimentos, das experiências, do trabalho; tudo acumulado na memória do seu corpo mental. Era preciso engolir o fato de estar na mão do número 1. Ao menos, para ele, o número 2, havia o consolo de ter todos os demais espíritos aos seus pés; a ninguém mais devia obediência nem satisfação.
- Estou ouvindo. Fale, soberano! – respondeu, aparentando tranquilidade inimaginável para o perfil psicológico de um dragão.
Brilhava soberanamente no ambiente o símbolo da suástica, fundido ao das serpentes – traiçoeiras como só elas ao representar o psiquismo do Maioral. As imagens se movimentavam, voluteavam, inquietando intimamente o daimon e, talvez, sua companhia, a mulher posicionada, em completo silêncio, atrás dele.
De repente, o daimon pressentiu que o Maioral desejava testá-lo, que se utilizara de um jogo psicológico para desestabilizar sua mente e suas emoções através das imagens projetadas, do mistério cada vez mais angustiante que envolvia a presença do chefe supremo das organizações das trevas. O Maioral era sagaz por demais, como denotava a própria serpente que o anunciava. Era inteligentíssimo e perspicaz, portanto era natural admitir-se que conhecesse profundamente seu interlocutor, a ponto de esquadrinhar seus pensamentos e reações. Mas o segundo em poder não cederia assim tão facilmente; o augusto daimon jamais se curvaria diante do braço do número 1. Arrancando forças represadas em seu interior, resistiu bravamente à armadilha psicológica do Maioral. Novamente, a voz inumana se fez ouvir como se nada ocorresse.
- Mais uma vez os senhores da escuridão fracassaram em seu trabalho. Os guardiões, por outro lado, têm movimentado forças em todas as direções e com maior intensidade, enviando comandos para todas as bases vinculadas aos países e dirigentes com os quais os demais dragões mantém relações e ingerência sobre sua política.
“Só existe uma possibilidade de distrair os guardiões e os viventes que têm atuado em prol dos representantes máximos da justiça planetária.
“Já fizemos experimentos com a economia mundial, induzindo-a tanto à fartura e ao abuso quanto às sucessivas crises, fomentadas no período anterior. Também testamos os humanos da Terra e os representantes do Cordeiro com ameaças à sua saúde, que foram mais bombásticas no efeito provocado, como notícia, que no aspecto epidêmico propriamente. Através de elementos sutilíssimos, invisíveis aos seus olhos, logramos ocasionar agradável perturbação. A nosso favor, temos as reações dos filhos do Cordeiro, que não trabalham unidos, intentando cada qual parecer um missionário, em detrimento do trabalho alheio. ”
O daimon pareceu adivinhar os pensamentos do Maioral. Pela maneira como introduzira a situação, só restava um passo a ser dado. Estarrecia-se frente às suas deduções. Mesmo confiante, reconhecendo os benefícios do plano que se esboçava em sua mente, sabia que consequências muitíssimo sérias se abateriam sobre os líderes das trevas.
- Vá pessoalmente e convoque uma assembleia com os demais dragões do poder. Precisamos desencadear uma guerra com urgência. Abalaremos novamente as economias do mundo. A Europa será fortemente sacudida com a crise decorrente, e o Novo Mundo a seguirá. O Oriente, é claro, não ficará de fora dos problemas que suscitaremos.
“O mundo deve precipitar-se numa tribulação de graves proporções, a fim de distrair a atenção dos agentes da justiça divina. Vamos lhes dar trabalho. Utilizemos nosso representante mais influente, que hoje exerce seu domínio num dos países por nós assistido.
“Vá até o campo vibratório e destaque os melhores espíritos projetores que integram a elite da guarda draconiana, os espectros. Auxilie-os a se projetarem no mundo dos viventes.
“É hora de repetirmos o que fizemos no passado medieval, assumindo duplos etéricos e nos tornado estáveis através desses corpos, visíveis e funcionais em meio aos comandantes das nações da Terra. Você próprio poderá se projetar num desses veículos, fazendo-se notar como um humano, muito embora, devido a imposição feita pelo Altíssimo, não detenhamos a condição de influenciar os homens diretamente. Somente os espectros que fazem parte de nossa elite podem ser usados por nós para tal intento. Se desejar, deixe-se catapultar para o mundo dos encarnados. Para isso, você já sabe que criamos um artifício eficaz ao driblar as algemas magnéticas que nos tolhem a liberdade neste mundo. “
O Maioral concedeu breve pausa, no intuito de produzir algum resultado na mente do daimon, que o ouvia atentamente. Queria ver esboçado a surpresa e o espanto na fisionomia do segundo poder. Mas o daimon sabia ser forte, resistir aos lances do Maioral. E, embora não deixasse transparecer nenhuma emoção que lhe denunciasse o estado íntimo, labaredas subiam em seu interior. Um vulcão de pensamentos, em meio à represa das emoções.
- Reúna os melhores dentre os espectros – prosseguia o soberano. – Esses indivíduos são detentores de mentes experientes, vampirizam toda e qualquer energia consciencial com a qual travam contato. Empregue-os como coadjuvantes seus, a fim de que se projetem em corpos etéricos. Manipule tais corpos e use, de preferência, aqueles que estão cativos nos laboratórios localizados na esfera extrafísica das seguintes cidades: Pyongyang, Jerusalém e Nova Iorque. Encontrará elementos singulares que constituem os duplos capturados e mantidos em cativeiro por nossos aliados do submundo nessas regiões.
“Está na hora de mostrarmos novamente no mundo, exibindo toda a força e o império que representamos. Já que não nos é dado acessar por nós mesmos a dimensão dos humanos, podemos nos projetar consciencialmente e manipular corpos artificiais e semimateriais à distância, os quais, sujeitos a determinadas circunstâncias, podem ser percebidos e sentido pelos humanos encarnados. Afinal, são corpos de natureza etérica, mais densa, e não espiritual.
“Parta na companhia dos espectros. Para isso, colocarei à sua disposição um veículo especial, a mais recente invenção entregue por meus asseclas. Forjado em matéria quintessenciada da atmosfera terrestre, acrescida de outros elementos desconhecidos inclusive por você, vai atende-lo perfeitamente em sua missão. Desça até as coordenadas que deixarei registradas no sistema de navegação. Lá, faça a conexão com os duplos de matéria etérica e inaugure a nova era em que os espectros voltarão a andar pelo mundo, enquanto seus corpos mentais repousarão nos nichos preparados para este fim, no campo vibratório para onde se dirigirá. “
O daimon mal conseguiu conter a respiração acelerada. Então o número 1 já havia arquitetado um plano de contingência.
De súbito, o símbolo sumiu, de modo surpreendente, como quando apareceu. O senhor dos dragões, o maioral, transmitira suas instruções e não deixara alternativa; ao número 2, só restava obedecer.
Ele conhecia a história do povo da Terra, dos humanos que habitavam a superfície. Acompanhou detalhadamente a formação da civilização e sabia muito bem como manipular as questões políticas com o objetivo de deflagrar uma guerra. O número 1 estava certo; era preciso admitir. Um conflito armado de grandes proporções seria suficiente para despertar as atenções dos agentes encarnados do Cordeiro, bem como manter ocupados os representantes da justiça, os guardiões, de forma que os dragões ganhassem mais tempo para desenvolver seus planos. O jogo cósmico havia começado. Algo estava para acontecer, senão o maioral não haveria tomado essa decisão pessoalmente.
Supunha-se que, no momento em que irrompesse a guerra, os religiosos, os espiritualistas e demais agentes da justiça no mundo se dispersariam, pois sua história apontava para essa reação. Apesar de gradativamente os guardiões se aproximarem mais e mais das principais bases dos dragões, teriam de recuar se uma guerra se tornasse iminente.
Até onde chegariam os modernos seguidores do Cordeiro na eventualidade de o poder dos dragões ser descoberto e aceito entre eles como uma realidade? E como reagiriam ante um evento verdadeiramente global, colocando fim ao aparente estado de paz que domina as nações? Quer dizer, havia uma série de confrontos regionais em progresso, alguns com mais destaque do que outros, a depender da representatividade das peças envolvidas. Nada muito distante do que sempre houve. Porém, tudo poderia se desenrolar de modo bem diferente, caso a humanidade se visse em uma guerra de proporções mundiais.
A religião e os religiosos, que ainda travavam lutas entre si, arrefeceriam e regrediriam consideravelmente. Os recentes avanços do conhecimento espiritual seriam postos em xeque e cessariam sua marcha. Assim, a ameaça que constituem os filhos do Cordeiro seria praticamente anulada. De modo geral, os homens gastariam seu tempo na reconstrução da civilização, e os espiritualistas, em vez de se dedicarem ao estudo aprofundado e a investirem contra o sistema dos dragões, seriam inebriados numa onda de sentimentos de caridade, empregando seu tempo para consolar os aflitos e socorrer os remanescentes da guerra. Além disso, eles próprios se veriam perdidos em meio a tantas crises e calamidades, que certamente abalariam indefinitivamente as vidas de todos.
Essa movimentação no mundo espiritual, relacionada diretamente com o nosso mundo material, percebido e interpretado pelos médiuns, é de fundamental importância para compreendermos a necessidade de nos envolver na luta que se desenvolva entre a luz e as trevas. Uma das armas que as trevas possuem, é o sentimento da dúvida no mundo espiritual, na sua organização e na sua ascendência sobre nós. Daí sermos facilmente manipulados, e fazer o que as trevas desejam, independente de nossas intensões de ser uma pessoa de bem, de boa vontade.
Sejamos espertos! Tenhamos fé! E ação!
Voltou às minhas mãos o livro de Robson Pinheiro/Ângelo Inácio, “A Marca da Besta”, e por sinal, descobri que tenho dois, um deles no apartamento. Dentre todos que estou lendo, será que este tem um significado especial? Pois este é um canal de comunicação que o Pai tem comigo, mandando recado através de livros.
Comecei a ler e cheguei num ponto que achei interessante, que faz conexão com minhas preocupações do caminho que devo seguir para melhor fazer a Sua vontade.
Vejamos o trecho que chamou a minha atenção, apesar de longo. Se refere a fala do maioral das Trevas, o número 1, que vive bem próximo ao núcleo da Terra, mas que comanda todas as forças do mal, dentro de uma cadeia hierárquica.
- Ouça a minha ordem – falou uma voz que soava mecânica. Não se podia dizer se a voz era masculina ou feminina; era modulada de tal maneira que o som produzido não se percebia como natural. Fora propositadamente transformada, distorcida pelo número 1 no poder, aquele considerado o soberano, a “serpente original”, como diriam alguns dentre os povos do degredo.
O daimon parecia petrificado, com as feições sérias, o olhar impenetrável, enquanto a mulher atrás de si, curvada como um servo obediente, balbuciava palavras num idioma incompreensível, numa língua morta há milênios.
Como gostaria que a identidade do maioral lhe fosse revelada. O daimon refletia sobre essa questão toda vez que escutava aquele som quase metálico reverberando no ambiente. Quem seria o dono da voz insensível que em nenhum momento ao longo desses milênios se deixara reconhecer? Não se sabia se era homem ou uma mulher. Sabia-se apenas que esse ser medonho, o mais poderoso dos seres da escuridão, fora o arquiteto de todo o plano de rebelião que levara os dragões a serem expulsos de seu mundo original. Mas, mesmo lá, esse ser nunca se deixara trair; jamais se mostrara abertamente. Havia uma aura fustigante de mistério em torno de sua presença, de sua pessoa.
Ainda que essas questões passassem pelas trilhas de seu pensamento, o daimon não as externava – embora algo no ar sugerisse que o maioral, em verdade, tinha ciência do que ele, o segundo no comando, realmente pensava. Talvez soubesse cada detalhe, cada artifício que o segundo poder usava para esconder seus mais secretos devaneios. Como era de esperar, ele não fez qualquer menção a suas indagações perante o maioral, o poderoso dragão, o espírito da discórdia – ou, como alguns ousariam dizer, com outras palavras – o próprio diabo.
O daimon sabia que o maioral tinha condições de implodir seu corpo artificial com um só impulso mental que enviasse de sua base secreta, cuja localização nenhum dos dragões conhecia, inclusive ele próprio, o segundo. Tinha certeza disso, pois, como perderam a conformação humanoide no decorrer dos milênios, o primeiro no comando facultou aos demais, certas criações mentais artificiais extremamente semelhantes a aparência que ostentavam quando em seus mundos de origem. Mas a oferta, que visava privar as mentes rebeldes da degeneração total, preservando-lhes a lucidez, trazia consigo alto preço a pagar. O Maioral os controlava, mesmo à distância, onde quer que se encontrassem. Os corpos quase espirituais, quase materiais estavam sujeitos a receber fraco impulso mental ou mesmo mecânico, produto de algum instrumento desconhecido, e simplesmente diluir-se ou explodir. Caso isso acontecesse, o resultado não era novidade para o daimon, que já presenciara o fato noutras ocasiões. Degenerado ao extremo, o corpo mental, há longo tempo apartado da forma humanoide – assegurada até então de modo artificial -, acabaria por enlouquecer, perdendo o dom da razão. Perderia, enfim, a consciência e, com ela, toda a capacidade de administrar o conhecimento arquivado nos últimos milênios transatos.
Tudo isso cruzou sua mente numa fração de segundo, como se o tempo houvesse se congelado. Um imortal relativo – como eles eram, na verdade – não podia abdicar dos conhecimentos, das experiências, do trabalho; tudo acumulado na memória do seu corpo mental. Era preciso engolir o fato de estar na mão do número 1. Ao menos, para ele, o número 2, havia o consolo de ter todos os demais espíritos aos seus pés; a ninguém mais devia obediência nem satisfação.
- Estou ouvindo. Fale, soberano! – respondeu, aparentando tranquilidade inimaginável para o perfil psicológico de um dragão.
Brilhava soberanamente no ambiente o símbolo da suástica, fundido ao das serpentes – traiçoeiras como só elas ao representar o psiquismo do Maioral. As imagens se movimentavam, voluteavam, inquietando intimamente o daimon e, talvez, sua companhia, a mulher posicionada, em completo silêncio, atrás dele.
De repente, o daimon pressentiu que o Maioral desejava testá-lo, que se utilizara de um jogo psicológico para desestabilizar sua mente e suas emoções através das imagens projetadas, do mistério cada vez mais angustiante que envolvia a presença do chefe supremo das organizações das trevas. O Maioral era sagaz por demais, como denotava a própria serpente que o anunciava. Era inteligentíssimo e perspicaz, portanto era natural admitir-se que conhecesse profundamente seu interlocutor, a ponto de esquadrinhar seus pensamentos e reações. Mas o segundo em poder não cederia assim tão facilmente; o augusto daimon jamais se curvaria diante do braço do número 1. Arrancando forças represadas em seu interior, resistiu bravamente à armadilha psicológica do Maioral. Novamente, a voz inumana se fez ouvir como se nada ocorresse.
- Mais uma vez os senhores da escuridão fracassaram em seu trabalho. Os guardiões, por outro lado, têm movimentado forças em todas as direções e com maior intensidade, enviando comandos para todas as bases vinculadas aos países e dirigentes com os quais os demais dragões mantém relações e ingerência sobre sua política.
“Só existe uma possibilidade de distrair os guardiões e os viventes que têm atuado em prol dos representantes máximos da justiça planetária.
“Já fizemos experimentos com a economia mundial, induzindo-a tanto à fartura e ao abuso quanto às sucessivas crises, fomentadas no período anterior. Também testamos os humanos da Terra e os representantes do Cordeiro com ameaças à sua saúde, que foram mais bombásticas no efeito provocado, como notícia, que no aspecto epidêmico propriamente. Através de elementos sutilíssimos, invisíveis aos seus olhos, logramos ocasionar agradável perturbação. A nosso favor, temos as reações dos filhos do Cordeiro, que não trabalham unidos, intentando cada qual parecer um missionário, em detrimento do trabalho alheio. ”
O daimon pareceu adivinhar os pensamentos do Maioral. Pela maneira como introduzira a situação, só restava um passo a ser dado. Estarrecia-se frente às suas deduções. Mesmo confiante, reconhecendo os benefícios do plano que se esboçava em sua mente, sabia que consequências muitíssimo sérias se abateriam sobre os líderes das trevas.
- Vá pessoalmente e convoque uma assembleia com os demais dragões do poder. Precisamos desencadear uma guerra com urgência. Abalaremos novamente as economias do mundo. A Europa será fortemente sacudida com a crise decorrente, e o Novo Mundo a seguirá. O Oriente, é claro, não ficará de fora dos problemas que suscitaremos.
“O mundo deve precipitar-se numa tribulação de graves proporções, a fim de distrair a atenção dos agentes da justiça divina. Vamos lhes dar trabalho. Utilizemos nosso representante mais influente, que hoje exerce seu domínio num dos países por nós assistido.
“Vá até o campo vibratório e destaque os melhores espíritos projetores que integram a elite da guarda draconiana, os espectros. Auxilie-os a se projetarem no mundo dos viventes.
“É hora de repetirmos o que fizemos no passado medieval, assumindo duplos etéricos e nos tornado estáveis através desses corpos, visíveis e funcionais em meio aos comandantes das nações da Terra. Você próprio poderá se projetar num desses veículos, fazendo-se notar como um humano, muito embora, devido a imposição feita pelo Altíssimo, não detenhamos a condição de influenciar os homens diretamente. Somente os espectros que fazem parte de nossa elite podem ser usados por nós para tal intento. Se desejar, deixe-se catapultar para o mundo dos encarnados. Para isso, você já sabe que criamos um artifício eficaz ao driblar as algemas magnéticas que nos tolhem a liberdade neste mundo. “
O Maioral concedeu breve pausa, no intuito de produzir algum resultado na mente do daimon, que o ouvia atentamente. Queria ver esboçado a surpresa e o espanto na fisionomia do segundo poder. Mas o daimon sabia ser forte, resistir aos lances do Maioral. E, embora não deixasse transparecer nenhuma emoção que lhe denunciasse o estado íntimo, labaredas subiam em seu interior. Um vulcão de pensamentos, em meio à represa das emoções.
- Reúna os melhores dentre os espectros – prosseguia o soberano. – Esses indivíduos são detentores de mentes experientes, vampirizam toda e qualquer energia consciencial com a qual travam contato. Empregue-os como coadjuvantes seus, a fim de que se projetem em corpos etéricos. Manipule tais corpos e use, de preferência, aqueles que estão cativos nos laboratórios localizados na esfera extrafísica das seguintes cidades: Pyongyang, Jerusalém e Nova Iorque. Encontrará elementos singulares que constituem os duplos capturados e mantidos em cativeiro por nossos aliados do submundo nessas regiões.
“Está na hora de mostrarmos novamente no mundo, exibindo toda a força e o império que representamos. Já que não nos é dado acessar por nós mesmos a dimensão dos humanos, podemos nos projetar consciencialmente e manipular corpos artificiais e semimateriais à distância, os quais, sujeitos a determinadas circunstâncias, podem ser percebidos e sentido pelos humanos encarnados. Afinal, são corpos de natureza etérica, mais densa, e não espiritual.
“Parta na companhia dos espectros. Para isso, colocarei à sua disposição um veículo especial, a mais recente invenção entregue por meus asseclas. Forjado em matéria quintessenciada da atmosfera terrestre, acrescida de outros elementos desconhecidos inclusive por você, vai atende-lo perfeitamente em sua missão. Desça até as coordenadas que deixarei registradas no sistema de navegação. Lá, faça a conexão com os duplos de matéria etérica e inaugure a nova era em que os espectros voltarão a andar pelo mundo, enquanto seus corpos mentais repousarão nos nichos preparados para este fim, no campo vibratório para onde se dirigirá. “
O daimon mal conseguiu conter a respiração acelerada. Então o número 1 já havia arquitetado um plano de contingência.
De súbito, o símbolo sumiu, de modo surpreendente, como quando apareceu. O senhor dos dragões, o maioral, transmitira suas instruções e não deixara alternativa; ao número 2, só restava obedecer.
Ele conhecia a história do povo da Terra, dos humanos que habitavam a superfície. Acompanhou detalhadamente a formação da civilização e sabia muito bem como manipular as questões políticas com o objetivo de deflagrar uma guerra. O número 1 estava certo; era preciso admitir. Um conflito armado de grandes proporções seria suficiente para despertar as atenções dos agentes encarnados do Cordeiro, bem como manter ocupados os representantes da justiça, os guardiões, de forma que os dragões ganhassem mais tempo para desenvolver seus planos. O jogo cósmico havia começado. Algo estava para acontecer, senão o maioral não haveria tomado essa decisão pessoalmente.
Supunha-se que, no momento em que irrompesse a guerra, os religiosos, os espiritualistas e demais agentes da justiça no mundo se dispersariam, pois sua história apontava para essa reação. Apesar de gradativamente os guardiões se aproximarem mais e mais das principais bases dos dragões, teriam de recuar se uma guerra se tornasse iminente.
Até onde chegariam os modernos seguidores do Cordeiro na eventualidade de o poder dos dragões ser descoberto e aceito entre eles como uma realidade? E como reagiriam ante um evento verdadeiramente global, colocando fim ao aparente estado de paz que domina as nações? Quer dizer, havia uma série de confrontos regionais em progresso, alguns com mais destaque do que outros, a depender da representatividade das peças envolvidas. Nada muito distante do que sempre houve. Porém, tudo poderia se desenrolar de modo bem diferente, caso a humanidade se visse em uma guerra de proporções mundiais.
A religião e os religiosos, que ainda travavam lutas entre si, arrefeceriam e regrediriam consideravelmente. Os recentes avanços do conhecimento espiritual seriam postos em xeque e cessariam sua marcha. Assim, a ameaça que constituem os filhos do Cordeiro seria praticamente anulada. De modo geral, os homens gastariam seu tempo na reconstrução da civilização, e os espiritualistas, em vez de se dedicarem ao estudo aprofundado e a investirem contra o sistema dos dragões, seriam inebriados numa onda de sentimentos de caridade, empregando seu tempo para consolar os aflitos e socorrer os remanescentes da guerra. Além disso, eles próprios se veriam perdidos em meio a tantas crises e calamidades, que certamente abalariam indefinitivamente as vidas de todos.
Essa movimentação no mundo espiritual, relacionada diretamente com o nosso mundo material, percebido e interpretado pelos médiuns, é de fundamental importância para compreendermos a necessidade de nos envolver na luta que se desenvolva entre a luz e as trevas. Uma das armas que as trevas possuem, é o sentimento da dúvida no mundo espiritual, na sua organização e na sua ascendência sobre nós. Daí sermos facilmente manipulados, e fazer o que as trevas desejam, independente de nossas intensões de ser uma pessoa de bem, de boa vontade.
Sejamos espertos! Tenhamos fé! E ação!