OS CURADORES DO SENHOR - Uma cirurgia espiritual
Ilustração: Cirurgiões operando com a assistência de Jesus. Fonte: Internet
Ilustração: Cirurgiões operando com a assistência de Jesus. Fonte: Internet
- Apresentação
- Uma cirurgia espiritual
- Referências
Apresentação
O livro OS CURADORES DO SENHOR, de Antônio Lobo Guimarães (pseudônimo literário de Antônio Carlos Guimarães) foi lançado em e-book pelo site O CONSOLADOR, da revista eletrônica semanal espírita de mesmo nome. Confira aqui:
Veja a seguir um trecho desse livro.
Uma cirurgia espiritual
No romance OS CURADORES DO SENHOR, o espírito Paulus vem a ser, em futura reencarnação, o médico espanhol Pablo Torre Abengoza. E o espírito Adelfo, o médico e pesquisador Odamil Cezarino. Daí: Paulus/Pablo Abengoza e Cezarino/Adelfo.
Num passo do livro, o pesquisador Cezarino narra uma cirurgia espiritual a que ele assistiu, realizada pelo médico Pablo Abengoza, por meio de Afonsina (a médium).
Eis o texto:
Em nosso último encontro, Abengoza falou-me:
– Olhe bem este irmão – apontando um senhor quase calvo, com tufos laterais de cabelos grisalhos, rosto cavado, intensamente pálido, só pele e osso, deitado na cama improvisada.
– Ele tem um câncer em avançado estágio – prosseguiu – que começou no estômago e espalhou metástases pelo esôfago e intestinos. Os médicos da Terra abriram, viram o estado adiantado do tumor e o fecharam sem operar. Deram a ele três meses de vida e dois já se passaram. Não vamos poder curá-lo, mas podemos dar-lhe alguns meses de “prorrogação” e melhorar suas condições de alimentação e excreção, que se acham seriamente comprometidas. Vamos também aliviar suas dores, que opiáceos poderosos não têm podido controlar. A fé deste irmão e as preces de seus familiares conquistaram do Alto essa elevada benção.
A seguir, tomou-me pelo braço e disse: – Você não é mais um cirurgião, não é, meu jovem Adelfo?
Um calafrio percorreu-me a espinha ao ouvir tal chamamento: Não é, meu jovem Adelfo? E num relance revi o impetuoso Paulus a exigir atenção para as demonstrações cirúrgicas que fazia aos subordinados na Roma Antiga. Demorei um momento, e respondi inseguro, premido pela perturbadora lembrança:
– Não, doutor Abengoza, não. – Não me chame de doutor. Somos colegas e eu já não sou mais o seu chefe-instrutor. – Sim – eu disse. – Você não opera mais? – perguntou. – Não, nunca operei... quer dizer, não nesta existência, pelo que me informou o Padre Benedito... – respondi. – Pois hoje você vai operar – falou num tom grave e decisivo.
E tomou minha mão, pegou o canivete que descansava sobre a mesa, passou-o na própria roupa, para lá e para cá, limpando-o como pôde, e o depositou, ainda com resíduos de sangue, na palma de minha mão, e fechou-a, depois a ergueu, dizendo:
– Segure firme, cirurgião! Lembre-se da lição de Aulus Cornelius Celsus – mão firme, nunca trêmula!
E orou. Era a “assepsia”.
Senti como se uma força descomunal me conduzisse a mão, quando Abengoza, com sua destra sobre a minha, enfiou profundamente a lâmina do canivete em certo ponto do abdome do pobre velho, que, de olhos abertos e cheios de esperança, parecia nada sentir. Notei que minha mão conduzida por Abengoza introduzia e girava vigorosamente a lâmina na região ventral do doente. Após alguns instantes, levantou o canivete, e presos a sua lâmina vieram pedaços de um tecido corrompido e malcheiroso.
– Eis o “olho” do câncer! – disse. – Por uns tempos, ele vai ficar bem melhor.
E agilmente tomou um tufo de algodão, ergueu-o, e orando disse:
– Senhor, abençoa o remédio para a cura deste irmão! E forte cheiro de álcool sabendo a aroma de ervas invadiu o local. Depois, botou o algodão sobre o corte, comprimiu-o e orou novamente.
Por fim, olhou-me significativamente e comentou baixinho:
– Esse irmão, quando retornar ao mundo espiritual, voltará com o seu perispírito “já consertado”.
Quando o idoso se levantou agradecendo comovido ao “dotô Abengoso”, notei que não havia sinais de hemorragia e apenas alguns pontos vermelhos sobre sua barriga indicavam ter havido ali a pressão de algum instrumento. Em seguida deixou o local e foi substituído por outro “paciente”, que também seria operado.
Referências
Os curadores do Senhor [e-boo]. Antônio Carlos Guimarães. Londrina, PR, EVOC, 2019. Disponível aqui
- Uma cirurgia espiritual
- Referências
Apresentação
O livro OS CURADORES DO SENHOR, de Antônio Lobo Guimarães (pseudônimo literário de Antônio Carlos Guimarães) foi lançado em e-book pelo site O CONSOLADOR, da revista eletrônica semanal espírita de mesmo nome. Confira aqui:
Veja a seguir um trecho desse livro.
Uma cirurgia espiritual
No romance OS CURADORES DO SENHOR, o espírito Paulus vem a ser, em futura reencarnação, o médico espanhol Pablo Torre Abengoza. E o espírito Adelfo, o médico e pesquisador Odamil Cezarino. Daí: Paulus/Pablo Abengoza e Cezarino/Adelfo.
Eis o texto:
Em nosso último encontro, Abengoza falou-me:
– Olhe bem este irmão – apontando um senhor quase calvo, com tufos laterais de cabelos grisalhos, rosto cavado, intensamente pálido, só pele e osso, deitado na cama improvisada.
– Ele tem um câncer em avançado estágio – prosseguiu – que começou no estômago e espalhou metástases pelo esôfago e intestinos. Os médicos da Terra abriram, viram o estado adiantado do tumor e o fecharam sem operar. Deram a ele três meses de vida e dois já se passaram. Não vamos poder curá-lo, mas podemos dar-lhe alguns meses de “prorrogação” e melhorar suas condições de alimentação e excreção, que se acham seriamente comprometidas. Vamos também aliviar suas dores, que opiáceos poderosos não têm podido controlar. A fé deste irmão e as preces de seus familiares conquistaram do Alto essa elevada benção.
A seguir, tomou-me pelo braço e disse: – Você não é mais um cirurgião, não é, meu jovem Adelfo?
Um calafrio percorreu-me a espinha ao ouvir tal chamamento: Não é, meu jovem Adelfo? E num relance revi o impetuoso Paulus a exigir atenção para as demonstrações cirúrgicas que fazia aos subordinados na Roma Antiga. Demorei um momento, e respondi inseguro, premido pela perturbadora lembrança:
– Não, doutor Abengoza, não. – Não me chame de doutor. Somos colegas e eu já não sou mais o seu chefe-instrutor. – Sim – eu disse. – Você não opera mais? – perguntou. – Não, nunca operei... quer dizer, não nesta existência, pelo que me informou o Padre Benedito... – respondi. – Pois hoje você vai operar – falou num tom grave e decisivo.
E tomou minha mão, pegou o canivete que descansava sobre a mesa, passou-o na própria roupa, para lá e para cá, limpando-o como pôde, e o depositou, ainda com resíduos de sangue, na palma de minha mão, e fechou-a, depois a ergueu, dizendo:
– Segure firme, cirurgião! Lembre-se da lição de Aulus Cornelius Celsus – mão firme, nunca trêmula!
E orou. Era a “assepsia”.
Senti como se uma força descomunal me conduzisse a mão, quando Abengoza, com sua destra sobre a minha, enfiou profundamente a lâmina do canivete em certo ponto do abdome do pobre velho, que, de olhos abertos e cheios de esperança, parecia nada sentir. Notei que minha mão conduzida por Abengoza introduzia e girava vigorosamente a lâmina na região ventral do doente. Após alguns instantes, levantou o canivete, e presos a sua lâmina vieram pedaços de um tecido corrompido e malcheiroso.
– Eis o “olho” do câncer! – disse. – Por uns tempos, ele vai ficar bem melhor.
E agilmente tomou um tufo de algodão, ergueu-o, e orando disse:
– Senhor, abençoa o remédio para a cura deste irmão! E forte cheiro de álcool sabendo a aroma de ervas invadiu o local. Depois, botou o algodão sobre o corte, comprimiu-o e orou novamente.
Por fim, olhou-me significativamente e comentou baixinho:
– Esse irmão, quando retornar ao mundo espiritual, voltará com o seu perispírito “já consertado”.
Quando o idoso se levantou agradecendo comovido ao “dotô Abengoso”, notei que não havia sinais de hemorragia e apenas alguns pontos vermelhos sobre sua barriga indicavam ter havido ali a pressão de algum instrumento. Em seguida deixou o local e foi substituído por outro “paciente”, que também seria operado.
Referências
Os curadores do Senhor [e-boo]. Antônio Carlos Guimarães. Londrina, PR, EVOC, 2019. Disponível aqui