Vida - O Preâmbulo da Morte

A vida tem a capacidade de nos surpreender diuturnamente. Pude constatar este fato no último dia 23 deste mês, durante a cerimônia do sepultamento do meu irmão; o José, quando, naquele local fúnebre, pude constatar a beleza da verdadeira comunhão, onde pessoas de diversos credos e crenças, se encontravam unidas em torno de um mesmo sentimento; o sentimento da perda de um ente querido.

Pensei então na maravilha que é, o milagre da nossa existência! Onde a cada noite que finda surge um novo dia, e este novo dia -como o próprio nome já diz- é 'um novo dia'. Isto quer dizer que tudo aquilo que aconteceu ontem, ou anteriormente, já é antigo; não é mais novidade e não pode mais fazer parte deste dia que se inicia, este sim certamente, nos trará muitas novidades.

Ao alvorecer de cada dia, o que aconteceu ontem já faz parte do passado; um passado recente, mas apenas um passado... E o passado é construído por uma sucessão de dias e noites que já se passaram em nossas vidas e que, assim como as águas de um rio, jamais tornarão a passar pelos mesmos momentos. Por isso muitos costumam comparar as nossas vidas a um rio. Mas as águas de um rio, quase sempre desaguam no mar, enquanto que as 'águas da vida' que formam o 'Rio de Água Viva'; estas sempre terminam na morte.

As águas do rio quando chegam ao mar, sofrem uma transformação em seu estado (de líquido a gasoso), formando as nuvens de chuva, e acabam por retornar ao seu estado original reiniciando assim este seu ciclo interminável, enquanto que a vida não é um ciclo. A vida é um caminho sem volta, cujo destino inexorável é a morte. E é isto que nos assusta; porque a morte é capaz de causar uma dor crônica no coração de quem perde um ente querido...

A vida é um Dom de Deus, por isso devemos sim; vive-la intensamente. No entanto é bom não esquecer que a vida também é um preâmbulo da morte.

"Não Há Mal Que Sempre Dure", diz o ditado.

E com a morte não é diferente, pois existe uma coisa capaz de amenizar este sofrimento de perda que tanto aflige a nós simples mortais; é a certeza da Vida Eterna. Como o Padre Arnaldo disse certa vez em uma Homilia no 'Dia de Finados': "Quando morre um ente querido, não devemos afligir os nossos corações com o sentimento de perda. Devemos acreditar que ele apenas nos precedeu na caminhada rumo à Vida Eterna, e que se já não o vemos mais na 'estrada da vida', é porque ele simplesmente 'dobrou' uma curva, e que nós um dia também chegaremos lá."

Para aquele que crê na Ressurreição; a Vida em Cristo Jesus é o Caminho da Santidade, enquanto que a morte é a chave que abre as portas para a Eternidade.