Diário de uma escrava que se tornou santa.
Por Roberto Italo Zanini (Org.)
A narração apresentada em Josefina Bakhita, o coração nos martelava no peito: diário de uma escrava que se tornou santa, é, de fato, a única fonte certa das tribulações que caracterizam a juventude da santa. O manuscrito original foi ditado por ela mesma, em 1910, aos quarenta anos de idade e dezessete de noviciado. Bakhita, da Congregação das Filhas da Caridade, de Madalena de Canossa, tornou-se símbolo de uma história de enorme sofrimento e do triste drama da escravidão, mas, também, símbolo da mulher que não se deixa abater por sua pesada condição.
“Enquanto escrava, nunca me desesperei, porque sentia dentro de mim uma força misteriosa que me sustentava. Estive mergulhada na lama, porém nunca me sujei. Por graça de Deus, fui sempre preservada. Nossa Senhora me protegeu, ainda que eu não a conhecesse”, trecho retirado do capítulo de Pensamentos de Bakhita. Além dos pensamentos da santa, a obra também relata sua vida como escrava; infância, rapto, sua venda a mercadores de escravos, suas fugas e saída da África. Também fala sobre a escravidão, ontem e hoje, abordando a questão do tráfico oriental e ocidental.
De acordo com o Cardeal Gabriel Zubier Wako, arcebispo de Cartum, Sudão, país onde Bakhita nasceu, a vida da santa, antes no Sudão, depois na Itália, é a história do amor de Deus que salva e redime, “que ergue do monturo os pobres, para fazê-los assentar-se entre os grandes do seu povo”, ressalta. A história ajuda a iluminar o mistério pascal: da grande passagem da morte para a vida, da escravidão para a liberdade, do desespero para a esperança.
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Oito de fevereiro é o dia dedicado a Santa Bakhita
Roberto Italo Zanini (Org.)