Cumprindo a missão na simplicidade de ser.
Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista (Mat 11:11). Há poucos homens a quem Jesus tenha rendido honra tão grande como a João Batista. Começa perguntando às pessoas que tinham ido ver o deserto, em tão consideráveis multidões, quando foram ver João. Mas não foram ver um homem vestido com roupas luxuosas e elegantes? Tal homem, naquela época, teria sido um cortesão, e João, fosse o que fosse, certamente não era um cortesão. João não conhecia a arte cortesã de adular aos reis; seguia o perigoso caminho de dizer a verdade, até aos reis. Era embaixador de Deus, não cortesão das regalias de uma sociedade.
Os fariseus, famosos por serem moralistas e por serem versados na lei de Deus, ficaram abalados com seu discurso. Este homem estranho e simples julgava falsa a postura religiosa reinante. Ninguém tinha tal ousadia, mas o homem do deserto não tinha compromisso com a sociedade. Não sabia o que era status social, não tinha interesses subjacentes, queria apenas ser fiel a sua missão e a Deus. Dizia aos líderes religiosos que eles eram carrascos, pois aprisionavam as pessoas no pequeno mundo das suas vaidades e das suas verdades, e de seus eitos, preceito e preconceitos. Pela primeira vez na história, alguém chamou a casta mais nobre de religiosos de raça de víboras: belos por fora, mas venenosos por dentro. Porque estes ortodoxos não se importavam com as lágrimas dos outros. Faltavam-lhes amor, compaixão e empatia pelos sofridos da sociedade. Eles só amavam a si mesmos. E ainda hoje assim o é, cabe a cada um de nós olhar para Cristo e perguntar o que prego e faço coaduna com os seus ensinamentos?
O simples homem do deserto era tão ousado que não poupou nem mesmo o violento governador daquelas terras: Herodes Antipas. Tal ousadia custou-lhe caro, pois foi decapitado. Mas ele não se importava de morrer, queria ser fiel à sua consciência. Por fora era mais um João; mas por dentro, era um homem que tinha a missão preparar o mundo para Jesus. Ele inaugurou a era da honestidade da consciência. Uma era que se perdeu nos dias atuais, na qual a aparência vale mais do que o conteúdo. Pode se estar podre por dentro, mas se houver fama e dinheiro, há valorização.
Mas João usando apenas a ferramenta das ideias, ele afrontou o impermeável sistema religioso da época e o intocável império romano. Suas ideias contagiaram a muitos desde os grandes aos pequenos, as pessoas de toda a Judeia, Galileia e da cidade de Jerusalém afluíam para ouvi-lo nas margens do Jordão. E ao ouvi-lo, em sua curta pregação se arrependiam e mudavam a sua mente e abriam o leque dos seus pensamentos.
E então elas entravam nas águas do Jordão e saíam de lá para escrever uma nova história. Tal gesto é o batismo nas águas hoje uma ordenança de Cristo Jesus e seus efeitos psicológico e espiritual são fascinantes, uma mudança de rota existencial a partir das águas comum e cristalinas, para a água de uma vida que segue além da vida. As gotas que escorrem pelo enchem de esperança alma humana. Gotas de água percorriam e percorrem os vincos do rosto irrigam as dobras da alma. Então cabe a cada um de nós que se diz Cristão olhar o exemplo de João que em sua simplicidade cumpriu com nobreza a sua real missão a ponto de ser elogiado por Jesus Cristo o Senhor. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars).