A luta pelo poder
A igreja ortodoxa ucraniana se separa formalmente da russa, dizem as manchetes.
Consta dos registros históricos que “o Grande Cisma que causou a ruptura da Igreja ocorreu a partir do ano 1054 quando os líderes da Igreja de Constantinopla e da Igreja de Roma excomungaram-se mutuamente”. O Papa de Roma mandou um recado pro Patriarca de Constantinopla dizendo que se Deus era um só, não poderia haver um Papa e um Patriarca. Devendo a primazia caber a Roma. Como Constantinopla não aceitou, Roma decidiu excomungar o Patriarca. Que fez o mesmo com o Papa católico.
Podemos inferir que essa luta pelo poder nada tem de religioso. A questão é absolutamente política. Como a atual questão entre a Ucrânia e Moscou.
Os cardeais, patriarcas, papas, monges, rabinos, etc. podem estar preocupados com os desígnios ou fundamentos de Deus. Mas não negligenciam a fração de poder que a cada um caberá. Porque poder significa vantagens, sempre em número maior que os ônus. Nós – fiéis, infiéis, cristãos, mulçumanos, evangélicos, etc. – é que fazemos questão de enxergar a questão apenas do ponto de vista religioso ou espiritual.
Segundo o que aprendemos a considerar, o único religioso que abriu mão das vantagens físicas e materiais decorrentes do extremo poder político que teve, e que o levou à tortura e à perda da vida, foi o chamado filho de Deus. E que continuou na Idade Moderna sendo reverenciado por todos os próceres de todas as religiões que, não obstante, não abrem mão de tudo o que o poder lhes possa conceder. Incluindo-se, eventual ou muito frequentemente, a prerrogativa do abuso sexual de menores e inocentes, em sua maioria. Em todo o mundo. Tudo sempre em nome de Deus.
Rio, 06/01/2019