ANA E A AUTO-IMAGEM DISTORCIDA – UMA HISTÓRIA PSICOLÓGICA

1 Samuel 1

Ana — E a sua dor

Um homem, chamado Elcana tinha duas mulheres, Penina que tinha filhos e Ana que não os tinha.

Embora, desde o início, o padrão perfeito de Deus para a família fosse um marido e uma esposa, "por causa da dureza do [...] coração" (Mt 19:8) dos homens, Deus permitiu a poligamia. Veja Deuteronômio 21:15-17.

Todos os anos Elcana subia a Siló para sacrificar. Ali estavam os sacerdotes, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli.

Penina, a outra esposa de Elcana, provocava muito a Ana por que ela não tinha filhos. E isto acontecia de ano em ano, porque Ana era estéril, então ela chorava e não comia.

Certo dia que Ana subiu ao templo em Siló, ela chorava amargurada, porém só movia os lábios, ela orava no seu coração, não se ouviam as palavras. Ela fez um voto ao Senhor de dar a criança, se Deus lhe desse um filho (Nazireado, assim como Sansão). Eli achou que ela estava bêbada e a repreendeu, no que Ana falou que estava amargurada e que não tinha bebido nada. Ela convenceu o sacerdote que a abençoou, dizendo: Vá em paz e o Deus de Israel lhe dê o que pediu ao Senhor.

A impressão que o verso 19 nos dá é que Ana ficou grávida na mesma noite. E nasceu Samuel que foi entregue ao Templo com a idade aproximada de 5 anos. Depois disso Deus abençoou Ana que teve outros filhos.

A ESTERILIDADE

Ana era estéril. Ela não podia gerar uma nova vida, uma nova situação. Havia uma área da vida de Ana que estava paralisada, mas ela se recusava a deixar assim e subia ao templo de ano em ano e orava ao Senhor. Ana, com a sua atitude de resistir à sua esterilidade e buscar ao Senhor, profetizava com sua atitude, para o mundo espiritual, que em breve o Senhor lhe daria o que ela pedia. A situação aos olhos da carne poderia estar definida, mas espiritualmente não. Ana não se dobrava ao que a vida queria lhe impor.

Algumas mulheres da Bíblia que eram estéreis nos ensinam com a recusa de sua esterilidade, que orando podemos ainda ser prósperos e gerar na área que aparentemente está morta. Exatamente aquela área morta de nossas vidas é a que devemos mais orar, até que aconteça.

Maria mãe de Jesus ficou grávida do Espírito Santo sem que fosse dito que ela era estéril. Maria podia gerar, mas não do Espírito. Maria dá um passo a mais na questão do estéril na Bíblia. Deus pode até mesmo fazer o fértil gerar mais e melhor, na direção Dele.

Ana fez um voto de Nazireu com o filho que pedia a Deus. O menino que Deus lhe desse seria consagrado ao Senhor, toda a sua vida. E nasceu Samuel, um dos maiores homens da história. Samuel levou o povo agrário a um reinado, levantando e ungindo o primeiro rei - Saul - e o segundo - Davi. Uma das coisas que mais gosto de notar em Samuel é que ele levantou escolas em todo o Israel da época. Israel foi um dos primeiros países do mundo a ser letrado, saber ler e escrever.

Ana nos mostra com sua atitude uma resistência ao Diabo e aos poderes das trevas. “Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes.” Ef 6.13

Nós até podemos ter uma idéia equivocada que o Diabo está lutando demais conosco e qaunaod nós estávamos no mundo não havia essa Batalha Espiritual. O problema é que os demônios lutam contra todos os homens, mas os não cristãos praticantes, os ímpios, não sabem disso e nem se importam. Nós nos importamos. A grande questão, quando a pessoa entra na Igreja é que ela vai a partir de agora resistir onde os demônios tentam dominar as nossas vidas. Nós não aceitamos mais uma vida financeira ruim, nós não aceitamos mais a doença, nós não aceitamos mais o nosso pecado.

Acredito que uma das maiores resistências que demonstramos é contra o nosso pecado. O homem herdou o pecado original de Adão e Eva. Não é querer ou não o pecado, ele está dentro de nós, é uma força espiritual que sem Deus o homem não vence. Mas quando nos tornamos cristãos resistimos a tudo o que os demônios impõem e até mesmo lutamos contra a nossa natureza.

Nós temos uma auto-imagem que nos fala que estamos lutando contra o nosso pecado pois somos coitadinhos, mas não é isso, diria até que é o contrário e Deus se agrada de nós, por estarmos lutando, resistindo. Milhões não estão resistindo, mas n´´os estamos. Nós não estamos nos dobrando a nada que o Diabo tenha querido trazer as nossa vidas , nem ao nosso pecado interior, que ele quer aflorar. Quanto mais o Diabo quer colocar para fora o nosso pecado, mais a gente ora e jejua pedindo a libertação. Quanto mais sofremos financeiramente mais a gente ora, jejua, dizima, oferta. Quanto mais doentes ficamos mais a gente faz campanhas, profecias e repreendemos os demônios. Quanto mais ele tenta, mais nós resistimos e oramos e choramos aos pés do Senhor. Essa resistência é sinal de vitória completa em todas as áreas, principalmente na área diretamente afetada. Deus vai nos dar vitória, você não é coitadinho coisa nenhuma. Você é forte, pois está lutando contra a sua natureza. E tenho uma boa noticia alvissareira – você está vencendo.

Na batalha Espiritual precisamos entender que o Diabo cansa (Mateus 12.43). É isso mesmo, ele cansa. E é ai que a gente ganha.

O VOTO DE NAZIREU

A Bíblia de Liderança Cristã diz que Ana Ana orou sincera, específica e sacrificalmente. Ela fez um voto de Nazireu se Deus lhe desse um filho. Isso é, o menino teria que cumprir algumas regras. Ele não poderia beber vinho e nem bebida forte, não poderia cortar o cabelo edeveria evitar o contato com cadáveres. O Nazireu abriria mão de certos direitos ou opções afim de viver segundo um padrão mais elevado, eles praticariam a lei do sacrifício. O nazireu fazia isso não para ser superior aos outros, mas para se disciplinarem contras as tentações do mundo.

Que lições se escondem por detrás do voto do nazireu?

Abster-se de beber vinho ou bebida forte - nos ensina que o homem não deve alienar-se seja de que forma for das situações. A bebida exagerada faz o homem perder os sentidos e Deus quer que o homem esteja com seus sentidos alertas todo o tempo de sua existência. Isso vai além da bebida, pois hoje as pessoas tem outros meios também ruins de alienar-se, que são fugas da realidade, como o uso exagerado das mídias sociais, por exemplo.

Evitar contaminação com cadáveres – fala de integridade, pureza, buscar um padrão santo. Eu sou pregador e entendo que algumas vezes a maneira que a Bíblia apresenta um conceito é exagerado para que possamos compreende-lo facilmente. Não tocar em cadáver é não tocar em coisa morta e nem se envolver com elas. Existem muitas situações que levam à morte espiritual e que devemos evitá-las. O que te afasta de Deus é morte. Pessoas que te afastam de Deus trazem em si morte. Alguns filmes e séries trazem morte. Algumas musicas trazem morte e afastamento do Espírito Santo.

Não cortar o cabelo – nos fala de imagem, recusa de permitir que a moda lhe conduza.

ANA E A AUTO-IMAGEM FERIDA

Essa história de Ana esconde uma questão pouco pensada na Teologia: A auto-imagem.

A imagem é a maneira que as pessoas nos vêem e a auto-imagem é amaneira como eu me vejo.

À primeira vista os sentimentos de Ana não eram exatamente bons e puros, pois ela se incomodava com a imagem que ela passava e com a auto-imagem que ela tinha de si mesma. Penina a outra mulher do seu marido, zombava dela por ela não ter filhos. Ana sentia-se rebaixada por causa disso. Ana sentia-se diminuída por isso. A Imagem de Ana - como as pessoas a enxergavam - estava abalada, e a auto-imagem também.

A AUTO-IMAGEM DE ALGUNS PREGADORES

Todos temos uma imagem social, que é como gostaríamos de sermos vistos, mas existe uma diferença enorme da maneira que nos vêem e da maneira que acho que nos vêem.

Aos olhos de todo pregador – por exemplo - ele acha que é o melhor do mundo e não é. Existem balizas, técnicas, regras da homilética que vai mostrar o que é uma boa pregação e o que não é. Uma boa pregação deve ter começo, meio e fim. O pregador não vai só no púlpito e faz um ajuntamento de um monte de versículos e vai soltando um por um, sem um sentido lógico. Outra coisa é que não basta ter conhecimento, tem que saber transmiti-lo de forma adequada e simples. Os melhores pregadores são os que dão a impressão que pregar é muito simples. O pregador deve se fazer ser entendível para todos os níveis de ouvintes, desde a criança até o teólogo que houver na Igreja. A sua mensagem tem que alimentar a todo mundo e não apenas a uma pequena parcela de gente – em geral os novos convertidos. Pregar para novo convertido é fácil, eles não sabem nada mesmo. A auto-imagem que alguns pregadores fazem de si mesmos não é real, e o pior é que muitos não admitem criticas. Os que mais pregam na Igreja são os pastores. Pastor é gente como a gente e precisa de vez em quando de uma reciclagem. Se dissermos que a palavra do pastor naquela noite não estava tão boa assim, ele pode achar que estamos atacando o seu ministério e não é isso.

PASTORES QUE ACHAM QUE ESTÃO NUM OUTRO PATAMAR ESPIRITUAL

Veio para a esquina de minha casa uma Igreja nova, com gente que eu não conhecia. Cantam lindamente, até hoje. Acabei eu e a família indo para lá, por comodismo, era do lado de casa. Passado muito pouco tempo, notei que eles vinham de uma outra vila, distância de uma meia-hora andando. Eu indaguei como eles acabaram chegando ali e alugando aquele salão, o pastor nos disse que sentiu de Deus que deveria abrir uma Igreja naquele bairro – o meu – que ele não conhecia até então. Eu acabei sendo aceito pela Igreja e como sou presbítero – acreditando até hoje que o cargo nos permite mostrar o que deve melhorar –, lhes falei que se saíram de um outro bairro e foram para ali, porque Deus tinha motivos para isso. Acredito que a questão era uma Igreja nova no bairro ser relevante para esse mesmo bairro. O que a Igreja iria fazer pelo bairro onde estava chegando? era a minha questão. Indagar essas coisas, principalmente nas reuniões ministeriais causou mal estar e inimizade. A Igreja não tinha propósitos de fazer nada no bairro e não fez até hoje. Eu sai dessa Igreja, quando ela fez um ano. Se tornou insuportável para mim continuar. Hoje ela tem quatro anos e está no mesmo lugar de sempre, mas nunca os vi evangelizar nenhuma pessoa, nunca os vi dar uma cesta básica para ninguém do bairro. Quando lá estava, indaguei sério porque eles vieram para ali, se não era para fazer nada para aquele bairro? Como se vê, não gostaram disso.

Algumas pessoas da própria Igreja – principalmente os amigos do pastor e especialmente a sua esposa – achavam que eu estava atacando a pessoa do pastor, mas a minha indagação era e ainda é: Porquê Deus levou aquela Igreja para aquele bairro? Se era para eles não serem relevantes no bairro, porque não abriram a Igreja próximos de suas casas? Porque em outro bairro?

Existem ministérios independentes que acreditam que os pastores estão num outro patamar e criticar alguma coisa, qualquer coisa de sua Igreja é ir contra o anjo da Igreja e não é. Igrejas grandes, que tem mais de um pastor dirigindo a Igreja, compreende melhor essas questões. Mas os ministérios pequenos, que sofreram muito para se erguerem, não admitem criticas nenhuma, achando que todas são destrutivas. Eles se fecham para melhorar. Sobre esses não adianta Deus mandar ninguém para ajudá-los pois não aceitam. Seus sistemas – aos seus olhos são os únicos corretos. Daí está a grande dificuldade em se aceitar o ministério de um obreiro que não tenha nascido na própria Igreja – ele é tido como um inimigo da fé. A imagem que alguns pastores têm de si mesmos é irreal. A Imagem de algumas Igrejas é irreal.

Hoje a musica ocupa um terço de nossos cultos. Vá achar criticas para o ministério de musica de sua Igreja. Diga que não gostou da escolha daqueles hinos que tocaram domingo - por exemplo -, ai você vai ver a confusão armada para o seu lado. As pessoas não gostam de criticas, pois tem uma imagem distorcida de si mesmos.

A IMAGEM IRREAL E A REAL

A imagem que fazemos de nós pode não condizer com a realidade. Uma maneira de saber como nos vêem de verdade é perguntando o que acham de nós. Escute e não reclame, escute. O nosso chefe pode nos achar preguiçoso; a nossa esposa pode nos achar indecisos; os filhos podem achar que fazemos promessas e não cumprimos; os amigos podem não nos levar a sério; os irmãos da igreja podem não nos achar convertidos. Deveríamos prestar atenção nessas coisas.

A Imagem social, a imagem que queremos passar para a sociedade pode não ser a imagem real que gostaria que me vissem. Alguns sabem que não está passando a imagem correta a respeito de si e sofrem muito com isso. Alguns se importam muito como as pessoas o enxergam. Eu já ouvi muito a frase: O que vão pensar de mim? Importa mesmo como vão pensar de você?

IMAGEM DOENTIA

Ana estava sofrendo porque ela tinha um conceito orgulhoso de si. Orgulho é achar que se é mais do que se é na verdade. Ana era a segunda esposa de um homem. A outra tinha filhos e ela não. Ana era a segunda, a preterida, a escanteada. E eu gosto desse termo “escanteada” pois dá a impressão que é alguém jogado de lado, lá no fundo, lá no canto. Igual aquele homem que estava no templo e tinha um problema e Jesus o chamou para o centro. Nos parece que Deus tem uma predileção por gente assim: escanteadas e gosta de usar esses e os chamar para o centro, para a frente, para a vista de todos.

Ana se importava como a viam. Ela sofria pois tinha uma auto-imagem dela que não era real. Talvez a vida toda dela ela tenha achado que era importante, mas quando casou e os filhos não vieram e a oponente a sua rival, tinha um filho atrás do outro e ela não, para aquela sociedade que a mulher era tida como importante, quanto mais filhos colocasse no mundo, Ana era uma Zé-ninguém. Saber-se estéril, saber-se abalada na sua imagem, afetou a auto-imagem de Ana e trouxe um sentimento doentio.

As anoréxicas, as mulheres que são extremamente magras, se sentem gordas e isso é doentio. Tenho conversado com algumas pessoas que me transparecem os seus problemas e algumas delas se ressentem demais como é que as pessoas as enxergam. Algumas vivem uma imagem irreal, comprando o que não gosta, comendo o que não gosta, fazendo coisas que não gosta, trabalhando onde não gosta e depois não sabem porque se sentem constantemente mau consigo mesmas, como se estivesse sabotando a própria vida.

Quem de nós, se pudesse não largava o emprego que tem agora e se dedicaria ao que realmente gosta? Muitos não é verdade? Eu já fiz isso. O meu primeiro emprego foi numa gráfica, onde fiquei dez anos. Quando sai de lá, ainda trabalhei em mais algumas gráficas, mas sai com a certeza avassaladora que eu odiava trabalhar com papel. O papel vem embrulhado em resmas, que são pacotes enormes e pesados. O papel corta a mão, machuca e dá gastura. Eu optei por sair da gráfica que era a minha profissão. Hoje trabalho com informática, que amo de paixão. Você sabe que gosta de alguma coisa, quando se vê trabalhando na hora de folga e tem a impressão que está brincando. Eu trabalho o dia inteiro com computadores e quando em casa, a primeira coisa que faço é ir para o computador. Eu gosto do que faço. Liberte-se da sua imagem irreal e viva o real.

As muitas preocupações de como nos olham pode ser um fardo pesado para nós. Nós nos deixamos levar pelo que vão dizer de nós. Na escola as meninas e meninos compram o celular ultimo tipo, não porque estavam insatisfeitos com o anterior, mas para dizer que tem o modelo novo, que todo mundo tem. As pessoas usam sapatos que apertam o pé e são incômodos porque é socialmente aceito assim. A novela dita a moda. A TV dita à moral humana. Porque a TV prega o homossexualismo – o que é contrário à Bíblia – muitos o estão experimentando.

Pais com uma imagem pessoal doente, geram filhos doentes. Uma sociedade que prima pelo que se tem e não pelo que se é, cria um povo doente emocionalmente. Pessoas adoentadas estão fazendo dividas que não podem. Novos casais fazem casamentos que não podem pagar. As pessoas gastam o que não tem e se endividam no Natal, para dar presentes, algumas vezes, para pessoas que não gostam.

A IMAGEM DO ORGULHO

Ana precisava ter um filho para mudar a sua imagem de uma mulher estéril. Acreditava ela que o seu marido gostaria mais dela se ela tivesse ao menos um filho. Notamos que o sentimento de Ana era complexo, pois a idéia dela era ter um filho e devolve-lo a Deus. Ela ficaria com o menino durante algum tempo – o tempo do desmame – e quando o menino tivesse uma certa idade ele seria levado ao templo. O que parece ter acontecido com o menino agora com cinco anos de idade. Ana demonstrava um sentimento de orgulho, pois ela precisava ter um filho, andaria com ele - mostraria ele – a todo mundo e um dia devolveria a Deus. Ana queria a sua benção, quando a conseguisse a mostraria a todos e então a daria definitivamente a Deus. Ana queria ter a sensação de poder ter tido a sua benção que ela queria e depois a daria a Deus.

Ana não era uma pessoa ruim, pelo contrário, mas os nossos sentimentos e ações escondem sentimentos e ações escondidos dentro de nós que nós não imaginamos. À primeira vista o sentimento de Ana era orgulhoso – ela precisava ter o que todo mundo tinha e ela não.

Penina, a outra esposa do seu marido, fora o canal que ativou o seu sentimento escondido. Enquanto Penina não tinha filhos não haviam problemas, mas desde o momento em que Penina começou a ter filhos, fez fazê-la acreditar que Ana era de um nível inferior. Ana tinha o principal que era o amor de seu marido, mas não enxergava que só isso bastava. Ana precisava ter um filho para mostrar - principalmente – para Penina. A grande questão era Ana poder mostrar para Penina que ela podia ter um filho um dia.

O TRATAMENTO DE DEUS

Os sentimentos de Ana foram aflorados por Penina. Através de Penina Deus tratou de Ana. Deus trouxe para fora um sentimento que a estava adoentando. Alguém já disse poeticamente, que o choro são os sentimentos que já não cabem mais no peito e saem pelos olhos. Ana não agüentava mais os seus sentimentos controversos e subia de ano em ano ao Senhor para orar. É interessante que mesmo que os sentimentosde Ana fossem os mesmo que os de Satanás quando se revoltou contra Deus no Céu – o orgulho que o fazia imaginar-se mais do que na verdade era – Ana ainda assim se submeteu ao Senhor e submeteu os seus sentimentos a Deus, para Deus tratá-los.

Na grande maioria do tempo nós não entendemos os nossos sentimentos e agimos por impulso fazendo coisas que nos arrependemos rapidamente. Mas fica em nós muitas vezes a sensação que fizemos algo, sem saber por quê.

A imagem que os outros tem de nós e a imagem que gostaríamos que tivessem são cosias que nos afetam diretamente. O pobre é afetado pela imagem, o rico também. A esposa, por ser esposa tem uma imagem frente às outras esposas. Todos temos uma imagem a zelar. Aquela Igreja não aceita criticas porque tem uma imagem a zelar. A empresa tem uma imagem a zelar, por isso tem os recalls.

IMAGEM FANTASIA

Alguns se contentam com uma imagem fantasia. Assim como uma empresa que usa um nome fantasia e não o real. Algumas pessoas - quando a gente passa a conviver com elas mais de perto - a gente se decepciona, pois as enxergamos na sua inteireza e o que enxergamos não gostamos. Eu já ouvi alguém dizer para outro alguém: Eu não sabia que você era assim.

Mas não é só negativo a imagem que temos. Julgamos muitas vezes o livro pela capa. Porque aquela pessoa é bem vestida, ou porque o seu dizimo é constante e maior, dá-se mais oportunidades a ela no culto. Julgam-se as pessoas na empresa pela sua roupa. Julgam-se os homens e as mulheres pela aparência. Acredita-se que mulheres bonitas são mais inteligentes, o que sabemos que não pode ser real. Uma mulher muito bonita acreditamos que é amável, afável, carinhosa e podemos nos enganar redondamente. Um homem bonito não é sinônimo de uma pessoa boa. A aparência não deve ditar regras.

Me lembro do testemunho de uma irmã bem velhinha que ia sempre nos cultos. Ela quase não tinha oportunidades, ficando no seu cantinho orando. Ai a irmã morreu e a Igreja virou uma confusão, entrando pelo pecado, brigas, fofocas e as pessoas notaram que a única coisa que mudara era a irmã que quietinha ficava orando pela Igreja. Ela foi levada pelo Senhor e só ai é que a Igreja percebeu o quanto ela fazia falta.

Os melhores pregadores não são exatamente os mais bonitos, ou os mais famosos. O melhor Técnico de Informática não é o que mais diplomas têm. Os maiores Teólogos não são os que têm um diploma maior. O melhor governante não é exatamente o mais popular.

IMAGEM VIRTUAL

Hoje em dia está em moda uma nova modalidade de imagem - a virtual. As pessoas são uma coisa na realidade, mas nas mídias sociais querem passar uma imagem totalmente diferente, descolada, sexy, bonita. A imagem virtual é como um fantasma. Me lembro de uma amiga pobrinha, que num Natal se encostou num carrão que estava na rua e colocou a mão sobre ele, enquanto outro batia a foto que ia mandar para os pais, em outro estado. A foto dava a impressão que o carro era dela. Era essa a imagem que passava.

Tem pessoas que tem casa para inglês ver. Tem pessoas que tem TV para inglês ver. Sobre a TV eu também gostaria de uma grandona, bonita, de marca, mas eu já descobri que não me importo, na verdade com o tamanho da TV, mas com a qualidade do que assisto. Hoje temos Netflix, Internet, Utorrent, filmes e séries novos e antigos. O que mais importa pra mim não é o tamanho da TV, mas a programação. Outro dia estava assistindo um filme no celular e estava gostando muito.

PRECISAMOS CUIDAR DA IMAGEM

É claro que precisamos cuidar da nossa imagem, mas não precisamos adoecer por causa disso. Ana à beira de receber a sua benção estava adoentada. Nós cuidamos da nossa imagem tomando banho, nos perfumando, se vestindo bem, mesmo sem a ocasião, com o cabelinho arrumadinho. Nós cuidamos da nossa imagem fazendo o nosso trabalho corretamente, sem dar margem para reclamações. Nós cuidamos da nossa imagem sendo honestos.

Precisamos nos preocupar menos com a nossa imagem e agir corretamente. Tomando atitudes corretas ainda assim as pessoas vão nos enxergar de várias formas. A minha mãe me enxerga como filho. O meu irmão mais novo me enxerga como o irmão mais velho. O meu chefe me enxerga como subordinado. A esposa me vê como o marido. As filhas me vêem como o pai. E assim vai.

As conseqüências de um nome ferido

O psiquiatra e escritor Augusto Cury nos conta uma história.

“Certa vez, no início da minha carreira, atendi um paciente que há 12 anos não saía de casa. Era portador de fobia social, um prisioneiro em sua própria casa. Ao tentar sair, tinha crises de ansiedade, insegurança, medo de ser observado. Além disso, experimentava diversos sintomas psicossomáticos, como taquicardia, falta de ar, tremores, vertigem, suor excessivo.

Analisando a sua história, compreendi que desde a adolescência esse homem já era introspectivo, hipersensível, tímido e excessivamente preocupado com a opinião dos outros. Era um ser humano ótimo para a sociedade, mas autopunitivo e super-exigente consigo mesmo.

Atravessara uma crise financeira em que tinha perdido tudo, em especial o seu "nome". Apesar de ser agricultor experiente, o fracasso da última colheita coincidira com a queda dos preços. Perdeu o crédito no banco e o crédito em si mesmo. A partir daí começou a viver num casulo, encerrado em casa. Desencadeou, assim, um transtorno psíquico chamado fobia social.

Não suportou a dívida financeira nem a dívida da emoção. Sem autoconfiança, sua auto-estima e sua auto-imagem esfacelaram-se. É fundamental não nos esquecermos de que o mundo pode não acreditar em nós e nos rechaçar, mas, ainda assim, somos capazes de sobreviver psiquicamente. Quando, porém, não acreditamos em nós mesmos e nos auto-abandonamos, é quase impossível não adoecer.

A mente do meu paciente virou um palco de terror. Idéias negativas roubavam-lhe a paz. Sentia-se policiado e desconfortável em qualquer lugar público. Escondeu-se no pequeno mundo da sua casa, mas quem pode fugir de si mesmo? Ninguém. Não há um lugar neste mundo onde possamos nos esconder de nós mesmos.

Inúmeras pessoas tentaram resgatá-lo, mas ele era resistente. Os psiquiatras e psicólogos são como agricultores, mas só conseguem ajudar a cultivar o território da psique se os pacientes permitem. Nem sempre o insucesso do tratamento está na falta de experiência dos terapeutas, mas na resistência dos pacientes em deixar sua clausura.

No início do tratamento, meu paciente não abria espaço para que eu pudesse ajudá-lo. Sentia-se o pior dos homens, o mais incapaz. Dizia que seu nome nunca seria restaurado. Seria sempre visto como um mau pagador, malsucedido, um fracassado. Em vez de empurrá-lo para fora de casa, estimulei-o a freqüentar as avenidas do seu ser. Incentivei-o a resgatar sua identidade, a confrontar seus fantasmas, principalmente o fantasma da honra ferida, o monstro do nome dilacerado, a necessidade neurótica de se preocupar com a opinião dos outros e de ter sua imagem social intocada. Enquanto penetrava no tecido da sua história, encorajei-o a questionar os seus dogmas. Algo único ocorreu depois de 12 anos de masmorra psíquica. Pouco a pouco, ele desenvolveu consciência crítica sobre seu conflito, resgatou a liderança do eu e deixou de ser um espectador passivo de seu drama interior.

O agricultor conheceu o mais complexo dos solos - o da sua personalidade – e começou a lavrá-lo com inteligência. Meses depois reeditou algumas zonas de conflito no inconsciente e inseriu-se novamente na sociedade, feliz, radiante. Parecia um menino que descobriu a liberdade e resgatou o prazer mais excelente diante da vida.

Diariamente milhares de pessoas em todas as sociedades lutam para preservar seu próprio nome, sua imagem. Algumas têm uma necessidade neurótica de autopromoção e se empenham para tornar seu nome célebre. Outras sentem uma necessidade compulsiva de colocar seu nome nos anais da história. Muitas pagam para sair nas colunas sociais. Há mesmo as que se dizem tão humildes, que têm orgulho da própria humildade.”

A IMAGEM DE DEUS

“Carl Jung comentou sobre as imagens construídas no inconsciente coletivo (Jung). Quanto menos se conhece alguém, mais corremos o risco de construir a sua imagem de maneira distorcida, aumentando-a ou diminuindo-a. Através desse mecanismo, muitos carrascos viraram heróis ao longo da história, e muitos heróis se transformaram em carrascos na mente das futuras gerações. Preenchemos a falta de elementos que definem a personalidade de uma pessoa com fantasias, imaginações, superstições. Por nunca terem visto, tocado e se relacionado com Deus sem barreiras e distâncias, as pessoas das mais diversas culturas e religiões construíram no inconsciente coletivo uma imagem do Criador. Uma característica comum na construção dessa imagem em todas as religiões, incluindo as cristãs, é que Ele é intocável, incompreensível.” Augusto Cury – Os segredos do Pai-Nosso.

IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

Deus em sua graça e amor, nos modelou à sua “imagem”, no que se refere à personalidade do homem – mente , vontade, emoção, liberdade – mais que a aparência física. (Efésios 4:24; Colossenses 3:10.)

Isso significa que o que importa não é exatamente o que pensam de nós, ou até mesmo o que nós pensamos de nós, mas o que Deus afirma que somos nas Escrituras. Somos filhos, chamados para herdar o Reino. A nossa preocupação deve estar , não em agradar aos homens e á moda, que é variável e volátil, mudando toda hora. O que hoje é importante, amanhã pode não ser. A geladeira ultimo tipo, depois de cinco anos é velharia. As roupas da moda da década de oitenta, hoje para nós são ridículas. Os valores que ficam é o que importa.

Nas empresas, escolas, instituições, igrejas, sinagogas, mesquitas, precisamos de homens e mulheres que enxerguem além da imagem e ouçam além dos limites do som. Somos ainda assustados pelo fantasma da aparência, da imagem e pior da minha imagem que tenho em relação aos outros - a minha auto-imagem. Ainda julgamos os outros pela aparência, pela roupa, pelo carro, pelo “ter” e não pelo “ser”. Não podemos julgar ninguém pelo que tem, mas pelo que é. Eu não posso me julgar pelo ter, mas pelo ser. O que estou passando hoje, ou o que tenho hoje, não define o que sou e nem quem sou.

“Muitos dos seguidores têm uma falsa imagem de seus líderes, considerando-os infalíveis, imunes às misérias psíquicas dos mortais e aos transtornos dos "comuns". Mas quem não atravessa os vales da ansiedade patológica em alguns momentos da vida? Quem não sofre alguns transtornos emocionais? Quem não é subjugado por algumas características doentias da personalidade?” Augusto Cury

ENXERGANDOALÉMDOS LIMITES DA IMAGEM

Precisamos enxergar além dos limites da imagem os outros e a nós mesmos. Eu sou o que a Bíblia diz que sou e nada menos que isso. Os outros são o que a Bíblia diz quem são. No quesito imagem e auto-imagem, a nossa base é Deus.

JESUS ERA RESOLVIDO

Somos engessados, temos uma preocupação neurótica com nossa imagem social e com a opinião alheia. Jesus, não. Era espontâneo, solto, vibrante. Creio que o Deus que ele revelava tem as mesmas características. Tal Pai, tal filho.

A firmeza de Jesus é porque ele sabia exatamente quem era e para onde ia; ele conhecia o plano de Deus para a sua vida. Jesus não se importava de forma alguma com a imagem que os homens pensavam dele.

CERTA VEZ JESUS PERGUNTOU: QUEM OS HOMENS DIZEM QUE SOU?

“Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Mateus 16.13-16

Jesus sabia quem era: Eu sou o pão da vida; Eu sou a luz do mundo; Eu sou aquele que dá testemunho de mim mesmo; eu sou de cima; Eu sou Ele; Eu sou a portadas ovelhas; eu sou o bom pastor; Eu sou a ressurreição e a vida; Eu sou o caminho, a verdade e a vida; Eu sou em meu Pai; Eu sou a videira verdadeira; Eu sou Jesus.

A PALAVRA DE DEUS VAI NOS DIZENDO QUEM SOMOS

Quando chegamos a Jesus, chegamos todos complicados e confusos, com o tempo vamos entendendo quem somos e quem deveremos ser. Deus tem ministérios e planejamentos para cada vida.

A RESTAURAÇÃO DA IMAGEM DE ANA

Apesar de que Ana demonstrou uma sentimento orgulhoso, devemos observar a época em que isso aconteceu. Naquele tempo a sociedade olhava as mulheres pelos filhos que tinham e Deus sabia disso. Pode ser que Ana não conhecia as técnicas novas de compreensão da mente, mas ela sentia que algo ia errado na sua vida. Ana precisava de um filho e Deus lhe deu esse filho. Deus reverteu a situação de Ana para bênçãos.

Deus reconhece a imagem ferida do homem e o quanto ele precisa preservar o seu “nome”. Deus não quer que tenhamos auto-imagens distorcidas de nós, que nos adoentam. Deus quer o homem inteiro, completo e feliz. Ana tinha uma situação a ser resolvida e ela escolheu resolve-la orando, indo ao Templo, buscando Deus e confiando nele. Deus recompensou a atitude de Ana. Deus tratou a auto-imagem depreciativa de Ana e ela passou a ter filhos e filhas e um dia ela nem se lembrava mais porque sofreu tanto à época.

Um dia – conforme diz o ditado – vamos olhar para trás e rir de tudo isso. Se Deus quiser.

Amém

Paulo Sérgio Lários

pslarios
Enviado por pslarios em 25/01/2019
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