JUDAS ISCARIOTES – O FILHO DA PERDIÇÃO
Eu não estou falando a respeito de todos vós; (pois conheço aqueles que escolhi); mas é necessário que isso ocorra para que se cumpra a Escritura...". Essas foram as palavras do Senhor Jesus na ocasião da celebração da Ceia do Senhor, quando Ele revelou aquele que o haveria de trair (Jo 13.18).
Mas, afinal quem era Judas? Porque ele traiu Jesus? Ele creu em Jesus? Houve arrependimento sincero em Judas por ter traído Jesus? Será que ele alguma vez foi salvo? Estas são apenas algumas perguntas mais comuns que todo leitor da Bíblia faz a respeito deste personagem. Nas próximas linhas, iremos esclarecer estas dúvidas biblicamente.
O significado de seu nome
De acordo com os evangelhos canônicos, Judas Iscariotes foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo. Foi um traidor que, entregou o Senhor Jesus aos algozes soldados romanos por trinta moedas de prata. O nome Ιουδάς Ioudas, “Judas” de origem hebraica, Yehudhah, possui um significado muito bonito: “Louvor a Deus, (aquele que exalta a Deusl”! Sem dúvidas, o significado de seu nome era uma bênção, um tributo de glória para Deus. Seu nome é mencionado cerca de quarenta e duas vezes no Novo Testamento, com maior ênfase no evangelho segundo escreveu o apóstolo João. Curiosamente seu nome aparece em último lugar da lista dos doze apóstolos (Mt 10.4).
A sua naturalidade
O sobrenome Ισκαριώτης Iskariôtês, também de origem hebraica, Qeryoth, quer dizer, “habitante de Queriote”. Alguns historiadores acreditam que o sobrenome de Judas esteja relacionado à sua naturalidade, outros, porém, dizem que, é proveniente de Simão Iscariotes, o pai de Judas (Jo 6.71; 13.26). Portanto, se os estudiosos estiverem certos, então Judas seria o único apóstolo que não era Galileu, pois de acordo com a geografia bíblica, a cidade de Queriote ficava ao extremo sul da Judéia (Js 15.25).
Judas nuca creu em Jesus
De acordo com os evangelhos, Judas Iscariotes foi um homem de grandes privilégios. Ele foi chamado por Jesus, para ser um dos apóstolos, com a grande tarefa de pregar o Evangelho. Ele viu Jesus face a face, ouviu os Seus ensinamentos, viu os grandes sinais e milagres que Jesus realizou. Mas, apesar disso, ele nunca creu no Senhor Jesus. O evangelho segundo escreveu o apóstolo João fala que “Jesus sabia desde o princípio, quem era os que não criam e quem o haveria de trair” (Jo 6.64). Judas era um traidor. Aparentemente ele esteve “próximo” de Jesus, mas na verdade, seu coração sempre esteve muito distante do Salvador. Judas nunca pertenceu a Cristo, ele nunca teve um relacionamento genuíno com o Filho de Deus. Isso está muito claro nos evangelhos.
Judas nunca se arrependeu
Em Mateus 27.3, está escrito: E sucedeu que Judas, seu traidor, ao ver que Jesus havia sido condenado, sentiu terrível “remorso”... No texto original grego a palavra remorso é μεταμέλομαι metamelomai, “mudança meramente emocional”. Isso prova de maneira incontestável que, Judas nunca se arrependeu de fato. Nunca houve nele uma mudança total de escolha, de pensamento e de atitude quanto ao pecado, pelo contrário, ele teve remorso, não um arrependimento genuíno. O arrependimento sincero para salvação reflete de forma indizível a fé em Jesus Cristo, e isto Judas nunca demonstrou ter. O apóstolo Paulo fala da grande distinção entre remorso e arrependimento. “A tristeza, conforme o Senhor, não produz “remorso”, mas sim uma qualidade de “arrependimento” que conduz a salvação; porém, a tristeza do mundo traz a morte (2Co 7.10).
Se compararmos as atitudes de Judas em relação a declaração de Tomé, veremos que este de fato agiu com incredulidade quando disse: “Se eu não ver as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20.25), todavia, Tomé creu no Senhor Jesus ao declarar: “Senhor meu, e Deus meu” (Jo 20.28). Por outro lado, Judas nunca creu em Jesus como Seu Senhor e Salvador.
Judas foi predestinado a trair Jesus
O testemunho insofismável das Escrituras nos fala que Judas, era “ladrão”, “um diabo”, “traidor” e, “o filho da perdição”. Judas era impiedoso, seu coração era egoísta. Mas, a pergunta que não quer se calar é a seguinte: Porque Judas traiu Jesus? Ele foi predestinado a trair Jesus, ou poderia ter agido diferente? Aqueles que não acreditam que Deus possa reprovar alguém, no sentido de condenar sem dar sequer uma chance, não acreditam também que Judas tenha sido escolhido, (predestinado) para fazer o que fez, ou seja, trair Jesus. Alguns, incoerentemente, afirmam que qualquer um dos discípulos poderia ter feito o mesmo. Porém, essa teoria humanista não está em harmonia com a Escritura.
Judas foi o traidor porque estava destinado por Deus a fazer o que fez. Há injustiça de Deus nisso? De modo nenhum. Deus tem misericórdia de quem Ele quer, e tem compaixão de quem Ele quer. E quem é o homem para indagar Deus? E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição. Confira Romanos (9). A verdade é que Judas nunca foi salvo, a Bíblia apresenta provas claras disso, pois ela diz que Judas era “o filho da perdição” (Jo 17.12). Além disso, haviam profecias no Antigo Testamento que o Messias haveria de ser traído, e do próprio ato da traição (Sl 41.9; 55.12-14; 69.25; 109.8; Zc 11.12). O agente executor desse ato era Judas (At 1.16-20). O Senhor Jesus confirmou tais profecias ao dizer: “O Filho do Homem vai segundo o que está determinado” (Lc 22.22; Mt 26.24). Com isso, Jesus estava dizendo que tudo o que estava escrito a Seu respeito, inclusive Sua traição, prisão e morte, está de acordo com o decreto eterno e imutável de Deus. Todavia, isso não anula a responsabilidade de Judas por seus atos. No mesmo texto de (Lc 22.22) Jesus revela não somente os decretos eternos de Deus, mas também aponta de forma clara e indiscutível para a responsabilidade humana: “Mas, ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído”.
Ainda sobre a traição, Jesus demonstrou claramente que Judas foi escolhido para isso mesmo. “Não vos escolhi a vós os doze? Contudo, um de vós é um diabo” (Jo 6.70). E, Jesus sabia disso desde o princípio, o Mestre não foi pego de surpresa. Ele sabia quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de “trair” (Jo 6.64). Portanto, não havia a possibilidade de algum dos outros discípulos ser o traidor. Judas apenas seguiu seu destino.
Judas nunca foi salvo
Em primeiro lugar é importante destacar que, Judas não perdeu a salvação porque traiu Jesus, como muitos ensinam. Na verdade ele nunca foi salvo. Em segundo lugar, vale lembrar que Judas nuca esteve em desvantagem em relação aos demais apóstolos. Definitivamente Jesus não o excluiu de maneira alguma. Mesmo assim ele nunca foi salvo. Apesar de estar entre os doze, Judas era um “diabo” διάβολος diabolos, “acusador” (Jo 6.70,71), e, também era ladrão (Jo 12.6). Ele teve seus pés lavados assim como os demais apóstolos, mas nunca esteve “limpo” καθαρός katharos, “puro”, “sem culpa” (Jo 13.10). Ele viu com os próprios olhos o “Verbo” “encarnado” λόγος σάρξ logos sarks, assentou-se a mesa com o “Pão da vida” ἄρτος τῆς ζωῆς artos tês dzoês, contudo, Judas nunca creu em Jesus.
Ele nunca se arrependeu de ter traído Jesus, pelo contrário, sentiu apenas remorso ao ver que Jesus havia sido condenado (Mt 27.3). É de suma importância ressaltar que desde a queda de Adão no Éden, o pecado corrompeu completamente a natureza humana, levando o homem ao estado de depravação total. Assim estava Judas, morto em seus delitos e pecados, incapaz de entender as coisas espirituais, e sem nenhuma sensibilidade para implorar pelo perdão do Salvador. Ainda que muitos não entendam, o fato é que, se, Deus não conceder Sua graça soberana na salvação do homem, este, por sua própria escolha, mesmo contemplando o maior dos milagres, jamais poderá ser salvo. Ninguém tem a capacidade de vir a Jesus a menos que o Pai o traga (Jo 6.44). O caso de Judas é um exemplo claro disso. Definitivamente ele nunca teve o seu nome escrito no Livro da vida.
“O Senhor conhece os que são seus”.
JESUS FAZ A DIFERENÇA