Jesus Cristo sendo Deus não teve vergonha de ser humano.
E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. (Lucas 2:52). Este versículo faz parte de uma passagem que tem início no versículo quarenta e dois, e nos relata o dia em que Jesus descobriu quem era. E aqui há uma coisa a se notar o descobrimento não o fez orgulhoso. Não o fez desprezar a seus humildes pais, a gentil Maria e o trabalhador José. Voltou para seu lar, e estava sujeito a eles. O mesmo fato de que era o Filho de Deus o fazia um filho perfeito para seus pais humanos. Isso nos ensina que obedecer a Deus não está em desprezar as ataduras da Terra; mas sim no nobre zelo de desempenhar as tarefas humanas com suprema fidelidade.
Aqui também nos revela um vívido ensinamento de Jesus para as nossas vidas. Como ser humano Jesus sempre abalou os alicerces da inteligência de todos aqueles que cruzavam sua vida. Dos discípulos aos opositores, dos leprosos às prostitutas, das pessoas iletradas aos mestres da lei, enfim, todos ficavam intrigados com sua perspicácia, rapidez de raciocínio, eloquência, amabilidade, delicadeza de gestos e reações que demonstravam poder. Entretanto, houve um dia no Getsêmani, Ele verbalizou dois pensamentos inéditos ao seu vocabulário. E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai. (Marcos 14:34). Jesus sempre soube da cruz e jamais fugiu dela e nem tão pouco deixou que a ansiedade destruísse a obra de seus ensinamentos.
E até mesmo no momento que estava próximo a sofrer na cruz Ele faz algo nobre. Primeiro se dirigi aos próximos, quando diz: “A minha alma está profundamente angustiada”. Mas em sua oração, Ele vai mais longe e disse: “Pai, se possível, afaste de mim este cálice, todavia não faça o que quero, mas sim o que Tu queres”. Aqui Jesus mais uma vez nos ensina a orar, quando analisamos a frase que Ele diz e entendemos que Ele veio para morrer por nós. Entendemos também que seu pedido era para que o Pai tirasse por um momento de sua mente as cenas horripilantes do dia do calvário. Ou seja, para que o Pai o consolasse em sua ansiedade.
E entendemos isso porque em outra feita Ele disse: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.(Mateus 26:41). Seu ser interior, “seu espírito”, estava preparado para morrer, pois era forte, estável e determinado. Porém, seu ser exterior, “sua carne”, era frágil, fraca e sujeita a transtornos quase que incontroláveis em determinadas situações, como ocorre com qualquer ser humano. Dizer que a carne é fraca significa dizer que o corpo físico, embora complexo, está sujeito a frio, fome, dor, alterações metabólicas. Indica que há uma unidade entre “psique” (alma) e a vida física ou o corpo (Soma) e que esta vida, por meio dos instintos, prevalece muitas vezes sobre a psique, principalmente quando estamos tensos ou vivenciando qualquer tipo de dor. Anulando assim a força do espírito (Pneuma).
Jesus teve a coragem de dizer que estava profundamente angustiado e teve a autenticidade de clamar a Deus para que afastasse dele o seu martírio. Se tudo em nossa vida fosse sobrenatural, não haveria beleza e sensibilidade, pois quaisquer um está sujeito a angústias, médicos, pacientes, padres, pastores e assim por diante são sujeitos a transtornos psíquicos e situacionais todos nós somos sujeitos a erros e dificuldades. O maior problema está em querermos negar a nossa humanidade querendo ser maior ou ser somente seres espirituais, enquanto Jesus Cristo o Senhor não se envergonhou de ser humano.
E por fim vemos que Jesus só deixou-se envolver pela emoção tensa e em sua produção de pensamentos horas antes de morrer. Se, durante a sua jornada, não soubesse administrar a sua inteligência, ele estrangularia a sua emoção, pois, por estar consciente do drama que atravessaria, ficaria atormentado continuamente na sua mente, o que não lhe daria condições para brilhar na arte de pensar, ser sereno, afetivo e dócil com todas as pessoas que cruzavam a sua história. E Ele o fez porque teve a humildade de pedir socorro ao Pai. Então aqui aprendemos que devemos reconhecer as nossas fraquezas, que devemos viver os momentos conferindo a eles o seu real valor e se a ansiedade bater será na oração e encontraremos o conforto do Espirito Santo, até porque, ser Cristão não é ser um super-humano, mas sim ser humano na humildade do amor, que serve sempre. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars).