SÉRIE LIVROS CRISTÃOS - A LUZ DAS NOSSAS MENTES

O livro de Vincent Cheung inicia assim:

O antiintelectualismo prevalece no Cristianismo evangélico moderno. Livros e sermões advogam uma fé mística e irracional, e muitos que alegam ser povo de Deus “gostam dessas coisas” (Jeremias 5:31). A tendência é tão predominante que algumas pessoas associam intimamente o antiintelectualismo com Cristianismo, afirmando uma disjunção auto-imposta entre fé e razão, de forma que se requer um “salto de fé” irracional para que alguém abrace a cosmovisão cristã.

Contudo, esta ‘fé” não é a fé cristã. Longe de favorecer um pensamento irracional, a cosmovisão bíblica resgata, preserva e exalta o intelecto, mais do que qualquer outra cosmovisão. Criado à imagem de Deus, a mente do homem é a parte dele que caiu em pecado, e é a parte dele que é renovada e reconstruída na conversão. O processo subseqüente de santificação da mesma forma envolve o desenvolvimento do intelecto em conformidade ao conteúdo do ensino bíblico, que é “a renovação da sua mente” (Romanos 12:2). Paulo escreve que uma pessoa que passou pela regeneração “está sendo renovado em conhecimento” (Colossenses 3:10). Através do profeta Jeremias, Deus diz que os “pastores segundo o meu coração” são aqueles que conduzirão seu povo “com conhecimento e com inteligência” (Jeremias 3:15).

MEU COMENTÁRIO

Dia desses estava ouvindo a Bispa Fê da Igreja Renascer, nos contar que Jonas é um livro praticamente infantil, na sua narrativa onde foca em Jonas sendo engolido por um peixe. Esses dias num, culto em casa com a família, a esposa e as filhas, li 1 Samuel 3, que nos mostra Deus chamando Samuel. A mensagem é clara e quase infantil: ao ouvir Deus chamar, devemos responder afirmativamente.

Por outro lado temos na Bíblia livros como Romanos, que ainda é um enigma para muitas pessoas.

No capítulo 1 o autor comenta o livro de Alister McGrath “Intelectuais não precisam de Deus e de outros mitos modernos”: “Em conexão com isso, o livro tem como uma das suas teses centrais que muitos, ou até mesmo a maioria dos indivíduos rejeitam o Cristianismo, não principalmente por causa de quaisquer objeções intelectuais insuperáveis, mas por causa de outros fatores tais como aplicabilidade existencial. Assim, ele escreve: “O Cristianismo deve se recomendar em termos de sua relevância para vida, não simplesmente por sua racionalidade inerente”.

RELEVANCIA PARA A VIDA EM OPOSIÇÃO A RACIONALIDADE INERENTE

O professor de Oxford, Alister McGrath, quer tentar dizer que “O Cristianismo deve se recomendar em termos de sua relevância para vida, não simplesmente por sua racionalidade inerente”. Como aponta Cheung o livro de MacGrath é equivocado, falso e perigoso para quem deseja uma teologia fiel e bíblica.

Cheung ainda aponta que quando McGrath escreve que “Apologética não é sobre ganhar argumentos – é sobre ganhar almas”, ele contrasta ganhar argumentos com ganhar pessoas. O jogo de palavras é bastante desigual e implica que as pessoas que defendem a apologética, se preocupam mais com ganhar argumentos do que com ganhar pessoas.

Esse jogo de palavras ocorre em nossas Igrejas na prática. Há declaradamente uma escolha por um Evangelho mais popular e menos intelectual, como se ser intelectual seja defeito e não qualidade. Defendo um Evangelho mais intelectual, portanto mais maduro. O Evangelho que não defende um intelectualismo que na verdade são palavras mais elaboradas e mensagens mais bíblicas, é rasp, sem graça e desmerecedor do teor bíblico. A Igreja nunca deveria entregar menos que uma boa Palavra, visando uma excelente palavra. Porém o que vejo é o Evangelho ir ficando cada vez mais raso. Chega a me causar muita tristeza onde alguns pastores que advogam que são teólogos, outros até professores de Teologia, aceitam e propagam um Evangelho mais popular e portanto mais fraco, com idéias rasas, simplórias e místicas. Quando vemos no culto pessoas gastando o tempo da mensagem com orações, cantorias e supostas revelações que chamam o povo para a frente no final do culto, ao invés de uma palavra com começo, meio e fim, com um tema, uma mensagem cristológica, bíblica, isso dá tristeza.

Está diretamente ligada a qualidade dos novos cristãos com o declínio do púlpito. Quando exigimos que um teólogo, um homem, ou uma mulher, que ficou quatro anos estudando Teologia, a Igreja, a Bíblia, a Sociedade, prega menos que bom, ou pior advoga que o intelectualismo é desnecessário, supomos, no mínimo, um equivoco nesses supostos teólogos. A impressão que tenho é que muitos teólogos atuais brasileiros só são teólogos por causa de um diploma, mas a matéria mesmo eles não compreenderam.

Senso assim, notamos como se faz atual o livro de Vincent Cheung. A Igreja é a detentora da Bíblia e recai sobre todos os cristãos o peso de difundir essa mesma palavra. A Bíblia tem palavras e argumentos muito técnicos e específicos do cristianismo, como propiciação, novo-nascimento, sacerdócio e muitos outros. A Igreja tem obrigação de saber os termos da sua fé, porém, isso não ocorre, a não ser em alguns ambientes, e em poucas Igrejas. O que deveria ser regra é tido como defeito. Ser intelectual e conhecer a Bíblia é defeito. Eu já fui acusado de falsa humildade por ensinar uma série sobre a Cruz de Cristo. Parece ser defeito em nossos dias ser um pregador argumentista, com várias idéias. Hoje, saber é defeito.

Causa-me dor e tristeza quando um pastor teólogo nos quer convencer que é melhor uma mensagem mais simples, em detrimento de uma mais elaborada. E daí temos uma infinidade de crentes infantis e as pessoas se perguntam onde a Igreja está errando, por criar cristãos infantis e carnais. O defeito vem do púlpito com sua mensagem frouxa e mal elaborada.

“SERÃO MINHAS TESTEMUNHASS” É O MESMO QUE PREGARÃO A MENSAGEM BÍBLICA

No capítulo 2 Cheung nos fala que há um erro comum ao se interpretar Atos 1.8 de forma equivocada. “Alguns pregadores usam incorretamente Atos 1:8 para promover uma estratégia de evangelismo que enfatiza a exibição de nosso exemplo moral mais do que a pregação da mensagem do evangelho. De acordo com eles, Jesus ensina que não devemos “testemunhar” (como através de nosso discurso), mas que deveríamos antes “sermos testemunhas” (como através do nosso comportamento), e assim, eles inferem que o versículo ensina que deveríamos recomendar o evangelho por nossos exemplos bons e morais mais do que, se não no lugar, da nossa pregação do evangelho.”

Muitos pregadores acreditam que a mensagem a ser pregada é unicamente moral em detrimento à mensagem teológica, cristológica e apologética.

A MENSAGEM TEOLÓGICA

A Bíblia tem uma Teologia, ou uma maneirade explicar Deus. A nossas mensagens na Igreja deveriam explicar Deus e quais são as suas exigências para sermos abençoados. Hoje, muito do que vemos são mensagens antropológicas, que tem o homem como centro e não Deus e também mensagens de auto-ajuda. O Evangelho não é auto-ajuda e nem o homem é o centro do Evangelho. Igrejas que pregam auto-ajuda e tem o homem e as suas necessidades como centrais, não compreenderam o Evangelho ainda e estão equivocadamente pregando errado.

A MENSAGEM CRISTOLÓGICA

A centralidade absoluta do Evangelho é Cristo. Outro fato que me causa tristeza é quando alguém no culto diz que ouviu os hinos e a oração e já está satisfeito e pode já ir para casa, antes mesmo da mensagem. Isso é de um erro absurdo. Ninguém vai para o culto para cantar, ou ouvir cânticos, apesar que cantamos, nós vamos para a Igreja para ouvir falar de Deus, entender o ministério de Cristo e o que ele fez por nós.

Eu sei de cara quando uma Igreja está pregando errado quando prega quase que exclusivamente o Antigo Testamento. Um dia revoltado com a situação propus paraa Igreja pregar só o Novo Testamento durante um ano. Porém no mesmo artigo já apontava como muitos chamados pregadores são desconhecedores do Novo Testamento. A lógica é muito simples: Se estamos no Novo Testamento, o que deveríamos pregar?

A MENSAGEM APOLOGÉTICA

A palavra apologética tem a ver com as argumentações que defendem o Evangelho e combatem os erros.

Vivo repetindo que uma mensagem que prioriza as pessoas demonstra o quanto o pregador se importa com as pessoas, e também que uma mensagem que prioriza as doutrinas demonstra o quanto o pregador se importa com a Igreja. A mensagem imediatista, vem de encontro as necessidades atuais e urgentes das pessoas, mas mesmo que sejam absolutamente importantes, é a mensagem doutrinária que empurra a Igreja para frente a perpetua. O argumento também é muito simples: Se todo mundo parar de pregar doutrinas, daqui a poucos anos ninguém saberá mais doutrina alguma e os charlatães e os falsos pregadores tomarão conta da Igreja. Na verdade essa situação já acontece hoje em muitos lugares. A palavra que não prega doutrina não conhece doutrina e é levada por qualquer vento.

O DEUS DESTA ERA

O terceiro capítulo do livro de Cheung inicia com esses versículos de 2 Coríntios 4:4-6: “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Mas não pregamos nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus. Pois Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.

Cheung nos lembra que há um aspecto importante onde muitas tradições religiosas e ensinos ocultistas tem a ver com a obtenção de iluminação espiritual. “Paulo escreve que o deus desta era cega as mentes dos incrédulos – isto significa

que a natureza da cegueira espiritual é intelectual. Hoje em dia, quando até

mesmo cristãos professos têm sucumbido ao extremo antiintelectualismo, muitas

pessoas assumem que a cegueira espiritual é não-intelectual; antes, o problema

reside em algum aspecto “espiritual” indefinido no homem. Da mesma forma, eles

consideram a conversão como sendo algum tipo de evento supra-racional, se não

um evento totalmente sub-racional ou anti-racional. Contudo, eles falham em ver

que a Escritura nunca distingue o espiritual e intelectual desta maneira.”

Existe, em muitas pessoas, a ideia que ser espiritual é sinônimo de antiintelectualismo. Quer dizer que um intelectual - alguém que lê, ou tem alguns conhecimentos mais elaborados, mais técnicas de trabalho ou escolaridade, alguém pop, atualizado com as tendências da moda, ou das artes - não seja espiritual. Principalmente em nossos dias e em São Paulo, que é de onde escrevo, em que muitos tem uma escolaridade boa, ser contrário ao intelectualismo é algo no mínimo estranho. Mas na prática temos visto em nossas Igrejas mensagens para gente desprovida de mentalidade. Eu tenho a impressão que algumas de nossas mensagens foram elaboradas para débeis mentais, pois são ridículas frente aos avanços atuais e o conhecimento de muitas pessoas. Nós temos conversado com adolescentes que assistem séries televisivas difíceis e as compreendem, jovens que estão fazendo contas de física difíceis, ou envolvidos com questões complicadíssimas de filosofia, mas a mensagem de muitas Igrejas é infantil, fraca, sem pé nem cabeça, feita para pessoas desprovidas de uma mínima mentalidade.

LÍNGUA ERUDITA

A Bíblia Versão Revista e Corrigida na grafia simplificada de João Ferreira de Almeida, em Isaías 50.4 diz num dos meus versículos preferidos: “O Senhor Jeová me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado.”

Isaías era tido como o profeta erudito, formado, estudado. Ele mesmo diz dele mesmo que Deus lhe deu uma palavra erudita, intelectual, estudada. A palavra de Isaías era pratica, mesmo sendo erudita era para ser falada ao cansado. OU seja, não é porque a pessoa ouve uma palavra intelectual, que essa palavra não vá falar com ela.

Voltando a “O Cristianismo deve se recomendar em termos de sua relevância para vida, não simplesmente por sua racionalidade inerente”. Quando alguém acha que uma palavra mais elaborada, erudita, intelectual, estudada, por ser tudo isso ai, não alcança ao cansado, se engana muito. O problema das palavras que não alcançam o ouvinte não é a intelectualidade e digo: nem a falta dela, mas pregadores ruins e suas mensagens mau elaboradas.

O PROBLEMA DO MAL

O capítulo 4 fala do Problema do Mal: “Uma das objeções mais populares, porém sobreestimada, contra o Cristianismo, é o assim chamado “problema do mal”. A objeção alega que o que o Cristianismo afirma sobre Deus é logicamente irreconciliável com a existência do mal. Aqueles que fazem esta objeção afirmam que eles sabem, com certeza, que o mal existe, e, visto que isto é incompatível com o Deus cristão, então se segue que não há Deus, ou isto mostra, no mínimo, que o que o Cristianismo afirma sobre Deus é falso.”

O resumo disso é: Se Deus é bom, porque ele permite o mal? O que muitos não enxergam é que Deus não permite o mal. Existem muitas maldições que Deus vai tratar sobre esse assunto. O plano de Deus está em curso e a seu tempo os maus terão a sua paga.

O capítulo sobre O problema do mal parece fugir do escopo total do livro, mas o autor argumenta: “Agora, visto que os oponentes do Cristianismo reivindicam que o problema do mal é um argumento lógico contra o Cristianismo, em resposta precisamos somente mostrar que a existência do mal não contradiz logicamente o que o Cristianismo ensina sobre Deus. Embora a Escritura também responda suficientemente aos aspectos emocionais deste assunto, não é nossa responsabilidade apresentar e defender estas respostas dentro do contexto do debate lógico. De fato, os problemas emocionais que as pessoas têm com a existência do mal e sua falta de respostas a estes problemas são totalmente consistentes com o que a Escritura ensina. Assim, nos focaremos em responder à existência do mal como um desafio lógico.”

Enfim:

A LUZ DAS NOSSAS MENTES – VINCENT CHEUNG – E-BOOKS EVANGÉLICOS – 64 pgs.

INDICE

1- Argumente para ganhar

2- Por palavra e atitude

3- A luz das nossas mentes

4- O problema do mal

Espero que você fique com vontade de ler esse livro. Ele tem pontos mais difíceis, pois o autor é um teólogo importante, mas é um livro imprescindível para contra-argumentar com esses que acham que o Evangelho precisa ser antiintelectual.

Amém

Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 13/01/2019
Código do texto: T6549980
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