Vamos nos colocar no lugar de Deus
Vamos nos colocar no lugar de Deus. Se eu fosse Deus, desde o começo, minha preocupação seria que todos, no mundo inteiro, soubessem que sou o Deus verdadeiro. Assim, eu evitaria que outros povos adorassem demônios e falsos deuses. Desta forma, hindus, chineses, egípcios, persas, indígenas das terras americanas e tantas outras nações não parariam no lago de fogo e enxofre por não me reconhecerem. E, convenhamos, quem poderia culpar esses povos por não me reconhecerem como Deus único e verdadeiro? Tudo que fizeram de errado foi não ter me conhecido antes. E isso não foi culpa deles, mas apenas minha.
Eu, como Deus, reconheço ter cometido um primeiro erro quando elegi os hebreus para me revelar, esquecendo que se trata de um povo arengueiro e insignificante: Deveria, sendo onisciente e onipresente, ter me mostrado para todos de uma vez. Por isso tive o trabalho de mandar o meu único filho morrer na cruz e escolher os apóstolos para espalhar a verdade, mas admito que também essa escolha foi um erro pois eles não entenderam completamente a mensagem de Jesus; foi portanto necessário que Ele aparecesse, em sonho, a Paulo de Tarso explicando detalhes importantíssimos que aqueles analfabetos dos Apóstolos não haviam compreendido.
Sendo Deus, eu também não iria escolher primeiro apenas um povo. Sendo como um pai que ama todos os filhos, não posso fazer acepção de pessoas. Eu iria, desde o começo, entender que toda a humanidade é o meu povo. Ninguém acha certo que pais privilegiem um filho e discriminem outro, não é mesmo? Como Deus, devo estar acima destas características humanas.
Nenhum pai amoroso vai impor aos filhos, logo que nascem, que terão que suportar determinada carga de sofrimento para ganhar o direito de ser salvos. Então, eu não imporia uma cruz a quem quer que fosse. Por que alguém tem que carregar a cruz de sofrer por longos anos nas mãos de pais abusivos, passar fome, sofrer abuso sexual, ser humilhado ou viver uma vida privado de realizar seus sonhos? Um Deus justo quer felicidades para todos os seus filhos. Não vai determinar que uns sejam infelizes e outros não.
Assim, estando no lugar de Deus, determinarei que todos nasçam saudáveis, inteligentes e podendo ouvir, falar, ver e andar. Não deixarei que ninguém nasça aleijado, com espinha bífida, fibrose cística ou retardado, pois não parece justo que uns nasçam perfeitos e com saúde enquanto outros venham ao mundo com deficiências e limitações que dificultarão suas vidas.
Finalmente, para que todos saibam a verdade, deixarei tudo escrito num livro sem contradições, para que qualquer um que vier a lê-lo não tenha dúvidas e não sejam dadas margens a interpretações diversas que possam levar muitos a ter ideias incompletas ou erradas a meu respeito. Quero que todos saibam do meu amor e da minha benevolência e que ninguém duvide de mim. Da mesma forma, não quero que ninguém interprete o livro que deixarei escrito para a humanidade ao seu bel-prazer, para que pessoa nenhuma possa me usar conforme for conveniente, fazendo-me passar ora como alguém que dá o livre arbítrio, ora como um ser tirano e que faz os seres humanos de marionetes sem direito de decidir suas vidas.