Os novos Santoa brasleiros

OS NOVOS SANTOS BRASILEIROS

O Brasil, em seus cinco séculos de história, não produziu mais do que um santo (frei Galvão) e nenhuma santa. Quando fiz esta afirmação em uma palestra, uma pessoa perguntou se eu não havia esquecido Madre Paulina. Essa religiosa, embora tenha desenvolvido a maior parte de sua atividade no estado de Santa Catarina, não é brasileira, pois nasceu no Tirol Italiano. No terreno feminino temos apenas Albertina Berkenbrock († 1931), uma garota catarinense, a “santinha de Imarui”, elevada recentemente à categoria de beata, em um processo que se desenrola há mais de dez anos.

Com a ascensão do papa Francisco ao trono de São Pedro, parece que outros ares sopraram sobre a Igreja, ensejando maior celeridade aos processos de beatificação e canonização, tanto assim que algumas pessoas falecidas em 2018 já foram, mercê suas vidas virtuosas, declaradas “servos de Deus”, o primeiro degrau para beatificação.

O processo de canonização exige, normalmente, dois milagres comprovados. No caso de alguns mártires, no entanto, o Papa Francisco decidiu abreviar esse caminho, por meio de um decreto conhecido como canonização equipolente (equivalente), que equivale ao processo normal para declarar que determinada pessoa falecida se encontra junto de Deus, no céu, intercedendo pelos que ainda vivem na terra. Por esse instrumento, não é necessária a comprovação de milagres, desde que alguns requisitos sejam cumpridos: como o atestado histórico de sua fé católica e de suas virtudes. A Congregação para as Causas dos Santos reconhece ainda Irma Dulce († 1992) e Pe. Manoel Gonzaga (mártir) e seu coroinha Adílio Daronco, ambos mortos em 1920, no Espírito Santo.

Hoje temos alguns cristãos falecidos, ricos em méritos, como Dom Helder Câmara († 1999), Dom Paulo Evaristo Arns († 2016), Dom Luciano Mendes de Almeida († 2006) e Dom José Maria Pires († 2018) declarados “servos de Deus” no aguardo da beatificação.

O martirológio brasileiro ainda nos reserva a reflexão sobre a vida de alguns católicos que morreram em defesa da fé ou dos direitos humanos, como Pe. Josimo Tavares († 1986) assassinado por latifundiários no Maranhão. Nas mesmas condições, Margarida Alves († 1983) na Paraíba e o padre João Bosco Burnier, S.J. († 1976) assassinado por militares, no Mato Grosso. Há ainda o caso das trinta pessoas católicas, mártires da fé, trucidadas em 1645 no Rio Grande do Norte por uma “inquisição” de calvinistas holandeses, beatificados por João Paulo II como “proto-mártires brasileiros”.

Fala-se no Brasil na elevação da Dra. Zilda Arns, médica morta em um terremoto no Haiti, num trabalho humanitário († 2017) e no índio Sepé Tiaraju à condição de “servos de Deus”.

O auro=or é Doutor em Teologia Mortal