UNÇÃO

A unção significa que a uma pessoa pode ser aplicada azeite, óleo comestível, tinta cal com um objetivo espiritual. A pessoa se torna assim um ungido, um Cristo. No grego clássico a expressão descreve processos corriqueiros, como “esfregar levemente” ou “espalhar” cosmético (azeite, óleos) no corpo, após o banho. Também pode se referir ao preparo de flechas para a batalha aplicando veneno nas pontas, ou aplicar tinta, cal, em alguma superfície ou objeto.

O padrão de tradução usado na LXX (Versão dos Setenta – Septuaginta) e traduzido pelo grego, remete ao ato de untar com azeite, óleo ou gordura. Esse padrão de tradução utilizado na LXX serviu de modelo para os escritores do Novo Testamento, razão pela qual é aconselhável priorizar o sentido hebraico (semítico) desses termos para uma melhor compreensão do vocábulo “Cristo”.

Aplicado de forma rotineira ou cotidiana, o verbo “ungir” poderia se referir a ação de aplicar óleo ao corpo, passar óleo em um escudo, ou pintar uma casa.

No contexto do ritual religioso judaico “ungir” envolvia a aplicação cerimonial de óleo no tabernáculo, no altar ou na bacia, ou até mesmo a aplicação de óleo sobre o animal que serviria de oferta pelo pecado

No contexto da administração, o verbo “ungir” designava a investidura cerimonial em cargos de liderança, uma atividade que envolvia o derramamento do óleo que estava num chifre sobre a cabeça da pessoa investida no cargo.

A unção em Israel, no âmbito religioso, indicava uma separação oficial para o serviço divino. No entanto, o título de Messias não evocava um catálogo fixo de atividades, deveres ou obrigações, antes, propunha a questão de se saber para qual atividade aquele ungido específico foi comissionado.

Essa missão divina podia assumir diversas formas: 1) Deus unge ou comissiona Reis para representá-lo e para concretizar na Terra, seu reinado divino de justiça, retidão e paz; 2) Sacerdotes são ungidos para dirigir o culto; 3) Profetas são ungidos para comunicar a vontade de Deus e para combater práticas consideradas pecaminosas.

É desconcertante o caso do Rei pagão da Pérsia, Ciro, nomeado nas escrituras hebraicas como “ungido” ou “messias”, já que Deus lhe entregou a tarefa de libertar os exilados hebreus, residentes na Babilônia no Séc. VI aC

Essa história reforça a ideia de que não há um rol taxativo das tarefas típicas de um “messias”, ao contrário, demonstra que mesmo um pagão pode ser comissionado para uma missão divina.

No contexto no qual o Brasil está indicado para ser a “Pátria do Evangelho e Coração do Mundo” necessita da unção de alguém para cumprir esta tarefa. Deus tem os seus próprios caminhos os quais muitas vezes não compreendemos. Na minha forma de raciocinar, Deus permitiu que o Brasil se cobrisse de escândalos, de corruptos e corruptores, que a nação se visse mergulhada na iniquidade, com prejuízos financeiros, sociais e morais, para que surgisse uma voz, mesmo simplória e até insignificante, como Davi frente à Golias, para que o povo despertasse para a justiça e fizesse a sua unção na forma de milhões de pessoas abarrotando as ruas das diversas cidades brasileiras, sem recursos financeiros, sem quaisquer estruturas políticas, inclusive rejeitando a verba pública para alimentar a campanha política por considera-la iníqua.

Assim, Jair Bolsonaro, que tem Messias em seu nome, surge cada vez mais caracterizado como essa pessoa ungida capaz de concretizar a vontade de Deus em solo brasileiro, e para isso o seu slogan de campanha é bem significativo: “Brasil acima de tudo; Deus acima de todos”.