Vivendo as emoções sem medo de sentir.
E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. (Mat 26:37,38). Eis uma passagem à qual devemos nos aproximar com profunda reverência. Aqui Jesus nos ensina algo que todo líder e todo ser humano deve trazer guardado em seu coração. Aqui o mestre dos mestres, aqui Senhor dos senhores abre a sua alma para nos ensinar que a vida é feita de entendermos quem somos na profundidade do ser.
Vemos a agonia de Jesus. Agora estava bem seguro de que tinha a morte pela frente. O próprio fôlego da morte estava sobre Ele. Ninguém quer morrer aos trinta e três anos; e menos ainda, fazê-lo na agonia de uma cruz. Ele poderia esconder seus sentimentos. Poderia passar a imagem de um herói que não conheceu o medo e, de quem jamais caminhou pelo vale das misérias emocionais. Poderia evitar que isso fosse registrado no evangelho para que o mundo não tivesse conhecimento de que Deus havia tido medo. Mas fez questão de expressar seus sentimentos, e levou consigo testemunhas. Essa é a beleza de Cristo Jesus Ele sendo a verdade jamais se afastou dela. E isso nos leva a pensar quantas vezes nos tivemos a necessidade que alguém nos ouvisse, mas tivemos medo de falar? Quantas vezes sufocamos a nossa dor entre as paredes, optamos pelo silêncio devido ao temor de sermos incompreendidos?
Jesus não tinha vergonha dos seus sentimentos. Chorou algumas vezes em público ao sentir a dor da miséria humana. Ele o fez porque amou e ama as pessoas e a sua humanidade, Ele foi transparente, para que aprendêssemos a sermos transparentes. Aqui Ele ensinou aos seus discípulos a dissolver sua maquiagem e a falar dos seus sentimentos. Ele chamou Pedro, Tiago e João e disse-lhes que sua alma estava profundamente angustiada. Mesmo sabendo que eles não tinham condições de ajudá-lo. E que algumas horas depois, agiriam movidos pelas suas emoções, Pedro o negaria e Tiago e João fugiriam amedrontados.
A beleza maior que se desvela aqui é, que Ele usou a sua própria dor para produzir o ambiente mais excelente para treinar seus jovens discípulos. E este precioso treinamento chega até nós através do Evangelho, nos ensinando a não termos vergonha dos nossos sentimentos, a não represar os nossos conflitos internos, a buscar ajuda mútua, a romper com a solidão e a jamais se comportar como gigantes, intocáveis e perfeitos. Para não agirmos como Judas que por orgulho foi o pior verdugo de si mesmo. Ah! Se ele tivesse aprendido essa preciosa lição!
Mas nós não temos desculpas, pois o Evangelho da boa nova está acessível a todos. Com um precioso ensinamento que nos direciona ao fruto do Espírito, que em uma de suas características tem o autocontrole que é capacidade de governarmos as nossas emoções, tornando-nos livres para amar. Libertando a nossa alma dos eitos, preceitos e preconceitos. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars).