DEUS ELEGE PECADORES BASEADO EM SUA PRESCIÊNCIA?

 

Definitivamente não. Deus não elege ninguém com base em Sua presciência. Deus não elege pecadores para salvação baseado na “fé prevista”, ou nas escolhas que eles possam ter no futuro. Mas, infelizmente muitos crentes acreditam que Deus olha para o futuro da humanidade com o objetivo de ver quem crerá nele, então, Deus escolhe com base na resposta positiva do indivíduo em relação a Ele. Um dos argumentos mais comuns para muitos cristãos defenderem essa visão é que eles acreditam que o “amor salvífico” de Deus é para “todos os perdidos” e que dessa forma, Ele não poderia escolher – (salvar) alguns e condenar outros, pois isso tornaria Deus injusto. Eu conheço muitos cristãos piedosos, tementes a Deus, que levam a sério as Escrituras e, que defendem a ideia da salvação dos perdidos com base na presciência de Deus. Apesar de amar esses irmãos, e de ser amigo de alguns deles, eu discordo totalmente dessa visão e com base nas Escrituras, pretendo de modo resumido expor textos bíblicos que refutam veementemente essa ideia.

 

Geralmente os cristãos arminianos são aqueles que mais defendem a teoria da eleição divina com base em Sua presciência. Eles apresentam pelo menos três argumentos na tentativa de sustentar essa ideia:

 

Em primeiro lugar, eles dizem que a salvação das pessoas depende definitivamente de suas escolhas, não unicamente da escolha de Deus. Na prática, isso significa que, se Deus quiser salvar o Brian, mas, o Brian não quiser ser salvo, então prevalece a vontade do Brian e não a vontade de Deus!

 

Em segundo lugar, a eleição divina é com base em sua presciência, ou seja, na resposta positiva de fé de certos indivíduos e não somente pela graça e misericórdia de Deus. Segundo o pensamento arminiano, Deus elege indivíduos com base na “fé prevista” daqueles que no futuro responderão através de suas escolhas ao chamado divino pelo suposto livre-arbítrio.

 

Em terceiro lugar, a eleição é condicional, ou seja, depende da pessoa aceitar Jesus Cristo e não da soberana vontade de Deus em escolher o pecador para salvação, mesmo que a graça divina está diretamente envolvida nesse processo. Isso significa que a salvação está condicionada ao querer humano, e não na soberania divina.

 

O que diz as Escrituras sobre a presciência de Deus?

 

O principal texto apresentado pelos arminianos para defenderem esses três pontos de vista é o de Romanos capítulo 8, verso 29: Aqueles que de “antemão” conheceu, também os predestinou...”. Para eles, Paulo está falando aqui de uma “fé prevista” com base na escolha da pessoa em relação a Cristo. Porém, essa interpretação é muito forçada, pois afirmar isso, é ir além do que o texto realmente diz. Supor que Deus previu antecipadamente aqueles que no futuro creriam em Seu Filho, e que por causa disso, Ele os elegeu é o mesmo que condicionar a predestinação a fé das pessoas.

 

Essa ideia de “conhecer de antemão” como se Deus estivesse olhando para o futuro e “prevendo a fé” de alguém, deve ser rejeitada porque o texto de (Rm 8.29) não fala disso, nem explicitamente e nem implicitamente, pelo simples fato de não dizer que Deus prevê fé alguma para que Ele possa salvar, pelo contrário, a doutrina bíblica da eleição divina é “incondicional”, de maneira que a fé não procede de ninguém, mas é Deus quem produz fé naqueles que incondicionalmente Ele escolheu e também os predestinou para serem conforme à imagem de seu Filho (Jo 3.3-8; 6.44,45,65; Ef 2.8; Fp 1.29; 2Pe 1.2).

 

Podemos perceber isso de modo muito claro em (Ef 1.4), quando Paulo diz que Deus nos elegeu nele [isto é, em Cristo] “antes da fundação do mundo”. A expressão “de antemão conheceu” (Rm 8.29), no texto original grego é προγινώσκω proginósko, tem o sentido básico de “conhecimento”, ou seja, saber de alguma coisa antes que ela aconteça. Porém, não se trata de um conhecimento geral de Deus, pois nesse sentido, Deus conhece todas as pessoas. No hebraico o verbo “conhecer” expressa muito mais do que mero conhecimento intelectual; ele denota um “relacionamento pessoal de cuidado e afeição”. O significado de “presciência” no Novo Testamento é similar. “Deus não rejeitou o seu povo [Israel], o qual de “antemão conheceu”, isso é, a quem Ele amou e escolheu (Rm 11.2).

 

Dessa forma, podemos afirmar que a “presciência” de Deus sobre nós significa que “Ele nos amou” de antemão. Podemos notar isso de maneira muito clara no ensino das Escrituras, pois na linguagem bíblica “conhecer” muitas vezes significa “amar”:

 

“De todas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidades”. (Am 3.2).

 

“Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. (Mt 7.23).

 

“Antes que Eu te formasse no ventre te escolhi”. (Jr 1.5).

 

Assim, aqueles a quem Deus “de antemão escolheu”, também os predestinou para serem conformes à imagem de Jesus (Rm 8.29).

 

O Reverendo Hernandes Dias Lopes, vai nessa mesma linha de raciocínio. Ele entende que “conhecer de antemão” significa que Deus nos amou desde a eternidade e que, essa expressão é equivalente “aos que dantes amou”. Ele conclui o assunto dizendo que o amor de Deus não foi gerado por possíveis virtudes, ou méritos que Ele viu em nós porque, toda causa do amor de Deus está nele mesmo. Seu amor é a causa da eleição.

 

John Murray, comenta que o “conhecimento antecipado” de Deus em (Rm 8.29), é praticamente um sinônimo de “amar”. Para ele, aqueles que Deus conheceu de antemão é virtualmente equivalente a “aqueles que Ele amou de antemão”. Presciência é, portanto, “amor peculiar e soberano”. O ensino de Murray, se encaixa perfeitamente na declaração de Moisés: “O Senhor não tomou prazer em vós nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que todos os outros povos, pois éreis menos em número do que qualquer povo; mas, porque o Senhor vos amou”, ... (Dt 7.7,8).

 

Para o reformador João Calvino, o conhecimento antecipado de Deus, não significa mera presciência, como alguns imaginam, mas significa, sim, a “adoção” pela qual o Senhor sempre distingue seus filhos dos réprobos. Nesse sentido, Pedro diz que os crentes foram eleitos para a santificação do Espírito segundo a presciência divina (1Pe 1.2). Calvino encerra o assunto dizendo que este conhecimento depende do beneplácito divino, visto que, ao adotar aqueles a quem Ele quis, Deus não teve qualquer conhecimento antecipado das coisas fora de si mesmo, senão que destacou aqueles a quem propôs eleger.

 

Podemos perceber claramente que, a eleição de Deus é incondicional, pois, o Senhor não escolhe salvar pessoas com base na fé prevista daqueles que no futuro aceitarão Jesus Cristo. Definitivamente não é este o ensino das Escrituras! Pelo contrário, se cremos no amor, na graça e na misericórdia de Deus é porque Ele nos escolheu. Um exemplo muito claro disso, nós encontramos em (At 13.48), quando Paulo pregava o Evangelho aos gentios eles se alegraram sobremaneira e glorificavam a Palavra do Senhor. E todos quantos haviam sido “escolhidos” para a vida eterna creram de coração. Assim, segundo as Escrituras, a eleição não é resultado da fé, mas a causa, pois, ninguém jamais foi, ou será salvo por iniciativa própria, nem pelas boas obras, ou pelos próprios méritos, porque tudo provém de Deus (2Co 5.18).

 

Vemos, portanto, que Deus manifesta seu amor naqueles que livremente Ele elegeu e predestinou para salvação em Jesus Cristo. Isso revela a soberana vontade de Deus numa escolha pessoal antes mesmo de nós nascermos. “Antes que Eu te formasse no ventre te escolhi”. (Jr 1.5). Porquanto, Deus nos elegeu nele antes da fundação do mundo, ... e nos predestinou para sermos “filhos de adoção” por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. (Ef 1.4,5). Podemos notar pelo ensino das Escrituras que Deus “determinou” de antemão escolher certas pessoas unicamente por amor, e não com base na fé prevista, ou pelas decisões delas. Deus escolhe livremente por sua graça, baseada unicamente em sua vontade soberana e não na fé ou escolhas dessas pessoas. Porquanto, aqueles que “antecipadamente conheceu”, também “os predestinou” para serem semelhantes à imagem do seu Filho, ... E aos que predestinou, a estes também “chamou”; e aos que chamou, a estes igualmente “justificou”; e aos que justificou, a estes também “glorificou”. (Rm 8.29,30). Assim, podemos afirmar que a presciência de Deus é baseada unicamente em seu “amor eterno”, e aqueles que creem em Jesus Cristo, podem louvar a Deus pela segurança dessa promessa.

 

JESUS FAZ A DIFERENÇA.

Pastor Jose Junior
Enviado por Pastor Jose Junior em 12/10/2018
Reeditado em 16/08/2024
Código do texto: T6474389
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