Religião
AUG.’. RESP.’. E BENF.’. LOJA DE SÃO JOÃO LIBERDADE E UNIÃO Nº
2175 FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL
JURIDISDIONADA AO GRANDE ORIENTE DE PERNAMBUCO
PEÇA DE ARQUITETURA SOBRE RELIGIÃO
AUTOR: IR.’. APR.’. LUIZ GONZAGA
A.’.G.’.D.’.G.’.A.’.D.’.U.’.
Religião
Esta peça arquitetônica é uma tentativa de entender este complexo dogma da humanidade, religião. Para tanto, me despi de crenças pessoais, preconceitos e vivencias de tradições que possam embaçar, bloquear ou até mesmo deturpar as conclusões acerca desta pesquisa. Uma dentre outras frases que me instigou a estudar acerca do tema foi: Se Deus nos fez igual a sua imagem e semelhança por que não somos igual a Deus? Entretanto, como já foi dito, esta frase não será a base nem tão pouco o direcionamento deste estudo, pois indagações e conclusões pessoais aqui serão anuladas para dar espaço ao estudo do tema. Esqueçamos, por um momento, MM.: AAm.: IIr.: de nossas crenças e analisemos os fatos para que a razão tenha uma chance de nos mostrar algo novo que talvez nossas crenças e tradições não permitam enxergarmos. Segundo Eliphas levis o domínio do mistério é um campo aberto às conquistas da inteligência, logo busquemos acima de tudo sermos inteligentes a fim absorver alguns paradigmas a serem estudados.
INÍCIO DA RELIGIÃO – A religião é uma atividade humana o que significa dizer que é na esfera de uma teoria filosófica sobre o homem que ela encontra o lugar próprio para sua explicação filosófica (Brasil Maia A. G., Oliveira G. P. 2015). Sem o homem não há religião, baseado nesta afirmação tentemos encontrar um marco histórico no qual o homem se deparou com a necessidade de se crer no mistério, pois segundo Eliphas Levis sem mistério não há religião. Bancaleiro Manoel-2015, afirma que o surgimento da religião está diretamente relacionado com o processo de sedentarizarão da humanidade. Na antropologia evolucionária, sedentarizarão é basicamente quando um povo deixa de ser nômade para se fixar em um lugar próprio (Dicionário Informal 2011.) Segundo Philip Lieberman por Diogo Inácio 2016, o enterro dos mortos, particularmente com *espólio (bens de uma pessoa que venha a falecer) pode ser uma das primeiras formas detectáveis de prática religiosa, pois o culto aos mortos é uma prática baseada na crença que o falecido, muitas vezes familiares, tem uma existência contínua e possui a capacidade de influenciar a sorte dos vivos. Podemos concluir que os primórdios da religião se deu no fim da era do homem nômade com a prática do enterro dos mortos com a preocupação da continuidade da existência após a morte, ou seja, identificamos quando o homem teve a necessidade de se crer no mistério, a continuidade após a morte. Este último fato reforça a ideia de Eliphas Levi “sem mistério não há religião”.
RELIGIÃO E CIENCIA – Religião e ciência tem forças opostas, em outras palavras não se misturam pois como já vimos a religião precisa do mistério e se firma nele, agora caso a ciência decida se firmar sobre algo que não sabe estaria destruindo a si mesma. A ciência não pode, portanto, realizar a obra da fé, tanto quanto a fé, não pode decidir em matéria de ciência. Uma afirmação de fé com que a ciência tenha a imprudência de ocupar-se será apenas um absurdo para ela, da mesma forma que uma afirmação de ciência que nos fosse dada como artigo de fé seria um absurdo na ordem religiosa. Crer e saber são dois termos que não se podem confundir. Tampouco poderiam opor-se um ao outro num antagonismo qualquer. Eliphas levis afirma que é impossível, com efeito, crer no contrario do que se sabe sem deixar, por isso mesmo, de o saber, e é igualmente impossível chegar a saber o contrário do que se crê sem deixar imediatamente de crer. MM. AAm. IIr. esta última afirmação requer uma leitura cuidadosa para que se compreenda a mensagem. Em outras palavras, no meu entendimento, Eliphas Levis afirma que para se avançar no conhecimento filosófico é necessário estar livre das algemas da crença e da religião e para chegar ao conhecimento do contrário ao fato de qual se crê é necessário deixar de neste fato crer.
RELIGIÃO E SÍMBOLOS – O mistério, como já vimos, é um dos pontos de partida para o surgimento das religiões que por sua vez são representadas por símbolos através dos quais o homem representa um mundo de significações infinitamente mais vasto do que aquele onde se vive (Eliade Mircea – 1979). O estudo da simbologia nas religiões requer uma investigação mais aprofundada pois temos um universo de significados e interpretações de acordo com cada religião. Com as citações mencionadas neste trabalho podemos fazer uma breve conclusão acerca das funções dos símbolos nas religiões: A fé naquilo que não se pode ver, senão na imaginação, é reforçada através daquilo que se pode ver como o caso dos símbolos. Desta forma o homem consegue materializar uma ideia de que se tem sobre o mundo misterioso e assim reforçar sua fé.
RELIGIÃO E FANATISMO – Em tempos modernos temos tristes notícias sobre atrocidades cometidas em nome da fé. Citarei o caso de milícias que em nome de uma fé completamente deturpada alicia mentes pacíficas e aparentemente tranquilas a se tornarem homens-bomba. Este é um caso extremo de fanatismo religioso, quando a religião ultrapassa seu lado positivo e se torna uma patologia psíquica em vários níveis a saber. A intolerância religiosa já mostrou suas armas em ação contra a humanidade em vários períodos como o caso da inquisição, holocausto e islamismo em sua corrente violenta. Percebemos também, vários indivíduos que para benefício próprio influenciam homens a se tornarem fanáticos ao ponto de entregar todos seus bens a um líder religioso que enriquece em detrimento de mentes obcecadas por uma crença.
RELIGIÃO E MAÇONARIA – Um dos primeiros ensinamentos que tive como aprendiz foi que a maçonaria não era uma religião. É de suma importância que esta informação seja esclarecida na fase de iniciação pois a maçonaria tem todos os ingredientes necessários para ser considerada uma religião e é assim que alguns profanos enxergam nossa ordem. Vejamos a questão dos nossos símbolos, das nossas crenças onde podemos encontrar o mistério e o misticismo. Sim temos todos esses ingredientes, porém nossa grande diferença é a abertura a todas as religiões formadas por homens livres e de bons costumes para conosco, se convidado e aceito, fazer parte desta ordem na qual buscamos sempre o aprimoramento do conhecimento, o combate a ignorância e o preconceito. Temos nossas verdades porém somos abertos aos novos conhecimentos além de mantermos uma análise crítica dos comportamentos sociais a fim de trabalhar para uma sociedade cada vez mais digna. Dessa forma o fanatismo na maçonaria não é capaz de gerar perseguições pois combatemos a intolerância e o preconceito. Não MMs AAm IIr, não somos uma religião, somos uma ordem de homens de boa fé que busca a tão sonhada sociedade justa e perfeita.
“Enquanto existir o homem haverá religião” Eliphas Levis
Referências:
Filosofia, Religião e Secularização - Editora Fi, Porto Alegre, 2015;
A Chave de Todos os Segredos – Eliphas Levi, Editora Três, ano n/d;
O surgimento da Religião – Algumas verdade - Manoel Bancaleiro;
http://manuel-bancaleiro.blogspot.com.br/2005/11/o-surgimento-da-religio.html, 2015;
http://www.dicionarioinformal.com.br/sedentariza%C3%A7%C3%A3o/;
https://prezi.com/pau9eqp1juwu/origem-do-sagradao-na-pre-historia/;
Imagens et Symboles, Eliade Mircea – editora Arcádia, Campo de Santa Clara, Lisboa, Portugal, 1979;