A PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO
 

Para algumas pessoas que confiavam em sua própria justiça e menosprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: “Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava em seu íntimo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos, e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, ficou à distância. Ele sequer ousava levantar os olhos ao céu, mas batendo no peito, confessava: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pois sou pecador. Eu vos asseguro que este desceu justificado diante de Deus para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado”. (Lc 18.9-14).
 

A parábola do fariseu e do publicano escrita por Lucas, é muito mais do que uma metáfora ou uma imagem. É uma história terrena que expressa significado celestial. Simon J. Kistemaker comenta que Jesus contava parábolas como se estivesse desenhando "quadros verbais" que retratavam o mundo ao seu redor. Ensinando através de parábolas, Ele descrevia aquilo que acontecia na vida real. Isto é, Ele usava uma história tirada do cotidiano, para, através de um fato já aceito e conhecido, ensinar uma nova lição. Essa lição, na maior parte das vezes, vinha no final da história e provocava um impacto que precisava de tempo para ser entendido e assimilado.

 

No caso da "Parábola do Fariseu e do Publicano", encontramos a história de dois homens totalmente opostos que contêm exemplos a serem imitados, ou evitados. Alguns pormenores dessa passagem bíblica, revela-nos com muita clareza o que Jesus quis nos ensinar. Logo na introdução, Ele explica o propósito de Seu ensino: “Ele propôs uma parábola a algumas pessoas que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros”. (Lc 18.9). Nos versículos seguintes 10 a 13, Jesus nos fala de dois homens que subiram ao templo para orar. O exaltado fariseu e, o humilhado publicano. O fariseu achava que não era pecador e confiava em sua própria justiça. O publicano reconhecia que era pecador, e, o confessou diante de Deus. No final, temos a sentença de julgamento que Jesus declara sobre os dois indivíduos e uma esclarecedora explicação desse julgamento.

 

Para alguns estudiosos da Bíblia esta parábola ilustra a “história de um homem que pensava ser bom, mas que foi para o inferno; e de outro que sabia que era mau e foi para o céu”. A grande verdade é que, essa parábola nos ensina uma história que serve de modelo, de exemplo, para o povo de Deus nos dias de hoje. Um positivo, que pode ser imitado; e outro negativo, que deve ser evitado.
 

O Senhor Jesus, nos fala de dois homens com atitudes completamente diferentes:

 

Um que era autossuficiente, ou seja, achava que não tinha a necessidade de recorrer a ninguém para lhe ajudar, pois, acreditava em si mesmo. Outro que só confiava em Jesus.

 

Um que era excessivamente soberbo, orgulhoso, "completamente dominado pela arrogância". Outro que enxergava a sua miserável condição de pecador diante do Criador, e grande necessidade de arrependimento, perdão e salvação.

 

Um que se achava justo demais, pelas “boas obras” que praticava. Outro que reconhecia que precisava diariamente da misericórdia de Deus. Incontestavelmente encontramos estes dois tipos de pessoas em todos os lugares, inclusive nas igrejas.
 

Havia uma enorme diferença entre o fariseu e o publicano. Observe que ambos subiram ao templo para orar. Por um lado, o “fariseu” detinha uma alta posição social, era considerado justo nos seus esforços para obedecer a Deus, detinham uma forte influência na cultura religiosa judaica devido a liturgia que exigiam para o culto, para oração e para uma “vida justa”. Enquanto o “publicano” (coletor de impostos) era desprezado, não era bem quisto pela sociedade, os judeus consideravam os publicanos como roubadores (pessoas desonestas), porque arrecadavam impostos além do que era permitido por lei e apresentavam falso relatório da coletoria ao Imperador romano com o propósito de beneficiar-se financeiramente.

 

Os publicanos vendiam e compravam o direito de recolher os impostos, a cobrança de impostos era abusiva. Cobravam taxas e impostos sobre as terras, a cobrança de altas taxas sobre a circulação de bens de uma região para a outra, impostos sobre operações de venda, impostos sobre heranças e etc... Tudo o que os cobradores de impostos arrecadavam que ia além dos valores contratados lhes entrava como lucro. A carga tributária civil naquela época era pesada e, depois dela, havia ainda o imposto devido ao Templo.

 

Em suas palavras de oração diante de Deus, o fariseu se achava melhor do que os outros homens e se julgava infinitamente superior ao publicano; gabava-se do que dava: “... dou o dízimo de tudo quanto ganho”. A exigência de dar 10% de toda a renda é baseada na Velha Aliança, em (Lv 27.30-33 e Nm 18.21-26), e, é discutido no Ma’aserot do Talmude, o qual estabelece quais produtos devem ser dizimados. Contudo, dizimar tudo quanto alguém possui era considerado como algo além do dever estabelecido pela lei. Esse fariseu parecia que estava fazendo algo muito especial e único para Deus, como se Deus lhe devia “gratidão e recompensa”. Infelizmente esse tipo de pensamento e atitude, não é exclusivo aquele fariseu. Hoje nas igrejas o falso orgulho de muitos crentes não lhes permite enxergar que Deus ama o que dá com alegria, ou seja, com coração voluntário (2Co 9.7).

Aquele fariseu orgulhava-se de sua moralidade, achava-se irrepreensível. Justificava-se dizendo: “Não sou adúltero, nem ladrão”. Acreditava ser melhor que os outros homens. A justiça própria é uma das maiores doenças de toda a raça humana. Existem pessoas que individualmente se acham justos, ou "boas" demais. Que tolice! Ninguém pode tornar-se justo diante de Deus pelos seus próprios atos de “bondade”, mas "somente" pela fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo. O fariseu era muito arrogante em suas palavras: Não sou injusto, ou seja, "não engano ninguém". “Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens”. Não podemos jamais nos esquecer que as Escrituras condenam esse tipo de atitude! “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. (Tg 4.6).

 

A atitude do publicano foi completamente oposta à do fariseu. Ele veio à presença de Deus humildemente. “Ficou de longe”. Ele sequer ousava levantar os olhos ao céu porque reconhecia a miséria de seus pecados. Havia naquele homem muito temor e reverência diante de Deus. Ele se humilhou na presença de Deus arrependeu-se de seus pecados e suplicou pelo perdão. E num gesto comum daquela época ele começou a “bater em seu próprio peito” como forma de mostrar sua profunda (tristeza na alma) por haver pecado contra Deus. Ansiava por uma transformação, por um novo coração, e uma consciência pura diante de Deus. Foi prudente em sua oração, e só desejava rasgar o coração na presença de Deus. Com sinceridade ele orou: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”. Sua oração foi curta, mas com sinceridade. "Aquele que confessa o pecado e deixa alcançará misericórdia". (Pv 28.13). O publicano não tinha boas obras para expor diante de Deus e ainda que tivesse preferiu não se vangloriar. Não tinha justiça própria sobre a qual se exaltar. Não havia realizado absolutamente nada de que pudesse ser digno de registro nas Sagradas Escrituras. Mas, possuía um coração quebrantado. Certamente conhecia os Salmos de Davi. “... a um coração quebrantado e contrito, não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).
 

Por fim Jesus dá a sentença de julgamento aqueles dois homens: "Eu vos asseguro que este desceu justificado diante de Deus para sua casa, e não aquele"... As palavas de Jesus, certamente foi visto pelos ouvintes que não compreendem as coisas de Deus, como algo contraditório e inaceitável, pois, o Senhor Jesus chamou de justo um homem que, reconhecidamente, era um ímpio miserável pecador e se recusou a chamar de justo um homem a quem todos na sociedade reconheciam como uma pessoa “justa” ou boa demais pelas boas obras que praticava. Mas, porque o fariseu não foi justificado? Muitas pessoas têm dificuldade em reconhecer que de nada adianta ser obediente as exigências da lei e não observar o segundo maior mandamento de Deus: “Amar o próximo como a si mesmo”. O fariseu era obediente a Lei de Deus, mas o seu erro era olhar com desprezo as outras pessoas, como ele fez com o publicano. Ele se sentia seguro pelo fato de obedecer a Lei de Deus e por seus atos de piedade, porém não sabia que isso não o faria melhor que as demais pessoas. Jesus sempre ensinou que de nada adianta sermos obedientes a Lei de Deus sem amar o próximo como a nós mesmos. Quem se sente seguro diante de Deus por obedecer a Sua Lei (Palavra), mas, não ama o próximo como a si mesmo, deve reconsiderar a sua atitude antes de ir ao templo para orar, (cultuar) a Deus.

JESUS FAZ A DIFERENÇA.
 
 

Pastor Jose Junior
Enviado por Pastor Jose Junior em 23/07/2018
Reeditado em 16/08/2024
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