VIDA, O BEM MAIOR?

Comumente se ouve dizer que a vida é o bem maior, assim como que se estivermos com vida e com saúde o resto se pode arranjar. É assim mesmo, ou deve ser assim?

De fato há aqueles que estão limitados no tempo e no espaço, cujo Deus é o ventre e só cogitam das coisas terreais. São, portanto, os mais indignos dos homens, já que só esperam nesta vida. Que não buscam a Deus, que não se arrependem, e só visam o seu bem estar e comodidade, não cogitando das coisas futuras, e cujo quinhão recebem nesta vida, julgando que são felizes e abençoados por viverem sossegados e terem amealhado bens e haveres.

Também há os que julgam por vista e acham que se os outros sofrem é porque merecem, e não consideram que Deus fez o dia bom e o dia mal. Que não sabem que o homem vive breve tempo neste mundo, cheio de inquietação e ansiedade, buscando amealhar o quanto pode, sem cogitar que nada se pode levar para a sepultura, e ainda que leve nada poderá usufruir nela.

De que vale estar com vida e com saúde, estando-se prisioneiro ou acorrentado? E é isso o que acontece com muitos que hoje estão vivos aqui. Mesmo que não sejam prisioneiros em presídios, o são de circunstâncias, de vícios, de temores, de sentimentos. Sendo, portanto, tão reclusos quanto aqueles que estão presos fisicamente, ou até mais, já que são prisioneiros espirituais.

Alguns, pensando que a vida é o bem maior, lutam para mantê-la, e também defendê-la o quanto podem, indo até as últimas conseqüências para prolongá-la.

Não adianta preservar a vida usando-se para isso expediente que contrarie os princípios eternos. Pois disse o criador: Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida. Disse mais o autor da vida: Aqui está a paciência dos santos: Se alguém ferir a espada, importa que à espada seja morto. E mais: Quem perseverar até o fim será salvo.

Mas alguns, quando transgridem, dizem: Eu fiz isso ou aquilo, mas Deus sabe porque. Querendo, assim, justificar os seus erros

Quando Pedro, por ocasião da prisão de Jesus, usou da espada pretendendo defender o mestre, este lhe disse: Pedro, mete a tua espada na bainha porque quem com espada ferir com a espada será ferido.

Disse ainda o criador, inspirando o salmista: Quão preciosa é à tua vista a morte dos teus santos.

Mas como suportar a morte de um ente querido sem desejar exercer vingança ou intervir reivindicando justiça, caso essa morte contrarie os princípios tido como justos segundo a justiça terrena?

Não poucos ficam prisioneiros quando isso ocorre, ainda que não vão para detrás das grades já que não foram responsáveis pelas mortes, mas pelo fato de se terem tornados vítimas de sentimentos de vingança e desejo de juízo, e que chamam de justiça.

Há uma expressão que os antigos diziam, a qual diz: "Mas antes uma boa morte do que uma má sorte".

Entretanto é preferível ficar com vida. Portanto, foi melhor fazer o que fiz do que morrer, dizem. E com esse argumento defendem a vida por um pouco de tempo, e não guardam as palavras do autor da vida, o qual ordenou: Não matarás!

Só a integridade de conformidade com os mandamentos de Deus nos pode propiciar a segurança e a firmeza de propósito de modos a não optarmos pela vida contrariando a sua palavra. Quem está firmado em Deus, ou seja, obedecendo os seus mandamentos, não temerá a morte, e lembrará das palavras do mestre: Não temais aquele que pode matar o corpo, mas temei aquele que pode além de matar o corpo também lançá-lo na sepultura.

Se você considera que a vida é o bem maior, então aceite o autor da vida, Cristo, que corresponde a palavra de vida eterna. Pois ele mesmo disse: As palavras que eu vos falo são espírito e vida, e sei que os seus mandamentos são a vida eterna.

Por que temer continuamente o homem que é carne? Temei aquele que é o Senhor dos céus e da terra, Deus dos vivos e de mortos. E que há de trazer a juízo toda obra, quer seja boa quer seja má. E santificai ao Senhor em vossos corações, cantando e salmodiando a Ele em vossos corações. E não tenhais cuidado da carne com as suas concupiscências.

Oli Prestes

Missionário