A RELAÇÃO DE JESUS COM A TRINDADE

Como Jesus enxerga Deus? Como é que Jesus percebe, compreende, entende Deus? Como Jesus enxerga o Espírito Santo? Como Deus e o Espírito Santo enxergam a Jesus? Como Deus e o Espírito Santo se enxergam? Como nós enxergamos a Trindade? E como a Trindade nos enxerga?

Essas questões, se respondidas nos vão dar mais parâmetros para compreender a Trindade e nos compreender. Como eu me enxergo, como me percebo, como me compreendo, como acho que sou e acho que estou demonstrando? Mas como é que as pessoas me veem, na Igreja, no lar, no emprego? Uma coisa é o que eu acho de mim, outra é o que as pessoas acham de mim. O que tentamos passar para as pessoas e o que realmente é transmitido a elas?

COMO ENXERGAMOS A TRINDADE

1. Deus, no Antigo Testamento era duro, dificil, inacessível. A relação com Ele era bastante complicada. Poderíamos ter uma noção errada de um Deus carrasco, que julgava e matava, através de códigos estranhos, ou Leis que Ele mesmo criara.

2. Por outro lado, os Evangelhos mostram um Jesus amoroso, ensinador, que curava, que andava junto, preocupado com as mazelas do seu povo, misturando-se com ele, comia e bebia junto. Jesus tinha uma exata compreensão do que o povo pedia e do que precisava.

3. O Espírito Santo é o outro ajudador, o primeiro foi Jesus. Enquanto Jesus estava próximo, o Espírito Santo está dentro de nós. O Espírito é pouco compreendido pela Igreja e como consequência, pelas pessoas. Na maior parte do tempo, a única coisa que alguns sabem é que o Espírito Santo dá o dom de línguas. Em suma, o Espírito Santo é um desconhecido da Igreja.

4. A Trindade então é vista por nós com diferenças pouco reconciliáveis. A Trindade é o mesmo Deus, apenas que em três momentos e condições diferentes.

COMO JESUS ENXERGA A TRINDADE

1. Como Jesus enxerga a Deus? Jesus enxerga Deus como Pai e foi isso que ele tentou repassar para nós. A ideia de que o Deus bravo do Antigo Testamento é um Pai, é uma novidade alvissareira, importante. Podemos nos achegar ao Deus do Antigo Testamento, poderoso, cheio de Leis e regras, agora como um Pai disposto a ajudar de qualquer forma e sempre, os seus filhos amados. Para nós esse é o maior ensinamento que Jesus deixou de Deus para nós.

2. Como Jesus enxerga o Espírito Santo? Ele mesmo disse que iria ao Pai e mandaria outro ajudador, outro consolador. Se lembrarmos como Jesus andou com seus díscipulos, ajudando as crianças e as mulheres, respeitando a soldados e até a inimigos declarados como samaritanos, então vamos entender que o Espírito vem para trazer paz. Se olharmos Jesus curando, pregando, ensinando o Reino de Deus, vamos notar que a vontade Dele é que usufruamos do Reino de seu Pai.

3. Como Jesus se enxerga? Nós entendemos como uma pessoa se enxerga no modo que ela fala de si mesma. No caso Jesus disse, entre outras coisas, que ele é o caminho, a verdade e a vida. Ele também disse eu sou o pão que desce do Céu.

4. É necessário dizer que nós temos uma ideia de quem somos e do que aparentamos apresentar às pessoas, mas outra coisa é o que realmente somos. Nós temos uma idealização do que imaginamos ser, o que nem sempre é o que apresentamos às pessoas, porém no caso da Trindade, eles realmente são o que dizem que são.

COMO DEUS ENXERGA A TRINDADE

1. Como Deus enxerga a Jesus? Como Filho e como sacrifício pela humanidade. Desde o princípio a Bíblia apontava que Jesus morreria sua morte substituta em favor da humanidade. O inocente morrendo na cruz, em lugar do pecador, para que nós tivéssemos vida Nele, Jesus, pela fé. Já sabíamos disso, desde as primeiras linhas da Bíblia, mas a novidade é que Jesus veio como o Filho de Deus .Assim que iniciou o seu ministério, no Batismo nas Águas, Deus traz a noticia a ele Jesus e a nós: Este é o meu Filho amado. Jesus, aos olhos do Pai veio para salvar a humanidade, mas não é alguém impessoal que veio, mas o seu Filho que veio fazer isso.

2. Como Deus enxerga ao Espírito Santo? Desde o início da Bíblia, nós percebemos o Espírito Santo como o poder atuante nas obras de Deus. Deus planeja e é o Espírito quem realiza. Deus enxerga o Espírito Santo como o Deus Criador. No Novo Testamento Deus enxerga o Espírito como o Deus ajudador, auxiliador e capacitador dos seus novos filhos adotivos, a Igreja. É o Espírito que dá frutos, quem dá dons de poder. O Espírito em nós é o ponto de contato que faltava para que a Trindade esteja dentro de nós. O Espírito Santo dentro de nós é o poder Criador, e repreendedor de demônios e doenças e problemas. O Espírito é o conselheiro em nós. Então Deus vê o Espírito em nós como aquele que vai mudar a nossa natureza e nos transformar em filhos adotivos amados.

3. Como Deus se enxerga? Entre outras coisas Deus disse a Moisés, quando inquirido por ele, o que diria ao povo de Israel, quando Deus o mandasse lá, quem o mandava, qual era o nome de Deus a ser apresentado? Deus disse a Moisés, diga que o Eu Sou o mandou. Essa designação de Deus: Eu Sou, tem o significado que Deus é tudo aquilo que o povo dele precisar. Ele é o pão, Ele é a cura, Ele é a salvação. Ele é o amigo, Ele é. Mas Deus disse também ao povo de Israel que Ele Deus é Santo. Então Deus se enxerga e se pronuncia como O Santo, ou a origem da santidade. Santidade, pra nós, é separação do mundo, no caso Deus é santo porque é diferente de toda a sua criação.

COMO O ESPÍRITO SANTO ENXERGA A TRINDADE

1. Como o Espírito Santo enxerga Jesus? Gostaríamos que o Espírito Santo tivesse falado uma palavra designando o que acha de Jesus, mas nós não temos essa palavra direta. Mas não estamos totalmente às cegas, muito pelo contrário, pois o Espírito Santo inspirou Paulo e outros para definir o ministério e a pessoa de Jesus. Então temos em cada carta do Novo Testamento, uma, ou algumas particularidades que o Espírito Santo define Jesus. Entre tantas outras, o Espírito diz que Jesus é a nossa paz.

2. Como o Espírito Santo enxerga Deus? É a mesma coisa de como o Espírito enxerga Jesus, temos nas cartas do Novo Testamento - e no caso de Deus - do Velho Testamento também, muitas revelações sobre Deus. Quem inspira é o Espírito.

3. Como o Espírito Santo se enxerga? Novamente esse pequeno espaço é insuficiente para discorrer sobre o assunto. As palavras inspiradas, como o Espírito que pairava sobre as águas, em Gênesis, ou o Espírito que batiza a Igreja, em Atos 2, que é a capacitação de poder, o Espírito em nós, para anunciarmos o Evangelho no mundo, nos dão uma ideia do assunto.

COMO A TRINDADE SE ENXERGA

Sobre esse assunto temos uma pequena luz. A Teologia Reformada nos mostra que Deus era feliz na sua eternidade, que é uma eternidade acima da eternidade que imaginamos, antes da Criação. Deus é perfeito, feliz, realizado e não precisa de coisa alguma. Deus é a Trindade. Mas por motivos ainda não resolvidos a nós, Deus começou a criar o tempo, a palavra, o Céu, os anjos, o universo, os animais, o homem. Os homens, nessa equação, sendo menores do que os anjos, movimentam todo o Céu e o Inferno. Parece que tudo transcorre em volta do homem. A Bíblia, mesmo falando muitas coisas, consegue não falar nada a respeito do que será a nossa vida no futuro. Seremos como os anjos – o que isso significa? Comeremos do fruto da árvore da vida e não morreremos mais, os que vencerem – como vai ser isso? A Trindade se enxerga como Deus. Eu sou Deus e não há outro Deus alémde mim, é o que resolve a equação. Deus é Deus.

COMO PAULO ENXERGA A TRINDADE

Temos uma definição de Paulo, em 2 Coríntios 13.13, que deveria ser a benção do culto em todas as Igrejas, pela grandiosidade dos assuntos ali tratados. Ali Jesus é a graça - o que significa salvação -; Deus é amor; e a comunhão da Igreja é tratada pelo Espírito. Então Jesus é a graça salvadora, Deus é amor, e o Espírito Santo é a nossa comunhão.

COMO A TRINDADE NOS ENXERGAM

Temos aqui dois caminhos: Deus enxerga o homem pecador e Deus enxerga o homem agora debaixo da Cruz. Em relação ao homem pecador, sem Deus, sem a iluminação do Espírito, esse está perdido e caminhando para o Inferno. Em relação ao cristão, esse é visto por Deus como o ser regenerado, seja homem, seja mulher. Deus olha o homem agora perfeito em Jesus. Deus nos enxerga como filhos adotivos, cristãos, salvos. O homem sem Deus é visto como necessitado de salvação e o cristão é visto por Deus como regenerado, abençoado, salvo e santo.

COMO NOS ENXERGAMOS E COMO AS PESSOAS NOS ENXERGAM

Em relação a como nos enxergamos, ou como nos compreendemos, em geral o homem tem uma ideia errônea de si mesmo. Imaginamos que somos bons filhos, bons maridos, boas esposas, bons estudantes, bons trabalhadores e até mesmo bons cristãos. Mas dizer o que somos não compete a nós, pois serão os que convivem conosco que dirão o que compreendem de nós. A Trindade ao falar de si, é perfeita e diz a realidade, mas nós ao dizermos de nós, erramos, pois o pecado está em nós e em geral, quase sempre não somos o que imaginamos que somos. É a professora que tem que dizer se somos bons alunos, ou a esposa que tem que dizer se somos bons maridos, ou os filhos que terão que opinar se somos bons pais. O que nos define não é o que dizemos, mas o que fazemos. O que faço condiz com o que uma pessoa boa, correta e bíblica deveria fazer? Estou fazendo o que o professor esperaria que deveria fazer? Eu estou fazendo as lições, aprendendo, prestando atenção? Como marido, ou como esposa, estou sendo um bom marido, ou a moça está sendo uma boa esposa. Você está fazendo coisas que a esposa esperaria que um marido fizesse? Lembrando que o marido, ou o homem, é quem faz os trabalhos pesados de casa, como arrumar a luz elétrica, se essa der algum problema, ou pintar a casa, ou arrumar a caixa d’água, por exemplo. E a esposa é quem cuida dos filhos, ou quem faz a trança na filha, ou quem fala com a filha coisas de menina, por exemplo. Uma coisa é o que eu acho que sou como crente, outra coisa é o que os irmãos da Igreja acham de mim. Uma coisa é me imaginar o melhor obreiro do mundo, mas será que sou mesmo? Muitos pastores acham que são os melhores pastores do mundo, se acham os melhores pregadores e ensinadores da Palavra, assim como acham que a sua Igreja está crescendo como deveria ser, mas será que é assim mesmo? A Bíblia é a nossa regra de fé e a respeito dos obreiros ela nos flaa claramente em Timóteo como deve ser. A pergunta é, estamos enquadrados na Bíblia, ou estamos discordando dela, fazendo alguma coisinha além, ou menos do que o mandado?

O QUE É QUE ENXERGAMOS NA IGREJA

As Igrejas se enxergam em geral, perfeitas e ai de quem cogitar falar diferente disso. Mas a Igreja está sendo o que o Novo Testamento direciona ela a ser? Por exemplo, os pastores, são os que tem a responsabilidade de ensinar a Igreja, doutrinar e dirigir todos os irmãos, sendo o líder deles, e não o chefe. O chefe manda, o líder extrai o melhor das pessoas. O pastor deve ser o líder de toda a sua Igreja e direcionar as pessoas para que todas possam fazer o melhor e ser melhores cristãos. O pastor tem a responsabilidade de fazer novos cristãos, seguidores de Cristo. Uma coisa é ser seguidor de Cristo e outra muito diferente é ser seguidor da Igreja, que é o que muitos pastores acabam transparecendo.

É claro que as Igrejas deveriam evangelizar, fazer discípulos, deixar os ministérios e os dons das pessoas serem usados, mas o que acham e o que estamos vendo, é muito diferente. Por exemplo a pregação. Existem Igrejas que estão sendo péssimas em suas pregações, a ponto de ficarmos perplexos pela obra do Espírito Santo em trazer pessoas para ouvir pregações realmente ruins, mal elaboradas, mal pensadas, mal expostas. A Igreja precisa melhorar muito a sua pregação, mas ao falarmos isso a alguém, somos tidos como inimigos da Igreja, mas não somos. A musica na Igreja, os tocadores e os cantores, assim como a feitura dos hinos melhorou demais desde os anos 70, mas a pregação não caminhou junto. Tem gente ai achando que está arrentando de pregar, mas não está. Existem crivos, ou maneiras de sabermos se está realmente indo na direção que deveria ou não. O mesmo livro de Timóteo citado, nos demonstra que devemos pregar, ensinar e cuidar da doutrina bíblica. O ensino na Igreja hoje em dia é cheio de inclusões de livros terceiros que não a Bíblia, sendo que temos milhares de ensinos discordantes da Bíblia, que é a nossa regra de fé, apresentados na Igreja como corretos e não são. A pregação em si está ruim para sofrível em muitos lugares. Como estamos no Novo Testamento, deveríamos pregar o Novo Testamento, pra começar. Mas vamos em muitas Igrejas e temos a exaustão de pregações Velho Testamentárias que nem lembram que existe o Novo Testamento. Parece até que estamos na Palestina antiga aprendendo os ensinos da Lei que eram para eles lá e não para nós, de hoje. Lembramos que A Lei do Antigo Testamento foi escrita de maneira religiosa para pessoas que não tinham o Espírito Santo dentro de si, ou seja, eram pessoas carnais tentando obedecer a lei espiritual, o que já se sabe que não dá certo. A própria Bíblia nos disse que a Lei foi um aio, ou um caminho para o Novo Testamento. Ou seja: está pregando o Velho, sem o Novo Testamento? Já está desqualificada como uma boa pregação. Poderíamos falar muito sobre isso, como as mensagens sem começo, meio ou fim. Sendo que existem pregações que nem pregações deveriam ser chamadas, pois a pessoa fica falando o tempo todo de si e pregação significa explicar a Bíblia. Desde que a pregação não explique o texto lido, ou tenha um tema condizente e bem exposto, a pregação é ruim, mal elaborada.

Muitos pregadores acham que estão maravilhosos e não estão. Muitas Igrejas acham que estão evangelizando e não estão. Muitos pastores acham que por terem pessoas no culto estão conseguindo fazer discípulos e não estão, as pessoas sabem que ir para a Igreja faz com que bençãos venham sobre eles, e ir para a Igreja é diferente de ser feito discípulo.

Os musicos, por exemplo, vão lá na frente, cantam e cantam o que querem, mas não percebem que muitas vezes a Igreja não está recebendo. E vá se arriscar a falar isso para um musico, ele vai brigar com você. E a Escola Dominical que prefere ensinar a revistinha, mas não a Bíblia. Se a revista da ED falar diferente da Bíblia, as pessoas ficam com a revista e não com a Bíblia. O material de apoio da Bíblia tem se tornado mais importante que a própria Bíblia.

Como a Igreja se vê, como Deus vê a Igreja, como nós cristãos enxergamos a Igreja e como o mundo a entende são assuntos totalmente diferentes entre si.

A Igreja se vê mais do que é na verdade. Está faltando melhorar em todos os ministérios. Além de que está faltando humildade. Nós cristãos nem sempre estamos felizes com o que estamos vendo na Igreja, sabendo que ela não está cumprindo o papel que a Bíblia a manda fazer. Deus vê a Igreja como perfeita em Jesus, mas sabe que os homens estão imperfeitos. E o mundo vê em geral a falsidade ufanista de muitos que acham que estão sendo a Igreja perfeita, mas não é a verdade.

Uma coisa é achar que faz, outra é fazer. Assim como o bom estudante é quem faz as lições, presta atenção na ula e aprende, a Igreja de Jesus deve evangelizar fazendo díscipulos de Cristo – não da placa da Igreja -, ensinar a Palavra de Deus e não o que o Seminário ou a Faculdade Teológica ensinou, ou deixou de ensinar.

Um caso à parte, já muito discutido por mim são os dons do Espírito e os Ministérios de Cristo. Deus deu dons aos homens para a obra na Igreja, mas existem Igrejas que não permitem que os que tem dons exerçam o dom. A Igreja mente ao pedir que Deus mande obreiros, sendo que não usa os que tem. Temos em nosso meio cantores e cantoras que não tem a oportunidade de cantar. Temos pregadores que não pregam, pastores que não pastoreiam, evangelistas que não evangelizam, missionárias que não saem do lugar. Temos sentados entre nós, mestres da Palavra que não tem vez de falar na Igreja, gente que tem o dom de cura que não pode orar por ninguém, aconselhadores do pastor e da Igreja que não são ouvidos.

Eu enxergo nessa enorme rejeição aos ministérios dados por Cristo e os dons dados pelo Espírito, não uma rejeição à nossa pessoa, mas uma rejeição ao Deus que está tentando fazer a sua Igreja ser Igreja. Triste coisa quando o pastor da Igreja é o que barra a Igreja de crescer. Amém!

Paulo Sérgio Lários