O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
 

Quantas vezes você já ouviu crentes de várias denominações fazer a seguinte pergunta: Você já recebeu o batismo com o Espírito Santo? Se a sua resposta foi, sim, eu recebi! Provavelmente, lhe fizeram outra pergunta: Quando você recebeu o batismo com o Espírito Santo, você falou em línguas estranhas? Se dessa vez a sua resposta for não, então, certamente irão dizer: Você não foi batizado com o Espírito Santo. Será mesmo?
 

Em resposta a estas questões gostaria de fazer apenas algumas breves considerações sobre verdades que a Bíblia ensina de forma muito clara acerca do batismo com o Espírito Santo e o falar em línguas. Meu foco principal aqui nesse artigo é apenas falar sobre a doutrina do batismo com o Espírito Santo e, o falar em línguas com base sólida exegética nas Escrituras, respeitando cuidadosamente as regras de Hermenêutica na interpretação dos textos. Usarei também duas linhas teológicas com ideias bem distintas sobre o assunto: A teologia Pentecostal e, a teologia Reformada.
 

A doutrina do batismo (com), ou (no) Espírito Santo tem sido palco de muitos debates teológicos, principalmente entre cristãos reformadores e pentecostais. Provavelmente o principal motivo para tanta polêmica, está em torno dos escritos de dois teólogos bastante conhecidos no meio cristão! Trata-se de Martyn Lloyd-Jones, e John Stott, em suas diferentes interpretações do texto de (1Co 12.13): “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Vale lembrar que o texto em português, está exatamente como nos originais! 

 

καὶ  γὰρ  ἐν  ἑνὶ  Πνεύματι  ἡμεῖς  πάντες  εἰς  ἓν  σῶμα  ἐβαπτίσθημεν,  εἴτε  Ἰουδαῖοι  εἴτε  Ἕλληνες,  εἴτε  δοῦλοι  εἴτε  ἐλεύθεροι.  καὶ  πάντες  ἓν  Πνεῦμα  ἐποτίσθημεν. Kai gar en heni Pneumati hemeis pantes eis hen soma ebaptisthêmen, eite Ioudaioi eite Hellênes, eite doulói eite eleutheroi. Kai pantes hen Pneuma epotisthêmen. (Texto original grego, transliterado para o português).
 

É importante dizer que, a interpretação do Dr. Martyn Lloyd-Jones, acerca do batismo com o Espírito Santo, tem forte influência nos séculos XX e XXI, principalmente sobre a teologia Pentecostal. Os pastores, pregadores e teólogos pentecostais ensinam que, o batismo com o Espírito Santo é uma obra distinta e, à parte da regeneração. Para os cristãos pentecostais o batismo com o Espírito Santo é uma bênção posterior a conversão, uma experiência subsequente à regeneração que ocorre algum momento depois da conversão quando o pecador “aceita” o Senhor Jesus Cristo como o Seu único Salvador. Então, o Espírito Santo passa a habitar nele. Nas igrejas pentecostais e neopentecostais é comum ouvir os pastores ensinar incessantemente que após a conversão os crentes devem persistir numa busca contínua pelo batismo com o Espírito Santo para falar linguas estranhas. Em outras palavras, se o crente não falar em uma língua estranha é porque não foi batizado no Espírito Santo. Dizem!

Quem foi Martyn Lloyd-Jones

 

O Dr. Martyn Lloyd-Jones, nasceu em 20 de dezembro, de 1899, em Cardiff, Reino Unido e, faleceu, no dia 1 de março de 1981, em Ealing, Londres, Reino Unido. Lloyd-Jones foi um teólogo protestante reformado e puritano na linha calvinista de origem galesa. Ele foi influente na ala reformada do movimento evangélico britânico do século XX. Por quase 30 anos, ele era o ministro da Capela de Westminster, em Londres, Lloyd-Jones era um forte opositor da teologia liberal que se tornou uma parte de muitas denominações “cristãs”, considerando-a como uma aberração. Depois de deixar a medicina em 1927, ele se tornou o ministro de uma Igreja Presbiteriana em Aberavon, no Sul de Gales. Lloyd-Jones é considerado um dos maiores pregadores protestantes do século XX.
 

Para o Dr. Lloyd-Jones o texto de (1Co 12.13), ensina que o Espírito Santo batiza o crente, colocando o no corpo de Cristo que é a Igreja, e que isto ocorre na conversão, e que, portanto, todos os cristãos já foram objeto desta atividade do Espírito. Porém, ele argumenta que, esse “batismo” não é o mesmo “batismo” ou “selo” do Espírito mencionado nos Evangelhos e no livro de Atos. Segundo ele a palavra “batismo” é empregada no Novo Testamento com vários sentidos diferentes. Para ele, o batismo pelo Espírito em (1Co 12.13) significa o ato pelo qual o Espírito nos incorpora à Igreja, e que, portanto, é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos, e principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência. Lloyd-Jones argumenta que uma das diferenças decisivas entre (1Co 12.13) e as passagens em Atos sobre o batismo com o Espírito Santo, é quanto ao agente do batismo, ou seja, a pessoa que batiza. Ele acredita que na expressão: ἐν  ἑνὶ  Πνεύματι  ἡμεῖς  πάντες  εἰς  ἓν  σῶμα  ἐβαπτίσθημεν, en heni Pneumati hêmeis pantes eis hen soma ebaptisthêmen, (em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo). Para ele a preposição ἐν en, tem força instrumental, que deve, portanto, ser traduzida “por” um só Espírito, e não “em” um só Espírito. O dr. Jones argumenta que no texto de (1Co 12.13) a maioria das versões da Bíblia em Inglês, a tradução é “por” um só Espírito.
 

Para reforçar seu argumento, ele cita ainda várias outras autoridades na área de exegese que mantém esta opinião. Ele conclui dizendo: “Em (1Co 12.13), é o Espírito quem nos batiza no corpo de Cristo. Nas demais passagens, o agente é o Senhor Jesus, o que é algo muito diferente. Segundo ele, a confusão existe pelo fato de que a mesma palavra “batismo” é usada. Em (1Co 12.13) ela se refere à conversão, mas nas demais passagens, a uma experiência posterior à conversão, e, portanto, distinta da mesma”.
 

Em resumo, para Lloyd-Jones, o batismo com o Espírito Santo é uma experiência na qual o Espírito concede ao crente plena certeza de fé, e que deve ser identificada com o selo e o testemunho do Espírito mencionados por Paulo. Esta experiência resulta em poder e ousadia, que por sua vez, capacitam o crente a testemunhar eficazmente de Cristo.
 

É extremamente importante notar que o pensamento de Lloyd-Jones sobre o selo ou batismo do Espírito, é essencialmente diferente da posição pentecostal clássica, e da posição neopentecostal. Lloyd-Jones não vê nenhuma evidência bíblica de que esta experiência deva ser acompanhada pelo falar em línguas e pelo profetizar, ou por qualquer outra manifestação extraordinária. Fonte: (Resumo das páginas 3 e 4, da Revista Fides Reformata 1/1 – 1996, o debate sobre o batismo com o Espírito Santo). Obs: *Texto Original Grego adicionado pelo autor deste artigo*.
 

Diferente do pensamento pentecostal, a teologia Reformada, ensina que o batismo com o Espírito Santo acontece exatamente no momento da conversão, quando o pecador crê em Jesus Cristo como Seu único Salvador. Para os reformados, no ato da conversão o pecador é regenerado, justificado e adotado (incorporado) na família de Deus como membro do Corpo de Cristo. Então, o Espírito Santo passa a habitar nele e, o conduz para o povo de Deus formando um Corpo – a Igreja de Cristo.

Quem foi John Robert Walmsley Stott

 

O Dr. John Stott, nasceu em 27 de abril, de 1921, em Londres, Reino Unido, e faleceu no dia 27 de julho de 2011, em The College of St Barnabas, Lingfield, Reino Unido. John Robert Walmsley Stott, foi pastor e teólogo anglicano britânico, conhecido como um dos grandes nomes mundiais evangélicos. Foi um dos principais autores do pacto de Lausana, em 1974. Conhecido pregador e escritor, Stott foi ministro da Igreja Anglicana da Inglaterra. Em 1964 ele fez uma série de estudos numa conferência para líderes evangélicos sobre a obra do Espírito Santo, os dons espirituais, e especialmente, sobre o batismo com o Espírito Santo. Renomado teólogo mundial o Dr. Stott sustenta em seus ensinos que o batismo com o Espírito Santo é idêntico à conversão.
 

Stott argumenta que a expressão “batismo com o Espírito Santo”, que ocorre sete vezes no Novo Testamento (Mc 1.8; Mt 3.11; Jo 1.33; At 1.5; Lc 3.16; At 11.16 e 1Co 12.13), é equivalente à expressão “o dom do Espírito Santo” quem ocorre em (At 2.38), e refere-se à experiência iniciatória da qual participam todos os que se tornam cristãos. O próprio conceito de “batismo com água” é iniciatório, como sendo o ritual público de introdução na Igreja, e está intimamente associado ao batismo com o Espírito Santo, como sugere (At 10.47, 11.16 e 19.2-7). Ele argumenta que a linguagem empregada por Paulo para descrever a experiência cristã com o Espírito, como “estar no Espírito”, “ter o Espírito”, “viver pelo Espírito”, e “ser guiado pelo Espírito”, é aplicada nas cartas do apóstolo a todos os cristãos, indistintamente, até mesmo para os recém convertidos, a partir do momento em que se tornam cristãos. O Novo Testamento, continua Stott, presume que Deus tem dado o Espírito a todos os cristãos, (Rm 8.9; Gl 5.25; Rm 8.14,16,23).
 

Das sete vezes em que a expressão “ser batizado com o Espírito Santo” ocorre no Novo Testamento, somente uma vez é fora dos Evangelhos e de Atos (ou seja, em 1Co 12.13). Stott lembra que, nos Evangelhos, a expressão aparece quatro vezes nos lábios de João Batista, ao descrever o ministério do Senhor Jesus, “Ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Em Atos, uma vez é aplicada pelo Senhor ao dia de Pentecostes (At 1.5), e outra é aplicada por Pedro à conversão de Cornélio, citando as palavras do Senhor Jesus em (At 11.16).
 

A sétima vez é em (1Co 12.13), “pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Stott contesta que, aqui, Paulo esteja se referindo ao Dia de Pentecoste, já que nem ele, nem os coríntios, participaram daquele evento histórico. Paulo está se referindo à participação nas bênçãos que Pentecoste tornou possível aos cristãos. Ele e os coríntios tinham recebido o Espírito Santo; aliás, para usar a terminologia de Paulo, tinham sido “batizados” com o Espírito Santo, e tinham “bebido” deste mesmo Espírito.
 

Stott aponta para o fato de Paulo estar enfatizando a unidade no Espírito no contexto da passagem, em contraste deliberado à variedade dos dons espirituais, assunto que o apóstolo havia discutido na primeira parte de (1Co 12). Esse ponto é evidente pela repetição da palavra “todos” (todos...foram batizados, todos...beberam) e da expressão “um só” (um só Espírito... em um só corpo... de um só Espírito). O que Paulo está fazendo aqui, afirma Stott, é sublinhar aquela experiência com o Espírito Santo que todos os cristãos têm em comum. Esta é a diferença entre “o dom do Espírito” (quer dizer, o próprio Espírito Santo), e “os dons do Espírito” (isto é, os dons espirituais que ele distribui). Neste capítulo Paulo emprega várias vezes uma terminologia onde a unidade dos cristãos é destacada, (confira 1Co 12.4,8,9,11,13). O clímax do ensino de Paulo está no capítulo 12, versículo 13, onde o apóstolo afirma que em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo. A expressão de Paulo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, bem pode ser uma alusão a “toda a carne” mencionada na profecia de Joel. Stott conclui que o batismo com o Espírito Santo não é uma segunda experiência, nem uma experiência subseqüente desfrutada somente por alguns cristãos, mas a experiência inicial desfrutada por todos. Ou seja, o batismo com o Espírito é o mesmo que conversão.
 

No seu comentário em Atos, Stott procura deixar claro que não nega que haja experiências mais profundas e mais ricas após a conversão. Porém, ele rejeita a idéia de que tais coisas possam ser chamadas de “batismo com o Espírito”, uma terminologia que ele reserva apenas para a conversão, a obra inicial do Espírito no crente.

Batismo “pelo”, “com”, ou “no” Espírito?

 

Em seguida, Stott passa a responder às objeções que geralmente são levantadas contra sua interpretação de (1Co 12.13). Inicialmente, ele aborda o argumento de que as outras seis passagens, que se referem ao “batismo com o Espírito Santo”, tratam do batismo feito por Jesus – em, ou com o Espírito Santo, enquanto que (1Co 12.13) trata do batismo realizado pelo Espírito no corpo de Cristo, algo completamente diferente. Os defensores desta posição, esclarece Stott, concordam que o Espírito Santo batizou a todos os crentes no corpo de Cristo, mas isto não prova, para eles, que Cristo batizou a todos com o Espírito Santo. Stott afirma que esse tipo de argumentação é um exemplo de se tentar defender o indefensável, e passa, então, a refutá-la como se segue.
 

Em todas as sete ocorrências da frase, a idéia de batismo é expressa pelas mesmas palavras gregas Βαπτίζω  ἐν  Πνεῦμα baptidzô en Pneuma, “batismo com o Espírito” e portanto a prioridade, deve ser entendida como se referindo à mesma experiência de batismo. Esta é uma regra sadia de interpretação, diz Stott, e cabe aos que pensam o contrário apresentar provas de que ela não se aplica aqui. A interpretação natural é que Paulo estaria em (1Co 12.13) ecoando as palavras de João Batista, como Jesus e Pedro haviam feito antes dele (At 1.15; 11.16). É estranho tomar Jesus como o batizador nas seis primeiras passagens, e então, na sétima, tomar o Espírito como sendo o batizador, já que as expressões são idênticas. A preposição grega em (1Co 12.13) é ἐν en, como nos demais versículos, onde é traduzida como “com”. Por quê, pergunta Stott, deveria ser traduzida diferentemente?
 
Os quatro elementos do batismo
 

Stott, então, defende esse ponto com o argumento de que em qualquer tipo de batismo existem quatro partes: 1) o sujeito, que é o batizador; 2) o objeto, que é a pessoa sendo batizada; 3) o elemento “em”, ou “no” qual a pessoa é batizada; e 4) o propósito com o qual o batismo é realizado. Como exemplo, ele cita o “batismo” dos israelitas no Mar Vermelho (1Co 10.1,2). Deus foi o batizador, os israelitas foram os batizandos, o elemento em que foram batizados foi a água, ou vapor que caia das nuvens, e o propósito é indicado pela expressão “batizados em Moisés”, isto é, “para” um relacionamento com Moisés como o líder apontado por Deus.
 

O batismo de João, igualmente, tem quatro partes: João (o sujeito) batizou as multidões que vinham de Jerusalém e regiões circunvizinhas (os batizandos) “com” águas do Rio Jordão (elemento) para o arrependimento (o propósito). Mateus 3.5,11. O batismo cristão é similar, continua Stott. O pastor (sujeito) batiza o candidato (objeto) na, ou com, água (elemento), e o batismo é “para” o nome da Trindade (propósito), ou mais especificamente, para o nome de Cristo (Mt 28.19; At 8.16).
 

O batismo do Espírito não é exceção a esta regra, conclui Stott. Se colocarmos as sete referências juntas, verificaremos que Jesus Cristo é o batizador (sujeito), todos os crentes (1Co 12.13) são os batizandos (objeto), o Espírito Santo é o “elemento” em o qual somos batizados, e o propósito é a incorporação do crente no corpo de Cristo.

 

Stott reconhece que alguém poderia objetar que estas quatro partes não aparecem claramente em todos as sete passagens mencionadas. Por exemplo, o sujeito (o batizador) não aparece em (1Co 12.13). Para Stott, isto não é problema: Jesus Cristo é o batizador implícito da passagem, assim como também em (At 1.5 e 11.16). Ele não é mencionado porque nestas passagens o verbo ἐβαπτίσθημεν ebaptisthêmen, “batizar” está na voz passiva, e a ênfase recai sobre as pessoas sendo batizadas, enquanto que o sujeito da ação recua para os bastidores.
 

Ele ainda argumenta que, se o Espírito é quem batiza em (1Co 12.13), então, onde está o elemento com o qual ele batiza? Stott considera a falta de resposta a esta pergunta como sendo conclusiva de que sua interpretação é a correta, já que a metáfora do batismo requer um elemento. De outra forma, “batismo não é batismo”.
 

Ele conclui que (1Co 12.13) refere-se a Cristo batizando com o Espírito Santo, e nos fazendo beber do Espírito, e que “todos nós” temos participado desta bênção (Jo 7.37-39). Esta conclusão é reforçada pelo tempo dos dois verbos grego, ἐβαπτίσθημεν ebaptisthêmen, “batizar” e ἐποτίσθημεν epoisthêmen, “beber”, ambos no aoristo, e que se referem, não a Pentecoste, mas à bênção pessoal recebida pelos cristãos em sua conversão. Fonte: (Resumo das páginas 4 a 7, da Revista Fides Reformata 1/1 – 1996, o debate sobre o batismo com o Espírito Santo). Obs: *Texto Original Grego adicionado pelo autor deste artigo*.
 

Particularmente concordo com o Dr. Stott! No passado, me converti ao cristianismo numa Igreja de denominação Pentecostal, e lá fui ensinado que após convertido deveria jejuar e orar constantemente pela busca do batismo no Espírito Santo e falar linguas estranhas, mas, hoje entendo pelas Escrituras que todo cristão regenerado, justificado, que nasceu de novo, foi adotado por Cristo, e faz parte da família de Deus que é a sua Igreja. O Senhor Jesus já nos batizou com o Espírito Santo, no dia que Ele nos salvou! Tenho plena certeza que sou batizado no Espírito, que Ele habita em mim, que Ele me usa com poder e me capacita a servir em favor da sua obra mesmo sem falar uma língua estranha. Mas, se você acredita mesmo que para ser batizado no Espírito Santo, você precisa falar em línguas estranhas, como acontece hoje no meio pentecostal, você entendeu errado o batismo com o Espírito Santo.
 

O ensino Pentecostal que os cristãos precisam ser batizados com o Espírito Santo em algum momento após a conversão não tem amparo das Escrituras. Todo cristão convertido já é batizado com o Espírito Santo. “Ora, isto Ele (Jesus) disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7.39). O testemunho verdadeiro de Jesus nos evangelhos confirma a promessa feita por Ele mesmo aos discípulos. O Senhor disse que lhes daria o Espírito Santo – após Sua morte, ressurreição e glorificação no Céu.

 

“Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas, vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; por que Eu vivo, e vós vivereis. Tenho vos dito isso, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu Nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.

(Jo 14.16,17,19,25,26).

 

Segundo as Escrituras, quando o pecador crê em Jesus, o Espírito Santo lhe é dado conforme o Senhor havia prometido. Assim, o Espírito Santo passa a habitar nele conforme diz a Bíblia: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1Co 12.13). Na conversão do pecador, Jesus Cristo o batiza com o Espírito Santo e, logo o introduz em um Corpo – a Igreja. O texto é muito claro, não deixa dúvidas.

 

"Todos, e não somente alguns" cristãos foram batizados com o Espírito Santo. Não existe um grupo seleto privilegiado; a bênção do batismo com o Espírito Santo é para todos os cristãos que creem em Jesus como único e suficiente Salvador e no testemunho incontestável das Escrituras. O batismo com o Espírito Santo não é exclusivo aos crentes pentecostais e neopentecostais; os cristãos reformados também gozam do mesmo privilégio. “Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At 2.39). Jesus prometeu que daria o Espírito Santo aos que nele crê.

Sobre o falar em línguas

 

Com respeito as línguas que a Bíblia menciona, a base para o nosso ensino a esse respeito deve ser o tão conhecido texto de Atos, capítulo 2, onde os crentes que estavam reunidos em Jerusalém falaram em línguas.
 

É muito comum nas igrejas pentecostais e neopentecostais, ouvirmos os pregadores dizerem que se o crente não fala em línguas, é porque não foi batizado com o Espírito Santo. Os que pensam assim, dizem que, o falar em línguas é a evidência externa que “comprova” que o crente foi batizado no Espírito Santo. Alguns pregadores dizem que o crente que não é batizado com o Espírito Santo e não fala em línguas, não tem o “poder” de Deus em sua vida e, por causa disso, ele não é capaz de evangelizar os perdidos de maneira eficaz, nem receber algum dom do Espírito, ser guiado por Deus, tampouco ser ordenado ao ministério eclesiástico como diácono, presbítero, ou pastor. Contudo, a Bíblia não ensina que as línguas faladas no dia de Pentecostes são um sinal de batismo com o Espírito Santo. Não existe em nenhum lugar das Escrituras um ensino que comprove a necessidade do crente falar em uma língua estranha para ser batizado, habitado, governado pelo Espírito, ou indicado ao ministério da Igreja. Essas maluquices são invenções do pregador!
 

O fato histórico registrado no livro de Atos, capítulo 2, quando os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, não quer dizer que o falar em línguas seja um sinal que o crente foi batizado com o Espírito Santo, ao contrário, as Escrituras atestam que no exato momento da conversão do crente “ele foi batizado num só Espírito, tornando-se um só corpo com os demais crentes..., e a todos nós foi dado beber de um único Espírito” (1Co 12.13). Note as palavras: “todos”, “batizar”, “Espírito”, “corpo” e “beber”. Todos os cristãos têm o Espírito Santo, [foram batizados no Espírito Santo].

 

Além disso, aquelas línguas faladas no dia de Pentecostes, eram outros idiomas, que os discípulos falaram, sem nunca terem aprendido ou estudado. Não tem nada a ver com essas sílabas desconexas que não existem em nenhum lugar, mas que hoje os pentecostais falam nas igrejas. Um outro fato muito importante que devemos lembrar aqui é que, as línguas que Paulo fala em sua primeira carta aos Coríntios, capítulo 14, verso 2, que os pentecostais costumam usar de forma isolada para defender a teoria de que as línguas estranhas nessa passagem é diferente das línguas que foram faladas em Atos 2, não se sustenta biblicamente, pois também trata-se de idiomas. A Bíblia não menciona "dois tipos de dons", ou seja, os apóstolos nunca ensinaram que a língua falada em Atos 2, é idioma; e, que a língua falada em 1Coríntios 14, são línguas estranhas como, sharabakanta, siriquecantalanapraia que os crentes de hoje cosmutam falar em suas reuniões, pelo contrário!

 

Quando o Espírito Santo desceu sobre os gentios na casa de Cornélio, Pedro disse que, o mesmo que havia acontecido com eles em Atos 2, no dia de Pentecostes, repetiu-se com os gentios em Atos 10. A palavra grega γλῶσσα, ης, ἡ "glôssa" (línguas) usada por Lucas em (At 2) para descrever o fenômeno histórico do Pentecostes é a mesma que Paulo usa em (1Coríntios, capítulos 12,13 e 14) e possui apenas um significado: "IDIOMAS".

 

O que devemos fazer para interpretar corretamente o que Paulo está ensinando aos crentes de Corínto é olharmos atentamente para o contexto de (1Co 14.2). Podemos natar que ele está repreendendo aqueles cristãos por se comportarem como crianças ao usarem o dom de língua de maneira inadequada. Nos (vs.20 e 22), Paulo diz: "Irmãos, não sejais infantis em vossa maneira de pensar. As línguas são um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos". Esse texto está em plena harmonia com aquilo que Lucas escreveu em Atos 2, pois quando os judeus viram o sinal, Pedro pregou o Evangelho e 3.000 pessoas se converteram a Cristo. Por sua vez os crentes de Corínto, estavam falando linguas estranhas entre eles sem entender nada, dessa maneira eles estavam falando somente a Deus, e não aos homens (1Co 14.2).

 

Mas, Paulo diz: "Irmãos, se eu for até vós falando em línguas, que benefício vos trarei,... há diversos idiomas no mundo; contudo, nenhum deles é sem sentido. Portanto, se eu não compreender o significado do que alguém está comunicando, serei estrangeiro para quem fala e tal pessoa, estranha para mim. No entanto, na igreja, prefiro comunicar cinco palavras compreensíveis, a fim de orientar os meus semelhantes, do que falar dez mil palavras em uma língua estranha". (1Co 14.6,10,11,19). Portanto, o significado de (1Co 14.2), e todo o contexto dessa passagem, é: "Quem que fala em uma língua estranha aos seus irmãos, está falando somente a Deus, porque ninguém o compreende". Isso é meninice. Simpes assim. Não foi em vão que Paulo disse: "Irmãos, não vos pude falar como a pessoas espirituais, mas como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo". (1Co 3.1).

 

“Não apagueis o Espírito”, mas “examinais as Escrituras”.

JESUS FAZ A DIFERENÇA.




 

Pastor Jose Junior
Enviado por Pastor Jose Junior em 06/05/2018
Reeditado em 31/12/2023
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