IGREJA DINÂMICA
UMA IGREJA DINÂMICA
Prof. Dr. Antônio Mesquita Galvão
Quando decidi escrever este artigo, a partir das palavras do nosso Papa, que preconizou “uma Igreja em saída” me deparei com outras matérias publicadas com o mesmo título, por isso decidi pelo título que ora encima este texto. Muitos falam em “Igreja em saída” mas poucos sabem como implementar essa idéia.
Por Igreja dinâmica entendendo uma instituição em movimento, algo que não esteja parado, apático. Há muito tempo se escuta falar na necessidade de uma Igreja de pé, ao contrário daquela comunidade sentada que a gente se acostumou a contemplar por aí, por muitos anos. Para reverter essa apatia foi criado um estilo de atividade do tipo “discípulos missionários”, onde apareça a energia ativa (dynamis) de quem quer transformar o mundo a partir de dentro, onde deve atuar a Igreja.
Em muitos casos há que se questionar as práxis de alguns fiéis ou crentes. Será que pregam para servir ou aparecer? Vale a aparência, como a de certos pastores engravatados e de cabelos bem aparados, admirados pela aparência ou pela verborragia sob holofotes, ajuntando sacos de dinheiro. Será que isso evangeliza? A verdadeira alegria do evangelizador é o serviço embasado no testemunho de vida, na entrega à missão, na solidão do mundo, no desprezo às coisas materiais e aos aplausos.
Jesus foi perseguido e não ganhou elogios nem aplausos. Muitos buscam mais palco do que púlpito. O verdadeiro apostolado, aquele que transforma a Igreja sentada em dinâmica, dá trabalho, atrai antipatias, subentende riscos e, em geral, desacomoda. Para não cair nesses perigos, a maioria se retrai, se acomoda, se enfurna nos templos, onde a expressão desinstalar-se passa bem longe. A Igreja dos Atos dos Apóstolos estava sempre em movimento.
Os verbos que denotam a ação de Jesus são sempre de movimento. A Igreja dinâmica é o oposto da estática... Recordo, lá pela década de oitenta, escutei Dom Helder Câmara, o próximo brasileiro a ser elevado à honra dos altares, pregando numa “ultréya” em João Pessoa, dizendo que o discípulo de Jesus devia exercer sua atividade na rua, no mundo, nos diversos ambientes, pois as igrejas andavam cheias e as sacristias lotadas de gente que não fazia nada. Na sombra dessa omissão floresceram as seitas.
Há algum tempo um padre me pediu que elaborasse um “projeto missionário” para criar equipes de visitadores, na evangelização domiciliar de famílias e pessoas afastadas da Igreja. Reuni um material teórico ao qual somei a experiência de pessoas que já haviam trabalhado em projetos análogos e entreguei tudo ao pároco, que deu uma olhada, achou muito bom e afirmou que iria implementar a ação. Isto foi há mais de dez anos e nada foi feito. Nessa comunidade – e em muitas outras – o povo continua rezando, cantando, indo às missas, pagando dízimos e se refugiando no Tabor dos movimentos leigos,, mas, como fruto de uma Igreja sentada, a tarefa evangelizadora se restringe à meia-dúzia de atividades formais e algumas sociais (festas, bailes, jantares, quermesses) que não logram uma eficácia pastoral.
Agora falam no “ano do laicato”. Há dias fui a uma reunião onde iam falar sobre o protagonismo dos leigos. Na chegada, procurei me inteirar sobre a nominata dos palestrantes: dois padres e uma religiosa. Nenhum leigo foi chamado a opinar. Que protagonismo é esse? Seremos uma Igreja de leigos atuantes quando for deixado de lado o excesso de clericalismo que ora se observa.
Isto não é uma Igreja em saída...