Doce esperança de um amoroso banquete.
Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus. Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rom 8:10-21). Aqui vemos o apóstolo Paulo traçar um vívido e esperançoso quadro sobre a volta de Cristo Jesus. Ele fala com a visão de um poeta que olha para toda criação e a vê sofrendo sob o jugo danoso da ambição humana, fruto do pecado original. O mundo e a natureza criados perfeitos pela perfeição divina, no estão sujeitos à corrupção e aguardam ansiosos a glória que virá. O mundo é um mundo onde a beleza murcha e a beleza se corrompe; é um mundo agonizante; mas está aguardando a libertação de tudo isto e a vinda do estado de liberdade e de glória.
Quando no remetemos ao acontecimento ao ato da desobediência vemos que a proibição imposta sobre Adão e Eva (Gen. 2.17) tinha o propósito de pôr à prova o critério básico da confiança e do respeito no amor de Deus, obediência inquestionável ao mandamento de Deus. Na proibição, foram resumidas a soberania, a autoridade, a sabedoria, a bondade, a justiça, a santidade e a verdade de Deus. O ato de desobediência não foi uma ofensa trivial; foi demonstração de ingratidão e um ataque à majestade de Deus, um repúdio à sua soberania, uma dúvida que pousou sobre o amor, uma disputa com sua sabedoria, uma oposição à sua veracidade. Por toda a extensão das perfeições de Deus estava o que todo pecado é, a oposição a Deus. Eis então sua gravidade e as suas consequências; morte, dor, tristezas e uma sobrevivência que desconhece o amanhã.
Paulo sabia, e aqui dota a criação de consciência: Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; (Rom 8:22), Imagina a natureza desejando o dia em que o domínio do pecado tenha sido quebrado, e a morte e a corrupção tenham desaparecido, e a glória de Deus tenha vindo. Com um toque de intuição imaginativa, Paulo diz que a situação da natureza é ainda pior que a situação dos homens. O homem pecou deliberadamente; mas a natureza foi subjugada involuntariamente, não por sua própria escolha. Mas sim Inconscientemente a natureza foi envolta na consequência do pecado do humano. “Maldita é a terra por tua causa”, disse Deus a Adão depois de seu pecado (Gênesis 3:17). Assim aqui, com olho de poeta, Paulo vê a natureza aguardando a libertação da morte e a corrupção que o pecado do homem trouxe e ainda marca o mundo.
E então ele fala que o agir do Espírito Santo os seres humanos têm uma antecipação: e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo. (Rom 8:23), uma primeira entrega, da glória que será; agora desejam de todo coração a completa realização do que implica a adoção na família de Deus. É como se de um banquete experimentássemos um ponta de colher dos manjares a serem servidos. E com a volta de Cristo Jesus realmente participaremos do real banquete do amor. Essa adoção final será a redenção dos corpos. Paulo não imagina o homem em estado de glória como um espírito imaterial. Neste mundo o ser humano é corpo, alma e espírito; e no mundo de glória será salva o ser humano na integra. Só que seu corpo já não será mais vítima da corrupção e instrumento do pecado: será um corpo incorruptível apto para vida espiritual.
E por fim vemos que para Paulo a única radiante verdade que iluminava a vida era o fato grandioso de que a situação humana não é uma situação desesperada. Paulo não era pessimista. O Cristão está envolto na situação humana. Interiormente deve lutar com sua própria natureza humana pecaminosa. Exteriormente deve viver em um mundo de morte, corrupção, dores e tristezas. Mas, não só vive no mundo; vive também em Cristo. Não somente vê o mundo; olha mais além do mundo, em direção de Deus. O Cristão não só vê a consequência do pecado; ele vê o poder da misericórdia e do amor de Deus. E, portanto, a tônica da vida cristã é sempre a esperança e nunca o desespero. O cristão aguarda, não a morte, mas a vida que se aprazerá no doce banquete do amor. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corrações.
(Molivars).