SINAIS SILENCIOSOS

Para o cego, um sinal que seja apenas visual não tem proveito nenhum, e não cumpre a sua finalidade.

Existem muitos sinais que só são observáveis pelo sentido da visão. Mas muitas pessoas, ainda que não sejam cegas no sentido literal da palavra, não se apercebem deles, seja por falta de conhecimento, seja por não terem familiaridade com eles.

Mesmo o sol que irradia calor, além de luz, pode passar despercebido para alguém que não enxergue caso este esteja num local com nuvens espessas.

E comparável à cegueira visual é aquele que não tem instrução, sendo ignorante. E muitos se têm dado mal por isso, e até perdido a vida. Eu mesmo, certa vez, fui salvo por pouco. Adiante contarei como.

O autor do livro “o pequeno príncipe”, quando piloto militar, estava pousado no deserto da Argélia, se não me falha a memória, quando um inseto (uma libélula), lhe pousou sobre o corpo. Ele imediatamente se deu conta de que uma tempestade se aproximava, e levantou vôo, escapando. Tempestade no deserto, segundo o autor, forma nuvens de areia, que emperra os motores de aviões.

É fato sabido dos cidadãos de países onde ocorrem tremores de terra com freqüência, como o Japão, que antes da ocorrência destes, as enguias ficam muito excitadas.

A observação dos animais tem revelado que os seus comportamentos alteram quando determinados fenômenos estão prestes a acontecer.

Pássaros que pousam até sobre as pessoas no meio do mar, normalmente revelam a proximidade de tempestade.

Na região norte do país, observa-se que os insetos são atraídos pela luz artificial durante a noite, antes de chuvas e trovoadas.

Aqueles que labutam no campo conhecem vários comportamentos dos animais, e que os ligam a algum fenômeno.

O comportamento das formigas é um caso típico. Não vemos as formigas, em condições normais, serem surpreendidas por chuvas. Elas sempre se recolhem às suas casas antes das chuvas. E quando elas sentem ameaça para os seus ovos, fazem a devida mudança deles para local seguro.

Alguns caboclos ribeirinhos afirmam que para se saber se a cheia do rio Amazonas vai ser grande, deve observar-se a altura em que o uruá ou caracol colocam os seus ovos. O gado sente o cheiro do temporal. Jó.

No pólo norte o fenômeno denominado de “cães solares” são prenúncio de tempestade de neve. E navegadores, caçadores de focas e nativos não se aventuram em expedições nesse tempo. E os que se tem aventurado imprudentemente, se têm dado mal.

A observação do vento, de onde ele sopra e a sua temperatura, é de grande importância para se saber se haverá chuva breve. Disse Jó que o vento norte traz chuva.

Todos esses são sinais silenciosos e observáveis visualmente, ou com algumas exceções, pelo tato.

Mas há quem só acredite vendo, deixando o conhecimento de lado ou não usando dele por ignorância, vindo a sofrer as conseqüências. Valem-se somente da experiência e desprezam a ciência. Isso não é bom. A ciência pode comprovar ou não alguns conhecimentos empíricos. A teoria unida à prática ou ao conhecimento é sempre proveitosa. Ciência é conhecimento. Mas alguns têm se agarrado mais numa e desprezado a outra. Isso não é bom.

Certa vez ouvi meu pai comentando com um membro da tripulação da lancha que ele ia pilotando, sobre a aparição de uma pequena nuvem no horizonte, quando eles iniciavam a travessia da gigantesca baía do Marajó, no Estado do Pará. E antes que chegássemos do outro extremo da baía, o que levou várias horas, o vento desceu com vigor, mas sem nos causar pânico. A nuvem era o aviso. De outra vez ele preferiu deixar o porto, pois ele percebeu que este não oferecia segurança e até seria uma ameaça para a embarcação, tripulantes e passageiros. Foi uma grande experiência para mim, como adolescente e com relação ao meu pai. E foi assim:

Estávamos no porto da cidade de Gurupá, no Estado do Pará, onde existe uma grande e perigosa baía em frente da cidade. Meu pai observou que vinha uma tempestade, e ordenou à tripulação que se fizesse à baía. A lancha-rebocador trazia à reboque um batelão adaptado de uma velha lancha de madeira, e que estava abrindo o costado a altura do assoalho do convés de proa. Retornávamos de uma viagem feita a cidade de Monte Alegre, no mesmo Estado do Pará, onde fomos deixar uma carga de tubos de ferro galvanizado, para o serviço de água local. No camarote vinha a família do engenheiro de saneamento, que dirigia a obra naquela cidade. Meu pai mandou colocar o batelão para ser puxado à reboque, a fim de evitar o impacto das ondas que se arrebentavam com violência, enquanto o rebocador de madeira, por nome Utu”, mergulhava de proa nelas. Eu me coloquei atrás do meu pai que ia ao leme e que me mandou segurar as portas de telas que estavam na parede detrás do leme, e que batiam com violência, devido as ondas. Estas entravam pela proa e iam escoar pela escotilha do cabo de popa. Eu olhava para a margem distante, e temia, ao pensar que poderia ter que nadar para alcançá-la. Nessa ocasião eu vi o quanto meu pai era seguro no seu ofício. Ouvi o cozinheiro comentar que caso nós afundássemos, ele mataria meu pai antes de se fazer a água. Eu nunca contei isso ao meu pai. Logo que a tempestade ia amainando, surgiu por detrás de nós, um navio que vinha trazendo uma comitiva provenientes de um congresso de saúde, que havia sido realizado na cidade de Santarém, no Estado do Pará. Essa cidade localiza-se na confluência dos rios Amazonas e Tapajós, um afluente do primeiro. E está mais acima da cidade onde deixamos a carga. Meu pai acionou a cirene e o navio atendeu; diminuiu a marcha e podemos abordá-lo. Meu pai falou com o seu comandante, que recebeu a bordo a família do engenheiro, que estava vomitando o que podia, e seguimos, chegando sãos e salvos.

Eu, quando funcionário de um Banco estatal, e estava como Auxiliar de Supervisão, fui informado que havia um começo de incêndio na casa de força. Apanhei um extintor de espuma, e ia para dirigi-lo ao foco do incêndio, quando fui impedido por um colega. Me disse ele que, caso eu tivesse feito isso, eu teria sido eletrocutado; pois o incêndio era de origem elétrica e nos cabos de alta-tensão que entravam na estação. Eu poderia ter morrido por ignorância. Pois os extintores com carga de espuma não se destinam a incêndios elétricos, devido conterem água, sendo condutores de eletricidade entre a fonte de energia e o extintor, atingindo assim o seu usuário. Mas uma vez foi Deus misericordioso comigo.

Muitos sinais estão ocorrendo, e ainda vão ocorrer nos céus e na terra. Os desavisados que não crêem se assombrarão, mas nós não devemos nos assustar, pois eles estão previstos e são inevitáveis. Entretanto precisamos saber o que eles prenunciam. As Escrituras falam que antes da vinda do Senhor Jesus haverá sinais no sol, na lua e nas estrêlas, mas que não será o fim. Que o sol não dará a sua luz e nem a lua o seu resplendor. Não vos assusteis, disse Jesus.

Esteja alerta e conheça os avisos, senão...