JUDAS - PRIMEIRA PARTE
JUDAS E A BATALHA DA SALVAÇÃO
A grande pergunta que nos fazemos é quem era Judas? Ele mesmo fala no versículo 1 da sua Carta, que ele era irmão de Tiago e se esse Tiago for o irmão de Jesus, então Judas era um dos irmãos de Jesus. Mas não temos como ter certeza de nada disso. Independente a isso, ainda fica a pergunta quem era Judas? Que dito de outra maneira gera a pergunta: Imagine o que Judas não poderia ter nos ensinado? Se com uma Carta de um capítulo ele revolucionou a Igreja, imagina se ele tivesse tempo e espaço para mais?
Fazem anos que tento dizer aos irmãos pregadores, que eles precisam escrever as suas mensagens para que elas fiquem para a posteridade. Se a Terra durar tanto, alguém pode pegar os escritos de outro e daqui a trinta ou cinqüenta anos e ter a idéia correta do que ele queria dizer à Igreja. O Ministério da Escrita é importantíssimo. Saber passar para o papel as suas mensagens, de forma clara é um Ministério, é um chamado. Temos muitos pregadores bons, vivendo entre nós, que não tem um único esboço de suas mensagens e quem não o ouviu, não sabe o que ele tem a ensinar.
Judas escreveu uma única Carta, mas ela é revolucionária. A Carta de Judas é a única escrita da apostasia. Ele não fala de uma apostasia teórica que iria vir, mas ele fala de uma apostasia vigente em seu tempo: Estão entre nós falsos profetas. Judas os acusa claramente e os aponta.
A Carta de Judas é de uma contemporaneidade impressionantes. A sua fala é de dois mil anos atrás, num universo diferente, no mundo árabe, machista, judeu e ainda assim é mundialmente popular.
A pergunta voltará sempre: Quem era Judas? O quê Judas não poderia nos ter ensinado além do eu ensinou? Que conhecimentos de Deus esse homem de Deus não tinha? Daqui a cem anos, quem seremos nós, totalmente esquecidos pela história, ou alguém que registrou de alguma maneira o que tinha a dizer? Como saber se o pregador era bom ou não, que mensagens deixa às próximas gerações? Sua fala ecoa no tempo? A Igreja gostaria de ter mais de Judas, graças a Deus, temos o que temos. Judas é aquele cara que deixou um gostinho de quero mais.
O VERSÍCULO CHAVE
“Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos.” Judas 1:3
Aqui, Judas dá o tom do que vai escrever. “Amados, embora estivesse muito ansioso para lhes escrever a respeito da salvação eu compartilhamos, preciso falar outra coisa.” É isso aqui, que nós gostaríamos que Judas tivesse falado. Se puxou o assunto deveria nem que brevemente dar um esboço do que queria falar da salvação e não falou. Perdemos ensinos de alguém que tinha o que dizer, porque ele não registrou. Se falando de um assunto árido, que é Falsos Profetas, ele trouxe revelações tão importantes, imagina essa camarada falando sobre salvação? Fica a enorme pergunta quem era Judas? Os pregadores são produto do seu meio, entenda isso. Paulo não era o único que falava do jeito que falava, haviam outros iguais. A vantagem e diferencial de Paulo é que ele registrou o que falava. Imagine como não eram as pregações do tempo de Judas. Por ele já se nota a profundidade de Bíblia e conhecimento de Deus que tinham. E o que pode deixar alguns estupefatos é que eles não tinham Cursos Teológicos. Antigamente eles oravam e liam a Bíblia. Hoje substituímos a leitura, o estudo da Bíblia, a oração e a busca dos dons por um curso. Naquele tempo eles não tinham cursos teológicos, não tinham a enorme biblioteca chamada Internet, não tinham escritos da Reforma e bem poderiam não terem produzido nada, que nem seriam acusados de falta de buscar a Deus. Eram iniciantes, principiantes em buscar a Deus. Entretanto esses principiantes nos dão banhos de Bíblia e de conhecimento de Deus. Judas ainda nos fala algo que a Igreja não aprendeu, apesar de tantos séculos, o Dom de Línguas.
Ainda que Judas não tenha diretamente falado a nós sobre salvação, mas que acredito que falou à sua congregação, o pouquinho que ele nos transmitiu de salvação, de forma direta ou indireta, é para ser guardado em nossos corações. Sua Carta, deixa transparecer um pouquinho do que ele queria dizer sobre salvação.
A BATALHA DA FÉ
É claro que Judas tinha um conhecimento espiritual enorme e que era um homem cheio do Espírito, com conhecimento bíblico e dons do Espírito. Isso transparece facilmente em sua Carta. Ele nos diz que estava ansioso para compartilhar a salvação, da forma que entendeu, com os irmãos (Quem era a sua congregação? Onde ficava geograficamente?) mas que não podia ainda lhes dar o ensino, pois algo urgente precisaria ser tratado: A Batalha da Fé.
Algo estava ocorrendo em seu tempo, que merecia urgentemente a sua atenção, no momento algo maior do que ensinar sobre a salvação. Havia a necessidade urgente de tratar sobre os Falsos Profetas, que estavam entre eles, em seus púlpitos, com fogo estranho. Judas nos dá diretrizes que nos mostram quem são e como agem os falsos profetas.
Mas a sua fala, apesar de falar dos falsos profetas, não é para ensinar sobre eles, mas é uma mensagem, uma pregação, onde ele insiste para que batalhemos pela fé, uma vez confiada aos santos.
A leitura de Judas nos fala ainda sobre a pregação atual, de nossos púlpitos. Os pegadores contemporâneos carecem de entenderem porque a mensagem foi gerada. De onde surgiu a necessidade de falar sobre aquilo. Quando entendemos o porque, fica fácil trazer o conselho correto de Deus aos homens, mas se não entendemos o que gerou a mensagem, falamos do que não entendemos.
A mensagem de Judas é uma crise dentro dele. Judas quer falar sobre salvação comum, mas é obrigado a falar sobre a batalha da fé. Judas é um homem dividido, onde o que ele quer falar é mais importante do que ele tem que falar, mas o que ele tem que falar é mais urgente, do que o mais importante. A salvação é muito mais importante, inegavelmente, do que os falsos profetas. Uma doutrina é assunto eterno o outro é temporal. A salvação permanece para a eternidade, os falsos profetas um dia não existirão mais. Judas tinha uma escolha difícil: Falava do eterno, ou do temporal? Só havia uma escolha a se fazer, qual ele escolheu? Judas tinha um ensino teológico e um ensino prático, ficou com o prático. Judas tinha um ensino maior, mas teve que optar por falar o menor. É essa a dificuldade demonstrada na sua Carta. É essa a crise que Judas tem.
E graças a Deus por isso, pois devido a essa crise, temos a Carta de Judas. A Igreja perderia ensinos importantes se não a tivéssemos. Graças a Deus pela Igreja encardida de Corintios, ou pelos irmãos Gálatas e pelos Romanos também. Se não houvessem os Efésios, ou os Tessalonicenses, nós não saberíamos todo o conselho de Deus. Graças a Deus, pela crise no tempo de Judas. Gostaríamos de ter um escrito de muitas páginas de Judas, falando sobre salvação comum e eterna, mas o que temos é esclarecedor.
CONCLUSÃO DA PRIMEIRA PARTE
A mensagem pregada deve seguir uma ordem clara. Se os pregadores prestassem atenção, suas mensagens seriam mais bonitas e mais nítidas. A Carta de Judas nos dá um esboço possível, e é o que vamos seguir:
1- O que é salvação?
2- Quais são as características dos falsos profetas?
3- A solução aos falsos profetas
FIM DA PRIMEIRA PARTE
P. S. Esse assunto foi encomendado por um Pastor amigo, João França, que me disse que gostaria de pregar Judas de uma forma incisiva, impactante, mas que não sabia como. Ele pediu então a minha ajuda para elaborar um sermão impactante. Deus estava no negócio, pois na hora Deus me mostrou o que deveria entender de Judas. Eu já estudei Judas muitas vezes, até já preguei e ensinei, o todo ou partes, mas da forma que veio agora, é revelação. Entendo que chegou então a hora, de pensarmos novamente Judas.
Amém
Paulo Sérgio Lários