A LIBERDADE... A VONTADE... "IGREJAS EVANGÉLICAS BRASILEIRAS estão envolvidas com o NARCOTRÁFICO?" - 43ª parte.

A LIBERDADE... A VONTADE... “IGREJAS EVANGÉLICAS BRASILEIRAS estão envolvidas com o NARCOTRÁFICO?” - 43ª parte.

43ª parte.

GRICORE AVRAM VALERIU.

“A VERDADEIRA HISTÓRIA da IGREJA UNIVERSAL”.

“INTRODUÇÃO”.

GRIGORE AVRAM VALERIU nasceu na Romênia em 21 de julho de 1945 e é brasileiro naturalizado. Ele é advogado e hoje tem 72 anos de idade. Atualmente reside em Aracaju – Sergipe.

“O FUNDO do POÇO é no 10º ANDAR”.

Era uma noite que se tornara rotina para GRIGORE. Após tantos fracassos, desistira de lutar contra insônia. As duas doses diárias de NEOZINE tomavam mais por hábito do que por serventia, já que o CALMANTE não fazia mais qualquer efeito.

(...) Ao seu lado, a esposa NADEGE dormia. Ou fingia dormir, pois também ela sofria de insônia crônica. Não havia como saber. GRIGORE e a esposa não se falavam. Àquela altura, a única forma de comunicação do casal eram as brigas ásperas e constantes.

(...) Na década de 50, sua tia LÍVIA, irmã de sua mãe, havia se suicidado. Oito anos antes daquela noite insone, fora a vez da própria mãe. Por volta da meia-noite, TONINE VALERIU, chamada por todos de NINA, foi até a janela do 10º andar do prédio onde morava e saltou para a morte.

Dos psiquiatras que cuidaram da esquizofrenia da mãe e dos médicos que ele mesmo passou a frequentar, GRIGORE ouvia que o mal tinha raízes hereditárias. Era como se carregasse o suicídio no sangue.

Observação do escriba: - Não existem provas científicas que comprovem que a esquizofrenia ou outras doenças mentais tenham raízes hereditárias. Não passa de tapeação para psiquiatras e a indústria farmacêutica ganharem rios de dinheiro.

(...) Naquele momento, ao menos a CRISE DEPRESSIVA tinha na CRISE CONJUGAL um MOTIVO REAL.

(...) Cansado e sem conseguir dormir, a idéia de suicídio lhe veio naquela noite com um argumento que fazia todo o sentido: - Por que não?

(...) Antes de se levantar, no entanto, uma dentre as tantas vozes que ecoavam em sua cabeça lhe fez outra sugestão. GRIGORE se lembrou das repetidas vezes em que a empregada da casa sugeriu que o casal ouvisse a RÁDIO COPACABANA, que pertencia à IGREJA UNIVERSAL do REINO de DEUS. Para GRIGORE era irritante.

(...) Ouvir o nome de JESUS lhe causava repulsa. Discursos RELIGIOSOS eram algo muito distante de sua formação na ROMÊNIA, onde o regime simplesmente tinha decretado que DEUS não existia. O mundo espiritual era uma fraqueza, um desvio, uma ilusão.

“RÁDIO TERROR”.

Não era a primeira vez que poucos instantes de ondas de rádio haviam provocado mudanças marcantes na vida de GRIGORE.

(...) Quando ainda era um garoto de 15 anos na BUCARESTE dominada pelo COMUNISMO, acompanhava o pai, EMILIAN VALERIU, tentar sintonizar alguma emissora em busca de distração. Tarefa árdua, considerando que a maioria das estações se limitava a divulgar a PROPAGANDA OFICIAL.

(...) Por isso, quando o pai de GRIGORE girou o botão do dial e ouviu vozes não familiares, logo tomou um susto. As vozes falavam em romeno, mas a transmissão vinha de cerca de 1.800 quilômetros dali. Em Paris, dissidentes da DITADURA COMUNISTA fundaram a RÁDIO EUROPA LIVRE para denunciar os abusos em sua terra natal.

(...) Denunciado por um vizinho, EMILIAN VALERIU foi preso por alguns dias. Voltou cabisbaixo e não falou nada durante anos. Certo dia anunciou: - “Nós vamos embora da ROMÊNIA.”.

“UM MUNDO em GESTAÇÃO”.

GRIGORE iria deixar a terra que lhe moldou a personalidade. Uma personalidade por longos anos multifacetada, indefinida como o mundo em que nasceu.

O DITADOR ANTONESCU, que crescera sob os cuidados de uma madrasta judia, e que se casara pela primeira vez com uma franco-judia, exterminaria, segundo as estimativas mais modestas, 250 mil judeus e 25 mil ciganos.

A família de GRIGORE sabia bem o que podiam esperar os judeus como eles. O ódio contra o opressor pairava nas ruas. Amigos judeus, às vezes famílias inteiras, simplesmente eram levadas em trens. E todos sabiam o destino: - A morte nos campos de concentração.

Com fugir era impossível só havia uma maneira de preservar a vida: - Comprando-a. A família de GRIGORE era rica, e a ganância do Governo Romeno e da Cúpula Nazista eram altas.

GRIGORE veio ao mundo, de destroços de guerra, em 21 de julho de 1945. Época em que a EUROPA estava sendo repartida. Pelo lado oeste, o avanço das tropas AMERICANAS e INGLESAS. Pelo lado leste, coube à UNIÃO SOVIÉTICA tomar conta dos territórios que antes eram dos NAZISTAS. O mundo se dividiu em dois blocos – o CAPITALISTA e o SOCIALISTA – e GRIGORE ficou no segundo bloco.

“SAI HITLER, ENTRA SATLIN”.

Nos primeiros anos do pós-guerra os Romenos reagiram com euforia, e viam os Soviéticos como o libertador que enfim havia chegado.

Tão logo o Governo COMUNISTA pôs ordem na casa, começou o segundo ato da tragédia do povo romeno. A primeira medida extrema dizia respeito aos ideais socialistas: - Cidadão nenhum era mais dono de nada. Tudo agora era do ESTADO. Fazendas, terrenos, apartamentos, contas bancárias e indústrias.

Se a ROMÊNIA antes era um país como muitos, de ricos e pobres, passava a ser de pobres e pobres. De uma hora para outra, na base do Decreto Governamental, a ROMÊNIA virou sociedade sem classes.

A ROMÊNIA era um país rico. Com o COMUNISMO a miséria tomou conta da nação. E se o pão era caro, a liberdade era ainda menor. Emigrar era impossível. As pessoas eram obrigadas não só a ficar no país como a achar bom. Pelo menos em público.

“ATEU por DECRETO”.

Quando GRIGORE entrou na idade escolar, o COMUNISMO já era disciplina oficial.

(...) Em relação à educação das coisas do espírito, o ensinamento era taxativo. DEUS não existe e está acabado. Não havia aulas de religião, nem qualquer referência a CRISTO ou figuras do CRISTIANISMO no ambiente escolar. Os professores que falavam do assunto diziam apenas que DEUS era uma invenção do CAPITALISMO, e a religião uma bobagem.

Em GRIGORE aquela educação conseguiu grandes resultados. Ele não só não acreditava em DEUS como sentia repulsa, e mesmo raiva, ao ouvir o SEU nome ou de CRISTO.

“O PREÇO da LIBERDADE”.

Em 1960, a captura de EMILIAN VALERIU pela polícia política foi o estopim para que decidisse abandonar o país o mais rápido que pudesse.

O problema era como? A solução encontrada foi a mesma usada durante o NAZISMO para proteger a vida dos HESCOVICIS: - A influência. O Governo Comunista precisava de DINHEIRO. O valor foi estabelecido: - Dois mil dólares.

(...) EMILIAN, NINA e GRIGORE não perderam mais tempo e rumaram para o aeroporto, com destino a Paris.

Um das condições era que o cidadão podia sair, mas os bons ficavam. Era terminantemente proibido emigrar com qualquer coisa de valor.

Inconformada de chegar àquela altura da vida sem absolutamente nada, NINA decidiu arriscar. Dentro das roupas íntimas, protegidas pelas várias roupas e casacos que usava no dia frio da partida, escondeu as jóias da família.

(...) Nem mesmo o herói, figura clássica dos filmes de ação, faltou. Mais tarde, em Paris, NINA contaria que os policiais realmente encontraram as jóias e impediram seu embarque. Estava presa. Até que um policial, que tinha voz de comando, decidiu contrariar as regras e devolveu as jóias para ela, orientando para que ela corresse para o embarque. Atitude que seria lembrada por toda a vida dos Valeriu.

De Paris, EMILIAN, NINA e GRIGORE iriam para TEL AVIV (Israel). O jovem GRIGORE, do alto de seus 17 anos, protestou. Não sabia dizer exatamente o porquê, mas foi incisivo com os pais que não queria ir para Israel. Grigore queria vir para o BRASIL. E vieram.

“CAFÉ e PELÉ: VISÕES do PARAÍSO”.

Um pouco mais informado que seus compatriotas, GRIGORE sabia que além do futebol o Brasil era um forte exportador de Café. Aquele mundo onde coexistiam Pelé e Café parecia um lugar de felicidade, de esperança e de harmonia. Enfim, uma espécie de paraíso sobre a terra.

Partindo de Paris, a viagem de navio durou 17 dias, até chegarem ao Brasil num feriado, no dia 12 de outubro de 1962.

Para GRIGORE tudo estava bom demais com o país. O Brasil correspondeu às expectativas de GRIGORE. A Praia do LEME que freqüentava todas as tardes, nada de filas ou escassez de comida, o sol, as belezas do Rio e a euforia pelo título mundial: - Era de fato, o paraíso.

Não demorou e através dos contatos de certo tio LEOPOLDO, o pai de GRIGORE arranjou um emprego na fábrica de televisores Emerson. Tio LEOPOLDO não era, na verdade, parente sanguíneo dos VALERIU, mas representava a influência que a família Romena e Israelita conquistara mesmo deste lado do oceano.

Depois da guerra, LEOPOLD STERN foi um dos que abandonou a ROMÊNIA para fazer fortuna em outros lugares. Primeiro nos Estados Unidos, e depois no Brasil. Por aqui entre seus muitos investimentos ele comprou um prédio inteiro em Laranjeiras, Bairro do Rio de Janeiro, alugou todos os apartamentos e passou a viver de renda.

Um dos seus filhos era o tio LEOPOLDO, que desde logo seguiu os caminhos de playboy do pai e passou a administrar os bens do pai, para ter renda sem precisar trabalhar.

“A QUEDA”.

No Rio, EMILIAN VALERIU tinha tudo para se tornar o Frank Sinatra dos trópicos. Papel que lhe cabia muito melhor, diga-se, pois seu jeito gentil, comunicativo e à vontade combinavam muito mais com a cara do Rio do que do leste Europeu.

Uma manhã, mesmo atrasado para o seu horário de entrada na Vespa, não quis deixar a velha senhora sem a sua garrafa de leite. Na pressa, atravessou a Avenida Princesa Isabel sem prestar muita atenção. Um motorista não conseguiu desviar e acabou acertando EMILIAN, que foi jogado para o calçadão, onde caiu de cabeça. O pai de GRIGORE ficou desacordado, mas vivo. Mas a perda de sangue observada pela roda de pedestres e motoristas que se amontoaram no local não deixavam dúvidas de que a coisa era grave.

GRIGORE e um colega de trabalho do pai encontraram EMILIAN no Hospital Público Miguel Couto. As duas primeiras providências foram transferi-lo para a conceituada Beneficência Portuguesa e esconder o fato da mãe, até terem informações mais precisas. NINA VALERIU tinha os nervos frágeis. Há muito, na ROMÊNIA havia sido diagnosticada com uma doença que assombrava a família: - Esquizofrenia.

EMILIAN VALERIU submeteu-se a duas cirurgias na cabeça. Aquele longo novembro de 1963 seria um mês de angústia extrema para os VALERIU. Poucos dias após o assassinato brutal do Presidente Kennedy em 22 de novembro de 1963, o pai de GRIGORE morreu.

“BOLSO CHEIO, CORAÇÃO VAZIO”.

O destino dos outros dois membros da família tomou rumos opostos. O choque pela morte do pai empurrou GRIGORE para a vida, para um crescimento pessoal. Foi nessa época que começou a faculdade e a vida profissional.

Enquanto isso, sua mãe sofreu uma força a puxando mais forte para seus fantasmas. As crises da doença eram piores e mais frequentes.

O trabalho na Entidade Filantrópica “O Pequeno Jornaleiro” ocupava o tempo e a mente da mãe de GRIGORE, evitando que ela se entregasse à depressão. Emocionalmente, tornou-se ainda mais ligada ao filho, em uma relação que logo deixou de ser simplesmente de amor para se tornar de dependência absoluta.

GRIGORE não tinha amigos a quem desabafar e recorrer. Ainda se sentia o estrangeiro, o cara de fora, com dificuldades de se comunicar por conta da timidez e potencializada por ainda não dominar a língua.

Mas incômodo mesmo era perceber que estava chegando aos 20 anos e ainda não tinha tido nenhuma namorada. Mesmo tendo enfrentado provações como a pobreza na ROMÊNIA, a prisão do pai, a fuga do país e a trágica perda recente, GRIGORE nem chegou perto de procurar consolo na religião. Permanecia tão ATEU como havia aprendido a ser em BUCARESTE. Não era dado a investigações psicológicas e muito menos religiosas. Ao contrário, o que sabia é que precisava agir.

Com o dinheiro do seguro de vida, resolveu fazer faculdade. E mais: - Resolveu realizar o sonho não concretizado do pai. EMILIAN desde pequeno manifestara o desejo de ser ENGENHEIRO.

GRIGORE chegou ao Brasil no dia 12 de outubro de 1962, quando tinha 17 anos. (página 44). Tempos depois GRIGORE prestou vestibular para engenharia e passou em duas faculdades. Uma paga, a PUC, e outra gratuita, a Federal. Optou pela Federal pelo fato de o curso ser mais rápido - quatro anos. Tomava então a barca que levava do Rio para Niterói e passava o dia inteiro estudando, Queria, mais uma vez, ser o melhor no que fazia.

O problema é que ele nunca gostou nem de trocar lâmpada. Finalmente trancou a faculdade e foi descobrir o que queria da vida. Mas o problema era justamente esse: - GRIGORE não fazia idéia do que queria da vida.

Mais uma vez os imigrantes judeus que vieram da Romênia foram solidários. ISIDOR SCHANGLER, dono de uma empresa chamada Demolições Demaco, vislumbrava um bom futuro na sociedade que estabelecera com outros Judeus Romenos.

SCHANGLER demolia para que os sócios construíssem e vendessem edifícios. GRIGORE foi chamado para ser administrador do negócio. Era hora de trabalhar. O trabalho, além de lhe trazer crescimento, trouxe também algo muito valioso. GRIGORE começou a sentir a emoção de ganhar seu próprio dinheiro. Não era uma fortuna, mas era muito mais do que ele precisava.

Nas contas do final do mês, a maior parte do salário era poupada. GRIGORE pegou gosto por economizar cada vez mais para poder investir. Queria ficar rico logo. Comprou algumas ações, mas seu foco de investimento principal foram os imóveis, seguindo os passos do tio LEOPOLDO. Logo comprou o primeiro apartamento e, não muito tempo depois, outro maior, de três quartos no LEME.

Fora o empenho, contou também com a providência. Ou com a mesma visão de futuro do avô. As ações que GRIGORE guardou se beneficiariam anos depois do “boom” atravessado pelas Bolsas de Valores Brasileiras no final de 1970 e começo de 1971. O investimento de GRIGORE simplesmente quadruplicou.

“VAI VARRER RUA”.

Com o lucro das ações, GRIGORE comprou mais imóveis. Tratava-se de um investimento valorizado na época, pois alugar apartamentos era fácil, e ninguém pensava em se desfazer dos seus. Aos 25 anos – até antes do que tinha planejado – GRIGORE era um homem rico. Possuía ações e doze imóveis: - Três lojas e nove apartamentos.

No apartamento do LEME, morava com a mãe. Dos outros, recebia renda. Não dependia mais do salário da demolidora. Por isso, largou o emprego.

A intenção era aproveitar a vida. O modelo, seu tipo LEOPOLDO, que vivia como um playboy carioca: - Solteiro, com dinheiro e sem precisar trabalhar. GRIGORE chegara lá, e ainda tinha muito tempo pela frente. Só não contou com o fato de que fosse tão difícil curtir a vida. Logo ficou entediado. Esse sentimento inicial foi piorando cada vez mais.

Era rico com uma vida afetiva pobre. Não conseguia conquistar as mulheres que queria. Muito menos uma mulher para compartilhar sentimentos, alegrias e tristezas. Enfim, a namorada que nunca havia tido, com quem pudesse conversar e se abrir.

A mãe se afundava cada vez mais em sua depressão, e GRIGORE se via cada vez mais refém do apego doentio que ela nutria por ele. E percebia que um sólido obstáculo se interpunha entre ele e uma mulher para viver uma relação amorosa.

Foram cinco anos de vazio e tormentos. O vazio exterior da falta de atividades e relações amorosas e o tormento interior que não o deixava em paz. Levava uma vida sedentária e se alimentava mal, o que logo trouxe males físicos. Ficava doente com constância, e só então, quando estava com 30 anos, começou a procurar pelos médicos.

Os primeiros não conseguiram detectar o problema, e muito menos propor a solução, o que só aumentava a angústia. GRIGORE sentia-se condenado a ser triste.

Resolveu então procurar um dos especialistas dos males da psique mais afamados – e mais caros – do Rio de Janeiro. O doutor DONATO KULICK trazia ainda a vantagem de ser Judeu, e quem sabe a afinidade nos sofrimentos coletivos podia ajudar.

Relatou ao doutor KULICK, da maneira mais fiel que era possível, todos os seus dramas, sua vida, seus medos e seu vazio existencial. O médico ouvia calado, com olhar atento e apenas um leve aceno de cabeça vez ou outra.

O experiente doutor KULICK levantou-se para dar mais ênfase ao tom enérgico de seu diagnóstico: “VAI VARRER RUA, rapaz!” E emendou um sermão bastante ríspido, cujo tema era que GRIGORE tinha mais é que deixar de ser inútil e ir trabalhar. Em choque com aquele método pouco convencional e sem anestesia, GRIGORE só conseguiu perguntar antes de sair o que o especialista considerava mais adequado para ele fazer. “Qualquer coisa”, respondeu o médico. “Pegue o primeiro emprego que encontrar”.

GRIGORE deixou o consultório desorientado. O que não o impediu de seguir ao pé da letra as ordens do médico.

Em pouco tempo GRIGORE estava trabalhando em uma Corretora de Imóveis, de acordo com a receita do doutor KULICK. E funcionou.

“DESCOBERTA do MUNDO”.

Sete meses depois GRIGORE era o melhor Corretor da Empresa. Não trabalhava pelo dinheiro, porque não precisava. Seu intento era outro.

Para culminar a seqüência de mudanças positivas só faltava uma coisa: um relacionamento. Por sinal, o principal. Com 30 anos, GRIGORE havia tido um ou outro caso passageiro, mas nada digno de nota. Amor era coisa desconhecida.

GRIGORE também não abria muitas oportunidades para mudar isso. Sua vida era o trabalho – onde quase todos os corretores eram homens -, os cuidados com a mãe, e as visitas constantes que fazia ao tio LEOPOLDO.

E, foi no apartamento do tio LEOPOLDO que ele encontrou a mulher da sua vida. Ela era a empregada doméstica de seu tio rico...

NADEGE SEBASTIÃO da SILVA – nome cuja origem remontava aos avôs espanhóis e portugueses – nasceu em ALAGOAS, na Cidade de TAQUARANA. Mais precisamente em um lugar chamado SÍTIO NICÁCIA.

Em uma casa simples, bem no meio do sítio. NADEGE e as três irmãs cresceram em um lugar simples, sem luz elétrica, nem água encanada, mas onde as crianças brincavam livremente em meio à natureza.

Quando tinha 13 anos, em 1969, NADEGE seguiu o caminho de muitos nordestinos que viviam dificuldades em sua terra natal e resolviam tentar a sorte no Rio. Veio com a avó materna e um tio com o objetivo de procurar o pai, que migrara alguns anos antes. Mesmo tendo o encontrado, preferiu morar com uma avó e duas irmãs que vieram antes dela.

Depois de trabalhar em algumas casas, aos 19 anos começou a trabalhar com o tio de GRIGORE, LEOPOLDO, como empregada doméstica.

GRIGORE andava com os sapatos furados e a roupa surrada. Além de não desperdiçar dinheiro com vaidades, havia outro motivo pelo qual GRIGORE zelava pela sua imagem paupérrima. Ele temia que as pessoas – especialmente as mulheres, - (é claro) –, se aproximassem dele por causa do dinheiro.

Em relação à NADEGE, por conta de seu visual lastimável, não corria esse risco. A empregada do tio LEOPOLDO estranhou no começo, mas logo se acostumou que o patrão abastado tinha um sobrinho pobretão.

Durante semanas ouve troca de olhares entre GRIGORE e NADEGE. Certo dia, enquanto NADEGE lavava a louça, GRIGORE deu-lhe um agarrão, misturando um tanto de força com outro tanto de falta de jeito.

A abordagem disparou o mecanismo instintivo que todos nós temos, de lutar ou fugir. Como brigar com o sobrinho do patrão não parecia bom negócio, sobrou a segunda opção, ou seja, fugir.

NADEGE resolveu radicalizar e mudar de emprego. Não dava mais para se concentrar no trabalho naquela situação.

Cinco meses depois, já no novo local de trabalho, NADEGE telefona para GRIGORE.

Marcaram de sair. Logo no primeiro encontro perguntaram um ao outro se tinham namorado, parceira, esposa, noivo ou qualquer coisa do gênero. Ambos ficaram satisfeitos pelas respostas negativas. Não só não havia outros no meio do caminho como nem ao menos ex-noivo, ex-namorado, ex-marido. Eram estreantes em relações amorosas. Iriam descobrir tudo um com o outro. E gostar muito.

GRIGORE passou a viver uma sensação inédita. Tinha as atitudes típicas do apaixonado: - Flagrava-se sorrindo a maior parte do tempo, ia para a praia para contemplar o horizonte, pensava nela o dia todo.

NADEGE representava mundos novos, sentimentos novos, alegria de viver. Era o fim do deserto sentimental e início do arco-íris.

Para GRIGORE foi absolutamente natural que uma tarde, sem qualquer tipo de preparação especial, fizesse o convite para que morassem juntos. NADEGE ficou um tempo petrificada. O choque era de susto e felicidade: NADEGE aceitou na hora. Mas logo veio a dúvida: - Morar onde?

GRIGORE respondeu que tinha visto um apartamento para alugarem. Na verdade, era um dos seus imóveis, mas até então NADEGE não fazia idéia dos bens que o amado possuía. GRIGORE fez questão de preservar sua farsa de pobretão.

Ele necessitava da garantia de que ela gostasse dele mesmo sem dinheiro. Dos imóveis, escolheu o mais modesto: um quarto e sala próximo de onde morava com a mãe. Dormiam no chão. Felizes.

“CHÁ NOTURNO”.

O drama àquela altura da vida de GRIGORE devia-se ao fato de que à sua felicidade correspondia a depressão da mãe. Quanto mais tempo passava ao lado de NADEGE, descobrindo uma nova vida, mais encontrava em casa a mãe abdicando de viver.

Um dia NADEGE anunciou a GRIGORE que estava grávida. Para o casal, um momento duplamente inesquecível. GRIGORE havia prometido que se desse certo morarem juntos, se casariam. E deu certo. Na harmonia, na felicidade, nas dificuldades e agora na vinda do bebê que se anunciava. GRIGORE pediu NADEGE em casamento.

Havia ainda duas pedras no caminho. A primeira: - GRIGORE teve de revelar a farsa que carregara todo esse tempo. Confessou que era rico e os motivos pelos quais mentira. E que a preocupação com o patrimônio ainda era uma das maiores de sua vida. Por isso, propôs casamento com separação de bens.

Para NADEGE, aceitar não foi nada difícil. Havia namorado um sujeito sem nada, dividido o mesmo teto com um sujeito sem nada – na hora de casar não havia de esperar nada dele.

O segundo obstáculo acabou tendo contorno mais tranquilo do que o esperado. Após a gravidez, o anúncio do casamento – e o tempo, que ajuda – NINA, sua mãe, passou a aceitar o relacionamento do filho. Para a mãe, ficou mais do que claro perceber que o filho estava feliz.

GRIGORE viu-se no melhor dos mundos. Sentia-se construindo uma nova família, com os três se encontrando ora na casa deles, ora na casa da mãe ou saindo para jantar e falar do novo membro que estava por vir.

O contato fez bem para NINA. A esquizofrenia continuava ardilosa: - Sem anunciar, trazia surtos de paranóia, pânico e complexo de perseguição. Nessa época os ataques traziam quase sempre esse conteúdo: - NINA telefonava falando de conspirações, gente que invadira sua casa, os vizinhos que tramavam para atacá-la. O acompanhamento médico era necessidade constante.

GRIGORE e NADEGE primeiro tiveram o filho, depois se casaram. A mãe de GRIGORE, NINA, parecia animada no papel de avó, embora parecesse se sentir deslocada no papel. Dificilmente ficava sozinha com o neto, mas gostava muito de ficar próxima a eles.

Em um sábado à noite, GRIGORE recebeu um telefonema da mãe convidando para um programa que ela gostava de fazer.

Foram então os três, como uma família, tomar um chá na cobertura do HOTEL LUXOR, na AVENIDA ATLÂNTICA. Com vista para o Mar de COPACABANA.

NINA gostava de ensinar etiqueta a NADEGE. Na noite do HOTEL LUXOR, NADEGE recebera a orientação veemente de jamais, em circunstância alguma, segurar a xícara de chá com o dedo mindinho erguido, sinal de uma cafonice imperdoável.

Divertiram-se juntos. NINA estava especialmente tranqüila. Há semanas as crises não a atacavam, sentia-se melhor. Era visível para GRIGORE e NADEGE o quanto ela andava bem nos últimos dias.

GRIGORE raras vezes tinha visto a mãe tão em paz. NINA tinha chegado a um ponto de razoável independência emocional.

Após o agradável programa, GRIGORE deixou a mãe na porta de seu prédio e foi para casa com a esposa, onde dormiu seu sono que dispensava CALMANTES.

No meio da madrugada, foi acordado por policiais. A mãe havia se atirado pela janela do 10º andar.

“MEDO DE SI MESMO”.

A chegada ao prédio onde a mãe morava, o corpo coberto ainda no chão. A distância, olhando do chão para o alto do edifício, era infinita. Agora, em sua cama no seu apartamento no 10º andar, via-se, oito anos depois, com perspectiva oposta. Atirar-se de lá do alto não parecia, tão distante.

Sem dormir, atormentado pela crise do casamento, seus demônios tomavam conta do quarto. A mãe atravessara a maior parte da vida com uma doença em seu encalço, e que o filho sentia-se herdeiro.

“Tinha medo de mim mesmo”, diz GRIGORE. Sensação que aumentava cada vez que passava em frente de uma janela.

As lembranças do momento absurdo. Na noite do suicídio, GRIGORE e NADEGE deixaram NINA na porta do prédio dela, ela chegou a se despedir com um raro sorriso. Mais tarde, o policial trazendo a notícia da morte. Nenhum bilhete, nenhuma explicação.

A hipótese de ela ter caído era por demais inverossímeis. Além do histórico na família e a advertência dos médicos de que a sina poderia se cumprir a qualquer momento, em frente à janela os chinelos da mãe – apontando para fora, lado a lado em uma arrumação cuidadosa – provavam que NINA realizou seu intento com sereno planejamento.

A mãe conseguira carregar seus grilhões emocionais até os 59 anos. GRIGORE estava com 35, e não suportava mais viver. Em uma narrativa que ia conduzindo GRIGORE até o ponto mais dolorido, ele era assaltado pelo remorso. Talvez, se tivesse levado a mãe para morar com ele e a esposa...

Talvez fosse a hora de ele cumprir o seu destino.

Procurar refúgio na Religião era algo fora de seu Universo de Valores. Vez ou outra passava na Sinagoga da Rua Barata Ribeiro para Acender uma Vela, mais para não contrariar os amigos que garantiam que o gesto poderia levar a luz que a Mãe precisava do outro lado da vida, do que por Crença Própria.

Sua verdadeira FÉ se revelava nas Conversas com a Esposa, devota de NOSSA SENHORA de APARECIDA.

Seus pensamentos das noites insones eram sobre o amor, que desaparecera do casamento. A história seguia o mesmo roteiro de todas as noites em claro. Um filme com roteiro ao contrário: - Do começo feliz do casal até aquele final terrivelmente triste.

GRIGORE procurava entender o que tinha acontecido no meio do caminho.

Observação do escriba: - No livro, não fica muito claro por quanto tempo e quais os medicamentos “PSIQUIÁTRICOS” foram utilizados pelo então jovem GRIGORE. E, por conseguinte, até que ponto, tais “DROGAS” afetaram perigosamente a MENTE o COMPORTAMENTO dele.

Fontes: (1) – LIVRO – A VERDADEIRA HISTÓRIA DA IGREJA UNIVERSAL - Ficha Catalográfica Elaborada Pela Biblioteca Central – Universidade Federal de Sergipe – G857v – GRIGORE AVRAM VALERIU – A Verdadeira História da Igreja Universal/Grigore Avram Valeriu – Aracaju: - Sercore, 2008 – 264 páginas - 1. Religião – Conflitos. 2. História – Igreja Universal. I. Título. – CDU 289.3. SERCORE Artes Gráficas Ltda. Telefax: (79) 2106-9800.

“INTRODUÇÃO” (capa e página 24) – “O FUNDO do POÇO é no 10º ANDAR” (páginas 13 e 14) – “RÁDIO TERROR” (páginas 17 e 18) – “UM MUNDO em GESTAÇÃO” (páginas 19 e 20) – “SAI HITLER, ENTRA STALIN” (páginas 25, 26 e 27) – “ATEU por DECRETO” (páginas 33, 34 e 36) – “O PREÇO da LIBERDADE” (páginas 37, 38, 39, 40 e 41) – “CAFÉ e PELÉ: VISÕES do PARAÍSO” (páginas 43, 44, 46 e 47) – “A QUEDA” (páginas 51, 52 e 53) – “BOLSO CHEIO, CORAÇÃO VAZIO” (páginas 44, 55, 56, 57, 58 e 59) – “VAI VARRER RUA” (páginas 61, 62, 63 e 64) – “DESCOBERTA do MUNDO” (páginas 65, 66, 67, 68, 69, 70 e 71) – “CHÁ NOTURNO” (páginas 73, 74, 75, 76, 77 e 78) – “MEDO DE SI MESMO” (páginas 79, 80, 81 e 82.).

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA, também continua.

Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia ou a qualquer momento. Boa leitura, boa saúde, pensamentos positivos e BOM DIA.

ARACAJU, capital do Estado de SERGIPE (Ex-PAÍS do FORRÓ e futuro “PAÍS da BOMBA ATÔMICA”), localizado no BRASIL, Ex-PAÍS dos fumantes de CIGARROS e futuro “PAÍS dos MACONHEIROS”. Quarta-feira, 03 de janeiro de 2018.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

Fontes: (1) – LIVRO citado ACIMA. (2) - OUTRAS FONTES.