Os "irmãos" de Jesus
OS “IRMÃOS” DE JESUS
Miguel Carqueija
Vez por outra deparamos com ataques à doutrina católica que se concentram na pessoa da Virgem Maria — que, segundo tais críticos, não teria sido virgem.
É curioso notar que não há nada tão absurdo na maternidade virginal, que muitos não querem aceitar por lhes parecer contrária à natureza. Certa vez, faz muitos anos, noticiou-se que uma fêmea de polvo havia dado à luz num aquário sem que houvesse nenhum macho por perto. Logo apareceu uma explicação na imprensa: certos animais de classe inferior podem se reproduzir por partenogênese, ou seja, a fêmea dá à luz sem concurso de macho. Isso, é claro, em animais inferiores; nunca em seres humanos. Cito esse fato para notar que “a priori” no próprio plano natural existem precedentes.
No caso de Maria é preciso acreditar no milagre, que algumas pessoas acham coisa impossível porque Deus estaria contradizendo a si próprio, desrespeitando as suas próprias leis. Esse argumento é extremamente tolo, pois é perfeitamente possível estabelecer leis que admitam excessões pelas circunstâncias. Isso acontece no plano humano, político, às vezes até de forma arbitrária, como me parece que foi a decretação da maioridade de D.Pedro II aos 14 anos. Deus porém é a sabedoria eterna. Ele criou, organizou, mantém e dirige o Universo. Achar que Deus é escravo de seu próprio universo e de suas leis é um absurdo. Por outro lado os milagres na acepção da palavra são extremamente raros, todavia acontecem e muitos foram atestados pela Ciência. Exemplos: os milagres eucarísticos, o milagre solar de Fátima, as curas de Lourdes, o manto de Nossa Senhora de Guadalupe, o Santo Sudário.
Não percebem que, desde o momento em que Deus resolveu que na manifestação de seu Verbo encarnaria numa mulher, o mais lógico e mais crível é que essa mulher fosse preservada do pecado original e por outro lado, desse à luz sem concurso de homem.
E não porque o sexo seja “uma coisa suja” como algumas pessoas insensatamente acusam os crentes de professarem quando tais pessoas no fundo é que acham isso. Para os católicos e outros cristãos o sexo é uma coisa santa, não suja. As ações humanas é que frequentemente sujam o sexo. Todavia, no caso de Nossa Senhora a escolha pela virgindade perpétua significa sim, a renúncia a algo em si lícito, mas quantos milhões na história da Cristandade renunciaram? Pois se trata da escolha de algo ainda superior.
Os adversários da Fé católica argumentam com os “irmãos de Jesus” citados nos Evangelhos (Mt 13, 55-56, Mc 6,3). Curiosamente esse argumento já foi esclarecido milhões de vezes, mas vamos tentar fazê-lo nós também. E nem é preciso recorrer a textos católicos. Na própria Wikipedia encontramos esta afirmação: "As línguas hebraica e aramaica não possuem termo apropriado para indicar os primos e os designam com a mesma palavra que significa “irmãos” no verdadeiro sentido”.
Eis o que diz em São Marcos (em Mateus é semelhante): “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?” É claro que o texto não poderia falar em “primos” se na língua original não havia a palavra específica e os primos eram irmãos. Note-se que até o número desses “irmãos” e “irmãs” confirma essa interpretação. Nem se fala o número das irmãs; citadas no plural seriam pelo menos duas. Ora bem, Maria, paupérrima e tendo já enviuvado não se sabe desde quanto tempo quando do início da pregação de Jesus... assim mesmo deu à luz e criou sete filhos ou mais?
Sabe-se que além da Igreja Católica e da Ortodoxa, também os Anglicanos e Luteranos em geral crêem na virgindade perpétua de Maria, bem assim líderes do início do Protestantismo: Lutero, Calvino, Zuínglio, John Wesley. Algumas décadas atrás havia um pastor adventista, Roberto Rabelo, que ministrava palestras numa estação de rádio no Rio de Janeiro. Certa vez ele abordou esse assunto e observou judiciosamente que, se Jesus tivesse irmãos pela carne, a eles teria encomendado sua Mãe, e não a São João Evangelista. Para Rabelo (ideia aliás, antiga nas discussões teológicas) os “irmãos” de Jesus seriam provavelmente filhos de um casamento anterior de São José. Não creio nisso até porque não há provas de que José fosse viúvo ou muito mais idoso que Maria. A explicação dos primos é suficiente mesmo porque Jesus teria de ter primos (um deles, São João Batista) e eles teriam de ser chamados de irmãos.
O resto é confusão espalhada pelos que não querem crer em milagres. Se como dizem muito na mídia, a Igreja Católica inseriu os textos que falam na Virgindade de Maria, teria sido fácil para ela retirar os que falam nos "irmãos"...
Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 2017.
imagem pinterest
comentários: Norma Aparecida Silveira Moraes, Gilvania do Monte, Conceição Gomes, Richard Foxe, Israel Rozário.
OS “IRMÃOS” DE JESUS
Miguel Carqueija
Vez por outra deparamos com ataques à doutrina católica que se concentram na pessoa da Virgem Maria — que, segundo tais críticos, não teria sido virgem.
É curioso notar que não há nada tão absurdo na maternidade virginal, que muitos não querem aceitar por lhes parecer contrária à natureza. Certa vez, faz muitos anos, noticiou-se que uma fêmea de polvo havia dado à luz num aquário sem que houvesse nenhum macho por perto. Logo apareceu uma explicação na imprensa: certos animais de classe inferior podem se reproduzir por partenogênese, ou seja, a fêmea dá à luz sem concurso de macho. Isso, é claro, em animais inferiores; nunca em seres humanos. Cito esse fato para notar que “a priori” no próprio plano natural existem precedentes.
No caso de Maria é preciso acreditar no milagre, que algumas pessoas acham coisa impossível porque Deus estaria contradizendo a si próprio, desrespeitando as suas próprias leis. Esse argumento é extremamente tolo, pois é perfeitamente possível estabelecer leis que admitam excessões pelas circunstâncias. Isso acontece no plano humano, político, às vezes até de forma arbitrária, como me parece que foi a decretação da maioridade de D.Pedro II aos 14 anos. Deus porém é a sabedoria eterna. Ele criou, organizou, mantém e dirige o Universo. Achar que Deus é escravo de seu próprio universo e de suas leis é um absurdo. Por outro lado os milagres na acepção da palavra são extremamente raros, todavia acontecem e muitos foram atestados pela Ciência. Exemplos: os milagres eucarísticos, o milagre solar de Fátima, as curas de Lourdes, o manto de Nossa Senhora de Guadalupe, o Santo Sudário.
Não percebem que, desde o momento em que Deus resolveu que na manifestação de seu Verbo encarnaria numa mulher, o mais lógico e mais crível é que essa mulher fosse preservada do pecado original e por outro lado, desse à luz sem concurso de homem.
E não porque o sexo seja “uma coisa suja” como algumas pessoas insensatamente acusam os crentes de professarem quando tais pessoas no fundo é que acham isso. Para os católicos e outros cristãos o sexo é uma coisa santa, não suja. As ações humanas é que frequentemente sujam o sexo. Todavia, no caso de Nossa Senhora a escolha pela virgindade perpétua significa sim, a renúncia a algo em si lícito, mas quantos milhões na história da Cristandade renunciaram? Pois se trata da escolha de algo ainda superior.
Os adversários da Fé católica argumentam com os “irmãos de Jesus” citados nos Evangelhos (Mt 13, 55-56, Mc 6,3). Curiosamente esse argumento já foi esclarecido milhões de vezes, mas vamos tentar fazê-lo nós também. E nem é preciso recorrer a textos católicos. Na própria Wikipedia encontramos esta afirmação: "As línguas hebraica e aramaica não possuem termo apropriado para indicar os primos e os designam com a mesma palavra que significa “irmãos” no verdadeiro sentido”.
Eis o que diz em São Marcos (em Mateus é semelhante): “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?” É claro que o texto não poderia falar em “primos” se na língua original não havia a palavra específica e os primos eram irmãos. Note-se que até o número desses “irmãos” e “irmãs” confirma essa interpretação. Nem se fala o número das irmãs; citadas no plural seriam pelo menos duas. Ora bem, Maria, paupérrima e tendo já enviuvado não se sabe desde quanto tempo quando do início da pregação de Jesus... assim mesmo deu à luz e criou sete filhos ou mais?
Sabe-se que além da Igreja Católica e da Ortodoxa, também os Anglicanos e Luteranos em geral crêem na virgindade perpétua de Maria, bem assim líderes do início do Protestantismo: Lutero, Calvino, Zuínglio, John Wesley. Algumas décadas atrás havia um pastor adventista, Roberto Rabelo, que ministrava palestras numa estação de rádio no Rio de Janeiro. Certa vez ele abordou esse assunto e observou judiciosamente que, se Jesus tivesse irmãos pela carne, a eles teria encomendado sua Mãe, e não a São João Evangelista. Para Rabelo (ideia aliás, antiga nas discussões teológicas) os “irmãos” de Jesus seriam provavelmente filhos de um casamento anterior de São José. Não creio nisso até porque não há provas de que José fosse viúvo ou muito mais idoso que Maria. A explicação dos primos é suficiente mesmo porque Jesus teria de ter primos (um deles, São João Batista) e eles teriam de ser chamados de irmãos.
O resto é confusão espalhada pelos que não querem crer em milagres. Se como dizem muito na mídia, a Igreja Católica inseriu os textos que falam na Virgindade de Maria, teria sido fácil para ela retirar os que falam nos "irmãos"...
Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 2017.
imagem pinterest
comentários: Norma Aparecida Silveira Moraes, Gilvania do Monte, Conceição Gomes, Richard Foxe, Israel Rozário.