A administração do conhecimento

A administração do conhecimento

Izaias Resplandes de Sousa

E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Gênesis 2:9.

Ainda que a dependência venha gerar um certo conforto e tranquilidade para o dependente, o ser humano nunca se identificou com essa posição. Não sabemos por quanto tempo Adão e Eva viveram sob a dependência direta de Deus. Não há muitos registros na Bíblia a respeito desse período. Mas cremos que a conquista da autonomia pelo homem, ainda que tenha sido colocada como uma possibilidade, ela nunca foi considerada, nos planos do Deus Criador, como uma boa escolha a ser feita.

A árvore do conhecimento, que poderia trazer a autonomia para o homem, fora disponibilizada apenas para assegurar o direito de livre arbítrio à criatura. Mas, no fundo de tudo isso estaria, com certeza, a vontade de Deus de que o homem preferisse continuar sob sua dependência em todas as questões da vida.

Deus desejava que o homem crescesse e multiplicasse, não apenas em número de pessoas, mas em qualidade; desejava que o homem fosse dominando os processos utilizados na criação e sustentação do universo; desejava que os homens fossem “deuses”, capaz de fazer tudo o que Ele fazia, mas sempre respeitando as posições hierárquicas necessárias ao equilíbrio da criação.

Assim diz a Bíblia:

E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. Gênesis 1:27,28

Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo. Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes. Salmos 82:6,7.

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. João 14:12.

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. Isaías 55:8,9.

Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. 1 Coríntios 11:3.

E então, o propósito de Deus era que o homem crescesse em qualidade, mas sempre se mantendo ligado a Ele, numa perfeita harmonização.

Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gálatas 3:28.

Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos. Colossenses 3:11.

No plano da perfeição de Deus não se concebe autonomias e independências. Esse é o plano maligno, o plano da divisão. O plano divino é um plano de união, congregação, reunião em um só corpo, em um só propósito.

Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. Mateus 12:25.

Infelizmente, as escolhas dos homens nem sempre foram aquelas que Deus entendia ser as melhores. O Criador orientou a criatura, mas sua orientação não foi levada em consideração. Apesar de ter sido advertido por Deus sobre as dificuldades de se administrar o conhecimento, Adão ignorou o aviso e imaginou que poderia ser igual a Deus.

Assim diz a Palavra:

E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:16,17.

Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Gênesis 3:4-6.

Nossos primeiros pais não queriam ser subordinados à autoridade divina. Desejavam ser iguais a Deus em termos de conhecimento. E segundo a Palavra, assim aconteceu.

Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal. Gênesis 3:22.

Mas o que o homem se esqueceu é que não bastava saber teoricamente o que era o bem e o que era o mal. Seria preciso saber administrar as teorias do conhecimento na prática. E nisso o homem era totalmente ignorante. E seria essa ignorância a causa de sua morte, tanto naqueles tempos, como ainda nos dias de hoje.

Acreditando que esteja preparado para ser independente, o homem vai se enchafurdando na lama de sua incompetência, sem fé e sem esperança. A cada dia surgem novos problemas na Terra, que vai se enchendo em quantidade, mas cada vez menos, em qualidade. Um sábio observou que nunca o homem teve à sua disposição tanto conhecimento teórico acumulado como se tem hoje em dia. Do mesmo modo, nessa proporção, nunca o homem soube tão pouco na prática, como se sabe hoje em dia.

Vivemos o domínio da Gogogogia, a cultura do gogó. Todos dizem verdades da boca para fora, mas não praticam o que dizem. Qualquer semelhança com os intelectuais dos dias de Jesus na Terra não é mera coincidência, porque o homem nunca melhorou em qualidade.

Assim diz a Bíblia:

E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz. Gênesis 8:21.

Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los. Mateus 23:1-4.

A ordem bíblica do crescei e multiplicai não é obedecida no sentido de crescer em qualidade para se aproximar da perfeição divina. Os homens querem conhecimento para se libertar do Criador e não para se harmonizar com Ele. É de ver que o conhecimento poderia trazer a cura de todos os males e tristezas humanas. Se o homem dominasse o universo em qualidade, todas as dificuldades seriam superadas. Mas o homem não quer obter o domínio para isso; quer o domínio para oprimir e escravizar uns aos outros. O homem quer o conhecimento é para cumprir a missão de Satanás, que sempre foi homicida. Em suma, o homem continua morrendo como Deus disse que iria acontecer. O homem morre porque não é capaz de administrar e dominar o conhecimento segundo a vontade de Deus.

Assim diz a Palavra:

Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. 1 Coríntios 11:1.

Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados. Efésios 5:1.

Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores. 1 Coríntios 4:16.

Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. João 8:42-44.

É triste de reconhecer, mas cada vez mais o homem morre porque não tem o conhecimento da vida. Ao revés de buscá-lo, indo às causas da morte, o homem vive fazendo um trabalho de bombeiro, tentando diminuir as consequências de seus atos de morte.

Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim. Salmos 42:7.

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João 8:32.

O conhecimento é a verdade. Jesus é a verdade.

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. João 14:6.

A questão a ser considerada na relação entre o Deus, o homem e o conhecimento tem a ver com a imaturidade do homem. A verdade é que nunca deixamos de ser crianças. E Deus gostaria que nós nos tornássemos suas crianças. No entanto, nós não aceitamos isso e queremos ser emancipados, grandes, independentes. E é por isso que morremos.

Nós sabemos que as crianças não estão prontas para saber sobre muitas coisas. Não raras são as vezes em que lhes dissemos que ainda não é a hora delas se preocuparem com isso ou aquilo ou de saberem a respeito disso ou daquilo.

Em cada fase de nossa vida, nós temos determinadas prontidões, ou seja, nós estamos prontos para determinadas ações. Uma criança recém-nascida ainda não tem dentes. Portanto não está preparada para comer carne, por exemplo. Sem dentes não tem como mastigar a comida. Assim, a criança se alimenta com aquilo que está preparada para digerir, ou seja, leite, sopinhas, papinhas e coisas do gênero.

Assim diz a Bíblia:

E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? 1 Coríntios 3:1-3.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. 1 Coríntios 13:11.

Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Hebreus 5:12-14.

Meus queridos… Adão, ainda que fosse grande no corpo físico, não passava de uma criança em termos mentais. A gente não fica dizendo para os adultos o que devem ou não fazer. Mas é assim que agimos em relação às crianças: isso pode, isso não pode. É como crianças que vemos Deus tratando o povo hebreu no Velho Testamento, sempre dizendo o que é permitido ou não. Veja-se que mesmo Adão e Eva tendo optado pela sua emancipação antecipada, Deus não os abandonou à própria sorte, como também não abandonou a sua descendência.

Logo depois de haverem comido do fruto do conhecimento e perceberem que estavam nus, discernindo entre estarem vestidos e estarem nus, vemos Deus preparando vestimentas para eles.

Assim diz a Bíblia:

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. Gênesis 3:6,7.

E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu. Gênesis 3:21.

Deus criou o homem com amor e sempre o amou. Ao julgar a serpente maligna por ter induzido os humanos a pecarem, Ele anunciou a salvação dos mesmos.

Assim diz a Palavra:

Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:14,15.

E hoje sabemos que a nossa salvação veio através do Deus Unigênito, Jesus, que se fez carne e habitou entre nós.

Adão pecou por não ter maturidade e, por ser um homem grande, pensar que tinha. Os homens de hoje também pensam que já estão prontos. Mas esse estar pronto nem sempre está ligado à idade e ao tamanho. Basta observar bem para ver que ainda hoje não estamos prontos para assumir o controle total de nossas vidas. Quantas coisas há que nós nem temos a mais vaga ideia de como resolver. Mas as ideias de independência e de autonomia continuam fortes em nossas mentes. Nós temos pressa nisso e muitas vezes continuamos tomando atitudes precipitadas.

E continuamos a morrer porque queremos ser gente grande, ao invés de sermos as crianças de Deus. É de ver que Ele está esperando a nossa conversão.

O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. 2 Pedro 3:9.

E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Mateus 18:3.

Pensemos nisso. Deus deseja cada um de nós vivendo com Ele em um só Espírito, em um só corpo, em um só propósito. “Um por todos e todos por um”.

Ainda é tempo de recomeçar, nascer de novo de verdade, vivendo como se fôssemos crianças, buscando saber de Deus, em tudo, o que é que Ele quer que nós façamos a cada momento de nossas vidas. Deixemos que Deus nos remodele do jeito que Ele quiser. Deixemos que Ele faça a Sua obra em nossas vidas. De que maneira?

Simples. Partimos do básico, fazendo o que está escrito em sua Palavra. E a partir daí, a Sua Verdade vai sendo revelada para nós. Basta que não passemos o carro adiante dos bois. Basta que façamos hoje a lição de hoje, a qual é um pré-requisito para que possamos fazer as lições de amanhã.

Sejamos crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos. Façamos em cada tempo o que deve ser feito nesse tempo. E aí, sim, haveremos de alcançar a perfeição desejada.

Que Deus nos abençoe!