A OBRA TERMINADA: FALANDO DO FUTURO DA IGREJA BRASILEIRA
ROMANOS 8.1
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Uma nota da Bíblia de Estudo do Expositor, Jimmy Swaggart, em Rom. 8.1, diz que o Espírito Santo trabalha exclusivamente dentro dos limites da obra terminada de Cristo: a Cruz. Isso é interessante por muitos motivos.
Paulo no inicio de seu ministério estava impactado pela parte mística do Evangelho, mas conforme ia envelhecendo ia percebendo que o melhor não era isso. A mística é boa, mas pode aparentar não plausível. Como saber se a pessoa que o diz está mesmo tendo uma visão? Como andar pela visão do outro? Mesmo a Palavra de Deus sendo perfeita, os homens são falhos e temos o pecado em nós, o que nos faz não ouvirmos corretamente o que o Espírito quer dizer para a Igreja. Um exemplo disso é que Jesus nunca mandava um pecador embora, não era índole dele isso, e nem fazia parte do seu chamado mandar algum pecador se afastar dele e do Evangelho, principalmente por saber que só existe um Evangelho e não existe outro caminho. Mandar alguém embora de nossas fileiras é impensável, contudo, Paulo, o apóstolo dos gentios, portanto um homem qualificado por Deus em 1 Coríntios mandou excluir alguém. O que no gesto de Paulo nos faz rever aquele Evangelho de Amor, onde o abusador continua sendo abusador e nós devemos eternamente perdoá-lo e continuar sendo abusado. Isso, aliás é uma deturpação medonha do sentido da Bíblia.
Certa vez Davi cometeu um grave pecado, engravidou a mulher do próximo e ainda mandou matar o próximo. O pecado de Davi refletiu em sua família. Demônios foram liberados sobre sua família, que agora sem a proteção perfeita de Deus, abriu-se ao pecado. Um dos filhos de Davi abusou de uma sua meia-irmã. Com a proteção completa de Deus, o Espírito nos guardando perfeitamente, isso nunca ocorreria, mas desde quando algo aconteceu e minou a proteção de Deus, dando espaço para demônios, eles vieram e tentaram no elo mais fraco. Onde era o elo mais fraco de Davi naquele momento da vida? O elo mais fraco de Davi era a criação dos tantos filhos, onde um deles tinha desejos pela sua própria irmã.
O demônio não nos tenta onde somos fortes, mas onde somos fracos. Mais de uma vez eu já disse que devemos saber onde somos fracos e na direção do Espírito Santo, compreender Tiago 1, que nos fala que somos enganados pelos demônios na nossa fraqueza e não na dos outros. Se cairmos em algum pecado, é porque aquela área é a nossa fraqueza. Devemos compreender tudo o que a Bíblia fala a respeito daquela área que é a nossa fraqueza e como nos fortalecermos nela. Ajuda muito não desistirmos no meio do caminho. Algumas pessoas frente ao seu pecado desistem de andar com Deus. Se o pecado foi exposto, é por que a vontade de Deus é retirá-lo de nós e se ele, o pecado, se mostrou, é porque nós precisaríamos saber que tínhamos essa doença, essa malignidade, em nós. Deus já o sabia.
A OBRA TERMINADA DE CRISTO: A CRUZ
O pastor Jimmy Swaggart assinala que o Espírito Santo trabalha nos limites da obra terminada de Cristo, que é a Cruz e o que ela implica, e não deveria de ser diferente. Imagine se a cada geração tivéssemos um novo Evangelho, com pouquíssimo tempo teríamos uma Babel incompreensível. Nós não temos um novo Evangelho, mas nós temos a cada geração uma nova revelação para a Igreja. Na história do mundo podemos apontar algumas passagens mais claras da operação do Espírito, do que em outros momentos, como a Reforma Protestante, por exemplo, que é um marco divisor de águas, ou o movimento da Rua Azuza.
Observando a história da Igreja, notamos que alguns séculos foram mais importantes para a Igreja do que outros. O que de maneira indireta aponta que tivemos muitas gerações perdidas. Na história recente da Igreja Brasileira nós ainda estamos vivendo o movimento Neo-Pentecostal, onde iniciado nos anos 1970, aparenta agora estar baixando um pouco a poeira, mais de quarenta anos depois, sendo que nós não divisamos que outro movimento importante o Espírito Santo irá surgir nessa geração, se não formos também mais uma geração perdida.
O movimento Neo-Pentecostal veio dar uma renovada na Igreja, onde os hinos e até a liturgia foi mudada, pois o modelo antigo era o das Assembléias de Deus dos anos 1940, apesar de que esse modelo antigo ainda exista até hoje. No Neo-Pentecostalismo, a liturgia é mais centralizada, o que pode ser um problema em alguns lugares. O culto é feito basicamente de hinos no seu inicio, seguido da Palavra e acabou. No modelo antigo, muitas pessoas tinham a oportunidade de cantar ou de trazer uma pequena Palavra, que de alguma maneira acabava minando a Palavra oficial. O modelo antigo é uma balburdia de ideias, descentralizadas, o que entretanto serve para ensinar o povo melhor para trabalhar para Jesus do que o modelo Neo-Pentecostal, onde frisando uma pureza doutrinária, ou o seguimento de um tema, para o culto todo, relega ao esquecimento ministérios importantes que estão espalhados no corpo de Cristo, a Igreja. Numa Igreja Neo-Pentecostal pode nunca aparecer o ministério importante de alguém, que ali está. Deus não dá o dom para quem não está trabalhando. Mas e quando o problema de não estar trabalhando para Deus não seja a pessoa, mas o Sistema que não o permite exercer o dom que Deus nele quer manifestar?
Quando numa Igreja Neo-Pentecostal vejo alguém desenvolto, homem ou mulher, que se expressa bem, já pergunto se ele está pregando e se a resposta for nunca preguei, mesmo com décadas no ministério, então imagino que a Igreja esteja desperdiçando talentos e já defino aquela como uma Igreja que tem medo de se desvirtuar de uma meta imposta por alguém, não pelo Espírito, entretanto.
Se queremos mais pessoas sendo usadas em nossa Igrejas, precisamos confiar no Espírito Santo e ceder o púlpito a outros. E isso, reconheço, na Igreja Neo-Pentecostal é um enorme problema. O que explica, ainda as tantas Igrejas Pentecostais tipo modelo antigo, proliferando a cada esquina. Quem quer trabalhar para Jesus e não aguenta o engessado Sistema de esperar décadas para exercer o seu ministério, o seu chamado, acaba saindo a contragosto de uma Neo-Pentecostal, que em geral tem origens reformada e vai para uma Igreja sem tradição, porém, onde ele pode fazer alguma coisa para Jesus. A Igreja Neo-Pentecostal tem uma dificuldade enorme em abrir oportunidades a outros, sendo sempre as figuras tarimbadas de sempre, não percebendo que o Espírito está qualificando muitas pessoas em nossos meios com as mais diferentes capacitações, dons ou ministérios. Quem perde com isso é a Igreja.
A Igreja Pentecostal dá oportunidade para todo mundo, até os que nada sabem ou tem o que dizer lá no púlpito, enquanto que a Igreja Neo-Pentecostal reformada sofre da doença contrária a isso: não dá oportunidade a quase ninguém. Uma peca pelo excesso e a outra peca pela falta.
A Igreja Neo-Pentecostal é uma resposta à Igreja Pentecostal, do leigo, do iletrado, algumas vezes do analfabeto, de quem não tem Teologia. A Neo-Pentecostal é fruto da Pentecostal. Ela cercou-se de tantos cuidados que acabou restringindo a operação do Espírito Santo. O interessante é que acredito que a Neo-Pentecostal tem solução sim, e de forma bastante simples. Um culto na semana seria o suficiente para sanar o problema. A Igreja pode fazer quantos cultos quiser por semana, mas deixe um para aquele que quer trabalhar. Aquele é o culto onde quem almeja pregar vai ter oportunidade, onde quem almeja dançar, cantar, ou tocar, vai ter oportunidade. Esse é o culto onde novos ministérios podem aparecer, pois deixa um espaço para o Espírito Santo trabalhar. Acredito que o culto mais importante da semana seja o domingo, pois muitos não poderão vir durante a semana, mas todos, ou quase podem vir no domingo. Nesse dia não se daria esse espaço, escolhendo um outro dia, previamente combinado.
Sobre o modelo antigo da Igreja Pentecostal, ele precisa acabar, pois é dali que surgem tantos abusos, escândalos e heresias. Mas para que o modelo antigo acabe o novo precisa dar algum espaço ao Espírito Santo.
CONCLUSÃO
Será que isso já não aponta para um futuro da Igreja: Uma Igreja Neo-Pentecostal, letrada, teologizada, porém dando abertura ao Espírito Santo distribuir novos dons e ministérios? Fica a duvida: Será que o medo de dar acesso ao púlpito a outros, não é o problema que está engessando a Igreja atual? Já lá se vão quase cinquenta anos desde o ultimo grande movimento do Espírito na Igreja Brasileira. Vamos atentar para isso. Fica um dilema, por ultimo. A Igreja operante, ou a liderança da Igreja, em geral, o pastor da Igreja, está dando oportunidade para o crescimento da Igreja não operante, a que está sentada nos bancos todos os cultos, esperando a sua vez? Nunca devemos nos esquecer que a Igreja operante é que vai ensinar a Igreja sentada a trabalhar. Como queremos que novos pastores surjam, se nem damos oportunidade aos irmãos. Mandar para um Teologia fora da Igreja é em termos expor os irmãos a ensinos e doutrinas de outros e não de si. Quem deve doutrinar os membros é a congregação onde esse membro cultua a Deus e não diferente. Se Deus o colocou ali, o que fazemos o mandando estudar em outros lugares que não onde Deus o colocou?
Ai a gente bate frontalmente sobre o que é que estão ensinando atualmente em nossos púlpitos. O irmão que está ouvindo o pregador está sendo discipulado, ele está se tornando um outro pregador, ministro, ou a palavra pregada não está tendo essa força? O que se prega é bonitinho, ou é Evangelho? A Palavra pregada está gerando vontade em outros serem também pregadores, ou não? Precisamos dessas respostas.
Para que fique bem claro a minha posição, a Igreja modelo antigo já deveria ter sumido da história, mas isso nunca vai acontecer, se a modelo nova não fizer algumas mudanças. A restrição aos dons e ministérios do Espírito, o que é uma restrição ao próprio Espírito, cria o absurdo de Igrejas vindas da Reforma não acreditarem mais nos dons e nem darem espaço a ministérios leigos. A Igreja temeu tanto os abusos, que está deixando de fora, simplesmente, o dono da Igreja.
Como é que Jesus cura numa Igreja que não acredita em cura? E quem é que lhes disse para não acreditar em cura? Se a cura está na Bíblia e a Igreja da Reforma prega a Bíblia, porque não creem no que Deus deixou a todos? Se curas acontecem na Igreja modelo antigo, porque não na modelo novo? Vê? A Igreja engessou e precisa mudar. Será que Deus perdeu a capacidade de levantar um pastor segundo o seu coração, do meio das ovelhas, ou dos bancos da igreja, sendo letrado ou iletrado, um doutor, ou um analfabeto? Acredito que pregamos muitas vezes para pessoas no naipe de um Spurgeon, por exemplo que hoje nos ouve, sentadinho, quietinho e amanhã pode estar nos ensinando, se deixarmos o Espírito Santo livre, para operar em nossas Igrejas. Por zelo, ou medo, já mandamos muitos Paulo e Pedros irem pregar em outras cidades, vamos parar com isso.
Amém
Paulo Sergio Larios