Divinismo
Como tudo é conseqüência do que veio antes, para entendermos o Divinismo, temos que voltar ás origens do espiritismo na França, a época de Kardec e nos fixarmos no seu discípulo e companheiro de estudos e de experiências o advogado Jean Baptiste Roustaing, personagem este que iria, bem mais tarde, criar sérias dificuldades para a interpretação dos postulados kardequianos, inclusive, teria dito que Kardec ao fazer a codificação, preferiu rejeitar nove verdades e aceitar uma mentira vindas dos espíritos.
A doutrina católica espírita de Roustaing proposta na sua obra “Os Quatro Evangelhos” embora não seja bem conhecida do grande público, influenciou, e tem influenciado muitos estudiosos e pesquisadores espíritas a ponto de vários deles abandonarem a doutrina ortodoxa e seguirem essa nova corrente.
Como em qualquer outra religião ou seita, desde o seu nascimento na França, vêem-se surgir, vez por outra, também, dentro do Espiritismo, lideres messiânicos, ou reformadores trazendo novas propostas e defendendo mudanças nas antigas tradições e praticas.
Assim, o Espiritismo brasileiro, ao longo da sua existência, viu brotar de seu tronco, várias outras denominações espiritualistas que seguiam e seguem a orientação de Roustaing como a LBV do radialista Alziro Zarur, o Grupo espírita protestante Renovação Cristã, dirigido por José Queid e tantos outros que criam ou seguem doutrinas e práticas diversas.
Por se tratar de uma seita com forte presença em vários estados brasileiros inclusive no exterior e por ser um dos desmembramentos das fileiras espíritas que mais se firmou e se notabilizou o Divinismo, com sua crença teologia, doutrina e rituais próprios, é objeto de nosso comentário e de análise neste texto.
Nascido em 1910 na cidade de São Paulo, Osvaldo Polidoro, mesmo sem ter conseguido a expressão nem a projeção do radialista Zarur, mas dizendo-se igualmente reencarnação de Kardec, também teve sua formação no meio espírita e foi um dos fundadores da Federação Espírita do Estado de São Paulo, de onde se desligou para fundar uma nova crença a qual denominou Divinismo.
Messiânico e líder religioso de inegáveis qualidades, como uma mente brilhante e muita segurança no que afirmava e pregava, dizia que aos quinze anos recebeu a revelação de que, depois de haver passado por várias outras existências e vivido muitas personalidades religiosas antigas, teria sido, entre outros, Moisés, Elias, Kardec, sendo hoje apenas o Osvaldo que viera terminar o que fora previsto por ele mesmo, enquanto Kardec, em “Obras Póstumas” que seria a conclusão da sua obra.
Sem ser propriamente um erudito, Polidoro, escreveu quase duzentos livros, sendo o principal e norteador da suas pregações “O Evangelho Eterno”. Sua doutrina não é nova nem própria, ela contém tudo o que os Antigos falaram ou ensinaram, como Zoroastro, Krishna, Buda e Lama, passa pelos profetas bíblicos e filósofos como Pitágoras, Aristóteles e Platão e chega aos nossos dias com fortes criticas a doutrina espírita e as religiões dogmáticas, sem, no entanto, contradizer as suas essências, que seriam as mesmas dadas aos primeiros iniciados.
O Divinismo é assim, uma doutrina espírito filosófica, com acentuada influência do cristianismo primitivo e do catolicismo roustainguiano, mas que contempla ensinamentos inclusive islâmicos e judaicos, sem prejuízo do entendimento dos renascimentos sucessivos da pluralidade dos mundos habitados e ainda comunga da tese de que a raça adâmica descende dos capelinos.
Concorda com a doutrina espírita de que a vida e os mundos evoluem constantemente, que as humanidades surgiram em diversos pontos do globo e na evolução gradativa dos espíritos.
Por ser eminentemente eclética, não tem propriamente uma síntese doutrinária, visto que abarca em sua teologia tudo o que se conhece sobre seitas, religiões e doutrinas, mas sem dogmatizar ou pregar alguma exclusividade que não esteja dentro dos princípios já consagrados pelas religiões.
Como acredita apenas no poder de Deus denominado “Pai Divino”, não adota e inclusive contesta sistematicamente todos os sacramentos instituídos pelas igrejas como batismo, casamento, confissão, comunhão nem aceita qualquer benefício ou graça que poderiam se originar nesses rituais, alegando que, de casados, batizados, crismados e até de pessoas que comungam diariamente, as prisões estão cheias.
Diz, até e com certa razão, que se de fato esses sacramentos ajudassem o homem a ser melhor, os casados, batizados, crismados, confessados ou ordenados não estariam no tão deprimente atraso moral que se encontram.
Suas reuniões são em dias e hora previamente marcados e se resumem numa palestra, muitas orações e algumas manifestações espirituais também chamadas de manifestação de dons e carismas.
A preocupação maior do Divinismo é a cura da alma e a evolução espiritual, pois o resto é conseqüência do merecimento.
Seu lema é “UM DEUS,UMA VERDADE,UMA DOUTRINA”
Osvaldo Polidoro regressa para o mundo espiritual no dia 25 de dezembro do ano de 2000.