MARIA, ESPOSA DE DEUS

Na Bíblia, sobressaem-se grandes mulheres que deram seu contributo pessoal à História da salvação. São elas: Sara, Raquel, Rute, Judite, Ester, Isabel, Marta, Madalena, entre tantas que se destacam pela beleza das virtudes, temor de Deus, sensibilidade feminina, esponsalidade e maternidade. No entanto, dentre elas, Maria de Nazaré, mãe de Jesus Cristo, é a mais excelente: a plena de Graça- (no texto original de Lc 1,28).

A fé da Igreja, desde os tempos antigos proclama a grandeza de Maria através dos dogmas das suas Virgindade perpétua e Maternidade divina, como afirma J. Ratzinger/BENTO XVI, no opúsculo “A Filha de Sião”: “O mais antigo dogma mariano, e o mais fundamental, afirma: Maria é virgem (Symbola : DS 10-30; 42/67; 72, 150) e mãe, e pode, com efeito, ser chamada de ‘Mãe de Deus’ (DS 251, concílio de Éfeso). As duas coisas estão estreitamente ligadas: quando ela é chamada de Mãe de Deus, isso constitui, antes de tudo, uma expressão da unidade entre ser-Deus e ser-homem em Cristo, que é tão profunda que não se pode, para os eventos carnais, como aquele do seu nascimento, construir um Cristo meramente humano, separado da totalidade de sua existência pessoal”

A Virgem Maria, recebe dos fiéis uma hiper-veneração, manifesta pelo Oriente no título "Pan-hagia" (Toda Santa) e no Ocidente com a fé na Sua concepção Imaculada e isenção de todo o pecado, em previsão aos méritos de Seu Filho, o Redentor. De fato, não é uma beleza apenas advinda da formosura física da Virgem, porém brota desde o seu interior, do Espírito Santo que lhe habita e adorna como em um templo. Maria é a autenticidade presencial da Virgem feita Igreja, reconhecida como Mãe do Senhor (Lc 1,43); é, ao mesmo tempo, "a serva do Senhor"(Lc 1,38) pondo-se em uma atitude voluntária de discípula que acolhe e se conforma ao projeto do Pai.

Na expressão mariana "Eles não têm mais vinho" (João 2,3), sua intuição feminina, manifesta-se como empatia caritativa para com a humanidade à espera do Messias-esposo; apontando em seu Filho os caminhos da realização humana, faz a diferença por sua valorosa atuação. O dom do amor, refletindo a fidelidade esponsal de Maria a Deus Pai, emerge na sua maternidade para com o Verbo encarnado que vai sendo alargada no seu caminho de discípula, até ir mais além que a fé de Abraão no oferecimento do Filho no drama da paixão (cf. H. U. Von Balthasar), tornando-se mãe dos discípulos amados, da Igreja que brota do mistério Pascal e recebe a efusão do Amor de Deus.

No seu ser Mãe do Verbo encarnado, mantendo a devida compreensão da analogia, é justo chamar a Maria por “Esposa de Deus Pai”, conforme já o fizera São João Damasceno (676 - 749) e o Papa Pio XII, em 1950, no Dogma de sua Assunção à Glória Celeste (1950). Para tanto, os teólogos Scheeben e Feckes consideraram que “se pode chamar a mãe do Filho de Deus esposa do Pai em modo especial. Ela, de fato, como mãe por dom do Pai, concebeu como próprio filho o Filho Dele; o possui em comunhão com o Pai e está unida ao Pai através do Filho que é, ao mesmo tempo, seu próprio filho. Todavia, essa expressão, enquanto serve para indicar a união de Maria com Deus, é menos utilizada. ”, pois a Virgem apenas participa da geração histórica do Verbo na carne; não da Sua geração eterna no seio do Pai. Mas na única pessoa do Filho de Deus encarnado, estão de modos perfeitos as suas naturezas divina e humana sem confusão e sem separação.

Maria é a mulher mais esplendorosa da Escritura e de toda a História, "mulher vestida de sol" (Apc 12,1) protótipo da Igreja; nela refulge a beleza plena da luz de Deus, a sensibilidade feminina e a esponsalidade materna. Em Maria, as virtudes de todas as personalidades femininas da História da salvação encontram sua perfeição e culminância, a ponto de considerarmos Maria o modelo de perfeição para toda a humanidade que se deixa iluminar pela Palavra de Deus.

Por: Jonas Matheus Sousa da Silva