Predestinação - Uma Resposta ao Reação Adventista

INTRODUÇÃO

O meu amigo Davi Caldas está escrevendo uma série de artigos em que discute os erros dos sistemas romanista e reformado na busca pela verdadeira ortodoxia cristã[1]. Essa é uma atitude importantíssima, já que um lema da reforma é "Igreja Reformada, sempre reformando". O problema é que nas partes 6 e 7 da sua série, ao invés de criticar doutrinas da tradição reformada que eu mesmo não concordo, - como a santificação do domingo ou o batismo infantil - ele decidiu criticar a doutrina da predestinação, que eu considero não somente bíblica, mas fundamental para uma compreensão plena do Evangelho. Por isso decidi escrevi esse artigo comentando essas duas partes do dele. Meu objetivo não é propriamente refutá-lo, mas esclarecer alguns pontos nessa doutrina que alguns consideram difíceis.

Primeiro, vamos definir o que é a predestinação. No Capítulo III da Confissão de Fé de Westminter[2] ela ensina que "pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna" (seção III); "esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído" (IV). "Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa" (V).

DA LIBERDADE HUMANA

Caldas relembra no sexto artigo o contexto dos debates a respeito da predestinação. O problema começou no início do século quinto, quando Pelágio escreveu algumas críticas à concepção agostiniana da Graça. "Agostinho entendia que a graça incluía a iniciativa e o poder de Deus para salvar e santificar o homem. Sem a iniciativa e o poder divinos, o ser humano não tinha capacidade, por si só, de se converter a Deus, vencer o mal e se desenvolver espiritualmente, pois era inclinado ao pecado. Assim, tanto a conversão, quanto a santificação não eram obras humanas" (CALDAS). Pelagio, ao contrário, sustentava um livre-arbítrio total, ou seja, um poder de escolha que não pode ser limitado por nada. Por esse livre-arbítrio, o homem tem total capacidade de alcançar a perfeição, pois "Deus não nos ordenaria a fazer o que não temos capacidade" (CALDAS).

Eu e Caldas concordamos que a doutrina pelagiana é antibíblica; por isso eu não o considero herege, já que ele, seguindo o arminianismo clássico, crê na depravação total do homem, doutrina que eu também considero fundamental para compreender o Evangelho. Mas os reformados, ao contrário do que muitos afirmam, não negam o livre-arbítrio. O Capítulo III de Westminter diz que Deus decreta tudo que acontece de tal forma que "nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura". E o Capítulo IX resume a concepção calvinista da liberdade humana. A ideia é que Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza.

O primeiro Adão possuía a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que era bom e agradável a Deus, mas também tinha o poder de escolher aquilo que é mau e decair dessa liberdade e poder. Foi o que aconteceu: o homem caiu em um estado de pecado, perdeu totalmente o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual, de sorte que um homem natural, morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso. Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção que ainda existe nele, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. Somente no céu que a vontade do homem se tornará perfeita e ele será completamente impecável.

Desse modo, podemos dizer que o homem não é totalmente autodeterminado, como cria o pelagianismo, e que ele é totalmente inclinado para o mal; mas o homem não é um robô. Ele é capaz de tomar decisões, e só escolhe o que é mau porque quer escolher o que é mau. Ele é um agente moral. Para diferenciar o conceito pelagiano de livre-arbítrio e a concepção calvinista, geralmente os calvinistas preferem o termo "livre-agência".

Uma das preocupações reformadas em relação ao livre-arbítrio é que, se o homem é quem escolhe ser salvo, ele recebe algum mérito na salvação. Por isso Caldas lança mão do argumento de que o perdão é necessariamente um ato de misericórdia, e que isso por si só retiraria todo mérito da pessoa aceitar. De fato, é correto dizer que aceitar o dom da graça não é suficiente para te tornar merecedor da salvação, e isso ele defende muito bem, mas o mérito não é totalmente removido. Se duas pessoas possuem a mesma chance de serem salvas, só dependendo que elas aceitem essa salvação, e uma decide aceitar e a outra não, essa que aceitou tem mais mérito que a primeira. Esse mérito não é suficiente para anular a gratuidade da salvação, mas ainda é um mérito.

MÉRITO HUMANO

O problema do raciocínio de Caldas é que se a salvação é uma obra 100% do homem, então o homem salva a si mesmo. Se ela é 100% de Deus e o homem não tem participação alguma, então o homem é uma máquina sem vontade própria, o que nós chamamos de hipercalvinismo (e alguns confundem com a fé reformada). Se ela é uma parte de Deus e uma parte do homem (a concepção arminiana), no fim das contas se o homem cumpre a parte dele, ele é melhor do que aquele que não cumpre, porque fez a sua parte, nem que seja uma parte muito pequena, como "aceitar" a salvação. Caldas nega crer nessa hipótese, mas é exatamente isso que ele está defendendo; o homem tem uma participação independente na escolha da sua própria salvação. Se ele não fizesse essa pequena parte, a salvação não aconteceria.

Caldas usa algumas analogias para explicar seu raciocínio. Na primeira, temos "um homem à beira da morte trancafiado num porão totalmente escuro, sujo e bagunçado. A escuridão o impede de enxergar a saída, a sujeira e a bagunça. Mesmo que tateasse e encontrasse a saída, ela está trancada. Ademais, ele se encontra sem forças no chão, sem poder levantar ou gritar. Contudo, um bombeiro abre a porta do porão, irradiando o lugar com luz, vai até o moribundo e pergunta a ele se ele deseja sair dali". Quando o homem diz que quer, o bombeiro pega o moribundo nas costas e o tira do porão. O homem tem algum mérito na sua salvação? Tem. Ele quis ser salvo. Ele não mereceu ser salvo, mas Ele poderia não querer, o que tornaria mais digno de morte; logo, ele tem algum mérito.

Na segunda analogia temos um viciado em crack. "Como dependente químico, ele deseja se drogar. E quando se droga, perde a noção da realidade e qualquer possibilidade de refletir sobre seu estado. Assim, não há desejo de cura. Mas se alguém puxar o viciado pelo braço e deixa-lo sob cuidados médicos até que ele recupere a consciência, poderá depois contar ao dependente químico sobre sua situação e influenciá-lo a tomar uma decisão em consciência a respeito de um tratamento. De modo semelhante, Deus restaura nosso poder de decisão constantemente, buscando nos informar do pecado. A obstinada recusa por Deus pode acarretar o fim desse agir divino, o que finda a possibilidade do indivíduo se voltar a Deus". Essa analogia é melhor. Mas, de novo, o dependente químico é que tem a decisão final a respeito da própria salvação.

A terceira analogia "trata de um homem que, por irresponsabilidade sua, contraiu uma dívida impossível de ser paga, em razão de sua pobreza. Um bilionário resolve por livre e espontânea vontade dar o dinheiro na mão desse homem irresponsável para ele saldar a dívida. E coloca ao seu lado um conselheiro para acompanha-lo no trajeto. Perceba que o homem ganha uma opção que não tinha antes: pagar a dívida. E não a ganha por mérito seu ou qualquer obra, pois é um vagabundo, desempregado e irresponsável. Nem mesmo o pedido de ajuda ao bilionário foi iniciativa sua. Ele apenas é surpreendido pela oferta generosa, imerecida e gratuita. Apesar disso, cabe ao irresponsável decidir se pagará a dívida ou se usará o dinheiro para outra coisa". Se ele pagar, ele não terá mérito pelo dinheiro, já que não é dele. Mas terá o mérito de ter escolhido pagar. Ele poderia não ter escolhido. Uma pessoa que escolhe usar um presente não se torna merecedora do presente, mas se torna melhor do que aquele que escolheu ser ingrato e não usar.

O PARADOXO DA SALVAÇÃO

Como é a concepção reformada da salvação, então? Que a salvação é uma obra 100% de Deus e 100% do homem. A Confissão de Westminter diz em seu terceiro capítulo, seção I, que "desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas". Não é uma contradição lógica, é um paradoxo: as ações do homem, inclusive a Queda, são ao mesmo tempo escolhas dele e decretos de Deus. Deus permanece soberano, pois predestina tudo o que acontece, e cada perdido é responsável por seus pecados e a consequente condenação. Caldas parece reconhecer essa doutrina, que a Confissão baseia em textos como Isa. 45:6-7; Rom. 11:33; Heb. 6:17; Sal.5:4; Tiago 1:13-17; I João 1:5; Mat. 17:2; João 19:11; At.2:23; At. 4:27-28 e 27:23, 24, 34. Mas a sua resposta a isso é que não devemos usar o discurso do mistério ou paradoxo para explicar alguma doutrina, porque abrimos brecha para o usarmos para defender qualquer coisa que seja ilógica ou imoral. Mas é um argumento vazio. Muitas doutrinas são, sim, paradoxais. O que é preciso fazer é analisar os textos bíblicos e perceber se apelar para o mistério realmente é necessário aqui, e não simplesmente negar o paradoxo por ser inconveniente.

A doutrina reformada, como exposta por Jonathan Edwards, é que nós não somos meramente passivos na salvação, "nem ainda Deus faz uma parte e nós o resto. Mas é Deus quem faz tudo, e nós fazemos tudo. Deus produz tudo, nós agimos tudo. (...) Deus é o único autor e fonte adequada; nós somos somente os atores desta fonte. Nós somos em diferentes aspectos, totalmente passivos e totalmente ativos"[3]. Em outras palavras, a salvação é uma obra 100% de Deus e 100% nossa. Desse modo, por um lado é verdade que só é salvo aqueles que escolhem receber a Cristo; por outro, é verdade que só escolhe ir a Cristo aquele que Ele escolheu primeiro. O contrário também é verdadeiro: aqueles que rejeitam a Cristo rejeitam porque quiseram, mas ao mesmo tempo rejeitam porque querem. Por isso Jesus disse aos fariseus: "vós não credes porque não sois das minhas ovelhas" (Jo 10.26). O moribundo salvo pelo bombeiro quis ser salvo, o viciado quis ser liberto e o devedor quis quitar sua dívida, eles fizeram tudo isso, mas eles só tomaram essas decisões porque Deus operou neles tanto o querer quanto o efetuar.

Portanto, o homem não é uma marionete nas mãos de Deus, mas se relaciona com Ele como um agente moral, ainda que as suas decisões tenham sido decretadas por Deus na eternidade. Como diz Tomás de Aquino, "a criatura racional sendo, pelo livre arbítrio, senhora de seus atos, como dissemos, está sujeita de maneira especial à divina providência, de modo que Deus lhe imputa por culpa ou mérito o que ela faz, e lhe atribui a pena ou o prêmio" (Suma Teológica, I, q.22, a.2)[4]. "Pois tudo o que há no homem, ordenando-o à salvação, está compreendido no efeito da predestinação, até mesmo a preparação para a graça. E nem isto se opera senão por auxílio divino, conforme aquilo da Escritura: Converte-nos, Senhor, a ti, e nós nos converteremos." (I, q.23, a.5). E Aquino não via nenhuma contradição entre a predestinação e a bondade de Deus, ao contrário, "o efeito da predestinação neste sentido tem como causa a divina bondade" (idem).

O PECADO EXISTE PARA A GLÓRIA DE DEUS

O próximo argumento de Caldas é que o fato de Deus predestinar o pecado para o louvor da sua glória faz com que ou Deus necessite do pecado para que sua glória se torne maior (ou mais evidente) ou Ele não necessita, mas deseja que ela se torne maior (ou mais evidente) por meio do pecado. Em ambos os casos, isso faria com que Deus não fosse maximamente glorioso em si mesmo. Deus passa a depender de um fator externo (o mal) para ser glorificado. O próprio Caldas cita que a Bíblia menciona que Deus faz coisas para o louvor da Sua glória, mas ele diz que o pecado não poderia se enquadrar nesses atos, pois Deus glorificar a si mesmo significa que Ele está aumentando a percepção que as pessoas têm da Sua glória; mas o pecado diminui a percepção do homem de Deus, de modo ele não seria útil para isso.

O Dr. John Piper, em seu artigo "Is God Less Glorious Because He Ordained That Evil Be?"[5], responde magistralmente a essa objeção. A principal resposta de Piper é que essa doutrina é bíblica. Isso destrói qualquer argumento lógico ou filosófico. Se a Bíblia ensina que Deus decretou o mal, precisamos aceitar esse fato antes de questionar as implicações disso. Outra resposta, inspirada em Jonathan Edwards, é que através da existência do pecado, Deus manifestou sua terrível grandeza, justiça e santidade de formas que não seriam possíveis se o pecado não existisse. Por exemplo, nós jamais entenderíamos o que é perdão ou misericórdia se não existisse o mal. Isso não significa que Deus precise do pecado. Ele não precisa demonstrar toda a sua glória, e Ele jamais demonstrará toda a Sua glória, já que ela é infinita. Apenas significa que por mais odioso que o pecado seja aos olhos de Deus, ele é útil sim para demonstrar melhor aspectos de quem Ele é.

"Portanto, o mal é necessário, para a maior felicidade da criatura, e a plenitude dessa comunicação de Deus, pela qual ele fez o mundo; porque a felicidade da criatura consiste no conhecimento de Deus e no sentido do seu amor. E se o conhecimento dele for imperfeito, a felicidade da criatura deve ser proporcionalmente imperfeita" (Jonathan Edwards). Qualquer tentativa de explicar a existência do mal sem negar o poder ou a bondade de Deus vai esbarrar no fato de que Deus tinha algum objetivo ao permitir a existência desse mal. Dizer que o ensino reformado de que Deus decretou o mal para demonstrar a sua glória limita Deus porque torna o pecado necessário tornaria isso uma objeção a qualquer tentativa de justificar a existência do mal.

A PROVIDÊNCIA DE DEUS NÃO ANULA AS CAUSAS SECUNDÁRIAS

No final da parte 6 e na parte 7 dos artigos de Caldas, ele passa a usar mais amplamente os textos bíblicos para justificar suas críticas. Antes de mais nada, é preciso resumir a distinção que o próprio Caldas faz, e que é muito útil para o meu argumento, entre "vontade ideal" e "vontade final" de Deus. A vontade final são os decretos do Senhor que jamais serão frustados, que certamente vão acontecer; a vontade ideal são seus preceitos morais, seu caráter, que constantemente é negado pelos homens.

Quando Davi lança mão dos versículos bíblicos, começa afirmando que Deus "oferece ao ser humano a capacidade de escolha e o exorta constantemente a escolher corretamente", o que eu concordo; o erro dele está em supor que isso de alguma forma contradiz a predestinação. Como eu disse, a predestinação não nega que o homem tenha capacidade de escolher, mas afirma que todas as escolhas do homem estão dentro da vontade final de Deus - ainda que não estejam de acordo com a sua vontade ideal. Assim, quando a Bíblia fala, por exemplo, de coisas que o homem fez que Deus não ordenou (Gn 3:11, Jr 32:35, Os 8:34), ela está falando que o homem frustou a sua vontade ideal, que quebrou seus mandamentos, não que ele escapou da sua vontade final.

De diversas outras passagens, Caldas infere quatro princípios: a responsabilidade individual do homem, a sua liberdade de escolha, o risco de apostasia da fé e a necessidade de se conservar firme em Deus, e a possibilidade de não andar em santidade, renegando a influência do Espírito Santo. Eu acredito, em parte, nesses quatro princípios. O homem é responsável pelo que ele decide fazer (porque ele pode fazer escolhas reais) e ele pode apostatar da fé e não andar em santidade (se ele não tiver verdadeiramente nascido de novo). Nada disso nega a predestinação. O fato de Deus ordenar que o homem se arrependa e viva em santidade não anula o fato Dele próprio ter decretado as ações humanas.

Isso porque ainda que Deus tenha decretado todas as coisas, como diz o Capítulo III de Westminter, ele faz isso sem tirar a "contingência das causas secundárias, antes estabelecidas". A Palavra de Deus é o instrumento por meio do qual Ele faz com que o Seu decreto se cumpra. Quando Ele diz ao homem "arrependa-se", e ele se arrepende, tal como Ele diz "haja luz!" e a luz surge, a Palavra é o instrumento por meio do qual aquilo que Ele predestinou vem à existência. Por outro lado, quando Ele diz "creia!" e o homem não crê, a Palavra foi o instrumento pelo qual o decreto de que aquele homem não creria se cumpre.

Ao contrário do que Caldas afirma, a predestinação não anula "a oração intercessora, as exortações cristãs e o evangelismo de sentido". Muitos dos maiores pastores, intercessores e evangelistas da história da Igreja criam na predestinação, e não apenas criam nela, mas eram motivados a orar e pregar por causa dela; basta ler Calvino, Edwards, Spurgeon ou Piper para ver como a predestinação tem um papel importantíssimo no ministério desses grandes homens de Deus.

ANÁLISE DE ROMANOS 9

Nesse capítulo, Paulo afirma ter grande tristeza porque os seus irmãos, os judeus, a quem pertencia a adoção de filhos, as alianças, a lei, o culto e as promessas, estavam separados de Cristo. O propósito principal de Paulo nos capítulos 9-11 é explicar porque isso estava acontecendo, e precisamos ter esse fato em mente para entendermos a passagem. Note que essa não é uma coisa de pequena importância: Paulo diz que esse problema é tão grave que, se ele pudesse, trocaria a sua própria salvação, tornando-se anátema (o que significa, segundo Handley Moule[6], a alienação moral de Deus, a retirada da capacidade da alma de amá-Lo), se isso pudesse mudar a situação dos israelistas. Isso já é, por si mesmo, uma forte evidência de que o que está em jogo aqui não é apenas uma "eleição funcional", a escolha dos judeus para desempenharem determinada função, mas a própria salvação deles, pois nenhuma outra coisa justificaria uma linguagem tão forte do apóstolo, de preferir a própria condenação eterna ao estado de Israel discutido nesse capítulo.

No mais, não é difícil interpretar que quando ele diz "poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos" ele quer dizer "eu queria ser anátema NO LUGAR de meus irmãos". Ou seja, ele está falando que os judeus descrentes são anátema, e ele queria trocar de lugar com eles. Além disso, as palavras que o apóstolo usa para identificar a glória da nação judaica, "adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas" são privilégios inseparáveis da salvação. Adotar como filho, fazer uma aliança ou dar a sua lei são coisas que Deus faz apenas com aqueles que Ele salva.

A resposta básica do apóstolo para o problema referido está no versículo 6: "nem todos os que são de Israel são israelitas"[7]. Ou seja, "o judeu verdadeiro é o que faz a vontade de Deus" (CALDAS). O Senhor não fracassou no seu plano, sua vontade final não foi frustada na rejeição de Israel. Para ilustrar isso, Paulo usa algumas situações do Antigo Testamento. Primeiro, ele lembra que ser descendente de Abraão não te torna filho da promessa, já que nem todos os filhos de Abraão foram participantes da promessa, mas Isaque. O mesmo ocorre na geração seguinte, o eleito era Jacó, não Esaú. "Note que alguém poderia descender de Abraão, mas não de Isaac (o prometido). E poderia descender de Abraão e Isaac, mas não de Jacó" (CALDAS). Mas por que Deus escolhe um, e rejeita outro? A resposta do versículo 11 é: porque Ele quer. Não foi por nenhuma obra de Jacó ou de Esaú que Deus preferiu um ao outro. Deus não amou Jacó, segundo o versículo 13, porque ele tenha feito algo para merecer; e o Senhor rejeitou a Esaú independente de suas obras.

É verdade que Paulo está falando especialmente das nações que surgiram a partir de Esaú e Jacó, mas a escolha de cada povo começou na escolha de um indivíduo em detrimento do outro; "não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal..." (v.11). Isso fica ainda mais claro quando nos lembramos do propósito desse trecho de Romanos, que é explicar porque muitos indivíduos do povo de Israel estavam sendo anatematizados, separados de Cristo. A ideia de que Paulo está falando simplesmente de uma eleição nacional e não individual, não faz o menor sentido dentro do contexto. Não é a eleição nacional de Israel a preocupação de Paulo, mas a eleição dos judeus incrédulos. Até porque os descendentes de Esaú jamais serviram Israel, se não por um pequeno período de tempo, no auge da monarquia israelita. Por isso, como disse o reverendo John Grill[8], esta servidão deve ser entendida no sentido espiritual, a exclusão de Esaú do favor de Deus e as bênçãos da graça, significando que ele é rejeitado para não herdar a benção que foi dada a Jacó; e pareceu que ele não era um filho, mas um servo, porque partiu e lançou sua habitação em outro lugar. E ele mostrou que não tinha interesse na adoção espiritual, nem direito à aliança da graça, nem era um herdeiro do céu, tudo o que era peculiar a Jacó: Esaú era servo do pecado, sob o domínio dele, por isso sendo chamado de "devasso, ou profano" (Hebreus 12.16), mas ele era útil a Jacó, tanto em coisas temporais como espirituais; como os réprobos são para os eleitos, pois todas as coisas contribuem para o bem desses. Que diremos pois? Que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.

Adiante, Paulo usa o exemplo de Faraó, "que foi levantado por Deus para ser derrubado, tendo o coração endurecido pelo próprio Senhor" (CALDAS). Esse endurecimento, obviamente, não ignorou a vontade do próprio Faraó. Assim como a Bíblia fala que Deus endureceu a Faraó, fala que ele endureceu o próprio coração. Ambas as coisas são verdade ao tempo: Deus o endureceu e ele se endureceu. Como Caldas pressupõe que Paulo está falando apenas de uma eleição nacional de Israel, e não uma eleição individual, ele usa isso como argumento para dizer que "não faz sentido supor que o exemplo de Faraó é sobre salvação". Mas eu posso dizer o contrário: a rejeição de Faraó não foi uma rejeição nacional, nem mesmo uma eleição funcional. A pessoa do Faraó foi rejeitada. Portanto, Paulo está falando de escolha e rejeição individuais para a salvação. O indivíduo Faraó foi rejeitado, o indivíduo Esaú foi rejeitado, o indivíduo Ismael foi rejeitado, por isso Deus também rejeitou muitos dos indivíduos do povo de Israel, mesmo tendo sido a nação eleita. Porque o Senhor "compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer" (Rm 9.18).

Ainda que essa compaixão divina pelos seus eleitos possa ser interpretada de muitas maneiras, o endurecimento é claro. Deus torna aquela pessoa um teimoso, ou multiplica sua teimosia. Ao fazer isso, e não reverter o processo depois, o Senhor está condenado a pessoa à destruição eterna. A pessoa já estava reprovada antes, de modo que sua condenação não é por culpa de Deus ao tê-la endurecido, mas fica bem claro que se esse endurecimento conduz à perdição, a compaixão aqui referida é aquela que conduz à salvação, e não apenas algum privilégio terreno.

No versículo 19 Paulo antecipa uma objeção de um judeu incrédulo. Caldas parafraseia assim: "se Deus poderia endurecer corações para que as pessoas cumprissem funções determinadas por Ele, então a própria descrença dos judeus deveria se atribuir a Deus. Se Ele quisesse a crença dos judeus, eles creriam, pois mudaria seus corações. Se os judeus não creram, Ele não quer. Se Ele não quer, por que motivo reclama?". A resposta de Paulo nos versículos 20-21 é dizer que o homem não tem direito de questionar a Deus, a coisa formada não pode reclamar com seu criador porque Ele a criou dessa ou daquela maneira; ou seja, Ismael, Esaú e Faraó não podiam reclamar de terem sido rejeitados desde antes da fundação do mundo.

Deus criou aqueles que foram "preparados para a perdição" (Rm 9.22) para "mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder" (idem). Caldas tenta negar isso, dizendo basicamente que Paulo não disse o que ele disse. Ele chega a escrever que "a ideia subjacente aqui não é que Deus as criou e sim que, por alguma razão, não impediu que elas surgissem". Mas é justamente isso que Paulo diz nos versículos 20-21, que o direito de Deus fazer o que quiser com o homem se baseia no fato Dele criar cada pessoa individualmente. Ele não apenas "impediu que elas surgissem", Ele as formou como um oleiro molda um vaso, criando uns "para a perdição" (Rm 9.22), e outros "para glória" (Rm 9.23), "os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios" (Rm 9.24). Além disso, Paulo não diz que Deus "suporta o pecado apenas para reverter o problema que o próprio pecado causou" (CALDAS), mas que os homens não podem resistir à Sua vontade (v.19), que Deus os fez assim (v.20), que eles foram criados para a desonra (v.21) e preparados para a destruição (v.22).

Para provar seu argumento, Paulo cita Oseias nos versículos 25-26. Nesse livro, o Senhor mostra por meio do seu profeta que o cativeiro que Israel estava prestes a sofrer era o justo juízo por causa dos seus pecados, e garantir uma restauração futura. Vemos essa restauração, por exemplo, em Os 1.10: "todavia o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo". Ainda que esse texto fale sobre Israel, o apóstolo agora aplica aos gentios, mostrando que aqueles que não eram povo de Deus seriam adotados por Ele.

No versículo 27, Paulo cita Isaías 10.22: "ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo". Eis ai mais um indício que o apóstolo está falando de salvação individual. Alguém poderia objetar que "salvo" aqui não se trata de salvação espiritual, mas se analisarmos o texto hebraico de Isaías, veremos que a palavra que Paulo interpreta como "salvo" (iasuv) significa, segundo a Strong Concordance e o léxico Brown–Driver–Briggs[9], retornar, voltar atrás, ou seja, converter-se (assim traduz a ACF). Logo, tanto Paulo quanto Isaías estão falando da salvação espiritual decorrente de conversão. Quanto aos que não são eleitos, eles não apenas perdem a oportunidade de participar de uma função determinada, mas eles são destruídos (Rm 9.29).

No versículo 30, o apóstolo conclui "que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça", ou, como traduz versão da Sociedade Bíblica Britânica[10] e a Almeida Revista e Atualizada[11], justificação. Ele explica que justiça é essa: "a justiça que é pela fé". Não tem como ser mais claro que isso. Nas palavras de Armínio, a mensagem de Romanos 9 é que "o evangelho, não a lei, é o poder de Deus para salvação, não para aquele que trabalha, mas para aquele que crê; porque no evangelho é manifesta a justiça (iustitia) de Deus, pela qual a salvação é obtida por meio da fé em Cristo" [12]. Mas, ao contrário da maneira como Armínio interpretou esse capítulo, "toda a seção (9-11) é sobre a segurança de indivíduos. Eleição de nações não faria nenhum sentido contextual"[13].

ÊXODO 4.21 E FILIPENSES 2.13-14

Caldas aborda a seguir Ex 4.21, que, na versão dele, diz: "Disse o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo". Segundo Caldas, a interpretação calvinista padrão é que não existe livre arbítrio e Deus reclama de indivíduos que são maus porque Ele assim determinou. Contra isso, ele sugere que a Bíblia diz não somente que Deus endureceu o coração daquele homem, mas também que seu endurecimento foi independente. Nesse caso, tanto temos um Deus soberano, quanto um ser humano com capacidade de escolha.

Mas como João Calvino, o mais famoso defensor da predestinação, interpretava esse versículo? Ele argumenta que a intenção do versículo é claramente exaltar o controle de Deus sobre aquela situação, e não sua passividade; portanto, qualquer interpretação que enfatize uma permissão divina ao invés da ação do Senhor em guiar o coração do Faraó para onde Ele bem entendesse, como ribeiros de águas (Pv 21.1), ignora o contexto do versículo. Desse modo, um processo semidireto ou indireto de endurecimento do Faraó não seria adequado às palavras de Moisés. Para Calvino, entretanto, como vemos no comentário a Ex 7.3, o fato do endurecimento ser direto ou indireto não importa tanto; o crucial é que esse endurecimento não é gratuito, mas é também o juízo do Senhor contra o Faraó. Essa interpretação, dentro dos termos de Caldas, não apresenta os supostos "problemas lógicos, morais e bíblicos" que ele levanta.

No comentário de Calvino a Ex 7.23 ele aprofunda um pouco mais essa questão. Segundo ele, nesse versículo, Moisés nos ensina que a dureza do coração a que Deus havia entregado Faraó, era voluntária; de modo que o pecado repousou em si mesmo e a ação secreta de Deus não diminui sua culpa. Daí resulta que ele foi o autor de sua própria obstinação, porque, sendo cegado pelo orgulho e pelo desprezo, não tomou em consideração a glória de Deus. Assim, os perversos, apesar de serem vasos de ira, são moldados por Deus para terem uma mente reprovável, de modo que eles próprios se endurecem. Aqui vemos mais uma vez a soberania de Deus e a livre-agência humana.

A seguir, Caldas lida com Filipenses 2.12-13, em que Paulo nos chama a desenvolver a nossa salvação "com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar" (versão de Caldas). Aqui ele comete um erro lamentável, entendendo que Paulo está dizendo que Deus nos HABILITA a desenvolver a nossa salvação. Mas o texto diz que Deus EFETUA em nós tanto o querer quanto o realizar. Ou seja, na salvação, o nosso desenvolvimento não é algo que Deus possibilita, é algo que Deus realiza. Não seria nenhuma causa de temor e tremor o fato de Deus apenas habilitar que nós consigamos fazer o que Ele ordenou. Mas devemos operar nossa salvação com tremor sabendo que é a vontade do Deus Onipotente que está agindo a favor dos seus eleitos[14]. Como Paulo disse em I Corintios 15.10, "trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo".

CONCLUSÃO

As últimas passagens que Caldas examina rapidamente são Atos 13.48, Romanos 8.28-39 e I Pe 2.9-10. As três falam de pessoas sendo destinadas ou eleitas para a salvação. Para Caldas, essa predestinação é baseada na onisciência de Deus, de modo que Ele destinou aqueles que Ele sabia que creriam para a vida eterna. A questão é: o que leva uma pessoa a crer? Existem muitas passagens que eu poderia usar para explicar esse ponto, mas podemos nos concentrar em Efésios 2. Eu escrevi um artigo[15] onde exponho mais detalhadamente o contexto dessa passagem. Esse capítulo nos ensina que todo aquele que ainda não recebeu a Cristo é espiritualmente incapaz, morto, ele não tem a menor capacidade de crer no Evangelho. Portanto, a única esperança do perdido é Deus se inclinar para ele, por uma imerecida condescendência, para salvá-lo. Antes de ter qualquer relacionamento com o Senhor, antes de ser capaz de receber qualquer benção espiritual em Jesus Cristo, o homem precisa ser ressuscitado espiritualmente e nascer para Deus.

O versículo 8 diz: “porque pela graça sois salvos, mediante a fé (pisteos); e isto (touto) não vem de vós; é dom de Deus”. Ele é central no meu argumento: a fé é um dom de Deus. Muitos argumentam que não, baseado no fato de que o pronome usado por Paulo, touto, é demonstrativo no gênero neutro, enquanto a palavra fé, pisteos, é de gênero feminino, de modo que “isto” não pode se referir a “fé”. Mas o contexto da passagem nos conduz a crer na incapacidade do não-convertido de crer em Deus. Assim, alguns eruditos, como F.W. Grosheide e João Calvino, acreditam que touto se refere a todo o processo da salvação, inclusive a fé. Outros, como Beza, Erasmo e Hugo de Grotius, acreditam que, já que touto nem sempre precisa corresponder em gênero ao seu antecedente (embora na maioria das vezes sim), o contexto indica que “isto” se refere especificamente à fé.

Um argumento para esta última teoria é o da própria fluidez do texto. Paulo diz que somos salvos pela graça mediante a fé, depois diz “e isto não vem de vós; é dom de Deus”. Ora, se é pela graça, obviamente não vem de nós, de modo que seria uma redundância sem explicação. A maneira como a expressão aparece no texto dá a entender que ele está acrescentando algo novo, não repetindo a mesma coisa com outras palavras, explicação para o fato de que, geralmente, o homem comum, ao ler o texto, entende que “isto” se refere mesmo à fé. Ainda que não cheguemos a uma conclusão definitiva, ambas as coisas são verdade: a fé é dom de Deus, porque todo o processo da salvação é dom de Deus. Portanto, Deus não pode escolher aqueles que serão salvos baseado em saber que eles crerão, porque ninguém pode crer se não for regenerado. Um arminiano poderia apelar para a graça preveniente, dizendo que Deus dá graça ao ímpio suficiente para permiti-lo escolher crer ou não, mas essa teoria carece de justificativa bíblica.

Caldas não se aprofundou tanto na análise das passagens, o que é totalmente compreensível, senão sua série de artigos se tornaria um livro. Do mesmo modo, tentei ser sucinto nas minhas respostas às suas críticas à doutrina da predestinação. Ele termina concluindo que os protestantes falharam em trazer uma reforma genuína na igreja. Até a data da conclusão desse texto ele não terminou a sua série, mas já podemos saber que ele provavelmente vai concluir defendendo que a Igreja Adventista do Sétimo Dia seja o movimento mais próximo dessa reforma real que ele crê. Por isso, termino reafirmando que não acredito que a IASD deva ser considerada uma seita, e que deve haver real diálogo entre essa denominação cristã, mas que ela está profundamente equivocada sobre uma série de pontos; entre eles, em relação à doutrina da predestinação.

REFERÊNCIAS

[1] CALDAS, Davi. A invenção do catolicismo romano e de seus rivais protestantes. Disponível em: <https://reacaoadventista.com/2017/07/21/a-invencao-do-catolicismo-romano-e-seus-rivais-protestantes-parte-1/>

[2] CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINTER. Tradução de Felipe Sabino de Araújo Neto. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm>

[3] EDWARDS, Jonathan. As Obras de Jonathan Edwards.

[4] AQUINO, Tomás. Suma Teológica. Tradução de Alexandre Correia. Disponível em: <https://sumateologica.files.wordpress.com/2017/04/suma-teolc3b3gica.pdf>

[5] PIPER, John. Is God Less Glorious Because He Ordained That Evil Be? Disponível em: <https://www.desiringgod.org/messages/is-god-less-glorious-because-he-ordained-that-evil-be>

[6] THE CAMBRIDGE BIBLE FOR SCHOOLS AND COLLEGES. Disponível em: <http://biblehub.com/commentaries/cambridge/genesis/>

[7] Salvo indicação contrária, referências bíblicas sempre da tradução Almeida Corrigida e Fiel.

[8] GILL, John. Gill's Exposition. Disponível em: <http://biblehub.com/commentaries/gill/>

[9] BIBLE HUB. 7725 - shub. Disponível em: <http://bibliaportugues.com/hebrew/7725.htm>

[10] BÍBLIA. Sociedade Bíblica Britânica. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/tb/>

[11] BÍBLIA. Almeida Revista e Atualizada. Disponível em: <http://biblia.com.br/joaoferreiraalmeidarevistaatualizada/>

[12] Works 3: 485-486 In STANGLIN, K; McCall, T. Arminius sobre Romanos 9. Traduzido por Samuel Paulo Coutinho. Disponível em: <http://deusamouomundo.com/arminius/arminius-sobre-romanos-9/>

[13] PATTON, Michael. Doze razões porque Romanos 9 é sobre eleição individual, não eleição corporativa. Tradução de Francisco Alison Silva Aquino. Disponível em: <https://bereianos.blogspot.com.br/2014/02/doze-razoes-porque-romanos-9-e-sobre.html>

[14] Para uma explicação rápida de profunda da causa de temor e tremor nesse caso, ver VOLTEMOS AO EVANGELHO. John Piper - Com Temor e Tremor. Youtube. 25 de julho de 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-Pcys7kZcDY>

[15] ANDRADE, Raphael. Pela Graça Sois Salvos. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5955669>