Roteiro de História da Filosofia - Bertho Condé
APRESENTAÇÃO
Abaixo, trazemos notícias sobre o livro Roteiro de História da Filosofia, de Bertho Condé, além de fornecer dados do autor e o sumário da obra.
Essa obra, hoje rara, é um convite ao estudo da Filosofia Espírita. E é isso que pretendemos fazer em futuro minicurso.
Vamos lá, conhecer a obra de Condé.
► Confira o minicurso aqui
O ROTEIRO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA, de Bertho Condé
No livro El pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y "latino" (1300-2000), no capítulo O pensamento filosófico brasileiro [1], Bertho Condé é apresentado como um "historiador da filosofia do ponto de vista do Espiritismo".
De fato, o Roteiro de História da Filosofia, de Condé, teve origem em cursos promovidos pela União da Mocidade Espírita de São Paulo (UMEESP), como nos informa Ary Lex [2]:
Abaixo, trazemos notícias sobre o livro Roteiro de História da Filosofia, de Bertho Condé, além de fornecer dados do autor e o sumário da obra.
Essa obra, hoje rara, é um convite ao estudo da Filosofia Espírita. E é isso que pretendemos fazer em futuro minicurso.
Vamos lá, conhecer a obra de Condé.
► Confira o minicurso aqui
O ROTEIRO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA, de Bertho Condé
No livro El pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y "latino" (1300-2000), no capítulo O pensamento filosófico brasileiro [1], Bertho Condé é apresentado como um "historiador da filosofia do ponto de vista do Espiritismo".
De fato, o Roteiro de História da Filosofia, de Condé, teve origem em cursos promovidos pela União da Mocidade Espírita de São Paulo (UMEESP), como nos informa Ary Lex [2]:
Alguns cursos ministrados da UMESP marcaram época e dele resultaram livros como:
1 - A Teoria Corpuscular do Espírito, do dr. Hernani Guimarães de Andrade;
2- Roteiro da História da Filosofia, do dr. Bertho Condé ;
3 - O Espírito e o Tempo, de José Herculano Pires. [Destacamos.]
2- Roteiro da História da Filosofia, do dr. Bertho Condé ;
3 - O Espírito e o Tempo, de José Herculano Pires. [Destacamos.]
Dr. Bertho Condé ministrou um curso sobre história da filosofia (...) focalizando-o à luz do Espiritismo. Suas anotações foram compiladas, resultando no livro com o mesmo título.
Pois bem, é desse livro que tratamos neste post.
É verdade que essas descobertas se assim podemos chamar, contrariam de algum modo certas idéias estabelecidas. Mas não é certo que todas as grandes descobertas científicas igualmente modificaram e até mesmo derrubaram as idéias até então mais acreditadas? E não foi necessário que o nosso amor-próprio se curvasse diante da evidência. O mesmo acontecerá com o Espiritismo e dentro em pouco ele terá direitos de cidadania entre os conhecimentos humanos.
ALLAN KARDEC, O Livro dos Espíritos, Conclusão, VIII
Resumo do livro
No seu Roteiro de História da Filosofia [3], Bertho Condé inscreve o Espiritismo na história das ideias filosóficas, suprindo, ao que parece pela primeira vez entre nós, uma omissão dos historiadores da Filosofia. Ou, conforme diz o autor:
(...) nosso objetivo se restringe a fazer incluir no currículo da história da filosofia um título esquecido: o da espírita... (P. 413)
Com efeito, na 2a. parte, Capítulo XXI - A Filosofia Espírita, n
Quer isto dizer que de cento e três anos aos nossos dias [o livro de Condé foi editado em 1965] a doutrina espírita conta com um livro sistematizador, donde a estranheza de não se haverem os historiadores apercebido de sua filosofia. Nem se diga ser o fato devido ao título da obra que estamos citando, pois não na sua denominação — O Livro dos Espíritos — mas no seu conteúdo deveriam os historiadores procurar a fundamental filosofia. (P. 408).
Assim é que, no decorrer da obra, a cada passo histórico, o autor vai confirmando sua tese de que
O Espiritismo é filosofia formada e desenvolvida no curso de tempos imemoriais, através das mais variadas formas adotadas pelo homem para atender ao seu inato senso de religiosidade. (P. 412).
Ao descrever períodos, ideias e temas filosóficos, Condé vai referindo e contrapondo pontos doutrinários espíritas, como estes:
- TOTEMISMO: Assim se vê que as principais linhas da doutrina espírita já se esboçavam no "totemismo", tendo sido confirmadas em sistemas posteriores (...) [pág. 30]
- BÍBLIA: Mesmo continuando irredutíveis adversários da verdade espírita, doutos no conhecimento da Bíblia se têm vistos forçados a lhe reconhecer [ao Espiritismo] inestimável utilidade (...) [p. 68]
- PLATÃO: Se alguém, entretanto, estiver decidido a duvidar de que a teoria da "ideia", realidade a que remontamos pela reminiscência, é uma concepção fundamentalmente espírita, afirmando a preexistência do eu espiritual ao indivíduo corporal, está convidado a fechar a "República" e abrir "Fedro" para verificar como se desenvolvem os episódios da nossa trajetória (...) [p. 120-21]
- ESCOLÁSTICA: Até que enfim. Encontramos no provecto escolástico, fiel intérprete do aristolismo-tomístico, afirmação que mais categoricamente não terá sido formulada, desde ALLAN KARDEC, por qualquer dos expoentes máximos do espiritismo. [p. 228]
- BÍBLIA: Mesmo continuando irredutíveis adversários da verdade espírita, doutos no conhecimento da Bíblia se têm vistos forçados a lhe reconhecer [ao Espiritismo] inestimável utilidade (...) [p. 68]
- PLATÃO: Se alguém, entretanto, estiver decidido a duvidar de que a teoria da "ideia", realidade a que remontamos pela reminiscência, é uma concepção fundamentalmente espírita, afirmando a preexistência do eu espiritual ao indivíduo corporal, está convidado a fechar a "República" e abrir "Fedro" para verificar como se desenvolvem os episódios da nossa trajetória (...) [p. 120-21]
- ESCOLÁSTICA: Até que enfim. Encontramos no provecto escolástico, fiel intérprete do aristolismo-tomístico, afirmação que mais categoricamente não terá sido formulada, desde ALLAN KARDEC, por qualquer dos expoentes máximos do espiritismo. [p. 228]
À página 412, Condé escreve:
No Capítulo XXI da 2a. Parte Condé trata especificamente da Filosofia Espírita, fazendo um sucinto estudo do aspecto filosófico do Espiritismo.
Como se vê dessas rápidas pinceladas, conquanto lastreado em historiadores da filosofia do início do século passado, trata-se de um livro para ser conhecido e estudado pelos que gostam de Filosofia Espírita.
Assim é, pelo menos, incompleto o compêndio de história da filosofia onde se não encontra um relato, embora sucinto, da filosofia espírita.
Como se vê dessas rápidas pinceladas, conquanto lastreado em historiadores da filosofia do início do século passado, trata-se de um livro para ser conhecido e estudado pelos que gostam de Filosofia Espírita.
Referências ao livro
Posto isso, vamos verificar que há poucas referências ao livro de Bertho Condé em autores, livros e filósofos espíritas.
De nossa parte, só encontramos estas duas:
- DEUS É O ABSURDO. Luciano dos Anjos. Rio de Janeiro, Eco, 1978, p.56;
- ENTREVISTA DE ASTRID SAYEGH. Revista Internacional de Espiritismo. Disponível aqui
- ENTREVISTA DE ASTRID SAYEGH. Revista Internacional de Espiritismo. Disponível aqui
Nota
Interessante registrar também que, não obstante tenha utilizado o Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, de André Lalande na elaboração de seu livro (na bibliografia, menciona-se a edição francesa de 1951), Bertho Condé não fez referência ao termo ESPIRITISMO, averbado por Lalande, em suporte à tese de que o Espiritismo é filosofia.
Sobre esse ponto, veja:
- PIRES, Herculano. Introdução à Filosofia Espírita, São Paulo, Paideia, 1980, p. 20 - Disponível aqui
- DONHA, João. Passeios bibliográficos: Lalande, Castellan, Herculano... - In donhaespirita.blogspot.com.br - Disponível aqui
- DONHA, João. Passeios bibliográficos: Lalande, Castellan, Herculano... - In donhaespirita.blogspot.com.br - Disponível aqui
Bertho Condé foi advogado, catedrático de Comércio Internacional na Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, orador oficial da Federação Espírita de São Paulo e deputado federal. No CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas [4], encontramos este resumo biográfico:
Berto (sic) Antonino Condé nasceu em Petrópolis (RJ) no dia 7 de fevereiro de 1895, filho de Antônio Antonino Condé e de Filomena Condé.
Fez o curso primário no Colégio das Irmãs Coelho e o secundário no Colégio São Vicente de Paulo, ambos em sua cidade natal, cursando depois a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, pela qual se diplomou em 1916. Transferindo-se depois para São Paulo, tornou-se aí promotor público e professor de política comercial e aduaneira comparada na Faculdade de Ciências Econômicas do estado.
Com a desagregação do Estado Novo em 1945 e o início da redemocratização do país, filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), na legenda do qual se elegeu em dezembro do mesmo ano deputado por São Paulo à Assembléia Nacional Constituinte. Ainda em 1945 integrou o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, no qual permaneceu até fevereiro do ano seguinte, quando assumiu sua cadeira de deputado. Participou dos trabalhos constituintes como segundo-vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Eleito vice-presidente da Assembléia Nacional Constituinte, teve seu mandato prorrogado até janeiro de 1951, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946) e a transformação da Assembléia em Congresso ordinário. Durante essa legislatura integrou as comissões Permanente de Serviço Público Civil e Especial de Leis Complementares da Constituição da Câmara dos Deputados. Em janeiro de 1948, opôs-se à cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas e em 1949 tornou-se primeiro-vice-presidente da Câmara, tendo ainda durante esse período apoiado o governador paulista Ademar de Barros (1947-1951). No pleito de outubro de 1950 disputou a reeleição, pela legenda do Partido Social Progressista (PSP), mas não obteve sucesso, deixando a Câmara em janeiro do ano seguinte, ao final da legislatura. Retomou suas atividades como advogado e passou a lecionar a disciplina direito internacional privado na Faculdade de Ciências Econômicas Álvares Penteado.
Jornalista, colaborou na Folha de S. Paulo, no Jornal do Comércio e no Jornal do Brasil, estes dois últimos do Rio de Janeiro, tendo atuado ainda em várias revistas brasileiras, entre as quais a Revista de Direito e a Revista de Direito Penal, da qual foi o fundador e primeiro diretor.
Foi membro do Instituto de Advogados de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Criminologia — da qual foi secretário —, da Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de São Paulo e do Instituto Brasileiro de Direito Internacional.
Faleceu na cidade de São Paulo no dia 6 de março de 1966.
Era casado com Genoveva Xavier Condé, de quem teve três filhos.
Publicou Ensaios de política espiritualista (1927), Propugnando um governo isento de personalismo (1928), Política brasileira: novos rumos (1936), Estudos de política comercial e Princípios de direito comercial e internacional.
Com a desagregação do Estado Novo em 1945 e o início da redemocratização do país, filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), na legenda do qual se elegeu em dezembro do mesmo ano deputado por São Paulo à Assembléia Nacional Constituinte. Ainda em 1945 integrou o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial, no qual permaneceu até fevereiro do ano seguinte, quando assumiu sua cadeira de deputado. Participou dos trabalhos constituintes como segundo-vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Eleito vice-presidente da Assembléia Nacional Constituinte, teve seu mandato prorrogado até janeiro de 1951, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946) e a transformação da Assembléia em Congresso ordinário. Durante essa legislatura integrou as comissões Permanente de Serviço Público Civil e Especial de Leis Complementares da Constituição da Câmara dos Deputados. Em janeiro de 1948, opôs-se à cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas e em 1949 tornou-se primeiro-vice-presidente da Câmara, tendo ainda durante esse período apoiado o governador paulista Ademar de Barros (1947-1951). No pleito de outubro de 1950 disputou a reeleição, pela legenda do Partido Social Progressista (PSP), mas não obteve sucesso, deixando a Câmara em janeiro do ano seguinte, ao final da legislatura. Retomou suas atividades como advogado e passou a lecionar a disciplina direito internacional privado na Faculdade de Ciências Econômicas Álvares Penteado.
Jornalista, colaborou na Folha de S. Paulo, no Jornal do Comércio e no Jornal do Brasil, estes dois últimos do Rio de Janeiro, tendo atuado ainda em várias revistas brasileiras, entre as quais a Revista de Direito e a Revista de Direito Penal, da qual foi o fundador e primeiro diretor.
Foi membro do Instituto de Advogados de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Criminologia — da qual foi secretário —, da Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de São Paulo e do Instituto Brasileiro de Direito Internacional.
Faleceu na cidade de São Paulo no dia 6 de março de 1966.
Era casado com Genoveva Xavier Condé, de quem teve três filhos.
Publicou Ensaios de política espiritualista (1927), Propugnando um governo isento de personalismo (1928), Política brasileira: novos rumos (1936), Estudos de política comercial e Princípios de direito comercial e internacional.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1946-1967); CÂM. DEP. Relação dos dep.; Diário do Congresso Nacional; GALVÃO, F. Fechamento; Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; INF. FAM.; LEITE, A. História; LEITE, A. Páginas; SILVA, G. Constituinte; VELHO SOBRINHO, J. Dic.
Referências
[1] Enrique Dussel; Eduardo Mendieta e Carmen Bohmórques [Editores] - El pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y "latino" (1300-2000) - historia, corrientes, temas y filosofos - Mexico : Siglo XXI : Centro de Cooperación Regional para la Educación de Adultos en America Latina y Caribe, 2009 (aqui)
[2] Ary Lex - 60 anos de Espiritismo no Estado de São Paulo (nossa vivência) - São Paulo, FEESP, 1996, págs. 74 e 75.
[3] Condé, Bertho - Roteiro de História da Filosofia - São Paulo, Editora Piratininga, 1965.
[4] http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/berto-antonino-conde
[1] Enrique Dussel; Eduardo Mendieta e Carmen Bohmórques [Editores] - El pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y "latino" (1300-2000) - historia, corrientes, temas y filosofos - Mexico : Siglo XXI : Centro de Cooperación Regional para la Educación de Adultos en America Latina y Caribe, 2009 (aqui)
[2] Ary Lex - 60 anos de Espiritismo no Estado de São Paulo (nossa vivência) - São Paulo, FEESP, 1996, págs. 74 e 75.
[3] Condé, Bertho - Roteiro de História da Filosofia - São Paulo, Editora Piratininga, 1965.
[4] http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/berto-antonino-conde