ADMINISTRANDO A BOBEIRA

AS DUAS REGRAS BIBLICAS PRINCIPAIS NA CORREÇÃO DOS FILHOS

Domingo passado o pastor pregou sobre Intimidade com Deus, mas assim que ele começou a pregar aconteceu um fato que me tirou a atenção da pregação. Uma irmã tirou o tamanco e ameaçou bater na filha na hora da pregação. A menina estava fazendo algo que a mãe não gostou, com certeza e sem pensar ameaçou bater na menina, na hora da Palavra, dentro da Igreja.

Me vieram algumas considerações a respeito do ocorrido. Em primeiríssimo lugar, a Igreja não é lugar de se bater nos filhos. Aliás, hoje me dia bater nos filhos tem sido muito criticado. Damos uma preferência a conversar de forma civilizada com os filhos, desde que os filhos tenham idade de compreender. Quando os filhos são pequenos demais, eles não compreendem outra forma de correção a não ser apanhando. Mas isso – se for feito – deve ser feito com todo o cuidado do mundo. Filho não é cachorro. Enquanto os filhos são pequenos demais, imperam os instintos mais básicos do ser humano. Entretanto vai chegar o momento em que os filhos vão crescendo e começam a compreender os conceitos abstratos e pode-se explicar, com clareza porque não devem fazer certas coisas. É lógico que se deve ser coerente, ao explicar seus motivos. Independente de qualquer coisa, não se deve bater em hipótese alguma nos filhos - nem em ninguém, dentro da Igreja.

E até em corrigir os filhos a Bíblia tem dois ensinamentos básicos, mas que creio abarcar todo o assunto. “A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.” (Provérbios 29:15) e “E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4).

O primeiro versículo citado, Proverbios 29.15, nos ensina que o filho entregue a si mesmo envergonha a sua mãe, por isso, não se deve poupar a vara, quer dizer: se merecer apanhar, deve apanhar. Isso se refere a filhos muito pequenos, ou em casos muito extremos a filhos um pouquinho maiores. Tenta-se antes todo tipo de conversa, mas se não dá, então apela-se para a violência – mas não é o que a gente quer. Como é que a gente conversa filosoficamente com uma menina de três anos que está batendo no irmãozinho que acabou de nascer?

Mas a Bíblia tem outro ensinamento que não deve ser esquecido pelos pais - de forma alguma – “Pais não provoquem a ira dos vossos filhos”. O versículo de Efésios é muito claro. Existem muitos pais que acabam gerando o ódio dos filhos a respeito deles, os pais. Isso acontece, principalmente quando o castigo é injusto. Os filhos podem estar errados, mas quando a repreensão vem por algo justo, ele importa-se menos. Mas ainda assim a repreensão deve ser proporcional e feita com amor. Os pais devem corrigir os filhos e não bater por bater. Um filho de dez anos, ou até menos, já entende das coisas e não deve ficar mais apanhando, o pai deve pensar em outras formas de punir o filho, como deixa-lo sem o celular por algumas horas, ou sem ir àquele passeio, se o ocorrido foi realmente grave.

Os pais podem provocar a ira dos filhos quando ao repreender são desmedidos, tudo tem limites, até mesmo a correção. Acho que todos conhecemos pais que passam a sua vida inteira amaldiçoando seus filhos. Alguns pais nos dão a ideia que não gostam de seus filhos e olhe que se nós estamos de fora vendo isso, imagine o filho, o trauma que não se cria nele.

Infelizmente os pais sofrem de um problema muito sério – a expectativa dos filhos. Os pais podem nunca terem prometido algo aos seus filhos, mas eles criam uma expectativa muito forte de coisas que o pai nunca prometeu ou disse que iria fazer. Mas existem pais que prometem, não dão e ainda zombam da expectativa frustrada do filho. Cuidado com isso. Os pais podem suscitar a ira nos filhos, quando tratam o marido ou a esposa com maldade, ou até mesmo os irmãos.

Enfim, quando o filho é pequeno e não compreende outra forma de correção a não ser a vara, então o pai e a mãe erram ao não corrigir o pestinha, quando é pequenininho. Porém o filho, ou a filha crescendo, os pais devem tomar cuidado em não gerar a ira dos filhos contra si.

ADMINISTRANDO A BOBEIRA

Voltamos à irmã que ameaçou bater na filha de quatro anos, mas não bateu. A menina que estava brincando com a outra coleguinha, ficou toda amuada e chorosa – com razão. A mãe então chamou a menina para perto de si - o que ela não quis a princípio - mas depois foi. Durante o tempo inteiro da Palavra, a mãe ficou adulando a filha que chorou, ficou triste, e acabou dormindo. A mãe – e eu – perdemos a Palavra. Como a palavra estava meio insossa, eu acabei me desligando do assunto e fiquei de olho no movimento da mãe e de sua pequena filha, enquanto pensava em como nós administramos a bobeira, na maioria do tempo.

A mãe poderia ter evitado o seu pequeno acesso de fúria e a filha teria passado o culto feliz, alegre e brincando com a coleguinha, enquanto ela, a mãe, iria poder escutar a Palavra e aproveitar melhor.

Eu me peguei pensando como nós erramos com Deus, na maioria do tempo, praticando pecados de bobeira, sendo que muitas coisas a gente poderia ter evitado e depois gastamos um tempo enorme pedindo perdão, tristes e esperando passar o tempo, até nos sentirmos melhor, para poder orar bem novamente, ou poder ir à Igreja de cabeça erguida, de novo.

A respeito disso, Deus não se move como nós. Deus não é tão sensível assim e nem sujeito a emoções como nós somos. Se Deus fosse totalmente emotivo, ele já nos teria destruído e nem aqui discutindo isso estaríamos, faz séculos.

Nós imaginamos que precisamos de um tempo para Deus nos perdoar, mas o que Deus quer para perdoar não é o tempo, mas arrependimento. Se nos arrependermos no mesmo momento em que pecamos, Deus nos perdoa. Quem precisa de um tempo para se sentir bem de novo somos nós, não Deus. E se pecamos, devemos orar e não parar de orar. Alguns porque pecaram ficam dias sem orar, ou até semanas sem coragem de orar. Mas se pecou, ai é que se deve orar – existe uma brecha em algum lugar. Não é pra pecar, mas se acontecer, reforce a oração. Se pecar ai é que se deve orar muito. Mas alguns ficam fracos na fé, pecam e param de orar, de ir à Igreja, de ler a Bíblia. No momento de mais orar, ele para de orar.

Israel, na época de Moisés, não enxergava outra opção a não ser chegar na Terra Prometida. A meta deles era essa e até erraram muito tentando cumprir a meta. A Igreja de hoje imagina, - erradamente – que tem outra opção se Deus não funcionar. A Igreja imagina que pode deixar os caminhos do Senhor e simplesmente largar a Deus. Essa não é uma opção válida, pois temos Deus de um lado e o Céu e o Diabo do outro e o Inferno. Hoje, aqui, agora, estamos decidindo o nosso futuro além dessa vida. Cuidado, muito cuidado em não fazer alguma bobeira com Deus, que possa ser irreversível e ai não vai ter jeito mais.

Um último fato que me veio à mente, na Igreja, quando a irmã ameaçou bater na sua filha com o tamanco, foi que a irmã não discerniu onde estava. A Bíblia tem regras claras a respeito de entrar na presença de Deus e a coisa é tão séria que devemos tomar cuidado até o que falamos quando estamos na Igreja, muito mais ameaçar o filho na Igreja. A Igreja atual não está discernindo o lugar Santo em que está e alguns até imaginam que a Igreja pode ser uma extensão da sua casa. Não é.

Agir errado, ou dar bobeira, pode nos custar um tempo enorme para tentar corrigir o erro, o que é perca de tempo. Numa grande maioria de situações a gente fica administrando os erros passados. Algumas vezes ficamos anos, tentando corrigir um erro. Um momento de prazer pode gerar um filho, o que é para o resto da vida. Um momento de ira pode gerar um desemprego sofrido de vários anos. Um comentário pode gerar uma divisão enorme. Um momento pode acarretar dor.

Então para que não fiquemos o tempo todo administrando a bobeira, não faça bobeira. Leve cada momento a sério. Leve as pessoas à sério. Leve a Igreja à sério. Leve Deus à sério. A bíblia fala que as pequenas rapozinhas eram as que colocaram fogo no arraial certa vez. Os filisteus vindo contra os israelitas quiseram lhes fazer mal e não conseguiam, mas alguém teve a infeliz ideia de usar raposinhas, pequenas, jovens, difíceis de pegar. Cuidado com as rapozinhas. Cuidado com aquelas pequenas coisas que você acha que não tem muita importância, pois tem sim. Cuidado. Como diz minha mãe: Todo cuidado é pouco.

Pra não ficar a vida inteira administrando a bobeira, não marque bobeira. Não erre à toa. Não faça dividas a não ser que sejam necessárias. Não faça acordos com quem não se deve fazer acordos. Não ande com quem não se deve andar. Todo cuidado é pouco.

E todo cuidado é pouco ao entrar na Casa de Deus.

Amém

Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 13/08/2017
Código do texto: T6082709
Classificação de conteúdo: seguro