JESUS NOS ENSINOU A CAMINHAR EM DIREÇÃO À CIDADE

Jesus é lembrado por pregar na praia, sofrer a tentação no deserto e orar no monte. Temos ai três ambientes que comumente são lembrados sobre Jesus, mas eu quero acrescentar um, que por mais óbvio que seja, é um dos mais importantes: a cidade.

Jesus pregou na praia a multidões, assim como chamou discípulos dos que estavam na praia. Ainda assim a praia é um local isolado, longe, longínquo da cidade, local onde os homens moram.

Jesus foi ao deserto para ser tentado. O interessante é que Jesus foi inspirado a ir ao deserto pelo Espírito Santo, então nem todo deserto é ruim. Jesus voltou do deserto com uma doutrina, que foi a primeira pregação que o vimos fazer: Arrependam-se, pois é chegado o Reio dos Céus. Essa fala, apesar de proferida por Jesus, não podemos atribuir a ele, pois essa era a fala de João Batista. Poderíamos dizer, que para cumprir a Palavra, Jesus pregou a Palavra do seu pastor João Batista. Mas já na segunda pregação em diante Jesus pregou até o fim, o Reino de Deus. Novamente, pensar em Jesus só no deserto, vivendo no deserto é pensar num pregador longe da cidade, longe do povo, longe do local onde os homens moram.

Por fim vemos Jesus nos montes, mais de uma vez, sendo o monte mais famoso o Monte das Oliveiras, onde foi encontrado na noite em que foi traído. Mas o monte, por mais experiências que Jesus tivesse, ainda assim é mais um local longe da cidade, longe dos homens, afastado do problema dos homens.

Por mais plástico, visual e bonitinho que pudéssemos imaginar, Jesus foi visto muitas vezes na cidade.

Jesus não ficou só na praia, apesar de que o vemos muitas vezes na praia, ou de barco.

O deserto mais famoso de Jesus foi o da tentação, apesar que houve outros importantes, como o da multiplicação dos pães.

Os montes mais famosos foram o da transfiguração e o da traição.

Apesar desses ambientes, Jesus andava na cidade, ensinando e curando os homens.

Essa fala de que Jesus só orava no monte, ou que só andava no deserto, ou que só pregava nas praias escondem um problema - a meu ver - que é o do afastamento do Evangelho dos homens. Jesus foi ao deserto para receber a doutrina do Reino de Deus, que deveria ser pregada aos homens que estavam nas cidades. No monte se ora para obter revelações, para transmiti-las aos homens da cidade. A pregação na praia tem o sentido de pregar aos homens mais afastados da cidade, mas o foco é a cidade.

Devemos ter muito cuidado em produzir um Evangelho que nos afaste dos homens, ou que faça com que nossa Igreja adquira mecanismos de afastamento dos homens, como o da Igreja que visitei recentemente e que tem uma escolinha para novos membros, para explicar a visão da Igreja e como ela funciona. A ideia – estranha! – é de alguma maneira conseguir uma menor desistência e maior engajamento com a Igreja, mas o efeito é diretamente inverso e afasta as pessoas de entrarem na Igreja.

Somos levados ao deserto pelo Espírito, para ficarmos um período em silêncio, ouvindo, aprendendo a doutrina que vamos levar aos homens. Na praia Jesus arregimentou alguns que foram muito importantes ao Evangelho, como o pescador Pedro. De repente focando no alvo: a cidade, vamos buscar auxiliares em locais inusitados. NO monte subimos a orar, para recebermos a revelação, do que dizer e fazer com os homens seja onde eles estiverem.

Entrar na cidade com Jesus é ir onde o burburinho está. Descobrimos lendo que Israel da época estava infectada com muitas doenças e assolada com muitos demônios. Haviam irregularidades no sacerdócio, no mínimo discutíveis, pois dois eram os Sumo-sacerdotes e Sumo-sacerdote significa o numero um, o primeiro, o chefe dos sacerdotes. Israel estava invadida pelo Romano. Revoltas armadas estalavam no ar. Profetas os mais variados se proclamando o Cristo surgiam todo dia. Ir à cidade naquela hora era o mais difícil a se fazer.

O homem é um ser social, um ser que forma sociedades, portanto cidades. Se há um lugar onde você encontrará - mais fácil -, mais homens, é na cidade. A Igreja não deve imaginar-se pregando longe dos homens, mas perto deles, pois a nossa mensagem é para ser pregada ao homem, seja lá onde ele estiver.

Lembro-me que um homem foi curado por Jesus e ele pediu para ir com ele, Jesus, para as missões em Israel. - Deixa-me segui-lo - disse o homem e Jesus lhe mandou: – Volte para sua casa e lá de testemunho de mim.

Não criemos, nem de brincadeira, um Evangelho de afastamento dos homens, mas de aproximação. Vamos nos lembrar, sempre, do que Jesus nos disse. – Não precisam de médicos os sãos, mas os doentes e eu vim, para os doentes.

Amém

Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 30/07/2017
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