POR QUE ESCREVO SOBRE RELIGIÃO?

Meu nome é Fernando Bastos, sou escritor e estudioso de religiões desde 1998. Muitas pessoas me questionam sobre meus livros e sobre minhas crenças. As perguntas que mais recebo são as seguintes:

1 QUANDO COMEÇOU SEU INTERESSE EM ESTUDAR RELIGIÕES E QUAL FOI O MOTIVO QUE O LEVOU A ESSES ESTUDOS?

Até meus 35 anos eu era um cristão comum. Achava que as histórias da Bíblia tinham acontecido exatamente daquele jeito, sem tirar nem pôr.

Eu ainda não sabia que muitas histórias escritas na Bíblia eram lendas, mitos, ou faziam parte do folclore do povo judeu. Ou eram contos plagiados de tradições mais antigas que a Bíblia. Por exemplo, eu acreditava no dilúvio universal. Hoje sei que a história do dilúvio como é narrada na Bíblia nunca aconteceu. O dilúvio da Bíblia foi copiado de um mito sumério.

Os arqueólogos dizem que há cerca de 4 mil a.C. os sumérios presenciaram um alagamento que cobriu ampla área, a Noroeste do Golfo Pérsico. Para eles, que não tinham noção do tamanho do mundo, acharam que se tratava de enchente global, e esse acontecimento foi transmitido oralmente de geração em geração. O narrador bíblico se apoderou das versões que conhecia e as transformou na Enchente Universal que lemos no livro de Gênesis.

O fato que me levou a querer estudar as religiões foi um artigo que li na internet em 1998, cujo título era: “Sobre a Bíblia Sagrada” – é só entrar no Google que vocês encontram esse artigo.

O tal artigo era assinado por Robert Ingersoll, um político e livre-pensador americano do século 19. O texto me deixou furioso, mas muito furioso, pois ele apresentava a tese de que a Bíblia era uma produção humana, sem a participação de Deus. Além disso, dizia que, embora houvesse alguns ensinamentos bons e sábios, a maior parte das Escrituras apresentava um deus cruel e intolerante, autor de leis cruéis e injustas, histórias inventadas, e por aí vai. Amaldiçoei o autor do texto até a décima geração e desejei que ele fosse para o inferno, que era o melhor lugar para essas pessoas que ousavam falar mal da Bíblia.

Mas assim que eu acabei de ler o artigo, vi que os argumentos do autor eram muito claros e convincentes, e parecia ser impossível rebatê-los. Mesmo assim, resolvi conferir a Bíblia na íntegra, para ver se ele estava certo. Levei cerca de um ano e meio para ler a Bíblia inteira, mas em poucas semanas de leitura eu já começava a dar razão para Robert Ingersoll.

Ao mesmo tempo em que lia a Bíblia, consultei vários outros livros ligados à religião, escritos por filósofos, historiadores, psicólogos, neurocientistas, etc.

Quando já estava com uma boa bagagem de conhecimento, pensei em como eu poderia compartilhar esse conhecimento. Eu achava que mais pessoas deveriam saber aquilo que só os estudiosos profissionais e amadores sabiam. Não era justo que esse conhecimento ficasse restrito a poucas pessoas. Eu havia sido enganado, todos nós havíamos sido enganados. Então decidi escrever um livro. Em 2009 publiquei pela Design Editora, o livro TEOFANIA, que em grego significa aparição de Deus. E em 20015 saiu CRIMES EM NOME DEUS (pela editora Multifoco do RJ).

É importante dizer que nos meus livros eu não questiono a existência de Deus, mas o que as pessoas nos ensinaram sobre Deus. Minha opinião é que acreditar em Deus, dependendo de como você concebe Deus, pode trazer vantagens e benefícios. Eu sei como a oração tem poder. Eu e minha esposa oramos com nossa filha de oito anos para o Anjinho da Guarda toda noite antes dela dormir. Um dos benefícios da oração é seu poder calmante. O problema na religião é quando a crença em Deus faz o crente virar um fanático, achando que todos devem pensar como ele, nem que seja à base da força. Existem religiosos que se afastam dos amigos e familiares só porque eles têm outras opiniões sobre religião. Infelizmente, na maioria das vezes, a religião mais afasta que aproxima as pessoas.

2. QUAL A ABORDAGEM DOS TEUS LIVROS?

A linha que sigo é a pesquisa histórica, filosófica, psicológica e científica da religião. Como já disse, não procuro questionar a existência de Deus, mas aquilo que nos ensinaram sobre Deus.

TEOFANIA é um romance. Há personagens fictícios que servem de ponte para falar sobre a origem das religiões e de como o cristianismo se tornou a maior religião do mundo. Já CRIMES EM NOME DE DEUS é um ensaio. Nele, falo das coisas boas da religião, mas o foco principal foi o lado negativo das religiões. Procurei mostrar que religião é uma criação humana, portanto, sujeita a falhas e injustiças.

3. “CRIMES EM NOME DE DEUS” É UM TÍTULO BEM FORTE. QUAL O MOTIVO DE ALGUMAS PESSOAS COMETEREM CRIMES EM NOME DE DEUS?

IGNORÂNCIA. Ignorância no sentido de desconhecer a história da religião. A maioria das pessoas sabe apenas o básico de sua religião, mas não sabe como ela foi criada e porquê.

O maior problema das religiões é que elas baseiam sua moral em livros considerados “sagrados”, isto é, livros cujos autores, segundo a crença, foram inspirados por Deus. Esses “livros sagrados” contêm leis e ensinamentos que devem ser cumpridos, sob a pena de quem não cumpri-los, ir parar no inferno.

As pessoas que cometem crimes em nome de Deus se baseiam na crença de que Deus é o autor dessas leis e ensinamentos.

Por exemplo, extremistas muçulmanos matam e cortam a cabeça de cristãos porque o Corão diz: “INFUNDIREI O TERROR NOS CORAÇÕES DOS INCRÉDULOS; DECAPITAI-OS E DECEPAI-LHES OS DEDOS!” No Corão, incrédulo ou infiel são todos aqueles que não são muçulmanos.

A Igreja católica durante a Santa Inquisição matou centenas de mulheres acusadas de bruxaria (alguns estudiosos dizem que foram milhares) porque em ÊXODO 22, 18 Deus diz que feiticeiras devem ser mortas. A Igreja mandava matar também homossexuais, esposas adúlteras e judeus que não se convertessem ao cristianismo, tudo com o aval da Bíblia.

Entretanto, desde o século dezoito é difícil encontrar um estudioso de religiões que vai acreditar que Deus é o autor das leis de Moisés.

A historinha bíblica onde diz que Deus chamou Moisés para lhe dar as tábuas dos Dez Mandamentos é um mito copiado de outras culturas. Quem estudar as mitologias antigas dos babilônicos, sumérios, egípcios, gregos, etc., vai notar que em todas elas existe um rei, um governante ou um profeta que num belo dia é visitado por um deus, que chega para ele e diz mais ou menos assim: PRESTE ATENÇÃO...VOU LHE ENTREGAR ESSAS LEIS... PEDE AO POVO QUE OBEDEÇA ELAS. QUEM OBEDECER SERÁ RECOMPENSADO, QUEM NÃO OBEDECER, SERÁ CASTIGADO.

O curioso é que Deus nunca ia pessoalmente falar ao povo o que queria e o que não queria. Sempre mandava um rei, um legislador ou um profeta falar no lugar dele. E o povo acreditava.

O que peço ao meu leitor é o seguinte: pare e pense. Esses caras que diziam falar com Deus, será mesmo que foram visitados por Deus? Para os estudiosos a resposta é um sonoro NÃO! Os estudiosos descobriram que os governantes e profetas antigos, sempre que queriam transmitir uma lei ou ensinamentos, diziam ao povo que o autor não era eles, mas um deus. Por quê? Porque dava mais credibilidade e autoridade ao que pretendiam divulgar.

Os homens que escreveram a Bíblia seguiram a mesma fórmula. Criaram leis e regras de comportamento e mentiram ao povo dizendo que aquelas leis tinham sido dadas por Deus.

Portanto, essas pessoas hoje em dia que justificam seus preconceitos e crimes com base em qualquer livro sagrado, achando que estão fazendo a vontade de Deus, na verdade estão fazendo a vontade de homens que viveram há muitos séculos atrás.

Quero citar Thomas Hobbes, que no livro Leviatã (publicado em 1651), escreveu:

“Os primeiros fundadores e legisladores de Estados entre os gentios, cujo objetivo era apenas manter o povo em obediência e paz, em todos os lugares tiveram os seguintes cuidados. Primeiro, o de incutir em suas mentes a crença de que os preceitos que ditavam a respeito da religião não deviam ser considerados como provenientes de sua própria invenção, mas como os ditames de algum deus, ou outro espírito, ou então de que eles próprios eram de natureza superior à dos simples mortais, a fim de que suas leis fossem mais facilmente aceitas.”

4) EM “CRIMES EM NOME DE DEUS” TEM UM CAPÍTULO CHAMADO “AS PRINCIPAIS VÍTIMAS DO TOTALITARISMO RELIGIOSO”. QUAIS SERIAM ESSAS VÍTIMAS?

Para não me alongar demais, vou focar nos três grupos que mais sofrem e mais são perseguidos no mundo por questões religiosas: mulheres, homossexuais e ateus.

Primeiro, as mulheres. Os piores lugares para uma mulher nascer são em países muçulmanos e hindus. Essas religiões tratam a mulher como ela era tratada há três mil anos: como propriedade do homem, sem liberdade e sem direito de opinião. Nas religiões hindu e muçulmana, a mulher não pode nem escolher o próprio marido. Geralmente elas casam muito cedo, ainda crianças, com o homem que os pais delas escolherem. Se antes elas eram empregadas dos pais e dos irmãos, depois que casam viram empregadas do marido e dos parentes dele.

Segundo, os homossexuais. Pouca gente tem noção do sofrimento que passam os homossexuais nas escolas e na vida social porque não seguem a orientação sexual da maioria. E de quem é a culpa pelo inferno de vida que muitos homossexuais têm de passar?

A BÍBLIA!

Em Levítico 20,13 está escrito que Deus manda matar homossexuais. Mas, será mesmo que Deus é contra a homossexualidade? Será mesmo que foi Deus quem disse que os homossexuais deveriam ser mortos? NÃO!

A lei bíblica que manda matar homossexuais não foi dada por Deus. Aliás, nenhuma lei bíblica foi dada por Deus. Toda pessoa que estuda a história das religiões sabe que os autores das leis da Bíblia eram os sacerdotes judeus. Os sacerdotes não queriam relações homossexuais em seu povo por uma razão bem prática:

Não gera descendentes. E a nação de Israel precisava crescer e se multiplicar. Mais gente, mais mão de obra no futuro e mais soldados para o exército. Então, para eliminar a prática, criou-se uma lei punindo homossexuais com a pena de morte. E, para que o povo obedecesse com mais rigor, disseram que a lei era de Deus porque sabiam que dava mais credibilidade e infligia mais temor entre eles. Como já falei, os reis e legisladores antigos, sempre que criavam leis, diziam ao povo que eram de autoria de um deus, porque dava mais autoridade e credibilidade.

Portanto, os religiosos que são contra os homossexuais estão causando um sofrimento desnecessário a essas pessoas. Ao persegui-los achando que estão fazendo a vontade de Deus, estão na verdade fazendo a vontade de homens que viveram há mais de dois mil anos, mas não de Deus.

Em terceiro, os ateus. Ser ateu num país de maioria religiosa é um verdadeiro martírio. Ou você finge ser religioso ou vai ser discriminado. Por quê? Porque fomos doutrinados a pensar que os ateus são maus e imorais. Está na Bíblia. O Novo Testamento informa que aqueles que não crerem irão para o inferno. Mas a grande verdade é que bondade e moralidade não depende da crença ou da falta dela. E sim do caráter. Mas para a maioria dos religiosos não importa se você é bom. Se não crer ou duvidar, vai ser discriminado. Na religião, o mais importante não é seu caráter e suas obras, mas sua crença.

Séculos de pregação contra as mulheres, contra os homossexuais e contra os ateus forjaram na mente da maioria dos religiosos a crença de que as mulheres devem ter menos direitos que os homens, e que os homossexuais e ateus são seres imorais.

Meus livros pretendem mostrar que as pessoas que mantêm esses preconceitos estão totalmente equivocadas.

5) QUE MENSAGEM VOCÊ PRETENDE DAR AOS SEUS LEITORES?

A principal mensagem que eu quero dar é: se acreditar em Deus lhe faz bem e se sua crença não traz danos a você e aos outros, não há nenhum problema. Mas se por razão de sua fé, você se sente angustiado ou está causando problemas a outras pessoas, você precisa urgentemente rever seu conceito de Deus. Meus livros foram escritos para ajudar as pessoas a entender um pouco a religião. Mas PRINCIPALMENTE AJUDAR A DIMINUIR OU ELIMINAR o sofrimento daqueles que são perseguidos até hoje por causa da religião.

Se você quer desfrutar do conhecimento dos maiores estudiosos da religião, adquira Teofania e Crimes em nome de Deus, solicitando-os pelo meu e-mail fernandoilustrador@gmail.com

Tenho certeza de que muitas dúvidas e temores causados pela religião irão desaparecer de sua vida.

Abraços humanistas,

Fernando Bastos