OS ENSINOS DE ROMANOS 8

PRIMEIRA PARTE – A IMPORTÂNCIA DE ROMANOS

A IMPORTÂNCIA DE ROMANOS 8 - Para nós cristãos, Romanos 8.1-17 juntamente com Atos 2: O Batismo da Igreja, são de uma importância fundamental. E ai seguem ensinamentos oriundos desses dois textos. Para esse estudo leia Romanos 8.1-17 de uma vez. Depois leia tentando compreender o assunto de cada versículo. Numa terceira vez, leia meditando nos assuntos de cada versículo como um todo, tentando entender o pensamento de Paulo. Aqui vou tentar expor exaustivamente Romanos 8.1-17, que entendo ser muito importante para a Igreja.

A OPOSIÇÃO DOS FRUTOS DA CARNE E DO ESPÍRITO - Os ensinamentos que seguem são a oposição dos frutos da carne, que são básicos, instintivos, animal e os frutos do Espírito, que são espirituais, nos levam a um auto-controle da vida, das emoções, do raciocínio. Somos seres tripartidos, temos um corpo (que é a parte de nós que entra em contato com o mundo material), uma alma (a mente, o coração, os sentimentos) e um espírito (que é a parte que entra em contato com o Espírito de Deus).

OS DONS DO ESPÍRITO – A Igreja precisa urgentemente das capacitações de poder do Espírito Santo. Duas coisas tem impedido mais manifestações do poder de Deus. Uma delas é a falta de santidade e a outra coisa é a falta de fé. O pecado só cresce no nosso mundo e é muito mais fácil pecar do que andar em santidade. Para pecar não é necessário fazer nada, pois já temos uma natureza pecadora. Andar em santidade demanda esforço e luta, pois a santidade não é natural a nós, apesar de que precisamos de mais fé e revelação, para entender que agora somos santos lutando contra o pecado e não o pecado como alguns pensam que somos pecadores lutando para sermos santos. A nossa natureza foi mudada, mas carecemos de revelações sobre o assunto, pois apesar de já sermos, a maioria dos cristãos não sabe o que são.

OS DONS DO MINISTÉRIO – Precisamos frisar sempre que Deus deu dons aos homens, para fazermos Igreja. A Igreja erra quando ao invés de deixar os homens capacitados por Deus operarem nos ministérios, escolhem outros para assim o fazer. Outro ponto a respeito do assunto é que se é dom é capacitação de Deus e se Deus teve que dar o dom é porque na carne não conseguimos realizar o trabalho do mesmo jeito. Ou seja, não dá para ensinar a Igreja, ser pastor, evangelista, profeta ou apóstolo sem as capacitações e revelações e unções de Deus. O mestre é o que ensina a Igreja e não só a Escola Dominical, o pastor é o que trabalha na conversão das ovelhas, o evangelista é o que busca ovelhas no mundo e trás para o pastor trabalhar na conversão, o profeta é o que tem revelações de Deus e passa para a Igreja, o apóstolo é o homem que abre Igrejas, é o verdadeiro missionário.

SOMOS A COMUNIDADE DA MESA – Ser cristão é se reunir em volta da mesa e repartir o seu pão com os que tem necessidade. A Igreja, que é a comunidade da Ceia, precisa entender o que é a Ceia. Ainda carecemos de revelações sobre o assunto. Quando digo que precisamos de revelações, não é porque não temos o ensino, mas é porque tem gente fazendo exatamente o contrário do que está escrito. Um exemplo é quando Paulo manda o homem examinar-se para ver se pode tomar Ceia e ai ele fala que uns comem demais e outros ficam com fome. Ele mandou examinar e dividir o alimento com o irmão e não para ver se havia pecado dentro do crente, pois pecados há, foi para isso que Deus mandou o Filho Dele para nos salvar dos nossos pecados (Mateus 1). A obra toda do Espírito Santo é trabalhar para tirar o pecado de nós. A Igreja é a comunidade que olha verticalmente (de baixo para cima, do homem necessitado aqui em baixo, para Deus lá em cima) e horizontalmente (para os lados. Devemos observar a necessidade do próximo. O próximo em relação à Igreja, é responsabilidade nossa. Devemos pensar a Igreja integral, para o homem integral. Dito de outra forma: tudo o que é referente a Igreja deve ser trabalhado para todas as necessidades de todos os homens.).

SEGUNDA PARTE – A VIDA NO ESPÍRITO

Paulo inicia Romanos 8 dizendo que culpa, acusação ou maldição não existe para os que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito Santo. Uma das explicações sobre não andar segundo a carne é não andar segundo a nossa força pessoal, nossa capacidade natural, ou nossos esforços religiosos para vencer o pecado. O pastor John MacArthur nos lembra que o Espírito Santo sempre trabalha dentro da obra terminada de Cristo na Cruz e na ressurreição, mesmo antes dela ter sido iniciada. Portanto devemos ter fé, nas libertações da Cruz.

Paulo nos fala então de duas leis: A Lei do Espírito, que dá vida e a Lei do Pecado, que leva à morte. A vida vem de Cristo, através do Espírito. E ai entendemos que hoje estamos no Novo Adão, que é Jesus Cristo, e não num Adão reformado. A Lei do Espírito possibilita ser essa vida possível. Livrou-me, libertou-me significa que temos a vitória completa, total contra o pecado. Essas duas leis: a lei do Espírito e a Lei do Pecado são as duas leis mais importantes do Universo. Tentar viver sem fé, ou além da fé, através de regras, é estar condenado ao fracasso.

O pastor Ed Kivitz da Igreja Batista Água Branca, ao fazer uma série de pregações a respeito de Romanos, ao chegar no capítulo 8, nos expõe como Paulo tem horas que com o seu jeito nos confunde. O pastor Ed brinca dizendo que Paulo precisaria passar por cursos de homilética para que o compreendêssemos melhor. É fato que Paulo usa palavra iguais para falar de coisas diferentes, assim como usa palavras diferentes para falar de coisas iguais. Uma dessas falas que nos confundem é a palavra carne e corpo. Paulo chega a nos confundir seriamente quando usa a palavra carne para falar de velha natureza e carne para nos falar de corpo. Existem alguns momentos que ele simplesmente usa a mesma palavra, na mesma frase para falar das duas coisas ao mesmo tempo. Um exemplo claro disso é quando ele nos fala assim: “Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne...” (verso 3)A que “carne” ele está se referindo, a carne como velha natureza, a carne como corpo ou a carne como as duas coisas? Ao estudar o Evangelho em Paulo devemos ter coisas assim em mente.

Vamos tentar então decifrar o que Paulo disse falando assim: A Lei de Deus estava enfraquecida pela carne, ou velha natureza, manifestada no corpo humano. A carne, velha natureza, enfraquecia a obediência da Lei. Na carne não dá pra obedecer a Lei. Aqui entendemos que a Lei de Deus não é má, desde que obedecida no Espírito Santo e não na nossa força.

A vitória que Deus deu foi enviar Jesus na semelhança da carne, para vencer a carne na sua semelhança. Muito já foi dito sobre Jesus ter se manifestado em forma humana, pois se ele assim não o tivesse feito, não poderia nos ajudar. Jesus precisava vir como um homem que tivesse fome, sede, cansaço, sono e todos os desejos que competem ao ser humano. Jesus veio, porém, para ser oferecido como oferta perfeita, representando um homem perfeito na imperfeição. Jesus naquele momento apresentava o homem mais perfeito possível, no mais alto grau, de aparência de velha natureza, pois Jesus não tinha carne, no sentido pecador. Ele tinha um corpo, mas não herdou a carne pecadora de Adão e Eva, sendo gerado pelo poder do Espírito Santo, de Deus.

A carne estava enferma, a alma que ouvia a carne e era inspirada por ela. Jesus não veio curar a alma, como poderíamos pensar num primeiro momento, mas ele veio condená-la de vez. Na Cruz, Jesus em forma de carne, ou em semelhança de corpo mortal, venceu a carne, a velha natureza. O Novo Testamento nos leva a um novo nível espiritual, tendo o Espírito dentro de nós, mas Jesus provou que mesmo assim dava sim, para viver a vida para Deus, no Antigo Testamento, pela Lei de Moisés, em santidade no corpo carnal. Ele foi o único que conseguiu viver a plenitude de Deus em aparência de carne, para vencer a carne. Mas entenda que Jesus não herdou a carne pecadora como nós herdamos. Jesus foi feito de outra essência, para nos elevar a outro grau. Desde o principio Deus sabia que o homem iria pecar e que seu Filho teria que vir ao mundo para nos levar à plenitude de Deus.

Aqueles que tentam fazer o Evangelho na sua força, na carne, estão fadados ao fracasso, pois o Espírito Santo não age nessa esfera. Para vencer a carne, Deus enviou o seu próprio Filho. O homem não consegue na sua força obedecer a uma única lei de Deus, sem Deus, daí a necessidade de um Salvador. Na Cruz, em Cristo, no Espírito, o pecado não tem mais poder sobre o cristão.

Mas precisamos entender isso em fé. Fé é acreditar em quem falou e sabemos que Satanas vai minando a nossa fé nas pessoas, nas instituições, na família, em tudo ao nosso redor, para que um fim ultimo seja alcançado: não tenhamos fé em Deus. Quando alguém nos decepciona, nos trai, ou promete e não consegue cumprir de alguma forma há forças malignas operando para que lá na frente a gente não tenha fé em Deus. Alguém muito ferido desconfia de todo mundo, até de Deus. Deus proveu todas as libertações possíveis para que a nossa vida seja plena e abençoada, mas só poderemos entrar por essa benção pela fé. Ajuda muito estar numa igreja que pregue bem e nos ensine o verdadeiro Evangelho. Mas para que eu saiba onde se prega um Evangelho mais autentico eu tenho que comparar essa Igreja com a outra e conhecer várias Igrejas para saber onde servir a Deus. Qual é a Igreja onde me cabe? Não dá pra servir a Deus em qualquer lugar. Se a visão de Evangelho que tenho for muito diferente da visão da Igreja que quero servir, não vai dar certo. Um evangelista tem que servir numa Igreja com visão evangelística, por exemplo. Um ensinador deve estar num lugar onde seja possível ensinar. Devemos arar numa boa terra, mas pra isso eu tenho que aprender o que é uma boa terra e isso demanda tempo e conhecimento e algumas vezes sofrimento.

O tempo vai nos moldando e aprendemos que não é qualquer lugar que nos cabe. Deus tem lugares onde daremos cem por cento de nós para o Evangelho. Oramos para arrumar um emprego. Oramos para arrumar uma esposa. Oramos por uma casa própria. Então devemos orar por uma igreja onde Deus sabe que vamos dar o melhor de nós e vamos aprender o melhor de Deus. Precisamos estar num lugar onde aprendemos a Bíblia, a convivência com os irmãos, o amor, o valor da amizade, a ajuda ao próximo, onde vamos crescer no ministério e a operar nos dons, mas sobretudo devemos estar num lugar onde tenhamos fé. De nada adianta um monte de dons, ministérios, e afazeres sem fé.

A Lei do Antigo Testamento era boa, mas só podia ser satisfeita através de Cristo. Nós cristãos podemos satisfazer plenamente a lei de Deus hoje que temos Jesus, a sua obra na Cruz e na Ressurreição e o Espírito Santo operando em nós. Hoje não andamos mais segundo a nossa força, como os antigos, mas andamos no Espírito. Não andar segundo a carne é andar em dependência, em revelações do Espírito.

Somos corpo, alma e espírito. O nosso espírito morreu, quando o homem pecou. Perdemos então a capacidade de entrar em contato com Deus, através do seu Espírito Santo. O nosso espírito que dominava a alma e o corpo agora não domina mais e passou a ser dominado. O nosso espírito ouvia Deus falar conosco e tínhamos inspirações vindas de Deus e o pecado nos fez perder essa ligação. Sendo assim a alma passou a ouvir um ser que apareceu: a carne. A carne é maligna, terrena e animal e ouve espíritos malignos e quer nos dirigir com inspirações que não são de Deus. Estar na carne é muito perigoso. Andar na carne é andar cada vez mais para fora do Reino de Deus. Através da oração, da leitura da Bíblia, das pregações na Igreja, dos jejuns, da oração em línguas e até dos cânticos de hinos, vamos nos enchendo do Espírito Santo e o Espírito vai nos dirigindo. Quanto mais Espírito Santo, mais, oração, mais congregar, mai ler a Bíblia e estuda-la, mais o Espírito vai nos revelando, ou nos inspirando para a vida e para o ministério. Deus não revela só coisas a respeito do ministério, mas revela fatos sobre o casamento, o emprego, as amizades e tudo o mais que compete ao ser humano. Precisamos de revelações de Deus no nosso casamento, no nosso emprego, com nossos familiares e com nossa família. Muitas vezes queremos grandes revelações, o extraordinário, e acabamos perdendo o sobrenatural.

Paulo diz que nós não andamos mais segundo a nossa força, na carne, mas segundo o Espírito. Não é algo que vai acontecer, é algo que deve estar acontecendo.

Nas cartas de Paulo são poucos os momentos que ele prega para novos cristãos, ou que demonstra uma mensagem evangelística para quem não é cristão. Na maioria do tempo Paulo prega para crentes ressuscitados, cheios de dons, exercendo ministérios, tendo revelações do Espírito, falando em línguas, com dons da palavra, de cura, cheios de frutos do Espírito.

Essa maneira de Paulo expor o Evangelho nos ensina que ensinamos a fé para os crentes e pregamos salvação para os não crentes. Crente salvo mão tem que ouvir de novo mensagem para ser salvo, pois salvo ele já é, o que ele precisa é saber o que fazer agora com a sua salvação. A partir da salvação o que faço?

Paulo já foi criticado por não ensinar os Evangelhos, ou não escrever um outro Evangelho aos moldes biográficos dos já existentes. Já se indagou porque Paulo não explicou os milagres de Jesus, ou a maneira dele pregar. Só que os que assim o dizem não perceberam que Paulo foi além e não apenas narrou, de novo, os Evangelhos, mas ensinou o que não tínhamos observado a respeito do Evangelho (da mensagem da salvação).

Paulo escreve para crente, para gente que já foi iluminada, mas ele dá a entender que existe crente carnal, que anda e quer fazer a obra na sua força e o crente espiritual, que anda na dependência de Deus, na revelação do Espírito.

“Quem anda segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja, mas quem, de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja.” (Romanos 8.5)

Existem duas mentes operando no meio cristão: a mente carnal e a mente espiritual. A mente espiritual é a mente de Cristo, a outra é a mente terrena, egoísta, pecadora. A mente carnal é gerada por forças espirituais carnais. A mente de Cristo é gerada por forças espirituais em Deus.

Quem ora em línguas, ora na mente, canta no Espírito e canta no raciocínio, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. As revelações de Deus em nós e através de nós, por nós e para nós, são revelações do melhor de Deus para o homem, para a Igreja, para o mundo, para o Evangelho, para a salvação dos outros, para o crescimento do Reino, para nossa satisfação pessoal. As revelações do Espírito visam a nossa salvação e do resto da humanidade. Deus quer nos prosperar, casar, educar, fazer crescer, ter um bom nome, ter roupas boas, casas boas e tudo de bom, pois somos a propaganda de Deus. O mundo vê Deus através de nós cristãos. Nós somos o Marketing de Deus e Deus está empenhado em nos abençoar e nos mostrar ao mundo como projeto que deu certo. Nós somos o projeto de Deus na terra.

Paulo está escrevendo Romanos 8 para cristãos e ainda assim nos ensina tanto sobre a carne. Eu fico imaginando o quanto de carne existe em nosso meio. Quanto de nossas ações são feitas na carne, na nossa força, ou por influências da alma, da mente, que pode, como vemos ser contrária a Lei de Deus. Quanto de nossas ações não são feitas no Espírito? Nós devemos abafar as vozes da nossa alma e ouvir mais o nosso espírito, para poder agradar a Deus. Precisamos de intimidade para perceber na oração quando Deus está falando conosco. Precisamos entender o que é Deus e o que não é. Satanas nunca vai nos mandar orar, ele nunca vai nos mandar ler a Bíblia, por ele nós não vamos à Igreja nunca. Deus vai nos mandar orar, perdoar, amar o próximo, estudar a Bíblia.

Uma maneira se é Deus ou não que está nos movendo é entender se estamos sobre influência dos frutos da carne ou dos frutos do Espírito. Se houver raiva, ira, inveja, fofoca, falta de fé operando, então não é Deus. Se por outro lado houver fé, amor, vontade de fazer a obra, paz, então é Deus. Com o tempo vamos aprendendo o que é Deus e o que não é. Com o tempo vamos entendendo quando estamos na carne ou no Espírito. Com o tempo vamos entendendo quando alguém está na carne ou no Espírito.

Vamos pensar numa pessoa que vai pregar na Igreja, mas antes diz que não meditou mais do que dez minutos na Palavra, durante o dia inteiro e que não orou mais que quinze minutos. O dia tem vinte e quatro horas e um pregador que meditou e orou tão pouco vai pregar na carne, não é mesmo? Durante o dia o contato com Deus foi tão pouco que não dá pra ele ensinar ninguém, se ele não tem nem pra ele. Mas é possível ficar pior? É. Eu já ouvi pregadores dizerem que durante o dia não orou nada e que não tem uma única mensagem de Deus e vai abrir a Bíblia aleatoriamente e Deus vai falar com o povo. Esse é um pregador que está na carne, ele não deveria pregar de forma alguma.

Não há meia conversa, ou nós estamos sobre os efeitos da carne, então de uma inspiração que não é de Deus, mas é maligna, gerada por demônios, ou estamos no Espírito, tendo inspirações de Deus. Não tem conversa, nisso ou é oito ou oitenta.

Nós somos espírito, alma e corpo (1 Tessalonicense 5.23). Quando o homem pecou no Jardim do Éden, o espírito humano, que era a parte de nós que ouvia o Espírito Santo, morreu. O pecado fez surgir um ser em nós, que não somos nós: a carne. A carne é um ser que tem a nossa aparência, nossos gostos, nos conhece profundamente, mas não somos nós. A carne é um ser espiritual que surgiu devido ao pecado. A carne é a inspiração maligna que fala com a nossa alma. A nossa alma é o mundo dos nossos pensamentos, das nossas emoções, a nossa mente. A carne é inspirada por demônios e tenta nos controlar. Na carne ninguém pode obedecer a Deus.

Quando Jesus morreu por nós na Cruz condenou a carne, ou seja, ele nos deu condições de vencermos a carne. O nosso velho homem está morto. A vida ressuscitada do morto-vivo dentro de nós se faz quando não estamos no Espírito. Faltou fé, a carne volta. Descreu, a carne está ai. Quando não nos alimentamos do Espírito, não oramos muito, não lemos muito a Bíblia, não buscamos muito a Deus, temos pouco de Deus. Quanto mais buscar, mais de Deus, quanto menos buscar, menos de Deus.

Quem está na carne não pode agradar a Deus, é impossível. A carne se manifesta na Igreja através de regras, de leis, de faça isso, de não faça aquilo, de vista isso, de não vista aquilo.

Paulo nos diz então que não estamos sobre o domínio da carne, mas do Espírito. Aqui não é uma pergunta, que faz os crentes duvidarem, mas é uma afirmação de posicionamento. Vocês que estão em Cristo, que aceitaram a Cristo, não estão mais sobre a influência da carne, mas do Espírito. A carne é a nossa força para fazer as coisas, mas nessa força não devemos confiar.

Não estar sobre o domínio da carne tem uma outra conotação: Deus começou uma boa obra em nós e vai concretizá-la até o fim. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.” (Filipenses 1:6) Uma vez salvos, independe de nós se Deus vai continuar a obra em nós, ele vai à nossa revelia. O Espírito sempre vai nos promover para mais. Sempre seremos levados a outros níveis, nem precisa orar pedindo isso. Você vai, querendo ou não. Nós estamos no Ministério do Espírito. (2 Corintios 3.8) Agora é a hora do Espírito operar e uma vez começada a obra em nós ele vai nos conduzir sempre para mais aprofundamentos em Deus.

Se é que o Espírito está em você. É possível termos pessoas desavisadas na Igreja que nunca receberam o Espírito Santo e não tem o seu espírito humano vivo, trabalhando e até sendo pastor em nossas Igrejas? Sim, diz Paulo, é possível. Um dos dons que a Igreja tem é o dom de discernimento dos espíritos. Esse dom nos faz perceber as coisas no reino espiritual. Um crente verdadeiro sabe dizer quando até mesmo um pastor nunca foi convertido. Ou quando o crente saiu do Espírito entrou na carne.

Um crente pode perder a salvação? Essa é uma discussão milenar. A minha resposta é sim. Um crente só será salvo se estiver no Espírito de Deus, falando com o Espírito, em contato com Deus, em comunhão com Deus. Um crente na carne está fora da iluminação de Deus. Um crente na carne está fora do Reino de Deus.

Numa das parábolas Jesus fala sobre as virgens que tinham as suas lâmpadas acesas e as que tinham suas lâmpadas apagadas. As que estavam com suas lâmpadas acesas, significam as que estão no Espírito Santo, vivas para Deus e as que estão com as lâmpadas apagadas estão fora do Espírito de Deus. É possível um crente estar desviado dentro da Igreja? Sim. É só perder a fé.

Ou você é salvo ou não é, ou você tem o Espírito ou não tem, ou você está orando em línguas ou não está, ou você le a Bíblia ou não le, e ai não adianta obedecer a regras e leis da Igreja, ou a horários, pois falta salvação, falta contato com Deus.

E lá vem Paulo de novo, nos confundindo com suas palavras. “Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justiça.” (romanos 8.10) O corpo aqui, significando a carne, está morta, quando o Espírito está vivo em nós. E como deixamos o Espírito vivo em nós? Sempre com as armas da Graça, orando, jejuando, lendo a Palavra, cantando hinos.

E se o Espírito que ressuscitou Cristo habita em nós, há esperança de que o mesmo Espírito vai transformar os nossos corpos mortais, conforme ao corpo glorificado de Cristo. Um dia seremos como ele é agora.

No versículo 12 de Romanos 8, Paulo usa uma palavra interessante para explicar seu ponto de vista. Nós não estamos em dívida com a carne, para vivermos segundo ela, mas estamos em divida com o Espírito que nos salva. Nós devemos viver fazendo morrer os atos do corpo gerados pela carne. Que atos são esses? Bebida, cigarro, drogas, prostituição, por exemplo.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Romanos 8.14) Esse é um grande versículo da bíblia que define o crente do que não é crente. Quem não é guiado pelo Espírito de Deus ,não é de Deus. É muito simples. O Evangelho é simples. Quem é guiado é crente e pronto. Aqui entendemos que existe uma diferença entre o cristão nominal, o que se professa crente, mas na verdade não é, o que não tem o Espírito dentro dele, e o cristão verdadeiro, que tem o Espírito operante nele.

Ser guiado por Deus é andar na revelação de Deus. Nós cristãos devemos ler a Bíblia querendo tirar ensinamentos dela para a nossas vidas. Devemos orar até que Deus fale conosco, o que sempre é revelação. Ser guiado por Deus é andar ouvindo Deus.

Os versículos 15 e 16 nos trazem o conceito da adoção. Nós clamamos Aba, Pai. Jesus foi o primeiro que chamou a Deus de Pai, o que para os judeus era um enorme escândalo. Mas vamos entender melhor o assunto. Em primeiro lugar devemos lembrar que Adão não é filho de Deus, é criatura de Deus. Jesus foi o primeiro identificado como filho de Deus. Em Efésios 1 Jesus é identificado como filho de Deus pela sua ressurreição. Ele é o filho unigênito de Deus. (Joõ 3.16) Unigênito, ou o único gerado por Deus. C. S. Lewis faz a observação de que quando criamos algo, criamos algo diferente da nossa natureza, mas quando geramos, geramos lgo que é igual, semelhante, similar á nossa natureza. Criamos a arte, criamos pontes, objetos, máquinas, livros, que são de natureza diferente. Mas os filhos que geramos são da nossa natureza. Quando se diz que Jesus é o filho unigênito, diz que Jesus é o único da mesma natureza de Deus. Nós não temos a mesma natureza de Deus, mas em Jesus somos adotados por Deus e participantes da sua natureza. Nós fomos primeiros criados e em Jesus adotados e podemos nos dirigir a Deus então da mesma forma que Jesus se dirigia a Deus. Abba, Pai. Meu Pai, que é a fala do bebe quando se dirigie ao pai: Pai, papá, babá. Pai, Paizinho, Abba, Pai.

Romanos nos mostra três gemidos. O gemido da natureza, que espera a nossa adoção, o nosso gemido que espera a nossa adoção e o gemido do Espírito pela nossa adoção. Mas a Bíblia diz que esperamos a adoção, apesar de já sermos adotados, como é isso? Somos ou não somos adotados?

A ideia de adoção funciona da seguinte maneira, primeiro ha todo um processo jurídico para sermos adotados, onde passaremos a sermos filhos daquele pai, mas essa adoção demora um tempo a se concretizar. Dizendo de outra maneira: já somos adotados, os documentos já estão correndo na justiça, a Escritura é o documento, mas ainda não moramos com o nosso Pai. Somos adotados, mas ainda não estamos na presença do Pai.

Por fim Paulo fala que como somos filhos, somos herdeiros legítimos. O nosso enriquecimento é o mais alto possível do universo. Somos os mais ricos do universo, pois somos filhos de Deus. Tudo o que pertence a Cristo, pertence a nós por meio da cruz e da ressurreição, pelo Espírito Santo.

Imagine que antes de sermos cristãos já éramos abençoados com várias bênçãos de Deus, algumas genéricas a toda a raça humana e outras especificas a cada pessoa, pois é inegável que Deus trabalha pelo bem de todos, até dos que ainda não são cristãos. Se todos os seres olharem a fundo, Deus se faz presente em todas as vidas desde antes de nascermos. Mas nem todos respondem afirmativamente ao chamado de Deus. Imagine que se quando não éramos cristãos, considerados inimigos por causa da carne, da velha natureza, Deus nos abençoava, quanto mais agora, que começamos a entender a Deus e a andar com Ele, quantas bênçãos ainda nos virão?

Amém!

Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 17/07/2017
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