Hóstia sem glúten, esqueça!
Está na imprensa: o Vatícano proíbe hóstias sem glúten. Pergunto-me, já que perguntar à autoridade eclesiástica, depois dessa importante decisão tomada pela máxima autoridade não há de dar outra resposta senão na aceitação reverencial do que já foi pelo Papa sancionado e proclamado. Ou será que algum eventual Prelado ousaria contestar tão grave decisão, e se expor ao opróbio dentre de sua própria congregaçã?
Nada obstante, se ainda houver estoque restante, vou querer experimentar uma hóstia sem glúten. No sabor não deve ser quase nada distinta das glutênicas. Afinal, tão fininha, dissolve-se na boca na horinha. A menos que se prenda no palato, como sei ter acontecido com muito cristão de fé e de fato. Mas quero provar sim. E nem preciso comungar, pois aquelas que eventualmente restam não hão de estar, nem mais serão consagradas, obedecida a ordem papal.
E que destino terão, a partir d´agora? Haverá uma forma de se desglutenizar as glutênicas, ou seria operação por demais complexa e anti-econômica?
Usualmente, ao comprar produtos alimentícios não me atenho à continência ou à ausência de glúten nos rótulos. Contudo há pessoas que religiosamente buscam os produtos sem glúten. A referida substância pode lhes fazer mal ao organismo.
Certamente a igreja de Roma esteve atenta a essa questão. Mas deve ter prevalecido algum racio-címio dogmático para se chegar à ortodoxa decisão. Roma locuta, causa finita. O ditado é antigo e precede a instalação do trono de Pedro na cidade eterna. Servia para signficar que, como nas questões militares, quando Roma falou, tava falado.
E o império romano alcançou tal hegemonia no mundo antigo que seria até ocioso tentar discorrer aqui sobre essa tamanha e medonha influência. Até Cristo, em palavras que lhe atribuem os Evangelhos, separou os negócios e reinos de Roma dos de seu Pai. Reconhecendo assim, como colono judeu, o poder temporal a César. E ao cabo, hostilizado por seu próprio povo, antes de ser hostializado, no renovo, valeu 30 moedas.