A VERDADEIRA FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO
Aclibes Burgarelli - 30 de junho de 2017
À minha querida e pranteada mãe.
Olhar para Ele, com olhos do espírito e não do corpo, é SER FELIZ e jamais haverá decepção (infelicidade), diante de tal bem-aventurança.
De maneira ilusória, busca-se a felicidade por meio da cobiça, da ânsia de riqueza e do desejo de poder. Muitos alcançam o desejo, outros não. Os que não o alcançam frustram-se. Os que o alcançam, sem o saber, também se frustram, porquanto, na conjuntura das vontades materiais não está presente o AMOR DE DEUS.
Indaga-se: De que maneira, a riqueza pode se associar ao AMOR.
A resposta está na obra de William J. Bennett, intitulada “O Livro das Virtudes II – O Compasso Moral” - Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1996, em um dos contos como título O SENHOR PALHA. Confira-se:
O Sr. Palha – conto japonês -
“Era uma vez, há muitos e muitos anos, é claro, porque as melhores histórias passam-se sempre há muitos e muitos anos, um homem chamado Senhor Palha. Ele não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Para dizer a verdade, só tinha a roupa do corpo. Ora o Senhor Palha não tinha sorte. Era tão pobre que mal tinha para comer e era magrinho como um fiapo de palha. Era por esse motivo que as pessoas lhe chamavam Senhor Palha.
Todos os dias o Senhor Palha ia ao templo pedir à Deusa da Fortuna que melhorasse a sua sorte, mas nada acontecia. Até que um dia, ele ouviu uma voz sussurrar:
— A primeira coisa em que tocares quando saíres do templo há-de trazer-te uma grande fortuna.
O Senhor Palha apanhou um susto. Esfregou os olhos, olhou em volta, mas viu que estava bem acordado e que o templo estava vazio. Mesmo assim, saiu a pensar: “Terei sonhado ou foi a Deusa da Fortuna que falou comigo?” Na dúvida, correu para fora do templo, ao encontro da sorte. Mas, na pressa, o pobre Senhor Palha tropeçou nos degraus e foi rolando aos trambolhões até o final da escada, onde caiu por terra. Ao levantar-se, ajeitou as roupas e percebeu que tinha alguma coisa na mão. Era um fio de palha.
“Bom”, pensou ele, “uma palha não vale nada, mas, se a Deusa da Fortuna quis que eu a apanhasse, é melhor guardá-la.”
E lá foi ele, com a palha na mão.
Pouco depois, apareceu uma libélula zumbindo em volta da cabeça dele. Tentou afastá-la, mas não adiantou. A libélula zumbia loucamente ao redor da cabeça dele. “Muito bem”, pensou ele. “Se não queres ir embora, fica comigo.” Apanhou a libélula e amarrou-lhe o fio de palha à cauda. Ficou a parecer um pequeno papagaio (de papel), e ele continuou a descer a rua com a libélula presa à palha. Encontrou a seguir uma florista, que ia a caminho do mercado com o filho pequenino, para vender as suas flores. Vinham de muito longe. O menino estava cansado, coberto de suor, e a poeira fazia-o chorar. Mas quando viu a libélula a zumbir amarrada ao fio de palha, o seu pequeno rosto animou-se.
— Mãe, dás-me uma libélula? — pediu. — Por favor!
“Bem”, pensou o Senhor Palha, “a Deusa da Fortuna disse-me que a palha traria sorte. Mas este garotinho está tão cansado, tão suado, que pode ficar mais feliz com um pequeno presente.” E deu ao menino a libélula presa à palha.
— É muita bondade sua — disse a florista. — Não tenho nada para lhe dar em troca além de uma rosa. Aceita?
O Senhor Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num tronco de árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz que o Senhor Palha lhe perguntou o que havia acontecido.
— Hoje à noite, vou pedir a minha namorada em casamento — queixou-se o rapaz. — Mas sou tão pobre que não tenho nada para lhe oferecer.
— Bem, eu também sou pobre — disse o Senhor Palha. — Não tenho nada de valor, mas se quiser dar-lhe esta rosa, é sua.
O rosto do rapaz abriu-se num sorriso ao ver a esplêndida rosa.
— Fique com estas três laranjas, por favor — disse o jovem. — É só o que posso dar-lhe em troca.
O Senhor Palha continuou a andar, levando três suculentas laranjas. Em seguida, encontrou um vendedor ambulante puxando uma pequena carroça.
— Pode ajudar-me? — disse o vendedor ambulante, exausto. — Tenho puxado esta carroça durante todo o dia e estou com tanta sede que acho que vou desmaiar. Preciso de um gole de água.
— Acho que não há nenhum poço por aqui — disse o Senhor Palha. — Mas, se quiser, pode chupar estas três laranjas.
O vendedor ambulante ficou tão grato que pegou num rolo da mais fina seda que havia na carroça e deu-o ao Senhor Palha, dizendo:
— O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.
E, uma vez mais, o Senhor Palha continuou o seu caminho, com o rolo de seda debaixo do braço.
Não tinha dado dez passos quando viu passar uma princesa numa carruagem. Tinha um olhar preocupado, mas a sua expressão alegrou-se ao ver o Senhor Palha.
— Onde arranjou essa seda? — gritou ela. — É justamente aquilo de que estou à procura. Hoje é o aniversário de meu pai e quero dar-lhe um quimono real.
— Bem, já que é aniversário dele, tenho prazer em oferecer-lhe a seda — disse o Senhor Palha.
A princesa mal podia acreditar em tamanha sorte.
— O senhor é muito generoso — disse sorrindo. — Por favor, aceite esta jóia em troca.
A carruagem afastou-se, deixando o Senhor Palha com uma jóia de inestimável valor refulgindo à luz do sol.
“Muito bem”, pensou ele, “comecei com um fio de palha que não valia nada e agora tenho uma joia. Sinto-me contente.”
Levou a joia ao mercado, vendeu-a e, com o dinheiro, comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou, colheu, e a cada ano a plantação produzia mais arroz. Em pouco tempo, o Senhor Palha ficou rico.
Mas a riqueza não o modificou. Oferecia sempre arroz aos que tinham fome e ajudava todos os que o procuravam. Diziam que sua sorte tinha começado com um fio de palha, mas quem sabe se não terá sido com a sua generosidade?
Para concluir o presente artigo de reflexões, para a verdadeira felicidade, anote-se que, no Portal da Federação Espírita do Estado de São Paulo, foi postado, em 23 de dezembro de 2016, excelente artigo a respeito do verdadeiro sentimento feliz e a maneira de sentí-lo, ou seja não neste mundo. Referida matéria tem por autor o estudioso Mário Sérgio Vellei, com o título “A felicidade não é deste mundo”.
O autor louva-se no Livro dos Espíritos e no Evangelho Segundo a Doutrina Espírita, ambos de Allan Kardec, e chama à lume questões postas para esclarecimento, conforme se pode verificar:
"Na questão 920 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos dizem que não podemos encontrar a felicidade completa na Terra, pois a vida nos foi dada como prova ou expiação, mas que depende de nós suavizarmos nossos males e o ser tão feliz quanto possível na Terra. Suavizar os nossos males passa necessariamente pela compreensão e consequente aceitação das dificuldades que vivenciamos.
No capítulo 5 de – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Bem aventurados os aflitos- encontramos diversos itens que nos esclarecem as causas anteriores, atuais e até mesmo futuras das nossas aflições. Esclarece que não somos castigados por Deus, que a todos nós ama, mas sim educados por Ele.
A Terra é uma grande escola e, como tal, passamos pelas mais diversas disciplinas, objetivando a nossa formação. Quando aceitamos a nossa condição de aprendizes e não de mestres, as dificuldades continuam existindo, mas a nossa percepção as conduz à sua verdadeira importância. Não devemos dar valor maior ou menor que o necessário às nossas provas neste planeta. Assim como na escola, podemos passar a vida reclamando ou aproveitando as lições.
Não são somente os Espíritos elevados que nos dão exemplos de felicidade verdadeira. Apesar das dificuldades que naturalmente encontramos em nossa existência terrestre, vemos em nosso dia a dia pessoas comuns, no sentido social da palavra, que experimentam um estado de felicidade que muitas vezes não julgamos possível na situação em que se encontram. Temos como exemplo os artistas de rua, não aquelas pessoas que foram obrigadas a sê-lo por falta de opção melhor, mas aquelas que acham que expor a sua arte é o melhor, independentemente da remuneração obtida com seu trabalho. A satisfação de fazer o que gosta é melhor que a recompensa financeira. Em um cruzamento de ruas em São Paulo, vimos um grupo de artistas que se apresentava para os veículos que aguardavam o semáforo abrir. Violinista, bailarina, palhaço e malabarista estavam se divertindo na frente dos carros. Ao voltarem para a calçada para aguardar pela nova apresentação se mostravam pessoas sorridentes, conversando alegremente. Isso nos faz pensar sobre o quanto, ou de que precisamos para “suavizarmos nossos males e sermos tão felizes quanto possível na Terra”.
De tudo o que foi considerado até este momento da redação, fica compreendido um fato relevante, ocorrente como regra geral, mas sujeito à recalcitrância da humanidade quanto à busca do caminho da felicidade. A negligência espiritual conduz a humanidade à ilusão, criada pela força do pensamento; ilusão, porque o que se pensa ser felicidade, em verdade se está diante do alimento da infelicidade.
Se há uma existência em um corpo humano e se essa existência vital (anima – do latim anima = alma) não é física, sem dúvida que se trata de existência inteligente. Deus é inteligência suprema, criador de todas as coisas, sendo a alma um princípio inteligente para realização de uma Lei Eterna e Divina, qual seja a LEI DO PROGRESSO.
Se houver cumprimento da lei do progresso, há aperfeiçoamento progressivo e estágios dimensionais. A terra é uma dimensão que propicia o estágio voltado às provas e expiações de atitudes egoístas em desequilíbrio à Ordem Divina.
A vida humana, na terra, ou seja, em uma das moradas de Deus, não pode se aperfeiçoar na prática de atos de ilusão e sim na prática de atos verdadeiros e disponíveis para cumprimento da lei do progresso; entretanto, conforme já se alertou, a verdadeira felicidade, que não é desta morada terra. Ora se não é deste mundo, somente poderá ser de outro, cujo acesso far-se-á na conformidade da prática de atos não ilusórios, atos esses que são exemplificados no conto do Homem de Palha, atrás reproduzido.
Posição social, dinheiro, saúde, família e sociedade são componentes necessários para a vida humana, mas, para tudo há limites. Os limites não tem o sentido de exclusão da posição social, do dinheiro, da saúde e assim por diante. Entende-se por limite do necessário o ponto, a partir do qual, desaparece o AMOR. O desejo de riqueza, de poder de tudo o mais, a qualquer custo, é extrapolação dos limites, situação que coloca a ILUSÃO de resultado quimérico. O resultado não será a felicidade, dado que A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO.
Aclibes Burgarelli - 30 de junho de 2017
À minha querida e pranteada mãe.
Quantos momentos felizes, alegres, alvissareiros e esperançosos acontecem durante a caminhada da vida terrestre das pessoas que habitam a morada terrena. Entretanto, esses momentos de alegria e felicidade são efêmeros e se instalam na mente humana, em pequenas doses, a fim de que o ser humano ganhe forças suficientes para suportar outros momentos, os de tristeza, desolação e desespero.
Quão bom e suave seria se a humanidade (todos os irmãos), vivessem em união; estar-se-ia a untar o óleo precioso, o orvalho de Hermon em todos os corações. (Salmo 133).
A realidade é que, no pêndulo da vida, poucos são os momentos felizes, visto como muitas são as tristezas. Quer se aceite ou não, assim caminha a humanidade, sem o perceber; contudo, sempre se chega a um acontecimento importantíssimo, qual seja, a necessidade de elaboração da contabilidade da vida, procedimento abstrato que, de um lado, na conta das alegrias, ou seja no Ativo, relacionam-se os momentos felizes, enquanto que, na conta das tristezas, do Passivo, apontam-se os fatos adversos. O momento da contabilidade espiritual é o da passagem desta para outra vida.
Na comparação dos fatos felizes com os fatos contrários à felicidade terrena, observar-se-á, sempre, acentuada diferença, segundo a qual se revela prevalência dos momentos tristes em relação aos momentos felizes. Vale dizer, o saldo implicará na força das tristezas sobre à alegria ilusória.
Por qual razão é assim?
Em síntese, anuncia-se que a felicidade não é deste mundo o qual (mundo) é apenas uma das moradas de Deus e, tudo o que se entende por felicidade, sob o prisma da satisfação de desejos pessoais e egoístas, é ILUSÃO. Em assim sendo, há um momento em que a ilusão se desfaz, cai sua máscara e a vida do corpo humano se revela.
Para se obter resposta adequada para a pergunta formulada, é necessário, em primeiro lugar, considerar a grande verdade, qual seja: o ser humano é formado por corpo e alma. Se na composição estão dois elementos (corpo + alma), a razão repousa no fato de que um é diferente do outro. O corpo não é a alma e a alma não é o corpo; no entanto, para a realização da vida física e progresso espiritual, há necessidade de integração da alma no corpo.
E para a realização da vida não física, há necessidade da referida integração?
A figura verdadeira da alma afasta, por sua própria natureza, qualquer ideia de exclusividade da vida física, ou do materialismo, porque se assim não fosse a vida humana estaria restrita à geração espontânea não somente dos vegetais, dos animais mas também dos racionais, circunstância que anularia a noção de racionalidade.
Se se admitir a possibilidade de geração espontânea, ficaria sem resposta a diversidade de vidas e, além do mais, a geração espontânea da inteligência.
Como poderia a inteligência ser fruto espontâneo e somente dos seres humanos?
Convenha-se que não há lógica no raciocínio materialista e forçoso é convir que corpo físico é elemento do ecossistema planetário e, alma, é elemento transcendental ao minúsculo e escondido planeta terra, na grandiosidade do Cosmos e dentre os bilhões de galáxias.
No exercício da realidade humana inteligente, predomina o entendimento no sentido de que felicidade é unicamente o desfrutar as qualidades favoráveis dos bens materiais, favorabilidade essa que se resume na realização de riqueza, de poder, de posição social destacada e assim por diante. A morte, diante desse quadro egocêntrico, seria infelicidade, afirmação embebida de sofisma. Por essa razão há temor da morte.
Na Grécia antiga, ao lado das ponderações espirituais de Sócrates, absolutamente verdadeiras, gravitaram ponderações falsas, dissociadas da realidade espiritual, dos denominados sofistas.
Os sofistas eram pessoas que exerciam atividade técnica do discurso e viajavam de cidade em cidade, discursando para estudantes, mediante cobrança de taxas. Não se preocupavam com a “essência” do tema ensinado (a verdade intrínseca), mas sim com a contrariedade diante da argumentação de um tema, ainda que com fuga da essência. Se alguém ponderasse que a fala é efeito inteligente do ser humano, os sofistas contrariariam a afirmação ao dizer que papagaio também fala sem ser humano.
Sócrates era fiel à verdade, à essência e à Deus; os sofistas eram fiéis ao argumento material, não verdadeiro, porém acidental e ilusório.
O materialismo é sofista; a espiritualidade é essência Divina.
A felicidade, da maneira por qual é buscada e enxergada pelo ser humano (de modo geral), afasta a espiritualidade, logo é materialista; está presa aos efeitos aceitos e proporcionados pela coisas e fatos estritamente materiais; por conseguinte não é felicidade.
Se a verdadeira felicidade não se encontra nas coisas materiais, é evidente que se encontram na espiritualidade, no AMOR. Não se pode amar os efeitos das coisas, porque estes são temporárias; pode-se, sim, amar o que é Eterno, vale dizer que não somente se pode mas se deve AMAR A DEUS sobre todas as coisas, visto que o verdadeiro amor é AMOR A DEUS; por via de resultado, A FELICIDADE SE REALIZA NO AMOR A DEUS.
Quão bom e suave seria se a humanidade (todos os irmãos), vivessem em união; estar-se-ia a untar o óleo precioso, o orvalho de Hermon em todos os corações. (Salmo 133).
A realidade é que, no pêndulo da vida, poucos são os momentos felizes, visto como muitas são as tristezas. Quer se aceite ou não, assim caminha a humanidade, sem o perceber; contudo, sempre se chega a um acontecimento importantíssimo, qual seja, a necessidade de elaboração da contabilidade da vida, procedimento abstrato que, de um lado, na conta das alegrias, ou seja no Ativo, relacionam-se os momentos felizes, enquanto que, na conta das tristezas, do Passivo, apontam-se os fatos adversos. O momento da contabilidade espiritual é o da passagem desta para outra vida.
Na comparação dos fatos felizes com os fatos contrários à felicidade terrena, observar-se-á, sempre, acentuada diferença, segundo a qual se revela prevalência dos momentos tristes em relação aos momentos felizes. Vale dizer, o saldo implicará na força das tristezas sobre à alegria ilusória.
Por qual razão é assim?
Em síntese, anuncia-se que a felicidade não é deste mundo o qual (mundo) é apenas uma das moradas de Deus e, tudo o que se entende por felicidade, sob o prisma da satisfação de desejos pessoais e egoístas, é ILUSÃO. Em assim sendo, há um momento em que a ilusão se desfaz, cai sua máscara e a vida do corpo humano se revela.
Para se obter resposta adequada para a pergunta formulada, é necessário, em primeiro lugar, considerar a grande verdade, qual seja: o ser humano é formado por corpo e alma. Se na composição estão dois elementos (corpo + alma), a razão repousa no fato de que um é diferente do outro. O corpo não é a alma e a alma não é o corpo; no entanto, para a realização da vida física e progresso espiritual, há necessidade de integração da alma no corpo.
E para a realização da vida não física, há necessidade da referida integração?
A figura verdadeira da alma afasta, por sua própria natureza, qualquer ideia de exclusividade da vida física, ou do materialismo, porque se assim não fosse a vida humana estaria restrita à geração espontânea não somente dos vegetais, dos animais mas também dos racionais, circunstância que anularia a noção de racionalidade.
Se se admitir a possibilidade de geração espontânea, ficaria sem resposta a diversidade de vidas e, além do mais, a geração espontânea da inteligência.
Como poderia a inteligência ser fruto espontâneo e somente dos seres humanos?
Convenha-se que não há lógica no raciocínio materialista e forçoso é convir que corpo físico é elemento do ecossistema planetário e, alma, é elemento transcendental ao minúsculo e escondido planeta terra, na grandiosidade do Cosmos e dentre os bilhões de galáxias.
No exercício da realidade humana inteligente, predomina o entendimento no sentido de que felicidade é unicamente o desfrutar as qualidades favoráveis dos bens materiais, favorabilidade essa que se resume na realização de riqueza, de poder, de posição social destacada e assim por diante. A morte, diante desse quadro egocêntrico, seria infelicidade, afirmação embebida de sofisma. Por essa razão há temor da morte.
Na Grécia antiga, ao lado das ponderações espirituais de Sócrates, absolutamente verdadeiras, gravitaram ponderações falsas, dissociadas da realidade espiritual, dos denominados sofistas.
Os sofistas eram pessoas que exerciam atividade técnica do discurso e viajavam de cidade em cidade, discursando para estudantes, mediante cobrança de taxas. Não se preocupavam com a “essência” do tema ensinado (a verdade intrínseca), mas sim com a contrariedade diante da argumentação de um tema, ainda que com fuga da essência. Se alguém ponderasse que a fala é efeito inteligente do ser humano, os sofistas contrariariam a afirmação ao dizer que papagaio também fala sem ser humano.
Sócrates era fiel à verdade, à essência e à Deus; os sofistas eram fiéis ao argumento material, não verdadeiro, porém acidental e ilusório.
O materialismo é sofista; a espiritualidade é essência Divina.
A felicidade, da maneira por qual é buscada e enxergada pelo ser humano (de modo geral), afasta a espiritualidade, logo é materialista; está presa aos efeitos aceitos e proporcionados pela coisas e fatos estritamente materiais; por conseguinte não é felicidade.
Se a verdadeira felicidade não se encontra nas coisas materiais, é evidente que se encontram na espiritualidade, no AMOR. Não se pode amar os efeitos das coisas, porque estes são temporárias; pode-se, sim, amar o que é Eterno, vale dizer que não somente se pode mas se deve AMAR A DEUS sobre todas as coisas, visto que o verdadeiro amor é AMOR A DEUS; por via de resultado, A FELICIDADE SE REALIZA NO AMOR A DEUS.
Salmo 34:12-16
12 Quem de vocês quer amar a vida e deseja ver dias felizes?
13 Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade.
14 Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança.
15 Os olhos do Senhor voltam-se para os justos e os seus ouvidos estão atentos ao seu grito de socorro;
16 o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal, para apagar da terra a memória deles.
12 Quem de vocês quer amar a vida e deseja ver dias felizes?
13 Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade.
14 Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança.
15 Os olhos do Senhor voltam-se para os justos e os seus ouvidos estão atentos ao seu grito de socorro;
16 o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal, para apagar da terra a memória deles.
O Salmo é revelador, mas, em seu conteúdo, pertinente passagem vê-se Deus com o coração; assim:
5 Os que olham para Ele estão radiantes de alegria; seu rosto jamais mostrará decepção.
Olhar para Ele, com olhos do espírito e não do corpo, é SER FELIZ e jamais haverá decepção (infelicidade), diante de tal bem-aventurança.
De maneira ilusória, busca-se a felicidade por meio da cobiça, da ânsia de riqueza e do desejo de poder. Muitos alcançam o desejo, outros não. Os que não o alcançam frustram-se. Os que o alcançam, sem o saber, também se frustram, porquanto, na conjuntura das vontades materiais não está presente o AMOR DE DEUS.
Indaga-se: De que maneira, a riqueza pode se associar ao AMOR.
A resposta está na obra de William J. Bennett, intitulada “O Livro das Virtudes II – O Compasso Moral” - Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1996, em um dos contos como título O SENHOR PALHA. Confira-se:
O Sr. Palha – conto japonês -
“Era uma vez, há muitos e muitos anos, é claro, porque as melhores histórias passam-se sempre há muitos e muitos anos, um homem chamado Senhor Palha. Ele não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Para dizer a verdade, só tinha a roupa do corpo. Ora o Senhor Palha não tinha sorte. Era tão pobre que mal tinha para comer e era magrinho como um fiapo de palha. Era por esse motivo que as pessoas lhe chamavam Senhor Palha.
Todos os dias o Senhor Palha ia ao templo pedir à Deusa da Fortuna que melhorasse a sua sorte, mas nada acontecia. Até que um dia, ele ouviu uma voz sussurrar:
— A primeira coisa em que tocares quando saíres do templo há-de trazer-te uma grande fortuna.
O Senhor Palha apanhou um susto. Esfregou os olhos, olhou em volta, mas viu que estava bem acordado e que o templo estava vazio. Mesmo assim, saiu a pensar: “Terei sonhado ou foi a Deusa da Fortuna que falou comigo?” Na dúvida, correu para fora do templo, ao encontro da sorte. Mas, na pressa, o pobre Senhor Palha tropeçou nos degraus e foi rolando aos trambolhões até o final da escada, onde caiu por terra. Ao levantar-se, ajeitou as roupas e percebeu que tinha alguma coisa na mão. Era um fio de palha.
“Bom”, pensou ele, “uma palha não vale nada, mas, se a Deusa da Fortuna quis que eu a apanhasse, é melhor guardá-la.”
E lá foi ele, com a palha na mão.
Pouco depois, apareceu uma libélula zumbindo em volta da cabeça dele. Tentou afastá-la, mas não adiantou. A libélula zumbia loucamente ao redor da cabeça dele. “Muito bem”, pensou ele. “Se não queres ir embora, fica comigo.” Apanhou a libélula e amarrou-lhe o fio de palha à cauda. Ficou a parecer um pequeno papagaio (de papel), e ele continuou a descer a rua com a libélula presa à palha. Encontrou a seguir uma florista, que ia a caminho do mercado com o filho pequenino, para vender as suas flores. Vinham de muito longe. O menino estava cansado, coberto de suor, e a poeira fazia-o chorar. Mas quando viu a libélula a zumbir amarrada ao fio de palha, o seu pequeno rosto animou-se.
— Mãe, dás-me uma libélula? — pediu. — Por favor!
“Bem”, pensou o Senhor Palha, “a Deusa da Fortuna disse-me que a palha traria sorte. Mas este garotinho está tão cansado, tão suado, que pode ficar mais feliz com um pequeno presente.” E deu ao menino a libélula presa à palha.
— É muita bondade sua — disse a florista. — Não tenho nada para lhe dar em troca além de uma rosa. Aceita?
O Senhor Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num tronco de árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz que o Senhor Palha lhe perguntou o que havia acontecido.
— Hoje à noite, vou pedir a minha namorada em casamento — queixou-se o rapaz. — Mas sou tão pobre que não tenho nada para lhe oferecer.
— Bem, eu também sou pobre — disse o Senhor Palha. — Não tenho nada de valor, mas se quiser dar-lhe esta rosa, é sua.
O rosto do rapaz abriu-se num sorriso ao ver a esplêndida rosa.
— Fique com estas três laranjas, por favor — disse o jovem. — É só o que posso dar-lhe em troca.
O Senhor Palha continuou a andar, levando três suculentas laranjas. Em seguida, encontrou um vendedor ambulante puxando uma pequena carroça.
— Pode ajudar-me? — disse o vendedor ambulante, exausto. — Tenho puxado esta carroça durante todo o dia e estou com tanta sede que acho que vou desmaiar. Preciso de um gole de água.
— Acho que não há nenhum poço por aqui — disse o Senhor Palha. — Mas, se quiser, pode chupar estas três laranjas.
O vendedor ambulante ficou tão grato que pegou num rolo da mais fina seda que havia na carroça e deu-o ao Senhor Palha, dizendo:
— O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.
E, uma vez mais, o Senhor Palha continuou o seu caminho, com o rolo de seda debaixo do braço.
Não tinha dado dez passos quando viu passar uma princesa numa carruagem. Tinha um olhar preocupado, mas a sua expressão alegrou-se ao ver o Senhor Palha.
— Onde arranjou essa seda? — gritou ela. — É justamente aquilo de que estou à procura. Hoje é o aniversário de meu pai e quero dar-lhe um quimono real.
— Bem, já que é aniversário dele, tenho prazer em oferecer-lhe a seda — disse o Senhor Palha.
A princesa mal podia acreditar em tamanha sorte.
— O senhor é muito generoso — disse sorrindo. — Por favor, aceite esta jóia em troca.
A carruagem afastou-se, deixando o Senhor Palha com uma jóia de inestimável valor refulgindo à luz do sol.
“Muito bem”, pensou ele, “comecei com um fio de palha que não valia nada e agora tenho uma joia. Sinto-me contente.”
Levou a joia ao mercado, vendeu-a e, com o dinheiro, comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou, colheu, e a cada ano a plantação produzia mais arroz. Em pouco tempo, o Senhor Palha ficou rico.
Mas a riqueza não o modificou. Oferecia sempre arroz aos que tinham fome e ajudava todos os que o procuravam. Diziam que sua sorte tinha começado com um fio de palha, mas quem sabe se não terá sido com a sua generosidade?
Para concluir o presente artigo de reflexões, para a verdadeira felicidade, anote-se que, no Portal da Federação Espírita do Estado de São Paulo, foi postado, em 23 de dezembro de 2016, excelente artigo a respeito do verdadeiro sentimento feliz e a maneira de sentí-lo, ou seja não neste mundo. Referida matéria tem por autor o estudioso Mário Sérgio Vellei, com o título “A felicidade não é deste mundo”.
O autor louva-se no Livro dos Espíritos e no Evangelho Segundo a Doutrina Espírita, ambos de Allan Kardec, e chama à lume questões postas para esclarecimento, conforme se pode verificar:
"Na questão 920 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos dizem que não podemos encontrar a felicidade completa na Terra, pois a vida nos foi dada como prova ou expiação, mas que depende de nós suavizarmos nossos males e o ser tão feliz quanto possível na Terra. Suavizar os nossos males passa necessariamente pela compreensão e consequente aceitação das dificuldades que vivenciamos.
No capítulo 5 de – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Bem aventurados os aflitos- encontramos diversos itens que nos esclarecem as causas anteriores, atuais e até mesmo futuras das nossas aflições. Esclarece que não somos castigados por Deus, que a todos nós ama, mas sim educados por Ele.
A Terra é uma grande escola e, como tal, passamos pelas mais diversas disciplinas, objetivando a nossa formação. Quando aceitamos a nossa condição de aprendizes e não de mestres, as dificuldades continuam existindo, mas a nossa percepção as conduz à sua verdadeira importância. Não devemos dar valor maior ou menor que o necessário às nossas provas neste planeta. Assim como na escola, podemos passar a vida reclamando ou aproveitando as lições.
Não são somente os Espíritos elevados que nos dão exemplos de felicidade verdadeira. Apesar das dificuldades que naturalmente encontramos em nossa existência terrestre, vemos em nosso dia a dia pessoas comuns, no sentido social da palavra, que experimentam um estado de felicidade que muitas vezes não julgamos possível na situação em que se encontram. Temos como exemplo os artistas de rua, não aquelas pessoas que foram obrigadas a sê-lo por falta de opção melhor, mas aquelas que acham que expor a sua arte é o melhor, independentemente da remuneração obtida com seu trabalho. A satisfação de fazer o que gosta é melhor que a recompensa financeira. Em um cruzamento de ruas em São Paulo, vimos um grupo de artistas que se apresentava para os veículos que aguardavam o semáforo abrir. Violinista, bailarina, palhaço e malabarista estavam se divertindo na frente dos carros. Ao voltarem para a calçada para aguardar pela nova apresentação se mostravam pessoas sorridentes, conversando alegremente. Isso nos faz pensar sobre o quanto, ou de que precisamos para “suavizarmos nossos males e sermos tão felizes quanto possível na Terra”.
De tudo o que foi considerado até este momento da redação, fica compreendido um fato relevante, ocorrente como regra geral, mas sujeito à recalcitrância da humanidade quanto à busca do caminho da felicidade. A negligência espiritual conduz a humanidade à ilusão, criada pela força do pensamento; ilusão, porque o que se pensa ser felicidade, em verdade se está diante do alimento da infelicidade.
Se há uma existência em um corpo humano e se essa existência vital (anima – do latim anima = alma) não é física, sem dúvida que se trata de existência inteligente. Deus é inteligência suprema, criador de todas as coisas, sendo a alma um princípio inteligente para realização de uma Lei Eterna e Divina, qual seja a LEI DO PROGRESSO.
Se houver cumprimento da lei do progresso, há aperfeiçoamento progressivo e estágios dimensionais. A terra é uma dimensão que propicia o estágio voltado às provas e expiações de atitudes egoístas em desequilíbrio à Ordem Divina.
A vida humana, na terra, ou seja, em uma das moradas de Deus, não pode se aperfeiçoar na prática de atos de ilusão e sim na prática de atos verdadeiros e disponíveis para cumprimento da lei do progresso; entretanto, conforme já se alertou, a verdadeira felicidade, que não é desta morada terra. Ora se não é deste mundo, somente poderá ser de outro, cujo acesso far-se-á na conformidade da prática de atos não ilusórios, atos esses que são exemplificados no conto do Homem de Palha, atrás reproduzido.
Posição social, dinheiro, saúde, família e sociedade são componentes necessários para a vida humana, mas, para tudo há limites. Os limites não tem o sentido de exclusão da posição social, do dinheiro, da saúde e assim por diante. Entende-se por limite do necessário o ponto, a partir do qual, desaparece o AMOR. O desejo de riqueza, de poder de tudo o mais, a qualquer custo, é extrapolação dos limites, situação que coloca a ILUSÃO de resultado quimérico. O resultado não será a felicidade, dado que A FELICIDADE NÃO É DESTE MUNDO.