Os Sete Pecados Capitais - 2- GANÂNCIA - Tio Patinhas
OS SETE PECADOS CAPITAIS: 2-GANÂNCIA – TIO PATINHAS
Miguel Carqueija
A ganância é uma espécie de idolatria, no caso dos bens materiais, das riquezas, do dinheiro. É um sério pecado, que contaminou até mesmo alguns cristãos separados que forjaram a chamada “teologia da prosperidade”, hedonista e materialista.
A ganância está ligada a vários defeitos como a usura, a cobiça, a avareza. Daí muitos epípetos, alguns de gíria, que identificam a pessoa dominada por tais vícios: pão-duro, mão-de-vaca, avarento, usurário, muquirana, unha-de-fome.
O ganancioso torna-se insensível, às vezes dispõe de milhões mas a ideia de ajudar uma pessoa ou uma família necessitada, com crianças passando fome etc, causa-lhe horror. Alimenta a mórbida ideia de que a doação de algumas moedas irá causar-lhe necessidades. Não ajuda nem a família, nem a igreja: tudo o que vier é para ele. Essa doença espiritual é tão grave que acarreta efeitos obsessivos. Conta-se que um mendigo que pedia na porta de uma igreja de Paris (creio que a Notre Dame) morava numa casa miserável nas proximidades. Quando ele deixou de aparecer forçaram a porta da casa e o encontraram morto... e no seu colchão estava guardada uma fortuna, acumulada em muitos anos de mendicância.
Charles Dickens escreveu a genial história “O avarento” onde um desses gananciosos recebe a visita de seu sócio que, do inferno, viera alertá-lo. Depois vieram três espíritos, representando o Natal passado, o presente o o futuro, quando ele morreria e ninguém iria ao seu enterro. Esse avarento, chamado Scrooge, se regenera em função de tais experiências.
O Tio Patinhas foi criado em 1948 por Carl Barks, desenhista dos estúdios de Walt Disney. Embora Walt Disney controlasse tudo em seus estúdios, não teria tempo de fazer tudo e com certeza tinha muitas ocupações só na área do cinema que foi se diversificando, dos desenhos para documentários, filmes de ação viva e seriados de televisão. Carl Barks elaborou a estrutura básica de Patópolis e da família e relações do Pato Donald. O Tio Patinhas na verdade chama-se no original Uncle Scrooge, é uma espécie de versão do personagem de Dickens só que não se modifica... e é tão avarento que até nada em dinheiro, nas moedas que acumulou em sua caixa-forte.
É um personagem interessante, mas é evidente que seu exemplo não é para ser seguido. Os seus sobrinhos, que vivem na pobreza, são uma espécie de contraponto e os menores, Huguinho, Zezinho e Luisinho, é que mais costumam se opor aos desígnios do tio-avô, inclusive quando vão contra a ecologia. Em algumas histórias os acontecimentos acabam amolecendo um pouco o coração endurecido do velho pato, como se vê na HQ “Tio Patinhas e o Wendigo”.
Rio de Janeiro, 21 de junho de 2017.
OS SETE PECADOS CAPITAIS: 2-GANÂNCIA – TIO PATINHAS
Miguel Carqueija
A ganância é uma espécie de idolatria, no caso dos bens materiais, das riquezas, do dinheiro. É um sério pecado, que contaminou até mesmo alguns cristãos separados que forjaram a chamada “teologia da prosperidade”, hedonista e materialista.
A ganância está ligada a vários defeitos como a usura, a cobiça, a avareza. Daí muitos epípetos, alguns de gíria, que identificam a pessoa dominada por tais vícios: pão-duro, mão-de-vaca, avarento, usurário, muquirana, unha-de-fome.
O ganancioso torna-se insensível, às vezes dispõe de milhões mas a ideia de ajudar uma pessoa ou uma família necessitada, com crianças passando fome etc, causa-lhe horror. Alimenta a mórbida ideia de que a doação de algumas moedas irá causar-lhe necessidades. Não ajuda nem a família, nem a igreja: tudo o que vier é para ele. Essa doença espiritual é tão grave que acarreta efeitos obsessivos. Conta-se que um mendigo que pedia na porta de uma igreja de Paris (creio que a Notre Dame) morava numa casa miserável nas proximidades. Quando ele deixou de aparecer forçaram a porta da casa e o encontraram morto... e no seu colchão estava guardada uma fortuna, acumulada em muitos anos de mendicância.
Charles Dickens escreveu a genial história “O avarento” onde um desses gananciosos recebe a visita de seu sócio que, do inferno, viera alertá-lo. Depois vieram três espíritos, representando o Natal passado, o presente o o futuro, quando ele morreria e ninguém iria ao seu enterro. Esse avarento, chamado Scrooge, se regenera em função de tais experiências.
O Tio Patinhas foi criado em 1948 por Carl Barks, desenhista dos estúdios de Walt Disney. Embora Walt Disney controlasse tudo em seus estúdios, não teria tempo de fazer tudo e com certeza tinha muitas ocupações só na área do cinema que foi se diversificando, dos desenhos para documentários, filmes de ação viva e seriados de televisão. Carl Barks elaborou a estrutura básica de Patópolis e da família e relações do Pato Donald. O Tio Patinhas na verdade chama-se no original Uncle Scrooge, é uma espécie de versão do personagem de Dickens só que não se modifica... e é tão avarento que até nada em dinheiro, nas moedas que acumulou em sua caixa-forte.
É um personagem interessante, mas é evidente que seu exemplo não é para ser seguido. Os seus sobrinhos, que vivem na pobreza, são uma espécie de contraponto e os menores, Huguinho, Zezinho e Luisinho, é que mais costumam se opor aos desígnios do tio-avô, inclusive quando vão contra a ecologia. Em algumas histórias os acontecimentos acabam amolecendo um pouco o coração endurecido do velho pato, como se vê na HQ “Tio Patinhas e o Wendigo”.
Rio de Janeiro, 21 de junho de 2017.